26º DOMINGO DO TEMPO COMUM – Lc 16, 19- 31
Conhecemos a parábola. Um rico despreocupado que festeja
esplendidamente, alheio ao sofrimento dos outros, e um pobre mendigo a quem
ninguém dá nada. Dois homens separados por um abismo de egoísmo e pela falta de
solidariedade que, segundo Jesus, pode se tornar definitivo, por toda a
eternidade.
Vamos mergulhar um pouco no pensamento de Jesus. O rico da parábola não
é apresentado como um explorador que oprime sem escrúpulos seus servos. Esse
não é o seu pecado. O rico é condenado simplesmente porque desfruta
descuidadamente de sua riqueza, sem se interessar ou aproximar do pobre Lázaro.
Esta é a profunda convicção de Jesus. Quando a riqueza é exclusivo gozo
da abundância, não ajuda a pessoa no seu processo de crescimento, mas a
desumaniza, pois a torna indiferente diante da desgraça alheia.
A grave crise econômica está dando origem a uma nova divisão de classes:
a classe dos que têm trabalho e a classe dos que não o têm; aqueles dentre nós
que podem continuar a aumentar seu bem-estar e aqueles que estão ficando mais
pobres; aqueles que exigem uma remuneração cada vez maior e acordos cada vez
mais vantajosos e aqueles que não podem mais exigir nada.
A parábola do rico e do pobre Lázaro é um desafio à nossa vida
satisfeita. Podemos ainda organizar os nossos jantares de fim de semana e
continuar a desfrutar com alegria do nosso bem-estar quando o espectro da
pobreza já ameaça muitos lares?
Nosso grande pecado é a indiferença. O desemprego tornou-se algo tão
normal e cotidiano que já não nos escandaliza nem nos fere tanto. Fechamo-nos
cada qual em nossa vida e permanecemos cegos e insensíveis perante a
frustração, a crise familiar, a insegurança e o desespero desses homens e
mulheres.
O desemprego não é apenas um fenômeno que reflete o fracasso de um
sistema socioeconômico radicalmente injusto. Os desempregados são pessoas
concretas que agora mesmo necessitam da ajuda daquelas de nós que desfrutam da
segurança de um emprego. Daremos passos concretos de solidariedade se nos
atrevermos a responder a estas perguntas: necessitamos realmente de tudo o que
compramos? Quando termina a nossa necessidade e quando começam nossos
caprichos? Como podemos ajudar os desempregados?
Texto: José Antonio Pagola
Tradução de Antonio Manuel Álvarez Perez
Fonte: CEBI.ORG.BR
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