CONHEÇA!

segunda-feira, 28 de setembro de 2020

O CATEQUISTA É UM "VOLUNTÁRIO"?

Eu acredito que ser catequista é muito mais que ir à Igreja em encontros semanais, ir à missa toda semana, participar de reuniões, formações e retiros. A gente pode ser catequista em todos os lugares e não só na Igreja. É preciso estar comprometido com tudo que acarreta ser um discípulo missionário! 

Numa das minhas viagens por aí, eu conheci o marido de uma catequista. Que era, sem saber, um grande "catequista"! Isso porque ele se diz ateu e não frequenta a Igreja, mas não se importa que sua esposa o faça e a apoia. Ele não o faz e tem ideias bem arraigadas sobre isso, deixa a esposa na porta da Igreja e volta buscar depois.

Mas, ele é uma das pessoas mais revestidas da "couraça" de Cristo que já conheci. Trabalha pela comunidade como nenhuma outra pessoa faz, e sem rezar um Pai Nosso! Ele se preocupa com o outro, ele trabalha pelo outro e FAZ pelo outro. Está sempre envolvido em projetos em prol do bem-estar da sua comunidade, trabalha pelo social, ajuda os necessitados, trabalha pela capacitação profissional daqueles que não tem condições. E gratuitamente! Sem retorno financeiro. Ele ama o outro sem precisar “ouvir” de Jesus que é isso mesmo que a gente tem que fazer.

Acredito mesmo que a Catequese é mesmo um "chamado"! Mas, mesmo aos chamados, respondemos se assim o queremos. E a caminhada, depende exclusivamente de nós. Ir ou ficar é da nossa vontade.

Ninguém nasce catequista. Aqueles que são chamados a esse serviço tornam-se bons catequistas por meio da prática, da reflexão, da formação adequada, da conscientização de sua importância como educadores da fé. E tudo isso não é voluntariado! 


Deus te chama, Jesus te ensina o caminho, o Espírito Santo te dá forças, mexer as pernas é com você! E, evidente, ninguém enfrenta uma árdua caminhada sem estar preparado: sem levar água, alimento ou ter sapatos confortáveis. E é bom estudar o mapa da jornada (itinerário) também. Somente os desavisados e imprevidentes o fazem sem preparo. E, normalmente, desistem na primeira subida...

E digo mais, o que acaba comprometendo nossa missão na Igreja, é justamente o "voluntariado". Catequista não é só um mero voluntário. Catequista é um vocacionado!


O problema mesmo é quando o catequista age como um simples voluntário e se acha “voluntário”: não se acredita "chamado" para uma missão e sim executor de uma tarefa que pode deixar quando quiser; quando se aborrece com alguma coisa, quando não concorda com a coordenadora; não gosta da fulana, não vai com a cara da beltrana; não vai fazer cursos de formação... Aí é complicado!

Por isso eu prefiro ser "amadora"! rsrsrsrs...

O amador o é, enquanto está aprendendo e se aprimorando. Para um dia ser um “profissional” de verdade, comprometido verdadeiramente com a sua "profissão". Pois profissão, lembra especialização e comprometimento. A profissão também precisa gerar benefícios para a sociedade. Bom, aí vocês podem pensar que o profissional precisa ter como contraprestação dos seus serviços, o salário. E qual é o salário do Catequista? A realização!

OPA! Perái! Estou dizendo que catequista é profissão? Isso pode deixar os padres de cabelos em pé...

Não, não é uma profissão, mas, fica dentro daquilo que um profissional precisa fazer: formar-se, preparar-se para executar uma tarefa, fazê-la com competência e alegria. Quanto ao salário... vamos pensar que, com certeza, o salário dos justos é a vida eterna.

E o que me anima nesta vida é a expectativa de que no fim da minha jornada “de trabalho", me espera lá no final, naquela derradeira sexta-feira, um "happy hour" eterno, sentada com Aquele que me acompanhou pela vida afora: Jesus! E ali vamos conversar sobre os prós e os contras dessa missão tão importante... 

Ângela Rocha - Catequista Amadora (ainda e sempre). 
"Comunicar-se com os outros é dizer as palavras que o amor escolhe."

terça-feira, 22 de setembro de 2020

CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA: PARA QUÊ FOI FEITO?

Conheça mais sobre o CIC - Catecismo da Igreja Católica!

Mirticeli Medeiros*

 

Muitos católicos, ao menos uma vez na vida, tiveram contato com aquele livro amarelinho que "sempre salva" a vida de alguém quando surgem dúvidas relacionadas à doutrina católica. O Catecismo da Igreja Católica (CIC), cuja última edição foi organizada pelo então cardeal Joseph Ratzinger, e publicada em 1997, é um fruto do Concílio Vaticano II por excelência.

Um fato curioso é que tanto a edição do século 16, quanto a atual, foram feitas para corresponder às orientações pastorais dos concílios ecumênicos que as antecederam. Pode-se dizer, portanto, que são "documentos pós-conciliares", utilizados para a assimilação dos conteúdos essenciais da fé católica.

Não por acaso, a proposta para a criação do catecismo atual surgiu justamente durante o Sínodo dos Bispos de 1985, convocado por João Paulo II para comemorar os 20 anos de conclusão do Vaticano II. E foi o próprio papa polonês a explicar, no documento que autorizava a criação do Catecismo (a constituição apostólica Fidei Depositum), que "o Vaticano II deveria ser, na atualidade, a fonte de inspiração para toda e qualquer ação pastoral na Igreja", e que o CIC se propunha a promover, nesse contexto, "uma catequese renovada".

O Catecismo no decorrer dos séculos

Os padres da Igreja - os mestres do cristianismo primitivo - escreveram várias instruções a respeito da prática da doutrina cristã. Um exemplo disto é a Didaché (ou Didaqué), texto do século II no qual o autor (desconhecido) explica os fundamentos da religião nascente, bem como algumas particularidades de seu culto.

Na idade média, São Tomás de Aquino criou uma espécie de "compêndio" para aqueles que se preparavam para o batismo, dotado de pouco rigor teológico justamente para facilitar a compreensão. Sua estrutura serviu de base para a criação dos catecismos. O conteúdo era dividido em 5 folhetos: Símbolo; o Pai-Nosso; Saudação Angélica; Decálogo e Sacramentos.

No entanto, o uso amplo do termo "catecismo" para designar um "manual de instruções doutrinárias" de caráter mais "universal" começa a ser adotado somente no século 16. Alguns atribuem a Martin Lutero a difusão maior da palavra, uma vez que foi ele quem publicou, por primeiro, em 1529, dois volumes de textos sobre a fé cristã utilizando este nome: o Catecismo Maior - com orientações para os ministros - e o Catecismo Menor - para o ensinamento das crianças. Todavia, vale salientar que, apesar de não utilizar o nome, o catolicismo já dispunha de manuais com instruções doutrinárias difundidos em alguns territórios. O mais conhecido era o "Catecismo Vaurense", produzido pelo sínodo local de Lavaur (França), em 1386.

Em âmbito católico, foi o Concílio de Trento (1545-1563) a aprovar a primeira edição do Catecismo da Igreja Católica, chamado Catechismus ad parochos - do latim, Catecismo aos párocos -, que como o próprio nome diz, serviria de subsídio para que os padres pudessem instruir os fiéis e assim "desviá-los das heresias". O texto foi publicado 3 anos após a conclusão do concílio, em 1566.

E é por isso que a Associação Italiana de Professores de História da Igreja (AIPHS) fala que uma "literatura catequética" se estruturou no decorrer dos séculos, e cujo apogeu se observou no século 16, período no qual se inaugurou a "era do catecismo". Anos depois, o jesuíta italiano Roberto Belarmino, para facilitar ainda mais o entendimento sobre os fundamentos da fé católica, escreveu a "Doutrina da fé cristã" e a "Declaração mais copiosa da fé cristã". Os livros esclarecem algumas dúvidas doutrinais a partir de uma sequência de perguntas e respostas feitas "pelo mestre ao discípulo" e vice-versa. As obras se tornaram, pelos 3 séculos posteriores à publicação, o manual de referência para todo católico.

Visando facilitar a compreensão dos assuntos referentes ao catolicismo, Pio X também publicou seu Catecismo em 1905, adotando o método dialógico de perguntas e respostas de Berlamino. Bastante elogiada por Bento XVI - que inclusive incentiva, ainda hoje, o seu uso - a obra é considerada por ele de grande valor para a história do catolicismo. Porém, de acordo com o papa emérito, o catecismo atual "responde melhor às exigências do presente".

As apropriações do Catecismo

Não é raro ver, hoje em dia, determinados grupos desviarem o Catecismo da sua função original. Aos poucos, o "livro amarelo", criado para promover a catequese, foi instrumentalizado para respaldar interpretações isoladas. Curiosamente, as pautas populistas, propagadas amplamente no cenário político, passaram a receber um "aval católico" e histérico de religiosos que, na verdade, não passam de falsificadores da doutrina.

É nessas horas que vemos o quanto as paixões partidárias podem levar algumas pessoas a "vender" a própria fé. Muitas delas, "cheias de autoridade" auto atribuída, desmembram alguns artigos de seu contexto, alegando, por exemplo, que a Igreja defenda o porte de armas, a partir de uma interpretação viciada do parágrafo que trata da legítima defesa. Para não citar outros absurdos propagados nas redes sociais, dentre os quais a ideia de contrapor o Catecismo – fruto do Vaticano II, diga-se – ao próprio Vaticano II e criticar Papa Francisco por considerar a pena de morte inadmissível.

Mergulhar na história do Catecismo é importante porque, com o passar do tempo, algumas pessoas passaram a utilizar o livro "na ofensiva", esquecendo-se que, a lista de explicações sobre os pilares da fé católica, serve para mostrar ao mundo a identidade do catolicismo. O que vemos, ao contrário, é a desfiguração dessa identidade por parte de quem deveria, por primeiro, promovê-la.

 

*Mirticeli Medeiros é jornalista e mestre em História da Igreja pela Pontifícia Universidade Gregoriana de Roma. Desde 2009, cobre o Vaticano para meios de comunicação no Brasil e na Itália e é colunista do Dom Total, onde publica às sextas-feiras.


FONTE:

https://domtotal.com/noticia/1464178/2020/08/catecismo-da-igreja-catolica-para-que-foi-feito/

domingo, 20 de setembro de 2020

PAPA FRANCISCO - DOMINGO 20/09/2020

 

Foto: Vatican News

Papa: A Igreja deve ser como Deus, sempre em saída. Do contrário, adoece...

Muito chão pra caminhar...


Quem, enquanto catequista, já não acordou um dia, pensando em desistir de tudo?
Quem já não teve dúvidas se esta é a missão ideal para abraçar?
Quem já não lutou incansável por coisas que, às vezes, nem sequer o nosso padre luta?
Quem já não desejou que pessoas diferentes estivessem ao seu lado na pastoral?
Quem já não pensou que "eu deveria estar lá em casa!"?
Quem já não fez planos para, no ano que vem, não estar mais na catequese?
Quem já não pensou: "esta é a minha última turma"?
Mas, chega o ano que vem, está lá! Não dorme sem pensar no que poderia ser diferente e luta, mais uma vez, para mudar as cabecinhas dos seus companheiros de missão.
Esta é a essência do verdadeiro catequista.
É o reconhecimento de que "perfeito não sou" e de que, apesar de todo cansaço nas pernas, a esperança ainda brilha nos olhos.
A vontade de desistir de alguma coisa - que não chega a ser vontade, só pensamento - acontece quando algo "incomoda", quando algo não está bem no lugar. Se criamos em nossa mente expectativa de "descansar", é porque estamos "trabalhando" por alguma coisa.
E se há pensamento de "desistência" é porque há "causa". E se há uma "causa" nunca haverá abandono, porque, por mais cansaço que possa haver em nossos passos, há muita estrada pra andar e muita esperança em nosso coração.


Ângela Rocha

sábado, 19 de setembro de 2020

TAREFAS FUNDAMENTAIS DA CATEQUESE, SEGUNDO O DIRETÓRIO GERAL PARA A CATEQUESE (1997)

Apesar de termos hoje, um novo texto do Diretório para a Catequese, não podemos deixar de considerar o quão ricos são os textos dos diretórios anteriores. Mesmo que tenham sido escritos em outro contexto histórico e vivencial da Igreja, eles nos trazem mensagens e ensinamentos que não podemos preterir. Assim é a descrição das “tarefas” da catequese, feita no DGC - Diretório Geral para a Catequese de 1997. Mais interessante ainda são as "considerações feitas logo após elencá-las. Vamos fazer aqui 
 um “resgate” dos itens 85 a 87, texto maravilhoso e muito educativo para os catequistas.

 Ajudar a conhecer, celebrar, viver e contemplar o mistério de Cristo é a missão da catequese. Estas tarefas se desdobram em outras, consideradas fundamentais (DGC 85):

Favorecer o conhecimento da fé: Aquele que encontrou Cristo deseja conhecê-Lo o mais possível, assim como deseja conhecer o desígnio do Pai, que Ele revelou. O conhecimento da fé (fides quae) é exigência da adesão à fé (fides qua). Já na ordem humana, o amor por uma pessoa leva a desejar conhecê-la sempre mais. A catequese deve levar, portanto, a  compreender progressivamente toda a verdade do projeto divino,  introduzindo os discípulos de Jesus Cristo no conhecimento da Tradição e da Escritura, a qual é a “eminente ciência de Jesus Cristo” (Fil 3,8).

O aprofundamento no conhecimento da fé ilumina cristãmente a existência humana, alimenta a vida de fé e habilita também a prestar razão dela no mundo. A Entrega do símbolo, compêndio da Escritura e da fé da Igreja, exprime a realização desta tarefa.

– A educação litúrgica: Cristo está sempre presente em Sua Igreja, sobretudo nas ações litúrgicas. A comunhão com Jesus Cristo leva a celebrar a sua presença salvífica nos sacramentos e, particularmente, na Eucaristia. Por isso, a catequese, além de favorecer o conhecimento do significado da liturgia e dos sacramentos, deve educar os discípulos de Jesus Cristo à oração, à gratidão, à penitência, à solicitação confiante, ao sentido comunitário, à linguagem simbólica, uma vez que tudo isso é necessário, a fim de que exista uma verdadeira vida litúrgica.

– A formação moral: A conversão a Jesus Cristo implica o caminhar na sua sequela. A catequese deve, portanto, transmitir aos discípulos as atitudes próprias do Mestre. Eles empreendem assim, um caminho de transformação interior, no qual, participando do mistério pascal do Senhor, passam do velho para o novo homem aperfeiçoado em Cristo. O Sermão da Montanha, no qual Jesus retoma o decálogo e o imprime com o espírito das bem-aventuranças, é uma referência indispensável na formação moral, hoje tão necessária. Este testemunho moral, para o qual a catequese prepara, deve saber mostrar as consequências sociais das exigências evangélicas.

– Ensinar a rezar: A comunhão com Jesus Cristo conduz os discípulos a assumirem a atitude orante e contemplativa que adotou o Mestre. Aprender a rezar com Jesus é rezar com os mesmos sentimentos com os quais Ele se dirigia ao Pai: a adoração, o louvor, o agradecimento, a confiança filial, a súplica e a contemplação da sua glória. Estes sentimentos se refletem no Pai Nosso, a oração que Jesus ensinou aos discípulos e que é modelo de toda oração cristã. A Entrega do Pai Nosso, resumo de todo o Evangelho, é, portanto, verdadeira expressão da realização desta tarefa. Quando a catequese é permeada por um clima de oração, o aprendizado de toda a vida cristã alcança a sua profundidade.

– Educar para a vida comunitária:  vida cristã em comunidade não se improvisa e é preciso educar para ela, com cuidado. Para esta aprendizagem, o ensinamento de Jesus sobre a vida comunitária, narrado pelo Evangelho de Mateus, requer algumas atitudes que a catequese deverá inculcar: o espírito de simplicidade e de humildade (Mt 18,3); a solicitude pelos pequeninos (Mt 18,6); a atenção especial para com aqueles que se afastaram (Mt 18,12); a correção fraterna (Mt 18,12); a oração em comum (Mt 18,19); o perdão mútuo (Mt 18,22). O amor fraterno unifica todas estas atitudes (Jo 13,34).

Ao educar para este sentido comunitário, a catequese dará uma especial atenção à dimensão ecumênica, e encorajará atitudes fraternas para com os membros de outras Igrejas cristãs e comunidades eclesiais. Por isso, a catequese, ao procurar atingir esta meta, exporá com clareza toda a doutrina da Igreja Católica, evitando expressões que possam induzir ao erro.

– Iniciar para a missão: A catequese é igualmente aberta ao dinamismo missionário. Ela se esforça por habilitar os discípulos de Jesus a se fazerem presentes, como cristãos, na sociedade e na vida profissional, cultural e social. Prepara-os também a prestarem a sua cooperação nos diferentes serviços eclesiais, segundo a vocação de cada um. As atitudes evangélicas que Jesus sugeriu aos seus discípulos, quando os iniciou na missão, são aquelas que a catequese deve alimentar: ir em busca da ovelha perdida; anunciar e curar ao mesmo tempo; apresentar-se pobres, sem posses nem mochila; saber assumir a rejeição e a perseguição; pôr a própria confiança no Pai e no amparo do Espírito Santo; não esperar outra recompensa senão a alegria de trabalhar pelo Reino.

ALGUMAS CONSIDERAÇÕES SOBRE O CONJUNTO DAS TAREFAS DA CATEQUESE:

As tarefas da catequese constituem, consequentemente, um rico e variado conjunto de aspectos. Sobre este conjunto, é oportuno tecer algumas considerações:

– Todas as tarefas são necessárias. Assim como para a vitalidade de um organismo humano, é necessário que funcionem todos os seus órgãos, também para o amadurecimento da vida cristã, é preciso que sejam cultivadas todas as suas dimensões: o conhecimento da fé, a vida litúrgica, a formação moral, a oração, a pertença comunitária, o espírito missionário. Se a catequese descuidar de uma dessas dimensões, a fé cristã não alcançará todo o seu desenvolvimento.

– Cada tarefa, à sua maneira, realiza a finalidade da catequese. A formação moral, por exemplo, é essencialmente cristológica e trinitária, plena de senso eclesial e aberta à dimensão social. O mesmo acontece com a educação litúrgica, essencialmente religiosa e eclesial, mas também muito exigente no seu empenho evangelizador em favor do mundo.

– As tarefas se implicam mutuamente e se desenvolvem conjuntamente. Cada grande tema catequético, por exemplo, a catequese sobre Deus Pai, tem uma dimensão cognoscitiva e implicações morais; interioriza-se na oração e se assume no testemunho. Uma tarefa chama outra: o conhecimento da fé torna idôneos à missão; a vida sacramental dá força para a transformação moral.

– Para realizar as suas tarefas, a catequese se vale de dois grandes meios: a transmissão da mensagem evangélica e a experiência da vida cristã.  A educação litúrgica, por exemplo, necessita explicar o que é a liturgia cristã e o que são os sacramentos; porém deve também fazer experimentar os diversos tipos de celebração, fazer descobrir e amar os símbolos, o sentido dos gestos corporais, etc. A formação moral não apenas transmite o conteúdo da moral cristã, mas cultiva também, ativamente, as atitudes evangélicas e os valores cristãos.

As diferentes dimensões da fé são objeto de educação, tanto no seu aspecto de “dom” quanto no seu aspecto de “compromisso”. O conhecimento da fé, a vida litúrgica e a sequela de Cristo são, cada uma, um dom do Espírito, que se recebe na oração e, ao mesmo tempo, um compromisso de estudo, espiritual, moral e testemunhal. Ambos os aspectos devem ser cultivados.

– Cada dimensão da fé, assim como a fé no seu conjunto, deve enraizar-se na experiência humana, sem permanecer na pessoa como algo de postiço ou de isolado. O conhecimento da fé é significativo, ilumina toda a existência e dialoga com a cultura; na liturgia, toda a vida pessoal é uma oferta espiritual; a moral evangélica assume e eleva os valores humanos; a oração é aberta a todos os problemas pessoais e sociais.

Como indicava o Diretório de 1971: “é muito importante que a catequese conserve esta riqueza de diversidade de aspectos, de forma que nenhum aspecto seja isolado, em detrimento dos demais”.


 Diretório geral para a Catequese, 1997, nº 85-87.

(Resumido: Vale uma leitura na íntegra deste trecho do DGC)

 

terça-feira, 15 de setembro de 2020

10 MANDAMENTOS PARA A PAZ NA FAMÍLIA

 



Fonte: Pastoral da Criança.


ONDE BUSCAMOS A MENSAGEM DA CATEQUESE?

Primariamente, o conteúdo da catequese é a Bíblia/Palavra, a mensagem da catequese se encontra nas Sagradas Escrituras, principalmente nos Evangelhos; também encontramos na Tradição (comportamento do povo e herança apostólica) e no Magistério (doutrina, catecismos). Qualquer tema da catequese se encontra em um destes 3 lugares. No entanto, o mundo contemporâneo nos faz buscar inspiração no mundo e na sociedade para complementar a Palavra, a Tradição e o Magistério.

Resumindo, as fontes da Catequese são:

1 – Nas sagradas Escrituras;

2 – Tradição (Devoção aos santos, devoção mariana, terço, orações/fórmulas)

3 – Magistério (Catecismos)

(DNC 23 – 25 – 106 – 107- 123 – 126 – 127)

Não podemos esquecer também a pessoa do Catequista, que tem a missão importantíssima de transmitir estas mensagens. Em sua fala no Simpósio Internacional sobre Catequese  o Papa Francisco acrescentou que o “Catequista caminha a partir de Cristo e com Ele, não é uma pessoa que parte de suas próprias ideias e gostos, mas se deixa olhar por Ele, porque é este olhar que faz arder o coração.”

Segundo o Papa Francisco, o catequista deve levar crianças, jovens e adultos ao encontro de Jesus. Seja por meio das palavras ou dos exemplos de sua própria vida, seguindo três pilares: 

1.   Ter familiaridade com Cristo, aprender com Ele, escutá-lo e permanecer em seu amor, como Ele mesmo ensinou aos discípulos: “Permaneçam no meu amor, permaneçam ligados a mim, como o ramo está ligado à videira. Se somos unidos a Ele, podemos dar frutos”. O coração do catequista deve viver essa união com Ele.

 

2.   Viver o dinamismo do amor, a exemplo de Cristo, no sair de si para ir ao encontro do outro. O dom do catequista o impulsiona sempre para fora de si mesmo, doando-se aos outros.

 

3.   Não ter medo de sair, de ir até as periferias, de ir a quem precisa, sair do comum para seguir a Deus, porque Deus vai sempre além.

O encontro de catequese deve ter o cuidado de desenvolver a vivência pessoal e comunitária da fé e seu compromisso com a transformação do mundo. Sendo assim, é fundamental que esses conteúdos tenham por base a fé crida, celebrada, vivida e rezada, e constitua um chamado à educação cristã integral.

O Catecismo da Igreja Católica é oferecido a todos os fiéis e a cada homem que queira conhecer aquilo em que crê a Igreja Católica. A educação à fé é bem radicada em todas as suas fontes e abraça diferentes dimensões. Ela é sustentada por quatro colunas:

1.      O Credo

2.      Os Sacramentos

3.      Mandamentos e Bem aventuranças

4.      Oração do Pai Nosso

Baseado na riqueza da tradição do Catecismo, buscamos a orientação recordando a História da Salvação nas três etapas da Tradição Patrística:

1 – Antigo Testamento,

2 – Vida de Jesus (Novo testamento);

3 – História da Igreja (magistério, tradição).


Ângela Rocha - Catequista

Graduanda em Teologia - 4º Período - PUCPR

Fontes: 

- Diretório Geral de Catequese (130)

- Diretório Nacional de Catequese (106)

 

(Colaboração: Fátima Regina Meira e Gleides Pacheco)

sábado, 5 de setembro de 2020

REFLEXÃO DO EVANGELHO DO DOMINGO: ABRA-SE À DIVERSIDADE!



23º DOMINGO DO TEMPO COMUM - Marcos 7.31-37

Quando leio os Evangelhos gosto de pensar nos rostos, nos corpos que se juntavam em torno da fé em Jesus, nos primeiros séculos da era cristã. Quais memórias animavam àquelas pessoas, quais seus medos, quais suas dúvidas em meio as turbulências sociais e existenciais daqueles tempos? Como lidavam com as diferenças?

A comunidade de Marcos nos faz imaginar a diversidade cultural e religiosa que a constituía, sendo um grupo majoritariamente não judeu. Os conflitos entre judeus e gentios era um desafio para o cristianismo originário.  Não foi diferente na comunidade de Marcos, e suas narrativas demonstram tais conflitos onde os judeus queriam impor seus costumes para os cristãos. Por isso neste evangelho o rosto de Jesus vai se desenhando com as cores da diversidade e a mistura de raças presente nas sociedades humanas.

No capítulo 7 o texto apresenta as andanças de Jesus, indo para além de suas terras e de sua cultura. A narrativa de Marcos nos mostra a geografia do Mestre caminhando em territórios estrangeiros, indo para além do Mar da Galiléia.

Nestas andanças encontra-se com os Fariseus e doutores da lei, seus conterrâneos, um povo limpinho e anti-séptico, que seguiam seus rituais à risca e se orgulhavam disso. Rituais propícios aos nossos dias em tempos de pandemia. Porém, rituais que aprisionavam e oprimiam o povo, ao invés de propiciar vida com dignidade. Esta experiência rememorada pelas comunidades demonstra o desprendimento de Jesus com os costumes do seu povo, desafiando as tradições, não se importando com o fato de seus discípulos não respeitarem os rituais de purificação do povo judeu. Na sua peregrinação, Jesus se mistura com outros povos e vai se desconstruindo, e mesmo sendo judeu se permite comer sem lavar as mãos pois, o que entra pela boca do ser humano é menos nocivo, do que aquilo que sai da boca; é isso que pode tornar a pessoa impura. Neste debate sobre pureza e impureza, Jesus quer ensinar o que de fato é mais importante para a humanidade, matar a fome das pessoas ou se alimentar de rituais vazios?

A comunidade, através desta memória denuncia o apego a tradições que não produzem vida e justiça para o povo e nos apresenta um Jesus que rompe com seus costumes, se esses forem amarras para a liberdade do ser humano. Entretanto, o mesmo Jesus nos pareceu bastante excludente no encontro com a Mulher Siro-Fenícia, ao se recusar atendê-la por ser estrangeira, pois ele deveria saciar primeiro os seus. Seria um tom de xenofobia do nosso queridinho Jesus? Neste momento da narrativa Jesus é um homem judeu, talvez aliado ao ideal da raça superior, daqueles privilegiados que já nascem no primeiro lugar da fila, sendo judeu ele está conectado com sua tradição. Porém, ao ser interpelado pelas palavras da mulher estrangeira, seus ouvidos se abrem e ele ouve o grito dos excluídos daquela sociedade, a qual ele fazia parte.

A palavra de uma Mulher grega converte Jesus, pois descortina seu privilégio e o salva das suas próprias amarras culturais e, quando se encontra com o homem surdo e gago no seu caminho (31-37), novamente em contato com os excluídos do sistema, Jesus faz algo inusitado. Ao ficar sozinho com o homem coloca saliva em sua boca, ato impensado para seus costumes e para os rituais de limpeza do seu povo.  O Jesus que encontrou com os judeus no inicio do capítulo, não é mais o mesmo no encontro com o homem surdo, porque antes ele se encontrou com uma mulher que o desafiou assumir a diversidade e a diferença como projeto de Reino, onde seu movimento claramente rompe com a lei judaica e traz luzes para novas relações humanas, baseadas no respeito e aceitação das diferenças e diversidades.

A palavrinha mágica que Jesus usou foi “Efatá!”. Abra-se! e logo houve a cura da surdez e fala daquele homem. Jesus abriu-se para ouvir a mulher, pediu para que o povo ouvissem suas palavras e ao final abriu os ouvidos do surdo, deixando a todos e todas maravilhados. No entanto ele sente vontade de não ser visto, não quis ficar para uma selfie, não quis postar nas redes sociais, apenas aprendia ao se misturar com gentes de todas as classes, gênero e etnia. O capítulo termina dizendo que tudo que Jesus fazia era bom, faz o surdo ouvir e o mudo falar. Para que Jesus pudesse fazer o que era bom, foi preciso se abrir para o aprendizado que não se encontrava no sistema religioso da sua época, mas sim nas suas peregrinações em contato com as gentes, com seus cheiros, seus sabores. Jesus abriu-se para aprender enquanto conhecia homens e mulheres com suas fragilidades e potencialidades.

Em tempos de tanta perseguição, a comunidade de Marcos nos ajuda a olhar com os olhos de Jesus e nos ensina acolher e aceitar as diferenças, e também a denunciar sistemas opressores e excludentes que não produzem vida e liberdade. Também somos convidadas a acolher nossas fragilidades, educar nosso ego, nos prostrar aos pés do Mestre se for preciso e nos convertermos como Jesus também se converteu, mudou seu caminho, seu olhar, sua postura e nos propôs uma utopia que até hoje nos faz caminhar. Quem tem ouvidos para ouvir, ouça! Ouça o grito dos excluídos e das excluídas, se abra ao diferente e evolua sua humanidade.

Texto de Lilian Sarat

Fonte: cebi.org.br