Não sei se acontece em mais lugares, mas, tenho observado que a procura pela catequese em nossa Paróquia diminui a cada ano. Temos turmas com 10 catequizandos em média. Claro que isso é uma realidade que ainda não supera a grande falta de catequistas na maioria das paróquias. Mas, todo ano temos menos catequizandos inscritos. Será que não estão nascendo mais crianças?
Existe também um fato que tem acontecido bastante: muitos pais nem estão batizando mais os filhos. Estão deixando que eles escolham a religião que querem seguir e quando receber o sacramento.
O que não acontece muito com o time do coração. Os pais já vestem a camisa do Corinthians (eca!) na criança, recém-saída da maternidade. Isso não tem escolha!
Agora, que a educação que os pais dão, hoje, para os filhos, deixa muito a desejar, é fato comprovado. Estão aí os problemas que temos enfrentado, cada vez mais cedo, com nossas crianças. Que começa pela falta de limites, educação, respeito; e acaba em drogas, gravidez precoce, rebeldia, violência, etc. Então, antes que levantemos aquela velha bandeira do “isso é culpa dos pais”, quero aqui fazer uma defesa de “Mãe” e não de catequista. E meu palpite nisso é o de uma mãe de quatro filhos, cujos primeiros três já são adultos.
O meu filho mais velho fez catequese e recebeu a crisma. Os outros dois pararam no primeiro ano da catequese de crisma e não quiseram mais saber. E nenhum dos três frequenta a Igreja hoje em dia. Fui criada na Igreja católica e meu marido também. Estou na catequese há quase 10 anos, exemplos e limites podem ter certeza, que demos e damos até hoje. Minha filha de 14 anos já recebeu a crisma e me ajuda na catequese. Mas, quando tem vontade.
Em minha defesa digo que, não são só os pais, que educam os filhos! A escola, a sociedade e a Igreja, têm parte nisso também.
Como pais, é nosso dever, ensinar valores aos nossos filhos. Valores éticos, morais, de justiça, honestidade, respeito ao próximo.
À escola, cabe ensinar os conhecimentos para que eles possam, um dia, ser úteis á sociedade. E, é claro, eles aprendem também como se comportar naquele que é o primeiro meio social em que entram depois da família. E olha que a vida escolar tem um reflexo enorme na vida das pessoas. Passamos de doze a dezesseis anos na escola. Todos os dias da semana, durante 200 dias no ano. Isto quando não fazemos especialização, mestrado, etc.
Lá pelos sete anos, também, a criança começa a viver em outros grupos que são os amigos da escola, do futebol, do curso de inglês, do clube, da rua (isso onde ainda é possível).
E, somente aos oito anos (vejam só!), a criança começa a frequentar o grupo de catequese, ou seja, começa o ensinamento da doutrina da fé e então ela vai para o grupo "religioso". Claro que esperamos que a criança tenha alguma vivência de fé na família. Notadamente, a maioria não tem.
E encontramos algumas crianças, raras eu diria, cujos pais deixaram que escolhessem se queriam ir ou não. Agora, em que se baseia isso? Se os pais não vivem ou tem religião, é óbvio que não haverá esta escolha. Pelo menos na infância e adolescência. Só se algum outro grupo, escola e amigos, influenciar. Mas, quem “escolheu” ir, pode ter certeza que tem o dedo dos avós no meio...
E é aí, nesta tal “deixa que ele escolha”, que encontramos aquelas pessoas que chegam à Igreja por pressão da sociedade. O matrimônio ou, casamento na Igreja, ainda é um "costume" determinado pela sociedade. E muita gente, por causa disso, vai a Igreja, depois de adulto, completar os sacramentos. Erro nosso em não dar uma atenção maior á catequese destas pessoas.
Mas, tem outro lado, encontramos cada vez mais casais, que não fazem questão de Igreja na história de suas vidas. E aí? Pra quem é que vamos fazer catequese de adultos quando ninguém mais “procurar”? Sabem aquela fala do “discípulo missionário” que a Igreja tanto insiste? Não é com criança que ela funciona... É aí mesmo que ela cabe!
Voltemos a nossa questão dos outros "sistemas", que não os pais, que são responsáveis pela educação das crianças e jovens.
Como eu disse, a escola tem grande influência na vida das pessoas. E encontramos um sistema de ensino cada vez mais precário. Em nome da laicidade do estado e da liberdade de escolha religiosa, já não se pode mais nem falar em Deus lá. Não temos mais aula de religião. A não ser em colégios ligados a alguma doutrina. Também temos exemplos bastante preocupantes de comportamentos “exemplares” na escola. Sabemos que o grupo exerce forte influência na formação do indivíduo. Chega um momento que se tem necessidade de “pertencer” a algum outro grupo além da família.
Ah, e o que um adolescente não é capaz de fazer para ser aceito! E não importa que os pais tenham ensinado que "aquilo" que o grupo faz ou pensa, está errado...
Agora vamos à influência que a Igreja, religião ou mesmo, a catequese, pode ter na vida de uma criança ou adolescente. Se compararmos os outros dois grupos à catequese, observando o tempo que se passa neles, poderíamos dizer que é... NENHUMA!
Que diferença pode fazer, na vida de alguém, trinta horas falando de fé e religião ao longo de um ano? Bom seria se fossem muitos e muitos anos... Mas em alguns lugares a catequese só dura um ano. E que diferença poderá fazer na vida de uma pessoa participar das missas por obrigação? Nenhuma, porque, com certeza, ela não ouviu nada e nem entendeu nada!
Agora, não pensem vocês aqui que estou dizendo que a catequese não adianta de nada. É claro que ela é importante e necessária. Mas ela é COMPLEMENTO daquilo que a pessoa vive em família, na sociedade, na escola, com amigos e companheiros de time. Ela só é eficaz, e atinge seus objetivos, quando é feita com mais que boa vontade e, para quem quer, ou seja, teve o anúncio querigmático! Quer ouvir, quer conhecer, quer experimentar JESUS!
Aqui então eu me faço outra pergunta: E quando a própria catequese é que tira a criatura do caminho? Vai que a família fez um bom trabalho, que a sociedade inflama a criatura a fazer alguma coisa, que os amigos chamam... Mas, a catequese se prova uma grande perda de tempo, uma chatice e um trololó de doutrina interminável?
Ângela Rocha
Catequista
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