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sábado, 10 de dezembro de 2016

HOMILIA DO DOMINGO - 3º DOMINGO DE ADVENTO ANO A

No Evangelho de hoje, Jesus responde aos discípulos de João Batista. Ao fazer isso, não realiza um discurso teórico e abstrato. Jesus não é afeito às grandes elaborações filosóficas, como fomos acostumados, para falar de Deus e de sua atividade. O Senhor se define pelo que Ele realiza concretamente. Por isso, Deus fala de suas ações libertadoras: os coxos andam, os cegos veem, os prisioneiros são libertos... Portanto, para participarmos desta graça devemos nos abrir ao Reino, do contrário seremos ainda escravos, cegos e mudos. Será necessário o despojamento de João Batista, sua pobreza. Não há outro caminho, senão o do desapego dos cárceres deste mundo, fundados no poder e no acúmulo dos bens. Nossa libertação depende da aceitação da proposta de Jesus.

Esta certeza não elimina nossos limites, mas nos coloca na estrada da esperança do Reino. A primeira leitura fala, igualmente, de uma proposta concreta de salvação. O povo de Deus no Antigo Testamento vivia na esperança de tempos melhores. Vivia escravo, longe de seu país, na pior. Mas não perdeu a esperança, porque Deus prometeu a restauração (Is 35). Nós também, como o povo da Bíblia, desejamos o mundo prometido por Deus: reino de paz, justiça e amor. Ao mesmo tempo, também vivemos momentos de escravidão: nossos medos, vazios, doenças, a saudade, a morte... Também queremos que Deus venha e ponha fim ao mal, destrua o que nos perturba.

A espera da vitória de Deus proclamada pelo Profeta Isaías são um convite ao ânimo e a alegria: “Alegre-se a terra que era deserta...” (Is 35,1). “Dizei as pessoas deprimidas (os corações abatidos): Criai ânimo! Não tenhais medo! ” O nosso mundo está mergulhado no desânimo, na falta de sentido, na angústia e na ansiedade... Talvez em nenhuma outra época, as palavras do profeta Isaías foram tão atuais. Os homens e mulheres deste tempo precisam acolher esta palavra, remédio contra os dramas psíquicos tão presentes. Para isso, será necessário reavivar a confiança no Senhor que vem com amor. Ele virá, Ele vencerá.

Mas, precisamos esperar como o agricultor, na paciência. A paciência exige firmeza: “Firmai os joelhos debilitados...” (Is 35,3). “Ficai firmes e fortalecei vossos corações, porque a vinda do Senhor está próxima.” (Tg 5,8). O sofrimento e a paciência são quase sinônimos. Seguir na esperança é seguir com paciência e sem lamúrias, como insiste o Papa Francisco: “Uma das tentações mais sérias que sufoca o fervor e a ousadia é a sensação de derrota que nos transforma em pessimistas lamurientos e desencantados com cara de vinagre. Ninguém pode empreender uma luta, se de antemão não está plenamente confiado no triunfo. Quem começa sem confiança, perdeu de antemão metade da batalha e enterra os seus talentos. Embora com a dolorosa consciência das próprias fraquezas, há que seguir em frente, sem se dar por vencido, e recordar o que disse o Senhor a São Paulo: ‘Basta-te a minha graça, porque a força manifesta-se na fraqueza’ (2Cor 12,9).
O triunfo cristão é sempre uma cruz, mas cruz que é, simultaneamente, estandarte de vitória, que se empunha com ternura batalhadora contra as investidas do mal. O mau espírito da derrota é irmão da tentação de separar prematuramente o trigo do joio, resultado de uma desconfiança ansiosa e egocêntrica” (Evangelii Gaudium 85). 

Pe Roberto Nentwigsistema q48

Arquidiocese de Curitiba – Pr.

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