30º DOMINGO DO TEMPO COMUM: Marcos 10,
46-52
COMENTANDO
Finalmente,
após longa travessia, chegam a Jericó, última parada antes da subida para
Jerusalém. O cego Bartimeu está sentado à beira da estrada. Não pode participar
da peregrinação que acompanha Jesus. Mas ele grita, invocando a ajuda de Jesus:
“Filho de Davi! Tem compaixão de mim!” O grito do pobre incomoda. Os que
acompanham Jesus tentam abafá-lo. Mas “ele gritava mais ainda!” E Jesus, o que
faz? Ele escuta o grito, para e manda chamá-lo! Os que queriam abafar o grito
incômodo do pobre, agora, a pedido de Jesus, são obrigados a ajudar o pobre a
chegar até ele.
Bartimeu
larga tudo e vai até Jesus. Não tem muito. Apenas um manto. Mas era o que tinha
para cobrir o seu corpo (cf. Ex 22,25-26). Era a sua segurança, o seu chão!
Jesus pergunta: “O que você quer que eu faça?” Não basta gritar. Tem que saber
por que grita! “Mestre, que eu possa ver novamente!” Bartimeu tinha invocado
Jesus com ideias não inteiramente corretas, pois o título “Filho de Davi” não
era muito bom. O próprio Jesus o tinha criticado (Mc 12,35-37). Mas Bartimeu
teve mais fé em Jesus do que nas suas ideias sobre Jesus. Assinou em branco.
Não fez exigências como Pedro. Soube entregar sua vida aceitando Jesus sem
impor condições. Jesus lhe disse: “Tua fé te curou!” No mesmo instante, o cego
recuperou a vista. Largou tudo e seguiu Jesus no caminho para o Calvário
(10,52).
Sua cura
é fruto da sua fé em Jesus (Mc 10,46-52). Curado, Bartimeu segue Jesus e sobe
com ele para Jerusalém. Tornou-se discípulo modelo para Pedro e para todos os
que queremos “seguir Jesus no caminho” em direção a Jerusalém: acreditar mais
em Jesus do que nas nossas ideias sobre Jesus! Nesta decisão de caminhar com
Jesus estão a fonte da coragem e a semente da vitória sobre a cruz. Pois a cruz
não é uma fatalidade, nem uma exigência de Deus. Ela é a consequência do
compromisso assumido com Deus de servir às irmãs e aos irmãos e de recusar o privilégio.
ALARGANDO
A fé é uma força que transforma as
pessoas
A Boa
Nova do Reino anunciada por Jesus era como um fertilizante. Fazia crescer a
semente da vida que estava escondida no povo, escondida como fogo em brasa
debaixo das cinzas das observâncias sem vida. Jesus soprou nas cinzas e o fogo
acendeu, o Reino desabrochou e o povo se alegrou. A condição era sempre a
mesma: crer em Jesus.
A cura de
Bartimeu (Mc 10,46-52) explicita um aspecto muito importante da longa instrução
de Jesus aos discípulos. Bartimeu tinha invocado Jesus com o título messiânico
“Filho de Davi” (Mc 10,47). Jesus não gostava deste título (Mc 12,35-37).
Porém, mesmo invocando Jesus com ideias não inteiramente corretas, Bartimeu
teve fé e foi curado.
Diferentemente
de Pedro (Mc 8,32-33), Bartimeu acreditou mais em Jesus do que nas ideias que
tinha sobre Jesus. Converteu-se, largou tudo e seguiu Jesus no caminho para o
Calvário (Mc 10,52). A compreensão plena do seguimento de Jesus não se obtém
pela instrução teórica, mas sim pelo compromisso prático, caminhando com ele no
caminho do serviço, desde a Galileia até Jerusalém.
Quem insiste em manter a ideia de
Pedro, isto é, do Messias glorioso sem a cruz, nada vai entender de Jesus e
nunca chegará a tomar a atitude do verdadeiro discípulo. Quem souber crer em
Jesus e fazer a “entrega de si” (Mc 8,35), aceitar “ser o último” (Mc 9,35),
“beber o cálice e carregar sua cruz” (Mc 10,38), este, como Bartimeu, mesmo
tendo ideias não inteiramente corretas, conseguirá enxergar e “seguirá Jesus no
caminho” (Mc 10,52). Nesta certeza de caminhar com Jesus estão a fonte da
coragem e a semente da vitória sobre a cruz.
Texto do Mesters e Lopes
Fonte: cebi.org.br
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