Como sempre, as reclamações na catequese não mudam: O que fazer com os catequizandos que faltam demais aos encontros?
Estabelecer um número "X" de presenças não parece funcionar. Está mais do que claro que não estamos conseguindo fazer a evangelização acontecer plenamente. E não se trata de "culpa" minha como catequista, ou dos pais, dos padres ou de quem quer que seja. É todo um processo que precisa ser analisado e refletido a luz desta nova "era" que estamos vivendo. Desta nova época onde prevalece o individualismo e falta de pertença social.
Estabelecer um número "X" de presenças não parece funcionar. Está mais do que claro que não estamos conseguindo fazer a evangelização acontecer plenamente. E não se trata de "culpa" minha como catequista, ou dos pais, dos padres ou de quem quer que seja. É todo um processo que precisa ser analisado e refletido a luz desta nova "era" que estamos vivendo. Desta nova época onde prevalece o individualismo e falta de pertença social.
Cada
vez que um catequista pergunta sobre a necessidade de "comprovante"
de missa ou com quantas faltas se "reprova" na catequese, mais aparente
fica o tamanho do nosso fracasso. Pouca importância se dá ao processo de evangelização principalmente no tocante ao "encontro com Jesus Cristo", que se dá pelo anúncio do "querigma" (DAp 278).
Não,
não devemos "reprovar", excluir ou negar sacramento a uma criança. É como se a impedíssemos de "chegar perto de Jesus" e isto se expressa claramente na passagem bíblica: “Deixai as crianças virem a mim. Não as impeçais, porque delas é o Reinado de Deus. Em verdade vos digo: quem não receber o Reinado de Deus
como uma criança, não entrará nele!” E abraçava as crianças e, impondo
as mãos sobre elas, as abençoava. (Mc 10,14-16)
Jesus deseja a presença das crianças; irrita-se com os discípulos por impedi-las de chegar até ele.
E como podemos nós, dizer a uma criança que ela não receberá os sacramento porque teve mais de cinco faltas aos encontros? Pode ser que hoje ela não entenda do que se trata, esteja ali porque o pai e a mãe acham que deve, sem eles mesmos saberem porque ou professarem a sua fé, mas, fechar a porta da Igreja a ela, não é solução. É evidente que precisamos antes, evangelizar os ADULTOS da vida dela, aqueles que são responsáveis pelas idas e vindas delas.
E como podemos nós, dizer a uma criança que ela não receberá os sacramento porque teve mais de cinco faltas aos encontros? Pode ser que hoje ela não entenda do que se trata, esteja ali porque o pai e a mãe acham que deve, sem eles mesmos saberem porque ou professarem a sua fé, mas, fechar a porta da Igreja a ela, não é solução. É evidente que precisamos antes, evangelizar os ADULTOS da vida dela, aqueles que são responsáveis pelas idas e vindas delas.
E
pensemos nesta questão: Os pais de hoje, foram catequizandos ontem, não foram?
Como é que a gente pode jogar a "culpa" sobre os ombros deles? Em que
Igreja eles foram iniciados? Não foi nesta mesma onde somos catequistas? Será
que a catequese deles não teve os mesmos problemas? Será culpa dos avós e assim
por diante?
A
catequese católica tem diretrizes universais. Basta ler os diretórios de
catequese da Santa Sé adaptados no Diretório Nacional de catequese (2006). Em nenhum deles diz que
alguém pode "reprovar" na catequese, pelo simples fato de que
catequese não é "curso" para adquirir sacramento, nem o sacramento é
um diploma. Se existir uma orientação "paroquial" para essa
"reprovação", com certeza ela é uma elucubração mirabolante de algum
coordenador ou padre. Não tem respaldo do Papa e dos documentos da Igreja, com certeza.
Este
modelo "obrigatório" de presença na Igreja não funciona para a
conversão e o seguimento verdadeiro e não forma discípulos missionários. Fosse assim não teríamos essa “fuga” em
massa da Igreja. O que acontece é que esquecemos que a evangelização é um
tripé: anúncio/conversão = catequese = seguimento. Uma coisa não acontece sem
ser precedida da outra. A respeito do processo de formação dos discípulos missionários, pode ser consultado o Documento de Aparecida em seus itens 276 a 278.
Ao
invés de discutirmos o "remédio" para esta dor, deveríamos estar
pensando no que causou a doença, para, então, buscar a cura. Um dos pedidos insistentes do Papa Francisco é que sejamos uma "Igreja em saída", mais ainda, que valorizemos as comunidades de fé, que sejamos uma Igreja que se preocupa com seus membros (Doc. 100 CNBB - 2013).
Por
que uma criança que está na catequese falta tanto, e não vai à missa? Não tem
alguma coisa mais profunda aí do que a "preguiça" dos pais? Será que
a obrigatoriedade e a "reprovação" são mesmo características cristãs?
Será que a fé pode ser "ensinada"? A fé é adquirida numa
"escola"? Não estamos esquecendo o que Jesus fazia? "Deixai vir
a mim as criancinhas...", que traduzindo nada mais é do que amor,
acolhimento, perdão, abraço. E acho que isso combina mais com catequista do que
azedume, revolta, exigências, regras, normas.
A
criança falta hoje? Mande um whatsapp aos pais perguntando o porquê. Vá à casa dela.
Converse com a família. Não espere a segunda falta. Não deixe para o final do
ano. Você não é um discípulo missionário de Jesus? Vá fazer missão! Se entre
todos os compromissos da criança, a Igreja está em último lugar, tente
convencer os pais a colocar em primeiro. Torne-se amigo da família e presença
na vida do seu catequizando. Isso é "ser" Igreja!
E chame
os pais para a catequese familiar. Não faça "ameaça", faça convite.
Não desista desta família, foi ela que procurou a Igreja primeiramente. Dê uma
chance a ela, duas, três ou quantas for necessário, não faça "limitação" de presença. Jesus não veio para os "sãos", veio para
os doentes, para aqueles que precisam Dele, seja esse "rosto" de
Cristo, imprima esta marca nas suas atitudes.
Se
tudo fosse perfeito e todo mundo abraçasse a Igreja desde o nascimento, a
Igreja não precisaria de nós. O catequista existe, porque existem pessoas a
catequizar.
Ângela
Rocha
Catequista desde 2006
Coordenadora Paroquial e Setorial - Arquidiocese de Curitiba.
Especialização em Catequética pela Faculdade Vicentina - Curitiba.
Graduanda em Teologia pelo PUCPR - Curitiba.
Coordenadora do Projeto "Catequistas em Formação"*
*Página na internet com 5 milhões de acessos.
*Isso
tudo aí foi um comentário que coloquei numa publicação de um grupo do qual
participo no Facebook. Tenho sido "precavida" e salvo o que
escrevo. Porque tem sido costumeiro a pessoa fazer a pergunta, se arrepender e depois
excluir quando não gosta das respostas. O facebook não guarda. Mas, eu guardo... rsrsrsr
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