Políticos em
campanha eleitoral levantam crianças diante das câmeras da televisão… Mas qual
deles se importa realmente com o futuro das crianças abandonadas, com os
meninos de rua, com a educação popular? O que conta não é a criança, e sim, o
voto.
Jesus faz da pouca
importância das crianças uma lição para seus seguidores. Os discípulos não
compreendiam quando Jesus falava de seu sofrimento; pelo contrário,
ficavam discutindo quem era o maior dentre eles. Por causa disso, Jesus chamou
uma criança, colocou-a no meio deles e disse que a criança estava aí como se
fosse ele mesmo – e até mais do que isso: “Quem acolher em meu nome uma destas
crianças estará acolhendo a mim mesmo. E quem me acolher, estará acolhendo não
a mim, mas Àquele que me enviou” (evangelho).
A liturgia de hoje
nos ajuda a cavoucar mais a fundo o mistério que está por trás dessas palavras.
Enquanto os discípulos não levaram muito a sério as crianças, Jesus se
identifica com uma criança, porque tem uma profunda consciência do amor paterno
de Deus. Na 1ª leitura, o justo que chama Deus de pai é considerado
insuportável pelos poderosos, que só dão importância à força e à arrogância. E
a 2ª leitura nos mostra quanto mal faz a ambição dentro da comunidade cristã.
Na lógica o mundo, o que importa é a prepotência, a ambição. Mas Deus é o pai
do justo, sobretudo do justo oprimido. Na criança desprotegida, ele mesmo se
torna presente.
O justo humilde,
perseguido pelos prepotentes, e que chama Deus de pai, é a prefiguração do
próprio Jesus. A grandeza mundana não importa. Uma criança sem importância pode
ser representante de Jesus e, portanto, de seu Pai, Deus mesmo. E se não for
uma criança, pode ser um mendigo, um desempregado, um aidético…. No aspecto de
não terem poder, esses sem-poder parecem-se com Jesus. Nossa “ambição”deve ser:
servir Jesus neles. Então, seremos grandes.
Alguém talvez chame
isso de falsa modéstia: dizer-se humilde julgando-se superior aos outros. Já os
empresários o chamarão de desperdício, pois quem se refugia na humildade nunca
vai realizar as grandes coisas de que nossa sociedade tanto precisa… O
raciocínio de Jesus vai no sentido oposto: as ambições deste mundo facilmente
encontram satisfação, se há quem delas pode tirar proveito. Todo mundo
colabora. Mas quem não tem poder só pode contar com Deus e com os “filhos de
Deus”, os que querem ser semelhantes a ele. Então, de repente, não é a ambição
que move o mundo, mas a força do amor que Deus implantou em nós. Não o
orgulhoso ou o ambicioso, mas o humilde consegue despertar a força do amor que
dorme no coração do ser humano. A criança desperta em nós o que nos torna
semelhantes a Deus, nosso Pai.
Do livro “Liturgia Dominical”, de Johan Konings, SJ, Editora Vozes
FONTE: franciscanos.org
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