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domingo, 20 de novembro de 2022

JESUS, O MÁRTIR FIEL

Imagem: CEBI.org
REFLEXÃO DO EVANGELHO

20/11/2022

Nós cristãos atribuímos vários nomes ao Crucificado: “redentor”, “salvador”, “rei”, “libertador”. Podemos aproximar-nos dele agradecidos: ele resgatou-nos da perdição. Podemos contemplá-lo comovidos: ninguém nos amou assim. Podemos abraçar-nos a ele para encontrar forças em meio dos nossos sofrimentos e tristezas.

Entre os primeiros cristãos ele também era chamado “mártir”, isto é, “testemunha”. Um escrito chamado Apocalipse, redigido por volta do ano 95, vê no Crucificado o “fiel mártir”, a “fiel testemunha”. Desde a cruz, Jesus se apresenta a nós como testemunha fiel do amor de Deus e também de uma existência identificada com os últimos da sociedade. Não podemos esquecer disso.

Jesus identificou-se tanto com as vítimas inocentes que acabou como elas. A sua palavra incomodava. Tinha ido demasiado longe ao falar de Deus e da sua justiça. Nem o Império, nem o templo podiam consentir. Tinha que ser eliminado. Talvez, antes de Paulo começar a elaborar sua teologia da cruz, entre os pobres da Galileia, já se vivesse essa convicção: “Morreu por nós”, “por nos defender até o fim”, “por ousar falar de Deus como defensor dos últimos”.

Ao olhar para o Crucificado deveríamos recordar instintivamente a dor e a humilhação de tantas vítimas desconhecidas que, ao longo da história, sofreram, sofrem e sofrerão esquecidas por quase todos. Seria uma zombaria beijar o Crucificado, invocá-lo ou adorá-lo enquanto vivemos indiferentes a todo sofrimento que não é nosso.

O crucifixo está desaparecendo das nossas casas e instituições, mas os crucificados continuam aí. Podemos vê-los todos os dias em qualquer noticiário de televisão. Devemos aprender a venerar o Crucificado não num pequeno crucifixo, mas nas vítimas inocentes da fome e da guerra, nas mulheres assassinadas por seus companheiros, nos que se afogam quando os seus barcos afundam.

Confessar o Crucificado não é apenas fazer grandes profissões de fé. A melhor maneira de o aceitar como Senhor e Redentor é imitá-lo vivendo identificado com aqueles que sofrem injustamente.

José Antônio Pagola

Tradução de Antônio Manuel Álvarez Perez

Fonte: https://cebi.org.br/reflexao-do-evangelho/jesus-o-martir-fiel/

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