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quinta-feira, 8 de outubro de 2020

VISITAS ÀS FAMÍLIA OU CATEQUESE “EM CASA”

Catequese em casa - acervo pessoal

A visita às famílias dos nossos catequizandos, fazendo encontros, é uma ação missionária também! E, nestes tempos, onde nossas famílias estão tão alheias à catequese dos seus filhos, é quase uma “meta” em nosso planejamento. 

A catequese “só” com as crianças, já não atinge mais o objetivo de completar a catequese feita pela família. Pelo simples fato de que a família já não é mais “catequizadora”. Mas, como fazer estas visitas nos dias de hoje? Não raras vezes, batem à porta nas nossas caras! É o “medo” do envolvimento, a falta de segurança, a falta de tempo e a falta de vontade mesmo. 

Tenho visitado a casa dos meus catequizandos, desde que comecei a atuar na catequese. Mas, essa visita, precisa de uma certa "estratégia" da nossa parte. Simplesmente ligar para uma família e dizer "olha, sou catequista do seu ou sua filho (a) e gostaria de te fazer uma visita", realmente é complicado. As pessoas estão "desconfiadas" por natureza e - não vamos ser hipócritas - elas têm medo de que a gente seja mais uma "testemunha de jeová" batendo à sua porta para fazer “pregação” ou, pior ainda, cobrá-los a respeito da formação religiosa de seus filhos. É preciso primeiro "conquistar" a confiança e a amizade deles. Mas, como? Se há pais que nunca aparecem na catequese ou na Igreja? Vem no dia da inscrição e nunca mais.

Como fazer? Como quebrar esta barreira? 

Esta visita não precisa ser algo “formal” e feita só por você. Podemos "levar junto" nestas visitas, as próprias crianças/jovens da turma. Claro que se você tiver uma turma enorme, fica complicado. Precisa aí planejar encontros em locais diferenciados para envolver as famílias. Por isso, o ideal é sempre ter no máximo 12 catequizandos. Se o número for maior, é praticamente impossível conhecer a família de todos. A catequese precisa ser “personalizada” e não de “baciada”. 

Comece então, abrindo a sua própria casa. A primeira visita sempre precisa ser uma iniciativa da nossa parte. Um convite para a turma vir à sua casa, conhecer a sua família. Para um "encontro" com os catequizandos mesmo! Que pode ser no horário normal ou num final de semana, num horário mais “light”, em que os pais possam participar se sentirem vontade. Um convite para um lanche, um almoço até, assistir um filme... tudo bem organizado antes com os pais, que levam e buscam seus filhos. Organize caronas, vá caminhando quando for perto e se há segurança para as crianças. 

Depois vem outro convite: "Vamos fazer encontro na casa de vocês, também?". Convide-se para fazer o encontro na casa dos seus catequizandos. Faça uma sondagem, converse com os pais no grupo do Whatsapp ou Facebook a respeito, use o telefone. Veja a agenda deles, pode ser que nem todos possam, mas vá onde for acolhido (a) e for possível. 

Obviamente que já tive "nãos" bem redondos dos pais. Assim como tive mãe que saiu para deixar a gente "mais à vontade" e, de quebra, deixou o filhinho pequeno para a irmã/catequizanda cuidar. Também já tive reclamação de outros catequistas ao pároco, porque eu estava "inventando moda". Já tive "proibição" de coordenadora. Assim como já tive reclamação de pais (agentes de pastoral como eu), diretamente ao pároco, alegando que eu estava "tirando" as crianças da paróquia; pais reclamando que o encontro estava demorando muito... 

Mas, tive também experiências maravilhosas de ACOLHIDA. Alegria da família por estar recebendo a visita da “Igreja” em suas casas; famílias inteiras participando do encontro, avós - até padrinhos e madrinhas! -; testemunhos emocionados de pais sobre esta visita; e, sobretudo, uma maior INTERAÇÃO e fortalecimento da amizade entre os catequizandos. 

No tempo da catequese encontramo-nos tão pouco! É só uma vez por semana. Conhecer o lar de cada um aproxima, traz pertença, confiança, aumenta nosso tempo juntos. 

Mesmo usando temas do seu roteiro, faça encontros “leves”, lúdicos, brinque com as crianças/jovens do que eles gostam de brincar. Dê tempo a eles para ficarem a sós enquanto você conversa com a família. Incentive que mostrem sua casa aos amigos. Leve água benta e abençoe a casa da família. Faça uma oração com todos. APROXIME-SE! 

E nunca leve um “não” como resposta final. Às vezes, parece até desanimador, mas, eu sempre "bati nas portas", quem abriu, eu entrei. E vou continuar batendo! 

Ângela Rocha

Equipe Catequistas em Formação

* Num dos encontros, trabalhei o “Shemá Israel” com eles, falamos da fé e da responsabilidade de transmissão aos filhos. Antes, ensaiei com as crianças no encontro na paróquia, para cantarmos juntos. No dia do encontro em casa, cantamos, em HEBRAICO! ... para os pais, a avó e a madrinha da catequizanda anfitriã. Antes expliquei o significado do Shemá, foi lindo e emocionante. A família amou!

O “Shemá Israel”, considerada a oração maior do povo judeu, constitui a profissão de fé central do monoteísmo judaíco. Nós encontramos me Deuteronômio 6, 4-9.

Shemá Yisrael Adonai Elohênu Ad-nai Echad

Ouve Israel, o Senhor é nosso Deus, o Senhor é Um.

Escute: https://www.youtube.com/watch?v=RhCl9ZKw4qc

OBS. Durante o isolamento social, não faça encontros presenciais com as famílias, deixe para um tempo mais oportuno. Mas, pode-se trabalhar o “Shemá” com as famílias mesmo por meios digitais. Use o Dt 6, 4-9 e passe esta linda herança que recebemos do judaísmo, a religião de Jesus!

 

CATEQUESE A RESPEITO DO “SHEMÁ ISRAEL”

 

“Ouve, Israel, o Senhor nosso Deus é o único Senhor.
Amarás, pois, o Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todas as tuas forças.
E estas palavras, que hoje te ordeno, estarão no teu coração;
E as ensinarás a teus filhos e delas falarás assentado em tua casa, e andando pelo caminho, e deitando-te e levantando-te.
Também as atarás por sinal na tua mão, e te serão por frontais entre os teus olhos*. E as escreverás nos umbrais de tua casa, e nas tuas portas**.” (Dt 6, 4-9)


Os israelitas seguiam e seguem até hoje literalmente esta ordem, colocando trechos da Lei, que enfatizam a recordação dos mandamentos e da obediência a Deus, dentro de caixinhas, chamadas Tefilin, que são amarradas à testa e escrito em tiras de couro,  filactérios, amarradas da mão ao antebraço.

Tefilin  - Fonte: site https://www.coisasjudaicas.com/2012/06/por-que-colocamos-os-tefilin.html

 

A caixinha que é colocada no braço esquerdo, é para que fique próxima do coração, a tira enrolada na mão, é para dirigir as ações e a caixinha na testa, entre os olhos, como frontal, para que se guarde no pensamento, com a inteligência, os mandamentos do Senhor.

Soldado israelita orando com a Tefilin. Foto: Wikipédia.

Nos tempos de Jesus essa tira de couro, o filactério, era alargada pelos fariseus que desejavam querer exibir maior obediência e serem vistos pelos homens.

"E fazem todas as obras a fim de serem vistos pelos homens; pois trazem largos filactérios, e alargam as franjas das suas vestes, e amam os primeiros lugares nas ceias e as primeiras cadeiras nas sinagogas, e as saudações nas praças, e o serem chamados pelos homens; Rabi, Rabi." (Mt 23, 5-7).

Mas o que vale para o cristão hoje, é manter a Palavra de Deus em seus pensamentos (testa), perto do coração e em suas ações (mãos). Devemos ler a Palavra até nossos pensamentos serem formados por elas e nossas mãos guiadas pelos seus preceitos.

** Aqui portas se referem aos portões das cidades.

 O resto é só pesquisar para incrementar seu encontro!


FONTES DE PESQUISA:

https://pt.chabad.org/library/article_cdo/aid/666735/jewish/O-Tefilin.htm

https://pt.wikipedia.org/wiki/Tefilin

Bíblia de Jerusalém.

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