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segunda-feira, 14 de janeiro de 2019

O ESCÂNDALO IR À IGREJA E ODIAR OS OUTROS



PAPA FRANCISCO: É UM ESCÂNDALO IR À IGREJA E ODIAR OS OUTROS

Resumo da catequese do dia 02/01/2019

A oração feita em silêncio, do fundo do coração, e que gera mudanças na vida, não é aquela que desperdiça palavras.

O Evangelho de Mateus coloca o texto do “Pai Nosso” em um ponto estratégico, no centro do Sermão da Montanha (Mt 6, 9-13). Reunidos em volta de Jesus no alto da colina, uma “assembleia heterogênea” formada pelos discípulos mais íntimos e por uma grande multidão de rostos anônimos é a primeira a receber a entrega do Pai Nosso. Neste “longo ensinamento” chamado “Sermão da Montanha”, Jesus condensa os aspectos fundamentais de sua mensagem:

Jesus coroa de felicidade uma série de categorias de pessoas que em seu tempo - mas também no nosso! – Não eram muito consideradas. Bem-aventurados os pobres, os mansos, os misericordiosos, os humildes de coração.... Esta é a revolução do Evangelho. Onde está o Evangelho há uma revolução. O Evangelho não deixa quieto, nos impulsiona, é revolucionário.

Todas as pessoas capazes de amar, os pacíficos que até então ficaram à margem da história, são, ao contrário, construtores do Reino de Deus. É como se estivesse dizendo: “em frente, vocês que trazem no coração o mistério de um Deus que revelou sua onipotência no amor e no perdão! ”

Desta porta de entrada, que inverte os valores da história, brota a novidade do Evangelho:
A lei não deve ser abolida, mas precisa de uma nova interpretação, que a leve de volta ao seu significado original. Se uma pessoa tem um bom coração, predisposto a amar, então compreende que cada palavra de Deus deve ser encarnada até suas últimas consequências. O amor não tem limites: pode-se amar o próprio cônjuge, o próprio amigo e até mesmo o próprio inimigo com uma perspectiva completamente nova.

Este é o grande segredo que está na base de todo o Sermão da Montanha: sejam filhos de vosso Pai que está nos céus. Em um primeiro momento, estes capítulos do Evangelho de Mateus podem parecer um discurso moral, evocar uma ética tão exigente a ponto de parecer impraticável. Mas pelo contrário, descobrimos que são sobretudo um discurso teológico:

“O cristão não é alguém que se esforça para ser melhor do que os outros: ele sabe que é pecador como todos. O cristão é simplesmente o homem que para diante da nova Sarça Ardente, da revelação de um Deus que não traz o enigma de um nome impronunciável, mas que pede a seus filhos que o invoquem com o nome de "Pai", para se deixar renovar por seu poder e de refletir um raio de sua bondade por este mundo tão sedento de bem, tão à espera de boas notícias”.

E Jesus introduz o ensinamento da oração do “Pai Nosso” distanciando dois grupos de seu tempo, começando pelos hipócritas, que rezam nas praças e sinagogas para serem vistos. Há pessoas que são capazes de tecer orações ateias, sem Deus: fazem isso para serem admiradas pelos homens. E quantas vezes nós vemos o escândalo daquelas pessoas que vão à igreja, estão lá todo o dia, ou vão todos os dias, e depois vivem odiando os outros e falando mal das pessoas. Isto é um escândalo. Melhor não ir à igreja. Viva assim como ateu. Mas se você vai à igreja, viva como filho, como irmão e dê um verdadeiro testemunho. Não um contratestemunho.

A oração cristã, pelo contrário, não tem outro testemunho crível, senão a própria consciência, onde se entrelaça intensamente um diálogo contínuo com o Pai. Jesus então, toma distância das orações dos pagãos que acreditavam ser ouvidos pela força das palavras. Recordemos a cena do Monte Carmelo, onde diferentemente dos sacerdotes de Baal que gritavam, dançavam, pediam tantas coisas, é ao Profeta Elias, que fica calado, que o Senhor se revela:

Os pagãos pensam que falando, falando, falando, se reza. Também eu penso aos tantos cristãos que acreditam que rezar – desculpem-me – é falar a Deus como um papagaio. Não! Rezar se faz do coração, de dentro. O Pai Nosso poderia ser também uma oração silenciosa: basta no fundo colocar-se sob o olhar de Deus, recordar-se de seu amor de Pai, e isto é suficiente para serem ouvidos.

Que bonito pensar que o nosso Deus não precisa de sacrifícios para conquistar o seu favor! Ele não precisa de nada, nosso Deus: na oração pede somente que tenhamos aberto um canal de comunicação com ele, para nos descobrirmos sempre seus amados filhos.

Papa Francisco – Audiência geral do dia 02 de janeiro de 2019 (Resumo).



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