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sábado, 19 de setembro de 2020

TAREFAS FUNDAMENTAIS DA CATEQUESE, SEGUNDO O DIRETÓRIO GERAL PARA A CATEQUESE (1997)

Apesar de termos hoje, um novo texto do Diretório para a Catequese, não podemos deixar de considerar o quão ricos são os textos dos diretórios anteriores. Mesmo que tenham sido escritos em outro contexto histórico e vivencial da Igreja, eles nos trazem mensagens e ensinamentos que não podemos preterir. Assim é a descrição das “tarefas” da catequese, feita no DGC - Diretório Geral para a Catequese de 1997. Mais interessante ainda são as "considerações feitas logo após elencá-las. Vamos fazer aqui 
 um “resgate” dos itens 85 a 87, texto maravilhoso e muito educativo para os catequistas.

 Ajudar a conhecer, celebrar, viver e contemplar o mistério de Cristo é a missão da catequese. Estas tarefas se desdobram em outras, consideradas fundamentais (DGC 85):

Favorecer o conhecimento da fé: Aquele que encontrou Cristo deseja conhecê-Lo o mais possível, assim como deseja conhecer o desígnio do Pai, que Ele revelou. O conhecimento da fé (fides quae) é exigência da adesão à fé (fides qua). Já na ordem humana, o amor por uma pessoa leva a desejar conhecê-la sempre mais. A catequese deve levar, portanto, a  compreender progressivamente toda a verdade do projeto divino,  introduzindo os discípulos de Jesus Cristo no conhecimento da Tradição e da Escritura, a qual é a “eminente ciência de Jesus Cristo” (Fil 3,8).

O aprofundamento no conhecimento da fé ilumina cristãmente a existência humana, alimenta a vida de fé e habilita também a prestar razão dela no mundo. A Entrega do símbolo, compêndio da Escritura e da fé da Igreja, exprime a realização desta tarefa.

– A educação litúrgica: Cristo está sempre presente em Sua Igreja, sobretudo nas ações litúrgicas. A comunhão com Jesus Cristo leva a celebrar a sua presença salvífica nos sacramentos e, particularmente, na Eucaristia. Por isso, a catequese, além de favorecer o conhecimento do significado da liturgia e dos sacramentos, deve educar os discípulos de Jesus Cristo à oração, à gratidão, à penitência, à solicitação confiante, ao sentido comunitário, à linguagem simbólica, uma vez que tudo isso é necessário, a fim de que exista uma verdadeira vida litúrgica.

– A formação moral: A conversão a Jesus Cristo implica o caminhar na sua sequela. A catequese deve, portanto, transmitir aos discípulos as atitudes próprias do Mestre. Eles empreendem assim, um caminho de transformação interior, no qual, participando do mistério pascal do Senhor, passam do velho para o novo homem aperfeiçoado em Cristo. O Sermão da Montanha, no qual Jesus retoma o decálogo e o imprime com o espírito das bem-aventuranças, é uma referência indispensável na formação moral, hoje tão necessária. Este testemunho moral, para o qual a catequese prepara, deve saber mostrar as consequências sociais das exigências evangélicas.

– Ensinar a rezar: A comunhão com Jesus Cristo conduz os discípulos a assumirem a atitude orante e contemplativa que adotou o Mestre. Aprender a rezar com Jesus é rezar com os mesmos sentimentos com os quais Ele se dirigia ao Pai: a adoração, o louvor, o agradecimento, a confiança filial, a súplica e a contemplação da sua glória. Estes sentimentos se refletem no Pai Nosso, a oração que Jesus ensinou aos discípulos e que é modelo de toda oração cristã. A Entrega do Pai Nosso, resumo de todo o Evangelho, é, portanto, verdadeira expressão da realização desta tarefa. Quando a catequese é permeada por um clima de oração, o aprendizado de toda a vida cristã alcança a sua profundidade.

– Educar para a vida comunitária:  vida cristã em comunidade não se improvisa e é preciso educar para ela, com cuidado. Para esta aprendizagem, o ensinamento de Jesus sobre a vida comunitária, narrado pelo Evangelho de Mateus, requer algumas atitudes que a catequese deverá inculcar: o espírito de simplicidade e de humildade (Mt 18,3); a solicitude pelos pequeninos (Mt 18,6); a atenção especial para com aqueles que se afastaram (Mt 18,12); a correção fraterna (Mt 18,12); a oração em comum (Mt 18,19); o perdão mútuo (Mt 18,22). O amor fraterno unifica todas estas atitudes (Jo 13,34).

Ao educar para este sentido comunitário, a catequese dará uma especial atenção à dimensão ecumênica, e encorajará atitudes fraternas para com os membros de outras Igrejas cristãs e comunidades eclesiais. Por isso, a catequese, ao procurar atingir esta meta, exporá com clareza toda a doutrina da Igreja Católica, evitando expressões que possam induzir ao erro.

– Iniciar para a missão: A catequese é igualmente aberta ao dinamismo missionário. Ela se esforça por habilitar os discípulos de Jesus a se fazerem presentes, como cristãos, na sociedade e na vida profissional, cultural e social. Prepara-os também a prestarem a sua cooperação nos diferentes serviços eclesiais, segundo a vocação de cada um. As atitudes evangélicas que Jesus sugeriu aos seus discípulos, quando os iniciou na missão, são aquelas que a catequese deve alimentar: ir em busca da ovelha perdida; anunciar e curar ao mesmo tempo; apresentar-se pobres, sem posses nem mochila; saber assumir a rejeição e a perseguição; pôr a própria confiança no Pai e no amparo do Espírito Santo; não esperar outra recompensa senão a alegria de trabalhar pelo Reino.

ALGUMAS CONSIDERAÇÕES SOBRE O CONJUNTO DAS TAREFAS DA CATEQUESE:

As tarefas da catequese constituem, consequentemente, um rico e variado conjunto de aspectos. Sobre este conjunto, é oportuno tecer algumas considerações:

– Todas as tarefas são necessárias. Assim como para a vitalidade de um organismo humano, é necessário que funcionem todos os seus órgãos, também para o amadurecimento da vida cristã, é preciso que sejam cultivadas todas as suas dimensões: o conhecimento da fé, a vida litúrgica, a formação moral, a oração, a pertença comunitária, o espírito missionário. Se a catequese descuidar de uma dessas dimensões, a fé cristã não alcançará todo o seu desenvolvimento.

– Cada tarefa, à sua maneira, realiza a finalidade da catequese. A formação moral, por exemplo, é essencialmente cristológica e trinitária, plena de senso eclesial e aberta à dimensão social. O mesmo acontece com a educação litúrgica, essencialmente religiosa e eclesial, mas também muito exigente no seu empenho evangelizador em favor do mundo.

– As tarefas se implicam mutuamente e se desenvolvem conjuntamente. Cada grande tema catequético, por exemplo, a catequese sobre Deus Pai, tem uma dimensão cognoscitiva e implicações morais; interioriza-se na oração e se assume no testemunho. Uma tarefa chama outra: o conhecimento da fé torna idôneos à missão; a vida sacramental dá força para a transformação moral.

– Para realizar as suas tarefas, a catequese se vale de dois grandes meios: a transmissão da mensagem evangélica e a experiência da vida cristã.  A educação litúrgica, por exemplo, necessita explicar o que é a liturgia cristã e o que são os sacramentos; porém deve também fazer experimentar os diversos tipos de celebração, fazer descobrir e amar os símbolos, o sentido dos gestos corporais, etc. A formação moral não apenas transmite o conteúdo da moral cristã, mas cultiva também, ativamente, as atitudes evangélicas e os valores cristãos.

As diferentes dimensões da fé são objeto de educação, tanto no seu aspecto de “dom” quanto no seu aspecto de “compromisso”. O conhecimento da fé, a vida litúrgica e a sequela de Cristo são, cada uma, um dom do Espírito, que se recebe na oração e, ao mesmo tempo, um compromisso de estudo, espiritual, moral e testemunhal. Ambos os aspectos devem ser cultivados.

– Cada dimensão da fé, assim como a fé no seu conjunto, deve enraizar-se na experiência humana, sem permanecer na pessoa como algo de postiço ou de isolado. O conhecimento da fé é significativo, ilumina toda a existência e dialoga com a cultura; na liturgia, toda a vida pessoal é uma oferta espiritual; a moral evangélica assume e eleva os valores humanos; a oração é aberta a todos os problemas pessoais e sociais.

Como indicava o Diretório de 1971: “é muito importante que a catequese conserve esta riqueza de diversidade de aspectos, de forma que nenhum aspecto seja isolado, em detrimento dos demais”.


 Diretório geral para a Catequese, 1997, nº 85-87.

(Resumido: Vale uma leitura na íntegra deste trecho do DGC)

 

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