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quarta-feira, 18 de junho de 2014

Caminhos para a aprendizagem*

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De tudo, de qualquer situação, leitura ou pessoa podemos extrair alguma informação ou experiência que pode nos ajudar a ampliar o nosso conhecimento, para confirmar o que já sabemos, para rejeitar determinadas visões de mundo, para incorporar novos pontos de vista.

Um dos grandes desafios para o educador, qualquer educador, inclusive o educador “da fé”, é ajudar a tornar a informação significativa, a escolher as informações verdadeiramente importantes entre tantas possibilidades, a compreendê-las de forma cada vez mais abrangente e profunda e a torná-las parte do nosso referencial.

Aprendemos melhor quando vivenciamos, experimentamos, sentimos. Aprendemos quando relacionamos, estabelecemos vínculos, laços entre o que estava solto, caótico, disperso, integrando-o em um novo contexto, dando-lhe significado, encontrando um novo sentido. Aprendemos quando descobrimos novas dimensões de significação que antes nos escapavam; quando vamos ampliando o círculo de compreensão do que nos rodeia; quando como numa cebola, vamos descascando novas camadas que antes permaneciam ocultas à nossa percepção, o que nos faz perceber de uma outra forma. 

Aprendemos mais quando estabelecemos pontes entre a reflexão e a ação, entre a experiência e a conceituação, entre a teoria e a prática; quando ambas se alimentam mutuamente. Aprendemos quando equilibramos e integramos o sensorial, o racional, o emocional, o ético, o pessoal e o social. Aprendemos pelo pensamento divergente, através da tensão, da busca e pela convergência – pela organização, integração. Não aprendemos quando pensamos igual.

Aprendemos pela concentração em temas ou objetivos definidos ou pela atenção difusa, quando estamos de antenas ligadas, atentos ao que acontece ao nosso lado. Aprendemos quando perguntamos, questionamos, quando estamos atentos. Aprendemos quando interagimos com os outros e o mundo e depois, quando interiorizamos, quando nos voltamos para dentro, fazendo nossa própria síntese, nosso reencontro do mundo exterior com a nossa re-elaboração pessoal.

Aprendemos pelo interesse, pela necessidade. Aprendemos mais facilmente quando percebemos o objetivo, a utilidade de algo, quando nos traz vantagens perceptíveis. Se precisamos nos comunicar em inglês pela internet ou viajar para fora do país, o desejo de aprender inglês aumenta e facilita a aprendizagem dessa língua. Aprendemos sobre a “fé” quando já nos encontramos com Aquele que buscamos, vamos querer saber mais porque nos interessa conhecer a vida e a mensagem quando nos faz bem e nos completa.
Aprendemos pela criação de hábitos, pela automatização de processos, pela repetição. Ensinar se torna mais duradouro, se conseguimos que os outros repitam processos desejados. Ex.: ler textos com freqüência, facilita que a leitura faça parte do nosso dia a dia. Nossa resistência a ler vai diminuindo. Outro exemplo, a oração. Se nos habituamos a rezar, a oração fará parte da nossa vida.

Aprendemos pela credibilidade que alguém merece para nós. A mesma mensagem dita por uma pessoa ou por outra pode ter pesos bem diferentes, dependendo de quem fala e de como o faz. Aprendemos também pelo estímulo, motivação de alguém que nos mostra que vale a pena investir num determinado programa, curso. Um professor que transmite credibilidade facilita a comunicação com os alunos e a disposição para aprender. Um catequista que transmite credibilidade, que FAZ aquilo que propõe aos outros, será ouvido e tomado como exemplo.

Aprendemos pelo prazer, porque gostamos de um assunto, de uma mídia, de uma pessoa. O jogo, o ambiente agradável, o estímulo positivo podem facilitar a aprendizagem. Aprendemos mais, quando conseguimos juntar todos os fatores: temos interesse, motivação clara; desenvolvemos hábitos que facilitam o processo de aprendizagem; e sentimos prazer no que estudamos e na forma de fazê-lo.

Aprendemos realmente quando conseguirmos transformar nossa vida em um processo permanente, paciente, confiante e afetuoso de aprendizagem. Processo permanente, porque nunca acaba. Paciente, porque os resultados nem sempre aparecem imediatamente e sempre se modificam. Confiante, porque aprendemos mais se temos uma atitude confiante, positiva diante da vida, do mundo e de nós mesmos. Processo afetuoso, impregnado de carinho, de ternura, de compreensão, porque nos faz avançar muito mais.

* Texto baseado em: “Novas Tecnologias e Mediação Pedagógica”, de Jose Manuel Moran ,15ª ed. SP: Papirus, 2009, p.22-24.

** As inferências sobre a catequese e a fé foram acrescentadas por mim.


Ângela Rocha
angprr@uol.com.br

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