PAPA FRANCISCO: É UM ESCÂNDALO IR À IGREJA
E ODIAR OS OUTROS
Resumo da
catequese do dia 02/01/2019
A oração feita em silêncio, do fundo do coração, e que gera
mudanças na vida, não é aquela que desperdiça palavras.
O Evangelho de Mateus coloca o texto do “Pai Nosso” em um
ponto estratégico, no centro do Sermão da Montanha (Mt 6, 9-13). Reunidos em
volta de Jesus no alto da colina, uma “assembleia heterogênea” formada pelos
discípulos mais íntimos e por uma grande multidão de rostos anônimos é a
primeira a receber a entrega do Pai Nosso. Neste “longo ensinamento” chamado
“Sermão da Montanha”, Jesus condensa os aspectos fundamentais de sua mensagem:
Jesus coroa de felicidade uma série de categorias de pessoas
que em seu tempo - mas também no nosso! – Não eram muito consideradas.
Bem-aventurados os pobres, os mansos, os misericordiosos, os humildes de
coração.... Esta é a revolução do Evangelho. Onde está o Evangelho há uma
revolução. O Evangelho não deixa quieto, nos impulsiona, é revolucionário.
Todas as pessoas capazes de amar, os pacíficos que até então
ficaram à margem da história, são, ao contrário, construtores do Reino de Deus.
É como se estivesse dizendo: “em frente,
vocês que trazem no coração o mistério de um Deus que revelou sua onipotência
no amor e no perdão! ”
Desta porta de entrada, que inverte os valores da história,
brota a novidade do Evangelho:
A lei não deve ser abolida, mas precisa de uma nova
interpretação, que a leve de volta ao seu significado original. Se uma pessoa
tem um bom coração, predisposto a amar, então compreende que cada palavra de
Deus deve ser encarnada até suas últimas consequências. O amor não tem limites:
pode-se amar o próprio cônjuge, o próprio amigo e até mesmo o próprio inimigo
com uma perspectiva completamente nova.
Este é o grande segredo que está na base de todo o Sermão da
Montanha: sejam filhos de vosso Pai que
está nos céus. Em um primeiro momento, estes capítulos do Evangelho de
Mateus podem parecer um discurso moral, evocar uma ética tão exigente a ponto
de parecer impraticável. Mas pelo contrário, descobrimos que são sobretudo um
discurso teológico:
“O cristão não é alguém que se esforça para ser melhor do que
os outros: ele sabe que é pecador como todos. O cristão é simplesmente o homem
que para diante da nova Sarça Ardente, da revelação de um Deus que não traz o
enigma de um nome impronunciável, mas que pede a seus filhos que o invoquem com
o nome de "Pai", para se deixar renovar por seu poder e de refletir
um raio de sua bondade por este mundo tão sedento de bem, tão à espera de boas
notícias”.
E Jesus introduz o ensinamento da oração do “Pai Nosso”
distanciando dois grupos de seu tempo, começando pelos hipócritas, que rezam
nas praças e sinagogas para serem vistos. Há pessoas que são capazes de tecer
orações ateias, sem Deus: fazem isso para serem admiradas pelos homens. E
quantas vezes nós vemos o escândalo daquelas pessoas que vão à igreja, estão lá
todo o dia, ou vão todos os dias, e depois vivem odiando os outros e falando
mal das pessoas. Isto é um escândalo. Melhor não ir
à igreja. Viva assim como ateu. Mas se você vai à igreja, viva como filho, como
irmão e dê um verdadeiro testemunho. Não um contratestemunho.
A oração cristã, pelo contrário, não tem outro testemunho
crível, senão a própria consciência, onde se entrelaça intensamente um diálogo
contínuo com o Pai. Jesus então, toma distância das orações dos pagãos que
acreditavam ser ouvidos pela força das palavras. Recordemos a cena do Monte
Carmelo, onde diferentemente dos sacerdotes de Baal que gritavam, dançavam,
pediam tantas coisas, é ao Profeta Elias, que fica calado, que o Senhor se
revela:
Os pagãos pensam que falando, falando, falando, se reza.
Também eu penso aos tantos cristãos que acreditam que rezar – desculpem-me – é
falar a Deus como um papagaio. Não! Rezar se faz do coração, de dentro. O Pai
Nosso poderia ser também uma oração silenciosa: basta no fundo colocar-se sob o
olhar de Deus, recordar-se de seu amor de Pai, e isto é suficiente para serem
ouvidos.
Que bonito pensar que o nosso Deus não precisa de sacrifícios
para conquistar o seu favor! Ele não precisa de nada, nosso Deus: na oração
pede somente que tenhamos aberto um canal de comunicação com ele, para nos
descobrirmos sempre seus amados filhos.
Papa Francisco – Audiência geral do dia 02 de janeiro
de 2019 (Resumo).
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