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quarta-feira, 4 de setembro de 2019

OS DONS DO ESPÍRITO SANTO: ORIGEM BÍBLICA


Encontramos na profecia messiânica de Isaías, escrita cerca de 700 anos antes de Jesus, a origem dos “dons do Espírito Santo”. Isaías utiliza a figura de Jessé, como tronco de uma árvore quase seca, para anunciar a esperança do Ungido de Deus. Jessé era o pai do Rei Davi (1Sm 16, 1-13), da descendência do qual se esperava o Messias. Por isso o Messias também era chamado de “filho de Davi” (Mc 10, 47-48).

Mas Isaías, no contato com os sucessivos “filhos de Davi” no trono de Jerusalém, deu um novo alcance à profecia messiânica: o Messias brotará “do tronco de Jessé”, ou seja, como um “Novo Davi”. O profeta Isaías anuncia que o Messias não viria como continuação de Davi, mas sim como um Novo David!

Depois, o profeta aponta os traços pelos quais este “Novo Davi”, que não vai ser simplesmente um sucessor hereditário de Davi no trono, mas um “Ungido pelo Espírito de Deus”… Deste modo, o profeta anuncia que a Missão do Messias é um dom de Deus e uma iniciativa do Espírito, e não uma conquista das lógicas e esperanças humanas.

A lista de frutos do Espírito de Deus na Vida do Messias foi depois assumida como a lista simbólica dos Dons do Espírito Santo, à qual a teologia católica depois acrescentou a Piedade, de modo a perfazer o número 7, símbolo da plenitude. Os sete dons do Espírito simbolizam a plenitude de Vida a que o Espírito nos conduz por puro dom.

Na Ressurreição de Jesus Cristo aconteceu o dom do Espírito Santo como dom universal da filiação divina. Pela experiência pascal que forma a Igreja, os discípulos reconheceram que o Espírito Santo os animava também a viver como filhos de Deus-Pai ao jeito de Jesus. Animados pela unção do mesmo Espírito, ousaram continuar a sua Missão.

Hoje somos nós! Os reunidos no dia de Pentecostes, hoje, somos nós! Hoje somos nós a quem Deus quer fazer renascer pelo acolhimento do Espírito Santo que é fonte de Sabedoria, Entendimento, Força, Conselho, Conhecimento e Temor do Senhor…

Oh Espírito Santo, Alento de Vida do meu Deus (Gn 2, 7) e Vitalidade de Cristo Ressuscitado em mim (Jo 20, 22), disponho-me a colaborar contigo para a continuação da Missão de Cristo, que é a construção do Reino de Deus.

Cristifica a minha Vida, de modo a que o Evangelho da Graça de Deus seja proclamado nas minhas ações, ainda que discretas, ainda que simples…

Conduz-me à SABEDORIA de Cristo, que é a capacidade que Tu nos dás de “saborearmos a Vida com o próprio paladar de Deus”, ver todas as coisas como Tu as vês e atuar em todas as situações com os critérios da Palavra de Deus…

Revela-me os segredos do ENTENDIMENTO ao jeito de Cristo, que é a maturidade de discernir com sabedoria todos os acontecimentos, estar atento às Tuas inspirações e às mediações da Palavra de Deus que “explicam” a Vida à Tua luz, como um dia Cristo “explicou” a Vida dos discípulos de Emaús à luz da sua Ressurreição…

Inspira-me, Espírito Santo, o dom do CONSELHO, que é a missão de me tornar instrumento Teu e voz da Palavra de Deus para os meus irmãos, não como um fanfarrão que tem respostas para tudo e soluções fáceis, mas como uma pessoa Verdadeira, Calma, Humilde, Amável e Centrada no Essencial, ao jeito de Jesus Cristo…

Dá-me a FORTALEZA de Cristo, que é uma confiança indestrutível na fidelidade de Deus e na bondade humana, capaz de superar os medos, vencer as angústias, ultrapassar as limitações e lutar por causas difíceis que até podem, em alguns casos, exigir-me o dom da própria Vida…

Faz-me chegar ao CONHECIMENTO verdadeiro, que é a compreensão do Sentido da História humana e da minha própria história pessoal à luz do Teu Projeto Salvador revelado e realizado em Cristo, para que da intimidade com os Teus Mistérios nasça em mim a Felicidade e a Bondade que testemunham ao mundo a Boa Notícia da Ressurreição…

Ensina-me o genuíno TEMOR DO SENHOR, que é a consciência de que Deus é maior que eu e não pertence ao mundo das coisas pequenas e passageiras em que muitas vezes o quero aprisionar. Liberta-me de todos os medos e “temores de Deus” que têm a ver com falsas imagens de Deus ou com “falsos respeitos”. Amadurece em mim a compreensão da linguagem bíblica do “Temor do Senhor” que significa que Tu és o “infinitamente Outro”, independente de mim. Por isso, se me amas, é por puro dom, por Graça! Se me amas é porque tomaste a iniciativa gratuita de Te aproximares de mim…

Aleluia! Como é bom ser amado assim, de Graça!

Pe. Rui Santiago, cssr

Obs.: A esta lista de seis dons, a Vulgata de São Jerônimo e a Tradução Grega dos 70 (Septuaginta) acrescentaram a piedade, eliminando a dupla menção do temor de Deus e obtendo assim o número de sete, considerado o número da perfeição.

O dom da Piedade, não está na “oração” do Pe. Rui pelo fato de ter sido acrescentada pelas traduções da Bíblia e não estar no texto original do profeta Isaías.

Ainda sobre os Dons do Espírito Santo:
Nos versículos 8 a 10 do capítulo 12 da Primeira Epístola de Paulo aos Coríntios são enumerados nove dons do Espírito e no versículo 28 mais alguns. Hermeneutas e exegetas da Bíblia entendem que essas listas de enumerações são exemplificativas, que os dons do Espírito são de infinita diversidade, pois "há diversidade de dons e cada um recebe o dom de manifestar o Espírito para o que for útil para todos" (cf. 1Cor 12, 4-7). Na exegese bíblica o número sete no contexto bíblico significa universalidade, totalidade, perfeição; receber os sete dons do Espírito significa, portanto, receber todos os seus inúmeros dons.
“Porque a um pelo Espírito é dada a palavra da sabedoria; e a outro, pelo mesmo Espírito, a palavra da ciência; E a outro, pelo mesmo Espírito, a fé; e a outro, pelo mesmo Espírito, os dons de curar; E a outro a operar milagres; e a outro a profecia; e a outro o dom de discernir os espíritos; e a outro a falar em variedade de línguas; e a outro a interpretação das línguas”.
Encontramos também uma lista com nove itens no versículo 22 do capítulo 5 da Epístola de Paulo aos Gálatas. Esta se refere aos frutos do Espírito: "Mas o fruto do Espírito é amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão, temperança (autodomínio)".

Catequistas em Formação
Série: "Catequeses dos sacramentos: Crisma".



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