A Campanha da Fraternidade 2021 ainda não começou, mas as
agressões à CNBB e à nossa Igreja, por dialogar com outras igrejas cristãs
(pois a CF 2021 é ecumênica) e tratar de temas polêmicos como o feminicídio
(assassinato de mulheres), a homossexualidade, o racismo, a violência social e
a ecologia, estão “bombando” na Internet, por meio de vídeos caros, de alta
qualidade, patrocinado por grupos ricos, feito por pessoas que se consideram
mais católicas do que o Papa Francisco e os nossos Bispos, pessoas que acusam
quem quer que seja que pense diferente delas de serem de “revolucionários de
extrema esquerda”, sendo que, segundo a ignorância bíblica que caracteriza a
sua fé, Deus é não apenas “de direita”, mas de “extrema direita”.
O tema da CF 2021 é “Fraternidade e diálogo: compromisso de
amor”, e o lema é “Cristo é a nossa paz: do que era dividido ele fez uma
unidade” (Efésios 2,14). Enquanto nossa Igreja propõe o diálogo com outras
igrejas cristãs para trabalharmos juntos pelo Reino de Deus e por um mundo
melhor, os católicos diabólicos enxergam a CF 2021 como uma campanha contra
aquela que eles chamam de “Santa Igreja Católica”. Enquanto nossos bispos lembram ao mundo que
“Cristo é a nossa paz”, os católicos diabólicos fazem guerra contra a CNBB na
Internet. Enquanto as igrejas cristãs lembram ao mundo que Cristo derrubou o
muro da inimizade que havia e do que era dividido fez uma unidade (cf. Ef 2,
14), os católicos diabólicos incentivam os católicos em geral a construírem um muro
que os separe da CNBB e também do Papa Francisco pois este, na visão deles, é
um Papa “de esquerda”.
Em um dos seus vídeos,
os católicos diabólicos atacam o CONIC (Conselho Nacional de Igrejas Cristãs),
responsável pela elaboração do texto-base da CF 2021. Rotulam seus dirigentes
de serem todos “revolucionários de esquerda” e, para provarem sua tese, afirmam
que o texto-base da CF 2021 não menciona em suas páginas termos como “Maria”,
“Nossa Senhora”, “Mãe de Deus”, “sacramentos” nem “São José”. Falta a esses
católicos diabólicos discernimento para saber a diferença entre um livro de
catequese e um texto que busca apelar à consciência das pessoas de boa vontade
para questões sociais que clamam por atitudes cristãs que sejam “sal da terra”
e “luz do mundo” (cf. Mt 5,13.14). Como o texto-base não é um manual de
propagação da doutrina católica, eles o definem como “um documento criminoso”,
“um documento não católico”, “uma tragédia do início ao fim”.
Criticando o posicionamento das igrejas cristãs frente a
problemas sociais como o racismo, a agressão ao meio ambiente e ao grave
problema do “feminicídio” (assassinato de mulheres), termo que eles, por serem
negacionistas, consideram “absurdo”, esses católicos diabólicos acusam
maldosamente a CNBB de defender e fazer propaganda da causa gay. Indo mais
longe, afirmam que a CF 2021 pretende convencer os católicos a aceitar as
práticas homossexuais e a “acolher os homossexuais sem exigir deles conversão”,
coisa que em nenhum momento o texto-base propõe. Mas é assim que esses
católicos diabólicos interpretam o documento.
Por serem negacionistas, atacam os padres e bispos que
fecharam suas igrejas para favorecer o distanciamento social e impedir uma
contaminação ainda mais letal do novo coronavírus na população. Deformando a
razão principal do distanciamento social, que é a preservação da vida das
pessoas, eles acusam maldosamente esses padres e bispos de considerarem o
serviço social como “algo não essencial” para as pessoas. Se tudo isso não
bastasse, esses católicos diabólicos interpretam o convite que o texto-base da
CF 2021 faz a respeitar as crenças religiosas dos índios afirmando que os
organizadores da Campanha de pessoas que “condenam as missões católicas” e
“negam o céu aos índios”.
O vídeo que ora comento encerra-se convocando todos católicos
a declararem guerra aos organizadores da CF 2021, o que, na verdade, é uma
declaração de guerra à CNBB, e a guerra consiste em não colaborar com a coleta
da CF, sempre realizada no Domingo de Ramos, cujo valor é assim dividido: 40%
para as ações sociais da CNBB e 60% para as ações socias da Diocese.
Literalmente, o vídeo faz a seguinte “chamada”: “Nenhum católico entregue o seu
dinheiro para essas pessoas (organizadoras da CF 2021) que são más e estão
trabalhando contra a Igreja Católica”. Não colaborar com a coleta da
solidariedade, segundo o apresentador do vídeo, será “um ato de amor à Santa
Igreja Católica”.
Este apresentador
termina seu desserviço ao diálogo ecumênico, à paz e à unidade entre os
cristãos convidando as pessoas a espalharem seu vídeo pela Internet. Afinal de
contas, é preciso que o inimigo continue a semear joio no meio do trigo (cf. Mt
13,25), inclusive, e sobretudo, dentro da Igreja, à qual o apresentador diz
amar, nomeando-a como “Santa Igreja Católica”.
Pe. Paulo Cezar Mazzi - Escritor e sacerdote – Guariba SP.
ASSISTA O VÍDEO onde o Cardeal D. Odilo Cherer esclarece as polêmicas da CFE 2021.
https://www.youtube.com/watch?v=6sS5of9yV7U
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