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domingo, 26 de outubro de 2014

HOMILIA DO 30º DOMINGO DO TEMPO COMUM – ANO A


Qual é o maior dos mandamentos? Certamente, os fariseus gostariam que Jesus escolhesse um dos 613 mandamentos da tradição judaica. Mandamentos estes repletos de normativas rituais: não toque nisso, purifique aquilo, não se torne impuro, não ande tantos passos, não coma isso, fala sua oferta... Jesus não estava preocupado com tais práticas, pois para Ele o fundamental é a lei do amor.

O amor é mais do que um conceito. Nós não vemos o amor em si, não o toamos, apenas podemos ver as ações concretas de amor. Percebemos o amor nos casais apaixonados, na criança que pede colo para sua mãe, em atitudes de grande despojamento em prol do ser humano, na solidariedade.

A Escritura diz que “Deus é amor” (cf. 1Jo 4, 8-16). A plenitude do amor ultrapassa a abstração da ideia, e se concretiza e se manifesta em Jesus Cristo. Suas atitudes de compaixão, misericórdia e doação traduzem fielmente o que é amar. O amor divino é ao mesmo tempo amor humano, e amor humanamente pleno.

O primeiro dos mandamentos da lei na ordem da promulgação é o amor a Deus. Jesus nos pede que este amor seja realizado de todo o coração, de toda a alma, com todo o entendimento:

·         De todo o coração: o coração é símbolo da intimidade, da consciência, do mais profundo do ser. Portanto, é no interior de cada um de nós que nasce o amor;
·         De toda alma: poderíamos dizer, com toda a força, com toda a vontade – o amor exige empenho;
·         De todo o entendimento: com a inteligência. É preciso conhecer este Deus, usar o saber humano para se dirigir a Ele.

Porém, na ordem da execução está o amor ao próximo. Simplesmente, não é possível amar a Deus se não amarmos ao próximo. Aqui está o termômetro para identificar a verdadeira religião: medimos nossa religiosidade em nossa capacidade de amar, de doar, de curar os corações, de oportunizar caminhos de crescimento para aqueles que de nós se aproximam.

O amor a deus e ao próximo pode ser camuflado. É possível ter atitudes interpretadas como amor a Deus e aos outros, que, na verdade, não é amor, mas, egoísmo. Amar a Deus não pode ser desculpa para que se permita a manipulação da religião em benefício próprio. No que diz respeito ao amor ao próximo, este pode ser pervertido em projeção do nosso eu no outro. Certos protecionismos, sobretudo dos pais, são atitudes egoístas que buscam autossatisfação, além de criar dependência, falta de liberdade, aprisionamento do outro. Também o exagero de certas pessoas que se dizem amantes (aqui se inclui o ciúme exagerado) deve ser avaliado, pois o verdadeiro amor deixa espaço para que o outro se responsabilize e sinta-se  livre para também amar.

“Irmãos, sabeis de que maneira procedemos entre vós, para vosso bem. E vós nos tornastes imitadores nossos e do Senhor, acolhendo a palavra com alegria do Espírito Santo, apesar de tantas tribulações” (cf. 1Ts 1, 5-6). A comunidade dos Tessalonicenses nos dá o testemunho de boa vontade. Segundo São Paulo, foram abertos para acolher a palavra de Deus; com pouco tempo de pregação, tornaram-se ardorosos e testemunhas para outras comunidades. Esta comunidade nos anima a se abrir para o amor, mesmo diante dos desafios. Quando há abertura de coração, as dificuldades e a falta de aplicação não se tornam desculpas ou fugas. A abertura transforma o amor em atitude, superando as adversidades. Amar é responsabilizar-se, sobretudo em acolher as oportunidades que Deus nos concede.

Pe. Roberto Nentwig

Santuário São José – Curitiba Pr.

Esta e outras homilias do Ano A, você encontra no livro do Pe. Roberto. É só pedir por e-mail:

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