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domingo, 10 de dezembro de 2017

E QUANDO A CATEQUESE É SÓ MAIS UMA ATIVIDADE...


"Não tenho mais tempo para conversar com meus colegas catequistas para saber o que acontece na catequese. Não tenho tido tempo para preparar os encontros. Não posso frequentar reuniões e formações. Planejamento? Nem pensar. Meus afazeres e meus encargos com a família não permitem participar de mais nada. E também participo de mais uma dúzia de pastorais. Frequentemente acontecem coisas na minha vida que fazem com que eu falte aos encontros. Tenho faltado a Missa da Catequese porque tenho passeios ou tenho que fazer o almoço de domingo...”

Aí eu me pergunto: Será que essa uma hora e meia (menos uns 20 minutos porque chega atrasada), que essa pessoa dedica à catequese por semana, faz dela uma CATEQUISTA? O que ela está fazendo lá (ou “não fazendo”), em uma hora por semana, vai fazer alguma diferença na vida das crianças que estão lá para serem educadas na FÉ? Aliás, será que ela está educada na fé?

E se formos olhar a catequese nas diversas paróquias, vemos que as coisas não mudam muito de um lugar para o outro. E o triste é que, se não bastassem todas as dificuldades que enfrentamos, neste mundo tão plural; ainda temos que nos deparar com a péssima formação de alguns catequistas e a total falta de comprometimento. E olha que não estou usando a palavra "tempo" e sim "comprometimento". Comprometer-se “sem” tempo, é meio complicado.

Isso porque acho que esse negócio de tempo, ou melhor, a falta dele, é pura desculpa de quem, na verdade, não quer fazer. Vejam só, se você trabalha oito horas por dia, estuda a noite, tem marido e filhos, tem que cuidar da casa, tem ocupações e compromissos diversos no fim de semana.... Como é que vai ser catequista?? Quando? Aliás, nem sei que tipo de mãe e esposa, alguém consegue ser desse jeito.

E se você ainda consegue ser da Pastoral do dízimo, Pastoral da família, Pastoral da acolhida, ministro(a) da eucaristia, da liturgia, do ECC, coordena grupo de reflexão e ainda é Catequista... Desculpe revelar seu segredo mas, você é um SUPER HERÓI (NA) disfarçado(a)!

A catequese é, antes de tudo, uma MISSÃO! Não é só uma participação esporádica numa pastoral. Claro que dá para fazer outras coisas na Igreja também. Desde que a catequese e tudo que vêm agregado (encontros, reuniões, missas, formações, eventos) a ela, esteja sempre em PRIMEIRO LUGAR!

Uma orientação que dou aos coordenadores, que são os "recrutadores" de catequistas na paróquia: quando aparecer alguém querendo ser catequista e que já participe de mais "umas duas" outras pastorais, não se engane achando que a pessoa será "ótima" porque já tem "experiência". Ela vai ser uma pedra no seu sapato! Nunca vai ter tempo de ir a reuniões e encontros de catequistas (sempre tem outra reunião para ir, mais importante que a sua), e sempre vai achar que "não precisa" de formação porque já "sabe tudo"! Está na Igreja há milênios e em tudo quanto é lugar.

Outra coisa são aqueles que acham que ser catequista é a mesma coisa que ser professor. Normalmente, um professor vai se dar bem na catequese porque tem experiência com crianças. Um professor (a) já tem formação pedagógica, entende de psicopedagogia, tem didática, metodologia, etc. e tal... E de fato, já tem meio caminho andado para ser um bom catequista. Mas, catequese NÃO É ESCOLA e NÃO É AULA! Se esse professor (a) não tiver formação CATEQUÉTICA, vai ser sempre um “professor de religião”. E sem nem sequer ser “formado” nessa disciplina. E também vai ter inúmeras atividades na escola onde trabalha. Um professor que se dispõe a ser catequista é duplamente vocacionado! Mas, precisa ter tempo para se dedicar à catequese.

Mais uma coisa que não se deveria fazer NUNCA: botar catequista que nunca leu uma linha sobre catequese ou fez qualquer tipo de encontro ou formação, responsável direto numa turma de catequese. Salvo exceções, isso está fadado ao fracasso. Eu já vi meninas de 14, 15 anos, que fizeram a crisma "ontem", sendo catequistas. Isso é pedir para que aconteçam essas "coisinhas" que estamos falando aí. Já começam achando que não precisa “saber” muita coisa. Por que ir às formações?

Bom, eu acabei de sintetizar, na verdade, algumas “causas” da falta de comprometimento dos catequistas. E não dei solução nenhuma. As soluções existem? Claro que sim. Mas elas podem ser sintetizadas numa só palavra. Que até parece “repeteco”, mas... é a tal FORMAÇÃO!

Tem padre que não entende o alcance da catequese, catequista que caiu de para quedas, coordenador que não tem liderança e conhecimento, gente ocupada demais com outras coisas...  Isso precisa acabar! E só vai acabar com formação. E voltamos lá no começo: Ninguém tem tempo para formação! Bom, aqui está a solução mágica para tudo: O TEMPO!

Então, por mais duro que pareça ser, quem não tem tempo deve ser gentilmente aconselhado a buscar outro meio de servir. Reuniões, encontros e formações SÃO OBRIGATÓRIOS para quem quer ser catequista. Escolas catequéticas deveriam existir em todos os níveis, começando pela paróquia. E sérias, não de faz-de-conta.

E COMPROMETIMENTO e RESPONSABILIDADE, fazem parte do SER CATEQUISTA.

E assim como ninguém nasce cristão, cristão forma-se; catequista também forma-se, não nasce pronto! Ser “chamado” deve ser considerado, em primeiro lugar, “formar-se”. Os discípulos não ficaram acompanhando Jesus, por três anos, porque não tinham o que fazer. O espírito Santo só veio depois que eles estavam preparados. Jesus os preparou. Não queiramos nós acreditar que não precisamos de preparação.

Abraço

Ângela Rocha

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