Uma coisa que se pode observar no mundo midiático, principalmente das redes
sociais, é que o ser humano, de modo geral, esqueceu total e completamente o que
é “senso crítico”. E podemos perceber isso também nas nossas relações
cotidianas. Cada vez mais as pessoas querem ter razão, porém, a “sua razão” e
não aquela razão lógica e comprovada. E como o senso crítico faz falta para
nossa civilização!
E não pense que isso é um assunto "filosófico" somente. Ele se enquadra também naquilo que fazemos como catequistas, ou seja, ajudamos a aprofundar a fé e também a "pensar", "refletir" e encontrar o melhor caminho. Portanto, orientar nossos catequizandos a desenvolver senso crítico, vai torná-los pessoas melhores e desta forma, criar um mundo melhor.
O senso crítico é o avesso do senso comum: enquanto este é a
atitude dos que emitem meras opiniões (em grego, doxa), aquele é baseado em conhecimentos testados e aprofundados
metodologicamente (em grego, episteme).
O senso comum são ideias que se desenvolvem em uma sociedade baseadas, muitas
vezes, na herança cultural de cada povo. Senso crítico é o principal fundamento
da filosofia e significa a capacidade de questionar e analisar as situações de
forma racional e objetiva.
Ao contrário do senso comum, baseado nas informações
meramente sensíveis, a atitude crítica exige reflexão constante e avaliação
radical das causas e das consequências do conhecimento. Se o senso comum
geralmente confirma as opiniões alheias sem processá-las, o senso crítico
coloca-as em questão, para serem confirmadas ou refutadas.
A pessoa que desenvolve criticidade tem gosto pelo diálogo e
pelas opiniões divergentes e é capaz de desenvolver e comunicar de maneira
respeitosa suas próprias opiniões. Quando se valoriza a visão crítica, não há
perdedores: todos ganham quando a verdade - produto do debate e do intercâmbio
de ideias - é alcançada. Posso desenvolver o senso crítico? Mas é claro!
Que
perguntas posso me fazer se quero ser uma pessoa com senso crítico?
- Faço julgamentos com maturidade e responsabilidade,
favorecendo a liberdade de opinião e o respeito pela experiência própria dos
outros?
- Critico e discordo de opiniões alheias de maneira cordata e
gentil, sendo capaz de renunciar a um ponto de vista em benefício da verdade?
- Sou capaz de ouvir e de discutir sem paixões exageradas,
mas, a fim de compreender melhor as razões dos outros?
- Permaneço atento às variantes em jogo numa argumentação e
busco sempre desenvolver um raciocínio lógico e contextualizado?
- Faço adequadas intervenções em discussões e debates,
visando à aprendizagem pessoal e coletiva?
- Assumo meus próprios posicionamentos, sem generalizá-los
como sendo visão de todos?
Posso ajudar as pessoas a desenvolver senso crítico? Sim! Faz
parte da nossa missão como educadores.
Que
perguntas posso me fazer se quero ser uma pessoa que estimula o senso crítico?
- Promovo a interlocução crítica como modelo de participação
e valorizo a participação de todos numa discussão ou debate?
- Aceito naturalmente feedback por parte dos outros?
- Tenho autoconfiança sem ser pedante?
- Ouço e respeito as opiniões alheias, mas mantenho coerência
com as normas e os valores da sociedade e das instituições de que faço parte?
- Tenho capacidade de decisão e juízo autorregulatório, ou
seja, sei refrear atitudes que não condizem com o bem comum?
- Sei argumentar com ponderação, com base em evidências,
contextos, conceitualizações, métodos e critérios?
Respondidas todas estas perguntas...
E agora, tenho senso crítico ou vou pelo senso comum? Ou
ainda, uso meu próprio senso sempre?
FONTE:
* Adaptado de: Princípios
orientadores dos processos de ensino e aprendizagem na graduação da PUCPR.
– Curitiba: PUCPRess, 2016.
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