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quarta-feira, 17 de fevereiro de 2021

CAMPANHA DA FRATERNIDADE ECUMÊNICA DE 2021: "DO QUE ERA DIVIDIDO FAZ UMA UNIDADE"

FOTO: reprodução ANEC
Lançada hoje, quarta-feira de Cinzas, a Campanha da Fraternidade Ecumênica 2021.

A escolha do tema, lema e demais fases de organização da Campanha da Fraternidade Ecumênica (CFE) 2021 foi feita essencialmente de forma remota, a pandemia impediu que os encontros presenciais fossem realizados o que evidenciou ainda mais o valor de podermos nos reunir também durante os dias da Quaresma, para entre outros, falar de Campanha da Fraternidade. O que já é um hábito entre os católicos brasileiros afinal desde 1964 a CNBB propõe temas e lemas a serem refletidos nas comunidades.

Especificamente as Campanhas Ecumênicas tiveram início no ano de 2000, apesar de ter sido sonhada desde a década de 1980. De lá para cá tivemos ao todos quatro Campanhas da Fraternidade Ecumênicas, recordemos quais são os temas e o lema de cada uma:

- Ano 2000: DIGNIDADE HUMANA E PAZ - Por um novo milênio sem exclusões.

- Ano 2005: SOLIDARIEDADE E PAZ - Felizes os que promovem a paz

-  Ano 2010: ECONOMIA E VIDA - Vocês não podem servir a Deus e ao dinheiro

- Ano 2016: CASA COMUM, NOSSA RESPONSABILIDADE - Quero ver o direito brotar como fonte e correr a justiça qual riacho que não seca.

A Comissão da CFE 2021 (foto abaixo) é formada por representantes das igrejas-membro do Conselho Nacional de Igrejas Cristãs do Brasil - CONIC, além da Igreja Betesda de São Paulo como igreja observadora, e o Centro Ecumênico de Serviços à Evangelização e à Educação Popular (CESEEP), como membro fraterno.

                                    Foto: Reprodução Portal CONIC

Foi essa Comissão que em 7 de janeiro de 2020 escolheu para a CFE 2021 o Tema: "Fraternidade e Diálogo: compromisso de amor" e Lema: "Cristo é a nossa paz: do que era dividido, fez uma unidade" (Ef 2,14a), após receber inúmeras sugestões nesse sentido oriundas de inúmeras pessoas e grupos. Esta decisão se caracteriza então como uma resposta ao clamor do povo de Deus diante de tudo o que vivemos nesses últimos tempos e que culminou por fracionar ou mesmo inviabilizar o diálogo nos mais diversos setores da sociedade e infelizmente até em alguns lares.

O texto base sempre nos possibilita conhecer o tema e este ano ele trouxe novidades em sua estrutura e método. A mudança reflete a necessidade de um zeloso debate ao redor do tema e inicia com a exposição das causas sociais que nos trouxeram a este atual cenário como a disseminação de conflitos, o aumento da violência e seu uso como forma de solução para conflitos além das desigualdades e preconceitos do racismo e xenofobia.

Para que o Espírito Santo nos mova na direção de possibilidades condizentes com a Boa Nova de Cristo é preciso construir pontes de diálogos de amor e paz. Assim foi estabelecido como objetivo geral deste CFE 2021 através do diálogo amoroso e do testemunho da unidade na diversidade, inspirados e inspiradas no amor de Cristo, convidar comunidades de fé e pessoas de boa vontade para pensar, avaliar e identificar caminhos para a superação das polarizações e das violências que marcam o mundo atual. Sendo os objetivos específicos:

- Redescobrir a força e a beleza do diálogo como caminho de relações mais amorosas;

- Denunciar as deferentes violências praticadas e legitimadas indevidamente em nome de Jesus;

- Comprometer-se com as causas que defendam a casa comum, denunciando a instrumentalização da fé em Jesus Cristo que legitima a exploração e a destruição socioambiental;

- Contribuir para superar desigualdades;

- Animar o engajamento em ações concretas de amor ao próximo;

- Promover a conversão para a cultura de amor como forma de superar a cultura do ódio.

- Fortalecer e celebrar a convivência ecumênica e inter-religiosa;

- Estimular o diálogo e a convivência fraterna como experiências humanas irrenunciáveis, em meio a crenças, ideologias e concepções, em um mundo cada vez mais plural;

- Compartilhar experiências concretas de diálogo e convívio fraterno.

Um importante item da Apresentação do Texto Base é conversão ao diálogo e ao compromisso de amor. A conversão não ocorre de forma instantânea ou mágica pois não é um ato único. A conversão é processo, ou seja, uma sequência de atos diária e permanente. 

Nesse processo somos questionados a todo momento como estamos nos portando na vida e na sociedade, estamos agindo corretamente como discípulos de Cristo diante dos desafios da sociedade atual, seus conflitos e transformações sociais, econômicas, espirituais, individuais ou coletivas?

 As lições de Jesus Cristo são sempre em direção ao diálogo e à igualdade, dentre elas encontramos:

 - Mateus 19, 16-22: Jesus desafia a partilha de todas as nossas riquezas com os mais pobres pois assim Ele nos ensina que a concentração de riqueza gera desigualdade, conflito e segregação;

- João 8, 3-13: Jesus ao propor a autocrítica ensina que ninguém está livre do pecado e que o pecador pode ter a chance de continuar a viver livre de julgamentos e acusações após a opção pelo amor e não pela lei, eis que a lei pode ser manipulada para oprimir e o amor sempre gera compaixão, empatia e convivência.

É nesse sentido que o texto-base procura provocar em nós o real e completo significado do seguimento a Jesus, se relacionamos o seu nome mais ao amor ou à intolerância e se vivemos voltados a uma postura de acolhida e compromisso com os mais pobres, vulneráveis e excluídos.

A Quaresma é tempo propício de reflexão e conversão. O jejum proposto pela CFE é o que agrada à Deus apresentado em Isaías 56, 6-8 “desatar os laços provenientes da maldade, desamarrar as correias do julgo, dar liberdade aos que estavam curvados, em suma, que despedaceis todos os jogos? Não é partilhar o teu pão como faminto? E ainda? Os pobres sem abrigo tu albergarás; se vires alguém nu, cobri-lo-ás: diante daquele que é a tua própria carne, não recusarás. Então a tua luz despontará como a aurora, e o teu restabelecimento se realizará bem depressa. Tua justiça caminhará diante de ti e a glória do Senhor será a tua retaguarda”.

Assim a Campanha da Fraternidade Ecumênica (CFE) convida para que possamos jejuar em busca de superar a violência, racismo, preconceitos, e todas as mazelas do mundo atual, com o objetivo de estruturar diálogos de amor e compromissos com a paz.

A caminhada quaresmal, comprometida com uma sociedade justa e amorosa, seguirá como os passos dos caminhantes de Emaús como narra Lucas 24, 13-35 e que o Texto Base traz no item redescobrindo cristo no caminho: a paz do ressuscitado que nos une.

A partir deste item, a leitura do texto base traz uma novidade e foi conduzida pela equipe da Campanha para nos levar ao caminho de Emaús e lado a lado com Cristo, esta caminhada foi dividida em quatro momentos denominados e estruturados como a seguir:

1) VER: TROCANDO IMPRESSÕES SOBRE ACONTECIMENTOS RECENTES

 Aqui recebemos o convite de perceber os acontecimentos históricos e atuais em diferentes situações como crises, violência, intolerância religiosa, racismo e a partir dessa identificação vamos questionar se as soluções propostas e/ou as que estão em prática, estão de acordo com a Boa Nova do Evangelho.

2) JULGAR: CARTA PARA PESSOAS DE BOA VONTADE EM UM MUNDO CHEIO DE BARREIRAS E DIVISÕES

 Nesta fase da leitura somos desafiados a não nos distanciarmos da inspiração bíblica eis que é ela que nos guiará para organização de soluções que criem diálogos possíveis, ergam pontes e não muros. Nessa fase o lema será a nossa “lanterna” Efésios 2, 14a "Cristo é a nossa paz: do que era dividido, fez uma unidade", que nos unirá aos caminhantes de Emaús Lucas 24, 30 “se pôs a mesa com eles, tomou o pão, pronunciou a benção, partiu-o e lhes deu” e então abrir nossas mentes e corações em busca de uma melhor convivência em sociedade que está dominada pela intolerância e tudo o que surge onde não há paz, respeito e diálogo.

3) AGIR: CRISTO É A NOSSA PAZ: DO QUE ERA DIVIDIDO FEZ UNIDADE

 Momento inspirado no reconhecimento de Jesus Cristo pelos que estavam caminhando com Ele em Emaús e após perceberem que Ele esteve com eles o tempo todo, correram para anunciar a Boa Nova: Cristo ressuscitou! A vida triunfou e não a violência!

4) CELEBRAR: COLETA DA SOLIADRIEDADE E GESTO CONCRETO

Nesta fase que encerra o Texto Base temos à nossa frente o exemplo primoroso de São Paulo que através de sua conversão foi de perseguidor a apóstolo, portanto deixou a violência contra as primeiras comunidades cristãs para buscar o entendimento entre judeus e gentios com a superação de preconceitos, buscou ainda a existência harmoniosa entre as diferentes comunidades cristãs de sua época.

É com a esperança dentro do coração que percebemos a necessária escolha do Tema para a CFE 2021, assunto atual e que pode ser instrumentalizado para, através das igrejas cristãs e trabalho do CONIC, encontrarmos caminhos de diálogo que nos leve à sociedade justa e pacífica que é capaz de responder à Deus e viver o Reino de Deus.

Fontes:

- Texto Base da Campanha da Fraternidade Ecumênica 2021

- Portal do CONIC – Conselho Nacional de Igrejas Cristãs do Brasil (https://www.conic.org.br/portal/) acesso em 4 de fevereiro de 2021.




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