DOCUMENTO
107: INICIAÇÃO À VIDA CRISTÃ, ITINERÁRIO PARA FORMAR DISCÍPULOS MISSIONÁRIOS
O Documento 107, fruto
de uma longa caminhada da igreja, foi aprovado pelos Bispos do Brasil em sua
55ª Assembleia, no ano de 2017, em Aparecida- SP e recebe o número de 107 da
coleção azul da Conferência (CNBB).
Sugiro a visualização
do vídeo com explicações de alguns dos envolvidos:
O documento oferece
novas disposições pastorais para a iniciação à vida cristã, presente nas
Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora desde 2011. O documento revela o
propósito dos bispos em buscar novos caminhos pastorais e reconhecer que a
inspiração catecumenal é uma exigência atual. Com a Iniciação à Vida Cristã a
Igreja formará discípulos conscientes, atuantes e missionários. Em seis passos
o documento apresenta os processos de iniciação ao discipulado de Jesus.
A Igreja não deve
funcionar por “gavetas”: Dízimo, Catequese, Liturgia, etc. A Iniciação a Vida
Cristã deve perpassar por tudo, transformar católicos em discípulos de Jesus.
Principais eixos:
§ A Família é o BERÇO da
Iniciação à Vida Cristã
§ A Comunidade Igreja é a
CASA da Iniciação à Vida Cristã
§ Inspiração catecumenal:
proporcionar um encontro pessoal com Jesus Cristo e criar um sentimento de
pertença à sua Igreja
§ Centralidade da Palavra
de Deus
§ Centralidade do
Mistério Pascal de Cristo, a missa em comunidade, favorecer o entendimento da
liturgia e seus símbolos.
§ Acontece por etapas:
Querigma, Catecumenato, Purificação e Iluminação, Mistagogia
§ A figura do introdutor:
disposto a acompanhar a caminhada de fé do iniciante, mostrar Jesus, dizer de
sua vida cristã para o outro, saber ser próximo (ícone João Batista). Para as crianças
pode-se chamar os padrinhos e familiares como introdutores.
§ Catequese querigmática
e mistagógica
Consequências:
§ Redimensionar o papel
do catequista dentro da IVC
§ Agentes do processo de
educação da fé: comunidade, família, introdutores, conselho pastoral paroquial,
catequistas, liturgia, consagrados, diáconos, padres e Bispos.
§ Envolvimento da
comunidade e de outras pastorais: batismo, catequese, liturgia, familiar
§ Refazer o calendário
respeitando o Ano Litúrgico, marcando Batismos, Crisma e Eucaristia para o
tempo Pascal.
§ Provocar questionamento
– hoje se tem dificuldade
§ Igreja aberta e
missionária
§ Adaptar o itinerário
que foi pensado inicialmente para adulto para as crianças e adolescentes.
Necessidades:
§ Elaboração e seguimento
de um Projeto Diocesano de Iniciação a Vida Cristã
§ “Fazer as pazes” com o
tempo em uma época de urgências, não fazer correndo e queimar etapas.
§ Formação e envolvimento
para os presbíteros e agentes de pastorais
§ Catequistas preparados,
com processo de formação estruturado (catequese, Bíblia, liturgia,
espiritualidade). O catequista deve ser orientado para SER + SABER + SABER
FAZER
§ Investimento em
formadores
§ Novas disposições
pastorais: perseverança, docilidade, sensibilidade, trabalho em equipe
§ Boa preparação das
celebrações
§ Experiência orante –
ter o momento do dia para rezar
§ Desenvolver postura de
escuta, com sensibilidade real quanto à situação pessoal do indivíduo
§ Voltar ao essencial, ao
Evangelho de Jesus. Promover um segundo Anúncio/ Querigma aos batizados e
crismados.
§ Grupo que possa
acompanhar os adolescentes pós Crisma. Metodologia, temas e periodicidade
adequados.
Desafios:
§ Igreja acolhedora
§ Envolver os padres e os
agentes de pastoral para caminharem juntos
§ Processo lento e
gradual
§ Tem que ser um projeto
paroquial e não dos catequistas da paróquia
§ Busca da coerência
§ Mudança de vida, via da
ternura
§ Inspiração catecumenal
para inserção no Mistério de Cristo
§ Catequizar a geração
NET – compreendendo a diferença entre comunidade (interdependência) e rede (autonomia).
Entender que o virtual também é real e que temos que ter comportamento adequado
nas mídias (o que postar, compartilhar, como tratar os outros), pois são como
espelhos do indivíduo real.
§ Rever a possibilidade
de adotar a sequência original dos Sacramentos da Iniciação: Batismo –
banhar-se, Crisma – perfumar-se e Eucaristia – sentar-se à mesa.
§ Porque os pais pedem o
Batismo para seus filhos?
§ A Crisma tem o sentido
de sacramento da maturidade do Cristão?
O enfrentamento de um
conflito é oportunidade de crescimento para os envolvidos, uma graça de Deus
para que seja dado um passo qualitativo no serviço pastoral mediante a escuta,
o diálogo, o respeito, a aceitação, o perdão, em busca do consenso possível
(papel mediador do sacerdote).
Breve resumo
O
Documento 107 da CNBB está assim dividido: Introdução,
4 capítulos e conclusão.
INTRODUÇÃO
Em 2013, o Papa
Francisco, fazendo eco ao Sínodo sobre a Nova Evangelização para a transmissão
da Fé Cristã, afirmou que nos encontramos em uma nova etapa evangelizadora que
deve ser marcada pela alegria e deve indicar rumos novos para a caminhada da
Igreja.
É urgente a revisão de
nosso processo de transmissão da fé. É preciso mover-nos a um processo de
conversão pastoral e de aprendizagem; é necessário pensar e construir um novo
paradigma pastoral; vivemos à procura de respostas sobre a vida, seu sentido e no
fundo sobre nós mesmos. Faz-se necessário e urgente um NOVO CAMINHO PASTORAL
que norteie e guie essa transmissão.
ITINERÁRIO
CATEQUÉTIDO: INICIAÇÃO À VIDA CRISTÃ
CAPITULO 1 – ÍCONE BÍBLICO: trata
da Iluminação Bíblica com o Evangelho do encontro de Jesus com a samaritana
para destacar os passos pedagógicos para a conversão. O texto apresenta o
itinerário a partir do “ícone bíblico” representado pelo encontro de Jesus com
a Samaritana retratado no capítulo quatro do Evangelho de São João
“Tudo muda quando
encontramos Jesus”
Era preciso que Jesus
passasse pela Samaria, e diante do poço se encontrasse com a Samaritana para,
assim, “travar” com ela um diálogo levando-a a reconhecer Nele a Água viva que mata toda sede. Fazendo
então uma Catequese.
Jesus espera que tenhamos sede dEle.
Qual é a água que podemos dar para Jesus?
Encontro da necessidade
humana com a graça de Deus.
Conhecer é diferente de saber.
A salvação vem da fé em Jesus, Ele se abaixa para se
mostrar à Samaritana, ensina-lhe gradativamente o que significa Adorar a Deus
em Espírito e Verdade.
CAPÍTULO 2 - VER: Narra
a história do processo da iniciação cristã, que defende a necessidade da
conversão pessoal, a partir do encontro pessoal com Jesus.
Faz-se necessário olhar para dentro de si com humildade.
Em primeiro lugar Deus
fala para nós catequistas, ninguém sabe tudo. Procuremos deixar o Senhor falar
através de nossa vivência e testemunho que falam até mais que o conteúdo
exposto.
O encontro com Jesus
provoca o Acolhimento.
Fazer acontecer uma
mística do encontro, sem rigorismo.
Nunca se deve ter fé de
gosto (do meu jeito), mas assumir o jeito de Jesus. Entregar se com amor e
alegria a missão de testemunhar.
Será muito proveitoso
ao catequista conhecer o Documento de Aparecida.
Deve conhecer também o
documento Catequese Renovada (1983) e a proposta do Papa Francisco da Evangelii Gaudium. Há vários desafios
atuais como intolerância, sectarismo, desestruturação da família, corrupção.
Enfrenta-los sem desanimar.
CAPÍTULO 3 - ILUMINAR: Traz como a Igreja
pretende implantar a Iniciação.
Temos que amar a Igreja como ela é e não como gostaríamos
que ela fosse.
Um itinerário significa
uma caminhada no qual é necessário um mergulho pessoal na fé.
Nas urgências da Igreja
com relação à evangelização hoje, devemos iniciar um diálogo com toda a
sociedade sobre:
§ Igreja como Casa de
Iniciação à vida cristã
§ Igreja em estado
permanente de Missão
§ Animação Bíblica (nunca
começar reunião de trabalho sem a luz da Palavra de Deus)
§ Formação de comunidades
§ Valorização da Vida
Utilização de temas que
sejam atraentes, aprender com o catequizando, cada um deve se sentir
pessoalmente envolvido, buscar o uso de símbolos, valorizar os ritos, mergulhar
no mistério pascal de Jesus, participar de formação continuada, vivificar a
relação filial com Deus que nos faz nova criatura. Testemunhar com vida de
oração que Cristo é o Centro, anunciando-O com linguagem adequada. Promover a
inserção tendo Maria como modelo de mãe.
Trazer as etapas no
Quadro Geral e uma explicação quanto ao uso do RICA no que for pertinente (como
inspiração).
É necessário um
aprofundamento após a recepção do sacramento: Introdução aos Mistérios de Deus,
aprender e viver os gestos; Não só falar da fé, mas viver a fé: Experimentar
Deus além das aparências (Tempo da Mistagogia).
É preciso superar a
divisão entre a Catequese e a Liturgia: Deus trabalhando na gente, salvando,
purificando, libertando do mal (nós trabalhando para que Deus trabalhe em nós)
colocando ao centro a Eucaristia.
Dentro de tudo procurar
a coerência de vida (o catequista é exemplo de vida cristã).
CAPÍTULO 4 – AGIR E CONCLUSÃO: Mostra como colocar em
prática a IVC a partir de um agir pastoral da Igreja.
Vislumbra-se um Projeto
da Diocese para a Implantação da IVC, com centralidade na Palavra de Deus,
Integração da catequese com a liturgia, Pastoral de Conjunto, atuação dos
Conselhos Paroquiais, instrução, formação, recursos, etc.
A única e principal missão da Igreja é seguir o pedido de
Jesus para “Ide por todo o mundo, pregai o Evangelho a toda criatura e batizai
em Nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo”. Em primeiro lugar
faz-se um Anúncio; depois uma Catequese e por último a participação na Liturgia
(sacramentos). Este caminho que visa formar discípulos (pessoas convictas da
fé).
Hoje existe um abismo
muito grande entre Liturgia e Catequese.
Na catequese
aprofundamos o conhecimento, as razões da fé católica, mergulhamos no mistério
da pessoa de Jesus. O catequista é responsável pelos seus catequizandos. E
sempre deve se perguntar: Eles estão preparados?
Os Sacramentos/Liturgia
são como as núpcias em um casamento, momento áureo em que os catequizandos
devem se aproximar com piedade e respeito. A caminhada cristã não se encerra na
recepção do sacramento, ele faz parte de uma necessária inserção da vida da
Igreja e da Comunidade.
A restauração do
catecumenato tem que ser uma missão da Igreja, com a retomada do Querigma,
anunciado de forma inteligente, atraente e convincente. Seguido por um
aprofundamento bíblico, da Doutrina Social, Liturgia, Ecumenismo, etc.
Os sujeitos
destinatários da IVC são as famílias, crianças, adultos, jovens, pessoas com
deficiência e pessoas nas periferias existenciais, ou seja, todo àquele que
quer, de maneira livre e pessoal, se aprofundar no mistério de Deus.
Os catequistas também
devem fazer o itinerário, buscar o aprofundamento e formação continuada, além
de buscar aprender com os seus catequizandos.
Deus nos abençoe nessa
digna Missão de fazer ECOAR a PALAVRA DE DEUS.
Colaboração: Lilian V. F. Volpato
Fontes:
- Formação com D. Marcony- Arquidiocese de Brasília 30/09/2017
- Formação dos coordenadores de Catequese do Regional Centro Oeste sobre o Doc. 107 – Iniciação à Vida Cristã – Itinerário para formar discípulos missionários com Pe. Antônio Marcos Depizolli (set/2017).
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