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sábado, 24 de setembro de 2022

REFLEXÃO DO EVANGELHO DO DOMINGO: UMA NOVA DIVISÃO DE CLASSES

 

26º DOMINGO DO TEMPO COMUM – Lc 16, 19- 31

Conhecemos a parábola. Um rico despreocupado que festeja esplendidamente, alheio ao sofrimento dos outros, e um pobre mendigo a quem ninguém dá nada. Dois homens separados por um abismo de egoísmo e pela falta de solidariedade que, segundo Jesus, pode se tornar definitivo, por toda a eternidade.

Vamos mergulhar um pouco no pensamento de Jesus. O rico da parábola não é apresentado como um explorador que oprime sem escrúpulos seus servos. Esse não é o seu pecado. O rico é condenado simplesmente porque desfruta descuidadamente de sua riqueza, sem se interessar ou aproximar do pobre Lázaro.

Esta é a profunda convicção de Jesus. Quando a riqueza é exclusivo gozo da abundância, não ajuda a pessoa no seu processo de crescimento, mas a desumaniza, pois a torna indiferente diante da desgraça alheia.

A grave crise econômica está dando origem a uma nova divisão de classes: a classe dos que têm trabalho e a classe dos que não o têm; aqueles dentre nós que podem continuar a aumentar seu bem-estar e aqueles que estão ficando mais pobres; aqueles que exigem uma remuneração cada vez maior e acordos cada vez mais vantajosos e aqueles que não podem mais exigir nada.

A parábola do rico e do pobre Lázaro é um desafio à nossa vida satisfeita. Podemos ainda organizar os nossos jantares de fim de semana e continuar a desfrutar com alegria do nosso bem-estar quando o espectro da pobreza já ameaça muitos lares?

Nosso grande pecado é a indiferença. O desemprego tornou-se algo tão normal e cotidiano que já não nos escandaliza nem nos fere tanto. Fechamo-nos cada qual em nossa vida e permanecemos cegos e insensíveis perante a frustração, a crise familiar, a insegurança e o desespero desses homens e mulheres.

O desemprego não é apenas um fenômeno que reflete o fracasso de um sistema socioeconômico radicalmente injusto. Os desempregados são pessoas concretas que agora mesmo necessitam da ajuda daquelas de nós que desfrutam da segurança de um emprego. Daremos passos concretos de solidariedade se nos atrevermos a responder a estas perguntas: necessitamos realmente de tudo o que compramos? Quando termina a nossa necessidade e quando começam nossos caprichos? Como podemos ajudar os desempregados?

Texto: José Antonio Pagola

Tradução de Antonio Manuel Álvarez Perez

Fonte: CEBI.ORG.BR

 

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