CONHEÇA!

quarta-feira, 23 de abril de 2025

APOSTILA CATECUMENATO DE ADULTOS: INICIAÇÃO CRISTÃ DE ADULTOS


Catequistas em Formação apresenta um material completo e atualizado para a Iniciação Cristã de Adultos!

Nesta apostila você encontra:

Explicações sobre o que é o Catecumenato

Orientações para implantar na paróquia

Roteiros de encontros para até 1 ano de catequese

Celebrações próprias do itinerário catecumenal

Dicas práticas para os catequistas

Um verdadeiro caminho de fé e conversão, pensado com carinho para quem deseja evangelizar com profundidade e método!

R$ 40,00 - Pedidos pelo whats (41) 99747-0348

💬 Compartilhe com sua paróquia e sua equipe de catequese!

🕊️ “Ide e fazei discípulos…” (Mt 28,19)


segunda-feira, 21 de abril de 2025

O PAPA FRANCISCO NOS DEIXOU...

 


Homenagem do Grupo Catequistas em Formação ao Papa Francisco

Em 21 de abril de 2025, nosso amado Papa Francisco retornou à Casa do Pai, deixando-nos um legado de fé viva, misericórdia concreta e compromisso com os pequenos e excluídos. Aos 88 anos, despediu-se do mundo com o mesmo carinho com que sempre o serviu: com a bênção Urbi et Orbi no Domingo de Páscoa e um último gesto de proximidade, ao saudar os peregrinos da Praça de São Pedro em seu Papamóvel.

Como grupo de catequistas, sentimos profundamente sua partida. E sentimos porque amamos. A Igreja se reconhece, neste momento, como uma família que perde um pai, um pastor, um amigo. E, ao mesmo tempo, se levanta com gratidão por tudo o que ele nos ensinou e testemunhou ao longo de seus 12 anos de pontificado.

Como criador de conteúdo para catequistas, sempre foi impossível não citar as falas e documentos do Papa Francisco, inspirador de uma Igreja que caminha junto.

Papa Francisco nos formou com seus gestos tanto quanto com suas palavras. Foi catequista do mundo. Ensinou com a vida, acolhendo refugiados, visitando os doentes, escutando as vítimas, dialogando com outras religiões e levando a esperança cristã às periferias existenciais. Quem esquecerá a imagem dele, sozinho, diante da cruz na Praça de São Pedro vazia durante a pandemia, enquanto o mundo clamava por consolo?

Ele nos desafiou a ser Igreja em saída, a caminhar juntos, a não temer os riscos de uma fé viva. Falou de pastores com cheiro de ovelha, de uma Igreja como hospital de campanha, de um Deus que nunca se cansa de perdoar. Com ele, aprendemos que anunciar o Evangelho é tocar corações com autenticidade, humildade e compaixão.

Como catequistas, somos imensamente gratos por tudo que ele inspirou em nossa missão: a importância da escuta, do discernimento, da misericórdia como linguagem de Deus. Francisco foi um verdadeiro catequista global, capaz de falar a todos, com simplicidade e profundidade.

Hoje, sua ausência nos chama à responsabilidade de continuar aquilo que ele iniciou. Sabemos que ele gostava de iniciar processos, e cabe a nós agora alimentá-los com esperança, coragem e fidelidade ao Espírito Santo.

O Grupo Catequistas em Formação, unido a toda a Igreja, eleva uma prece de gratidão. Obrigado, Papa Francisco, por ser um sinal de Jesus no meio de nós. Obrigado por ter nos ajudado a formar discípulos missionários, sensíveis à dor do outro e apaixonados pelo Reino de Deus.

Descanse em paz, Santo Padre. E continue a interceder por nós, que seguimos aqui, Catequistas sempre em formação, mas firmes na missão de semear o Evangelho com alegria, como o senhor sempre fez.

Grupo Catequistas em Formação
Com gratidão e amor no coração.



domingo, 20 de abril de 2025

SINODALIDADE: CATEQUESE EM AÇÃO

De 2021 a 2023, nos preparados para o Sínodo da "Sinodalidade", proposta do Papa Francisco para uma Igreja que "caminha junto". em outubro de 2024, foi publicado o Documento Final. No entanto, parece que a Sinodalidade "passou" por nós sem deixar muitos registros. A maiorira dos Catequistas nem sequer se deu conta. O fato é que precisamos mudar nossos paradigmas e caminhar "junto" com a nossa Igreja.

Mas, como aplicar a SINODALIDADE na CATEQUESE? Esta é uma proposta que o Catequistas em Formação traz aos catequistas.

Abaixo uma amostra do que contem nossa nova apostila:

KIT DE ATIVIDADES – PARTE II

Base: Documento Final do Sínodo 2024 – Parte II (n. 49 a 78)

Tema central:No barco juntos” - A conversão das relações.

1) Atividades para crianças – 8 a 12 anos – PARTE II

1. Atividade: Quem está no meu barco? (ANEXO 01)

  • Objetivo: Ajudar as crianças a perceberem que todos fazem parte da mesma família de Deus.
  • Material: Desenho de um barco grande (molde incluso), lápis de cor, tesoura, cola.
  • Como fazer:

§  Entregar o molde do barco para cada criança.

§  Elas devem desenhar ou colar figuras de pessoas (amigos, família, colegas da catequese) que “estão no barco” com elas, ou seja, que caminham junto na fé.

  • Reflexão: Jesus nos chama a caminhar juntos, acolher o outro e viver como irmãos.

2. Dinâmica: O Nó da Amizade

  • Objetivo: Mostrar a importância da comunhão e do cuidado mútuo.
  • Material: Barbante ou lã.
  • Como fazer:

·         Em roda, cada criança segura uma ponta do barbante e joga para outra, formando uma teia.

·         Ao final, cada uma fala o nome de quem está ao seu lado e um motivo para agradecer a amizade.

  • Mensagem: Estamos ligados por laços de amor e respeito. O outro é presente de Deus na nossa vida.

3. Jogo: Bingo da Amizade (ANEXO 02)

  • Objetivo: Promover o conhecimento e a escuta.
  • Material: Cartelas ou folhas com perguntas como: “Gosta de cantar na missa”, “Tem um animal de estimação”, “Já ajudou alguém na catequese”.
  • Como jogar: As crianças devem conversar entre si para anotar o nome de colegas diferentes.
  • Lição: Conhecer o outro é o primeiro passo para caminhar junto. 

2) Atividades para adolescentes – 13 a 17 anos - PARTE II

1. Roda de conversa: Relações que curam ou ferem

  • Objetivo: Refletir sobre os tipos de relações que vivemos dentro e fora da Igreja.
  • Perguntas norteadoras:
    • Já se sentiu excluído em algum grupo?
    • O que ajuda a criar um ambiente de confiança?
    • Como podemos praticar a escuta e o cuidado mútuo na catequese?
  • Dica: Propor um momento de silêncio e oração ao final.

2. Oficina: Construindo uma Igreja mais fraterna

  • Objetivo: Pensar em propostas concretas para melhorar o ambiente da comunidade.
  • Como fazer:

§  Dividir em grupos e pedir que criem “projetos” de ações concretas para fortalecer os vínculos entre pessoas diferentes (por idade, condição social, origem, etc.).

§  Ex: incluir mais jovens nas decisões, acolher novos membros, fazer visitas a doentes etc.

  • Apresentação: Cada grupo apresenta sua ideia com cartazes ou dramatizações.

3. Desafio semanal: #JuntosNoBarco

  • Objetivo: Levar para a vida o que foi trabalhado.
  • Como funciona:
    • Cada adolescente escolhe um gesto de cuidado com alguém do grupo ou da comunidade durante a semana.
    • Na semana seguinte, compartilham como foi a experiência.
  • Exemplos de gestos: escutar alguém com paciência, ajudar alguém com dificuldade, convidar um colega afastado para a catequese.

ANEXOS PARA IMPRESSÃO (ANEXOS)

  • Molde do barco e das figuras para recortar.
  • Cartelas de bingo.
  • Ficha para registrar o desafio semanal: Distribuir folhas para todos com o seguinte título: MEU DESAFIO DA SEMANA.
Este e outros encontros você encontra em:



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A PAIXÃO SEGUNDO SÃO LUCAS

                                Ticiano, "Cristo a caminho do Calvário" - Museu do Prado

Esta artigo, publicado na revista Civiltà Cattolica, é uma verdadeira catequese sobre a Paixão de Cristo. Não deixe de ler até o final!

A PAIXÃO SEGUNDO SÃO LUCAS

Cada Evangelho apresenta a Paixão e a Ressurreição de Jesus de uma maneira específica. Estamos falando do mesmo mistério, mas cada um tem seus próprios acentos literários e teológicos. Nas últimas décadas, tornamo-nos mais sensíveis a esta originalidade característica de cada um dos Evangelhos. Isto significa que, em vez de considerar os evangelistas como meros coletores de tradições, simples executores, os vemos como verdadeiros autores, autênticos teólogos. É claro que os evangelistas estão inseridos em uma comunidade e respeitam as tradições sobre Jesus, conforme lhes vêm da tradição, mas, ao mesmo tempo, são capazes de verdadeira criatividade teológica: uma criatividade que acreditamos ter sido inspirada pelo Espírito Santo, porque o Espírito Santo presente nas comunidades cristãs reconheceu que esses quatro Evangelhos nos falam corretamente sobre a morte e ressurreição de Jesus.

Entre os quatro evangelistas temos São Lucas. O que podemos dizer sobre seu relato da Paixão? Quais são os aspectos originais de Luca? O que o Espírito Santo nos diz sobre Jesus e sua Paixão em particular através de Lucas?

O trabalho de Lucas

Antes de tudo, vale destacar duas coisas: a primeira é que Lucas afirma logo no início do seu Evangelho que o compôs a partir do que outros haviam escrito ou transmitido. Ele diz explicitamente que fez escolhas, reorganizou materiais e, portanto, tentou fazer algo diferente de seus antecessores. Se, como a maioria dos estudiosos bíblicos, acreditamos que Lucas teve acesso ao Evangelho segundo Marcos e que ele tirou cerca de 80% dos dados de lá, será interessante ver como ele os modificou.

Em segundo lugar, Lucas é o único que escreveu uma obra dupla, que inclui tanto o Evangelho quanto os Atos dos Apóstolos. Ele queria, portanto, criar ressonâncias e paralelos entre a trajetória de Jesus e a dos apóstolos; ele queria que suas vidas estivessem explicitamente no mesmo nível.

Há muitas correspondências entre o Evangelho e os Atos: muitas vezes os apóstolos reproduzem os gestos e os ensinamentos de Jesus. Por exemplo, Jesus curou um paralítico: Pedro e Paulo fazem o mesmo. Jesus ressuscitou os mortos: Pedro e Paulo também o fizeram. Jesus ensinou as multidões no templo: Pedro e Paulo fazem o mesmo. Jesus foi impelido pelo Espírito a ir em direção a Jerusalém, mesmo sabendo que o aguardavam provações e até a morte: do mesmo modo, o final dos Atos é marcado pelos anúncios da paixão que Paulo terá que sofrer em Jerusalém. Paulo sobe a Jerusalém avisado pelo Espírito Santo que provações o aguardam. E os exemplos poderiam ser multiplicados.

Tudo isso nos leva a nos perguntar, quando lemos a Paixão segundo Lucas, quais elementos remetem aos Atos e por quê. E o que isso nos diz sobre a Paixão de Jesus em relação a nós, porque os apóstolos não podem ser separados de nós: o que lhes diz respeito, nos diz respeito também.

Compaixão por Jerusalém

Após a longa subida em direção a Jerusalém, iniciada em Lucas 9,51, Jesus finalmente avista a cidade. E então ele chora por isso. É um Jesus humano e emotivo que abre os capítulos da Paixão. Lucas não se resigna à rejeição de Israel, e veremos agora vários sinais disso.

Quando Jesus estava ensinando no templo (veja Lucas 19,47), embora as autoridades de Jerusalém estivessem conspirando para matá-lo, Lucas imediatamente nos diz que "todo o povo ouvia tudo o que ele dizia" (19,48). Um pouco mais adiante, nos ensinamentos dados por Jesus em Jerusalém, Lucas introduz uma observação sobre os escribas: “Enquanto todo o povo escutava, disse Jesus aos seus discípulos...” ( Lc 20,45). E ele conclui o capítulo 21, em que Jesus fala do fim dos tempos, com esta frase: “E todo o povo, de madrugada, ia ter com ele no templo para o ouvir” ( Lc 21,38). Da mesma forma, durante o caminho até a cruz, Lucas nos dirá que “uma grande multidão de povo o seguia, e também de mulheres que batiam no peito e o lamentavam” ( Lc 23,27).

Por que esse fato é importante? Porque muitas vezes na história do cristianismo pareceu que a oferta cristã de perdão excluía os judeus, que foram julgados como um todo como culpados da Paixão. Lucas, por outro lado, não cai nessa armadilha. Esses versículos da Paixão têm um paralelo em Atos, onde a oferta do Evangelho continua a ser feita aos judeus nas sinagogas e até mesmo no Templo. E é ainda mais interessante notar que, na época em que Lucas escreve, o templo não existe mais.

Paulo continua a se dirigir aos judeus: uma mão amiga é estendida aos fariseus e aos líderes dos judeus. Os Atos nos apresentam o grande Gamaliel como um personagem inteligente e espiritual. E também em Roma, Paulo continua seu diálogo com os líderes da sinagoga. Embora esse diálogo seja difícil, e embora muitos não aceitem essa palavra, o fato é que Jesus é o Messias de Israel, o Messias do seu povo, aquele que chorou sobre Jerusalém e que continua sendo, segundo as palavras de Simeão, “luz para revelação aos gentios e para glória do teu povo Israel” ( Lc 2,32).

O serviço no centro da Última Ceia

Depois de retomar elementos de Marcos sobre os preparativos para a refeição da Páscoa, Lucas nos apresenta um discurso de despedida de Jesus. É neste contexto que Jesus nos deixa os gestos e as palavras que conhecemos sobre o pão e o vinho. Este discurso de despedida é mais longo e mais estruturado que o de Marcos. Lucas retoma um gênero literário que se tornou muito popular naquela época e que era chamado de "discurso de despedida". Este é o momento em que o profeta ou herói, antes de morrer, entrega suas últimas instruções, distribui as tarefas, ou seja, comunica seus últimos desejos.

Em Lucas, é impressionante que ele tenha escolhido colocar estes versículos no centro da cena: "Mas não façam isso; antes, o maior entre vocês seja como o mais novo, e o que lidera como aquele que serve. Aliás, quem é maior? Quem está à mesa ou quem serve? Não é aquele que está à mesa? Contudo, eu estou entre vocês como aquele que serve" ( Lc 22,26-27). É claro que a questão do serviço é central.

De fato, São João se colocará em uma perspectiva semelhante quando colocar o lava-pés no centro da Última Ceia. A lição subjacente é clara e ainda nos alcança hoje: para aqueles que tendem a se concentrar na dimensão estritamente ritual ou litúrgica do rito da Eucaristia, Lucas e João dizem que o que conta é o serviço, este é o significado daquele gesto. Se vocês se contentam em vir à Eucaristia sem servir os seus irmãos, vocês estão se enganando e não entendem o que esse gesto realmente significa. Como Lucas e João foram escritos no final do primeiro século, entende-se que a tentação do ritual separado da existência não é um problema novo.

O dom no centro do Evangelho

Mas há ainda outro aspecto a ser destacado na maneira como Lucas relata o último gesto de Jesus: ele insiste fortemente na dimensão do “dom”. Enquanto Marcos usa esse termo apenas uma vez, Lucas diz: "[Jesus] tomou o pão, deu graças, partiu-o e deu -lho, dizendo: 'Isto é o meu corpo, que é dado por vós; fazei isto em memória de mim'" ( Lc 22,19). Não achamos que isso seja uma redundância desnecessária. E gostaríamos de confirmar esta nossa crença referindo-nos a uma pequena passagem dos Atos.

Este é o discurso de despedida de Paulo aos cristãos de Éfeso, a cidade onde ele viveu e onde fundou uma comunidade: os anciãos de Éfeso são para Paulo um pouco como os Doze são para Jesus. O discurso de Paulo é muito tocante e cheio de pathos , e termina de uma forma estranha; Ele diz: “Em tudo vos mostrei que, mediante esta obra, devemos ajudar os fracos, recordando as palavras do Senhor Jesus, que disse: 'Há maior felicidade em dar do que em receber!'” ( Atos 20,35). Nós, cristãos, leitores da obra de Lucas, ficamos surpresos: por que essas palavras de Jesus não estão no Evangelho? Nem no Lucas? Como é que tanta felicidade só pode ser encontrada aqui?

Acreditamos que aqui Lucas está falando diretamente conosco e nos dizendo: "Quer entender o significado de toda a vida de Jesus e, em particular, o significado de sua Paixão? Pois bem, é no dom que você o encontrará." Toda a vida de Jesus está sob o signo da doação. Um presente que talvez vá além da nossa capacidade de compreensão, mas ainda assim é um presente. Jesus não esperou que os discípulos entendessem tudo, mas se entregou sem reservas a eles, a nós e a todos: “por nós e pela multidão”.

Do ponto de vista teológico, não importa se Jesus pronunciou ou não esta bem-aventurança, porque a única coisa certa é que o Espírito Santo quis que estas palavras estivessem na boca de Paulo que faz Jesus falar. É natural que o estudioso do Jesus histórico queira investigar para saber se é provável, ou não, que Jesus as tenha pronunciado durante sua vida pública, mas isso é secundário. Do ponto de vista teológico, porém, é interessante notar que Lucas exerceu sua criatividade teológica ao forjar essa expressão, mesmo que não a tenha herdado da tradição. Neste caso, fica claro que sua comunidade e os primeiros cristãos acreditavam que quem expressava essa bem-aventurança era justamente Jesus ressuscitado. A vida cristã está – assim como a Paixão – sob o signo do dom.

Simão Pedro no centro da oração de Jesus

Depois de ter insistido no dom e depois de ter insistido no serviço, colocando o foco no serviço no centro do discurso (que em Marcos foi colocado em primeiro lugar: ver Mc 10,42-45), Lucas tem uma passagem surpreendente sobre Simão Pedro. Todos sabemos que Jesus previu a negação de Pedro e que também anunciou que esta não seria a última palavra. Mas Lucas abre este tema tão conhecido com um começo surpreendente: “Simão, Simão, eis que Satanás vos reclamou para vos peneirar como trigo; mas eu roguei por ti, para que a tua fé não desfaleça. E tu, uma vez convertido, confirma os teus irmãos” ( Lc 22,31-32). Jesus continua chamando Simão pelo seu nome de nascimento, e não pelo novo nome que lhe deu. Este é um fato que também se encontra nos outros Evangelhos. Por que?

É difícil responder a um fato tão estranho: a hipótese menos improvável nos parece ser a de que o nome Cefas (Pedra), que corresponde à sua missão — a de ser uma rocha —, por definição é válido apenas em referência aos discípulos. Como poderia Pedro ser uma rocha para Jesus, que é a pedra angular, a rocha por excelência? Mas há mais. No momento da confissão em Cesareia, quando Simão Pedro testemunhou pela primeira vez a identidade messiânica de Jesus, Mateus colocou o tema da primazia de Pedro naquele local, na Galileia, ou seja, o fato de Jesus ter confiado a Pedro uma missão única e específica em relação aos outros apóstolos. Uma missão que continua hoje na missão do Papa, sucessor de Pedro.

Lucas, contudo, não diz nada sobre essa missão na confissão relatada em 9,20. Ele escolheu basear a primazia de Pedro na oração de Jesus por ele durante a Paixão. É uma escolha teologicamente muito forte. Satanás tentará todos os apóstolos, mas Jesus diz que orará somente por Pedro! É uma escolha imprudente. Por que? Porque Pedro é a pedra angular. O fato de ele resistir fará com que outros também resistam. E assim, nesta oração especial de Jesus por Simão, Lucas estabelece a futura missão de Pedro: a de confirmar seus irmãos.

“Confirmar” é o grande verbo dos apóstolos nos Atos. Um verbo que já nos orienta para os Atos e para a futura missão de Simão Pedro. A primazia de Pedro não se funda principalmente numa palavra gloriosa proferida num momento de entusiasmo na Galileia, mas na oração de Cristo nos seus últimos dias, quando enfrenta a tentação pensando nos seus discípulos e, em primeiro lugar, em Pedro.

As Quatro Testemunhas

Durante a sua Paixão, Jesus entra gradualmente na solidão: a solidão do justo perseguido, do profeta desprezado, do Filho do Homem humilhado. Mas Lucas não queria que essa solidão fosse total. Surgem figuras que parecem próximas de Jesus e garantem que nossa humanidade esteja presente na humanidade de Jesus enquanto ele caminha em direção à morte.

Em primeiro lugar, Simão de Cirene ( Lc 23,26). É ele quem ajuda Jesus a carregar a sua cruz, cumprindo assim as palavras do Senhor: “Se alguém quer vir após mim, negue-se a si mesmo, tome cada dia a sua cruz, e siga-me” ( Lc 9,23). Claro que Simão não queria segui-lo, mas ele o fez. Ele não se esquivou disso. Ele fez isso no dia em que deveria ser feito, e a experiência mudou sua vida. De fato, ele é um homem cujo nome nos é dado, enquanto Marcos relatará os nomes de seus filhos (ver Mc 15,21), para melhor nos indicar que ele certamente se tornou um cristão.

No final da narrativa da Paixão, temos a bela figura de José de Arimateia, “homem bom e justo” ( Lc 23,50), que é membro do Sinédrio. E isso também nos faz entender que nem todos os membros do Sinédrio eram a favor da morte de Jesus. José também, sem dúvida, se tornou um cristão.

Entre estas duas figuras identificadas, há outras duas que são anônimas: um judeu e um pagão, o bom ladrão ( Lc 23,39-48) e o centurião ( Lc 23,47). Podemos dizer que esta última figura é retomada por Marcos, mas Lucas é o único que nos fala do bom ladrão. Esse diálogo é importante para ele. O teólogo assuncionista Bruno Chenu descreve bem isso, e queremos citá-lo: “O último dos bandidos torna-se o primeiro dos salvos. É das profundezas da miséria humana que brota a fé pura em Jesus, o Salvador. Reconhecimento da culpa, proclamação da inocência do homem de Nazaré, invocação do poder misericordioso de Jesus que pode transcender a morte: estas três palavras são outras tantas invocações que ressoam no coração do homem. Nem sempre é fácil reconhecer e confessar a própria cumplicidade com o mal. E se muitos denunciam com o ladrão a injustiça do julgamento de Jesus, quantos ousam descobrir no Crucifixo os traços de Deus na história? Reunindo toda a pesquisa religiosa da história, a oração do ladrão deve ser inscrita na memória de Deus. A resposta de Jesus responde à pergunta além de todas as expectativas. A salvação não é para amanhã, mas para hoje, e é alcançada no “estar com” Jesus. A fé confiante do ladrão permite que ele acesse imediatamente o paraíso. Segundo as palavras dos Padres da Igreja, ele não se contentou em roubar a terra, mas também roubou o céu. Canonização expressa. Mas o malfeitor mostra a cada um o benefício do verdadeiro arrependimento e da fé esperançosa. A porta da Vida está aberta para sempre" [1] .

As mulheres no túmulo

Mas, há algumas testemunhas que esquecemos: as mulheres. E o testemunho delas é fundamental, porque os encontraremos novamente na manhã de Páscoa. Claro que Lucas não é o único a falar de mulheres, porque Marcos já as havia mencionado ("Estavam ali também algumas mulheres, observando de longe, entre elas Maria Madalena, Maria, mãe de Tiago, o menor, e de José, e Salomé. Quando ele estava na Galileia, estas o seguiram e o serviram...", Mc 15:40-41). Lucas nos diz sobriamente: “Todos os seus conhecidos, inclusive as mulheres que o tinham seguido desde a Galileia, estavam de longe, observando essas coisas” ( Lc 23,49).

Todos sabemos que Lucas é o evangelista que mais lida com mulheres. Ele frequentemente segue um episódio envolvendo uma mulher com outro envolvendo um homem: por exemplo, o episódio da mulher procurando a moeda perdida segue imediatamente o do homem procurando a ovelha perdida. Mas por que neste caso Lucas não relata seus nomes? É para guardá-los para mais tarde? Para a manhã de Páscoa? Quando Lucas escreve: “Eram Maria Madalena, Joana e Maria, mãe de Tiago. “E as outras mulheres que estavam com elas contaram também estas coisas aos apóstolos” ( Lc 24,10). Mas, acima de tudo, há o fato de que Lucas é o único que já nos falou sobre elas desde a Galileia. Pois ele dissera: "Estavam com ele os Doze e algumas mulheres que tinham sido curadas de espíritos malignos e de enfermidades: Maria, chamada Madalena, da qual tinham saído sete demônios; Joana, mulher de Cuza, administrador de Herodes; Susana e muitas outras que os serviam com os seus bens" ( Lc 8,1-3).

As mulheres estão no início e no fim da vida pública de Jesus. Elas se tornam discípulas e, por esse mesmo fato, testemunhas oculares. Assim, Lucas é o único evangelista que apresenta mulheres como testemunhas oculares credíveis de toda a vida de Jesus, da Galileia a Jerusalém. Ele enfatiza o número delas e destaca o fato de que elas seguiram Jesus.

Os olhos da fé

Para Lucas, assim como para Jesus, nada é mais importante que a fé. O evangelista quis destacar, por um lado, a fé de Jesus até o fim e, por outro, a fé das testemunhas. A fé de Jesus se manifesta justamente quando ele está dominado por sentimentos de angústia e abandono. Ele obedece a uma necessidade interna marcada pelo famoso "deve". Mas essa necessidade, essa força imperiosa da vontade do Pai, não nos é apresentada como algo que atinge um homem que abandonou toda vontade e toda liberdade. Pelo contrário, Lucas descreve um Jesus que vive esses eventos de forma muito íntima e que está continuamente envolvido no que está em jogo. Em contraste com as três fórmulas em Marcos que afirmam "o Filho do Homem deve..." (cf. Mc 8,31; 9,31; 10,33), Lucas faz Jesus dizer: "É necessário que se cumpra em mim esta palavra da Escritura " ( Lc 22,37). Percebemos o "eu" de Jesus. É também um Jesus cuja condição pessoal não o impede de se interessar pelos outros e de se compadecer de suas vidas. É assim que ele fala com as mulheres de Jerusalém e concorda em falar com o bom ladrão.

Finalmente — e esta é uma escolha de longo alcance — Lucas coloca estas últimas palavras na boca de Jesus: "Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito" ( Lc 23,46). Esta expressão retoma uma frase que vem de um salmo ( Sl 31,6), acrescentando-lhe a palavra mais importante de toda a vida de Jesus, aquele “Abba-Pai” que resume toda a sua relação com o Pai. Esta palavra expressa o amor do Filho pelo Pai. Jesus foi testado, mas perseverou.

No que se refere às testemunhas, Jean-Noël Aletti [2] põe em evidência um paradoxo que se encontra no cerne da narração lucana da crucifixão: é no momento em que as trevas descem sobre a terra, “porque o sol foi eclipsado” ( Lc 23, 45), que aparece o verbo “ver”. É neste momento que a testemunha privilegiada que é o centurião proclama a justiça e a inocência de Cristo: “Quando o centurião viu o que tinha acontecido, deu glória a Deus, dizendo: ‘Verdadeiramente este homem era justo’” (Lc 23,47). É diante de um condenado na cruz que o centurião "vê" um homem justo. E Lucas continua: “Da mesma forma, toda a multidão que tinha saído para ver este espetáculo, quando viu o que tinha acontecido, saiu batendo no peito. Todos os seus conhecidos, inclusive as mulheres que o tinham seguido desde a Galileia, estavam de longe, observando essas coisas" ( Lc 23,48-49).

Assim, um centurião romano e um pagão, a multidão de pessoas e os próprios amigos de Jesus veem. Apesar da noite, os olhos podem ver. Mas ao mesmo tempo Jesus morreu… Esses olhos que veem além do visível prenunciam os olhos dos discípulos de Emaús e das testemunhas da Páscoa, que verão em plena luz do dia o que deveria ser invisível.

Jesus de Lucas

Ainda haveria muito a dizer sobre outros elementos desta narrativa da Paixão em Lucas. Mas queremos terminar retornando à pessoa de Jesus. Que imagem de Jesus Lucas nos oferece? Ou seja, que imagem de Jesus o Espírito Santo, o Espírito de Jesus ressuscitado, quis nos transmitir através deste Evangelho?

Parece-nos que a principal contribuição de Lucas é fazer-nos tocar com as mãos – por assim dizer – a humanidade de Cristo, o fato de que a sua carne é semelhante à nossa, de que o seu coração é semelhante ao nosso. Como? Jesus é um homem de desejo. Ele diz: “Desejei ansiosamente comer convosco esta Páscoa, antes que eu sofra” ( Lc 22,15). E há também aquela passagem tão forte e enigmática em que Jesus luta como se fosse um lutador na arena: “Então lhe apareceu um anjo do céu, que o fortalecia. E, tendo-se tornado cada vez mais difícil, orava mais intensamente, e o seu suor tornou-se como grandes gotas de sangue, caindo até ao chão" ( Lc 22,43-44). No momento em que Jesus mais se assemelha a nós, coberto de grandes gotas de suor, o Senhor o consola. Mas chama a atenção a ordem dos versículos, que todos gostariam de inverter: que Jesus primeiro experimenta a sua angústia para depois ser consolado. E, em vez disso, temos o oposto: ele é consolado, mas isso não o impede de cair em agonia. Não há incompatibilidade entre a graça de Deus e a angústia, entre o apoio de Deus e o sentimento de fraqueza.

Esta passagem é de grande conforto para todos os discípulos em sua provação: Cristo não está longe deles em sua luta, e nem está longe o Pai, que envia seu anjo. Em certo sentido, Jesus está sozinho, e em seu julgamento não há ninguém para defendê-lo. Por outro lado, ele não está sozinho, pois alguns "amigos" e "mulheres" continuam próximos dele. Como em São João: quando Jesus é preso, um discípulo anônimo corta a orelha de um servo do sumo sacerdote (cf. Jo 18, 10); mas, ao contrário de João, aqui Lucas nos diz: “Mas Jesus interveio, dizendo: Deixa disso! Já chega!”. E, tocando-lhe a orelha, o curou" (Lc 22,51). Jesus continua sendo essa pessoa apaixonada por curar e cuidar do homem. Mesmo quando todos os esforços deveriam ser direcionados a si mesmo.

Acima de tudo, entre as três palavras na cruz, Lucas faz Jesus dizer: “Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem” ( Lc 23,34). Notemos também esta humildade de Cristo: de fato, não é Ele quem perdoa, Ele não diz “eu”. Jesus permanece voltado para o Pai: intercede sem tomar o lugar do Pai; ele não fez isso e nunca fará. Assim, as três palavras pronunciadas na cruz são todas dirigidas a Deus, seu Pai: duas o nomeiam expressamente, a terceira fala do paraíso, que nada mais é do que o seio do Pai.

Assim, o relato da Paixão escrito por Lucas é extremamente fiel aos dados da tradição, especialmente aqueles herdados do Evangelho segundo Marcos. Mas, ao mesmo tempo, Lucas usa todos os recursos à sua disposição para refinar seu retrato de Jesus, um retrato consistente com o que foi manifestado no momento original na sinagoga de Nazaré. Jesus continua sendo aquele homem de quem Pedro falará em breve para resumir mais uma vez toda a sua vida em uma fórmula: "Jesus de Nazaré, que andou por toda parte fazendo o bem [...], porque Deus estava com ele" ( Atos 10,38).

Cada Evangelho é um tesouro, e cada um nos apresenta uma maneira de olhar para Jesus que enriquece nossa fé. A Paixão segundo Lucas revela um Jesus extremamente humano, compassivo e bom, um Jesus que não está distante e inacessível para nós, mas que está próximo de nós. Um Jesus que é ao mesmo tempo mestre e modelo, irmão e intercessor.

Marc Rastom*

*Correspondente da França para La Civiltà Cattolica . Professor de Exegese Bíblica nas Facultés Loyola de Paris e no Pontifício Instituto Bíblico.

[1] . B. Chenu, « Le malfaiteur exemplaire », em La Croix , 6 de abril de 1996.

[2] . Cfr. J.-N. Aletti, A arte de contar a história de Jesus Cristo , Brescia, Queriniana, 1991.

Copyright © La Civiltà Cattolica 2016.



quarta-feira, 16 de abril de 2025

CATEQUESE E SINODALIDADE - APOSTILA PARA CATEQUESE

 


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segunda-feira, 7 de abril de 2025

FALTAS NOS ENCONTROS DE CATEQUESE: O QUE FAZER?

Imagem: Geo - Gestão escolar

Mais uma vez a questão é: o que fazer com os catequizandos(as) que faltam nos encontros de catequese?

Está mais do que claro que não estamos conseguindo fazer a evangelização acontecer plenamente. E não se trata de "culpa" minha como catequista, ou dos pais, dos padres ou de quem quer que seja. É todo um processo que precisa ser analisado e refletido a luz desta nova "era" que estamos vivendo. Desta nova época onde prevalece o individualismo e falta de pertença social.

Cada vez que uma catequista pergunta sobre a necessidade de "comprovante" de missa ou com quantas faltas se "reprova" na catequese, mais aparente fica o tamanho do nosso despreparo.

Não, não devemos "reprovar", excluir ou negar sacramento a uma criança. Pode ser que hoje ela não entenda do que se trata, esteja ali porque o pai e a mãe acham que deve, sem eles mesmos saberem porque professam a sua fé, mas, fechar a porta da Igreja a família, não é solução. É evidente que precisamos antes, evangelizar os adultos, aqueles que são responsáveis pelas idas e vindas das crianças.

E pensemos nesta questão: Os pais de hoje, foram catequizandos ontem, não foram? Como é que a gente pode jogar a "culpa" sobre os ombros deles? Em que Igreja eles foram iniciados? Não foi nesta mesma onde somos catequistas? Será que a catequese deles não teve os mesmos problemas? Será culpa dos avós e assim por diante?

A catequese católica tem diretrizes universais. Basta ler os diretórios de catequese da Santa Sé adaptados no Diretório Nacional. Em nenhum deles diz que alguém pode "reprovar" na catequese, pelo simples fato de que catequese não é "curso" para adquirir sacramento, nem o sacramento é um diploma. Se existir uma orientação "paroquial" para essa "reprovação", com certeza ela é uma elucubração mirabolante de alguém. Não tem respaldo do papa, com certeza.

Este modelo "obrigatório" de presença na Igreja não funciona para a conversão e o seguimento verdadeiro. Fosse assim não teríamos essa “fuga” em massa da Igreja. O que acontece é que esquecemos que a evangelização é um tripé: anúncio/conversão = catequese = seguimento. Uma coisa não acontece sem ser precedida da outra.

Ao invés de discutirmos o "remédio" para esta dor, deveríamos estar pensando no que causou a doença, para, então, buscar a cura. Por que uma criança que está na catequese falta tanto, e não vai à missa? Não tem alguma coisa mais profunda aí do que a "preguiça" dos pais? Será que a obrigatoriedade e a "reprovação" são mesmo características cristãs? Será que a fé pode ser "ensinada"? A fé é adquirida numa "escola"? Não estamos esquecendo o que Jesus fazia? "Deixai vir a mim as criancinhas...", que traduzindo nada mais é do que Amor, acolhimento, perdão, abraço. E acho que isso combina mais com catequista do que azedume, revolta, exigências, regras, normas...

A criança falta hoje? Mande um whatsapp perguntando o porquê. Vá à casa dela. Converse com a família. Não espere a segunda falta. Não deixe para o final do ano. Você não é um discípulo missionário de Jesus? Vá fazer missão! Se entre todos os compromissos da criança, a Igreja está em último lugar, tente convencer os pais a colocar em primeiro. Torne-se amigo da família e presença na vida do seu catequizando.

Chame os pais para a catequese familiar. Não faça "ameaça", faça convite. Não desista desta família, foi ela que procurou a Igreja primeiramente. Dê uma chance a ela, duas, três... Jesus não veio para os "sãos", veio para os doentes, para aqueles que precisam Dele, seja esse "rosto" de Cristo, imprima esta marca nas suas atitudes.

Se tudo fosse perfeito e todo mundo abraçasse a Igreja desde o nascimento, a Igreja não precisaria de nós. O catequista existe, porque existem pessoas a catequizar.

Ângela Rocha - Catequista e formadora
Graduada em Teologia pela PUCPR.



quinta-feira, 3 de abril de 2025

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A CAMPANHA DA FRATERNIDADE E AS CRÍTICAS NAS REDES SOCIAIS

CAMPANHA DA FRATERNIDADE

As críticas que associam a Campanha da Fraternidade e a Coleta de Domingo de Ramos a ações "comunistas" são, muitas vezes, baseadas em mal-entendidos e desinformação. Vamos entender um pouco melhor essas campanhas e o uso dos recursos arrecadados para ver o que realmente acontece:

A Campanha da Fraternidade e a Coleta de Domingo de Ramos

🔹 Campanha da Fraternidade:

Tradicionalmente realizada durante a Quaresma, é uma iniciativa da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) para sensibilizar os católicos e a sociedade sobre questões sociais, como a justiça, a solidariedade, saúde, educação, o cuidado com os mais necessitados, a ecologia e outras causas. Cada ano, a campanha tem um tema específico, que visa refletir sobre situações de injustiça social, pobreza, desigualdade e direitos humanos.

🔹 Coleta de Domingo de Ramos:

Esta coleta é realizada na celebração de Domingo de Ramos e tem como objetivo arrecadar recursos para ajudar as populações mais necessitadas, principalmente em regiões de difícil acesso e em situações de vulnerabilidade. Os recursos da coleta são destinados a ações sociais e pastorais da Igreja, tanto no Brasil quanto em outras partes do mundo.

O FNS (Fundo Nacional de Solidariedade) e o FDS (Fundo Diocesano de Solidariedade)

Esses dois fundos são responsáveis pelo destino dos recursos arrecadados, e são fundamentais para garantir que as ações solidárias da Igreja cheguem às pessoas que mais precisam.

🔹 FNS (Fundo Nacional de Solidariedade):

  • O que é: O FNS é gerido pela CNBB e recebe os recursos arrecadados pela Campanha da Fraternidade e pela Coleta de Domingo de Ramos. O FNS recebe 40% do valor arrecadado pela coleta.
  • Finalidade: O FNS destina os recursos arrecadados para projetos de solidariedade e assistência social, como a construção de casas populares, alimentação para famílias carentes, apoio a comunidades em situação de risco e ações que promovam a dignidade humana. O fundo também ajuda em situações emergenciais, como desastres naturais.
  • Transparência: O FNS possui uma gestão transparente. A CNBB acompanha os projetos financiados e garante que os recursos sejam aplicados de forma eficaz e correta.
  • Em 2023, a Campanha da Fraternidade arrecadou R$ 6.577.799,88.

🔹 FDS (Fundo Diocesano de Solidariedade):

  • O que é: Cada diocese tem seu próprio fundo, o FDS, que é uma forma de ajudar a implementar as ações de solidariedade local. O FDS recebe 60% do total arrecadado na coleta.
  • Finalidade: O FDS é utilizado para projetos sociais em nível local, como auxílio a famílias em situação de vulnerabilidade, distribuição de alimentos, programas de inclusão social e apoio às comunidades mais pobres. Ele também pode apoiar iniciativas de evangelização e educação.
  • Apoio Local: Esse fundo tem uma grande importância, pois possibilita que a ajuda chegue diretamente às comunidades e áreas mais necessitadas, através da colaboração entre paróquias, dioceses e outras organizações e movimentos sociais.

As críticas à Campanha da Fraternidade e a Coleta do Domingo de Ramos

O uso dos recursos da Campanha da Fraternidade e da Coleta de Domingo de Ramos visa ações sociais concretas, como a promoção da justiça social e a solidariedade cristã. No entanto, algumas críticas, especialmente de setores mais conservadores, tentam associar essas ações a uma agenda "eco-teologia comunista" ou "campanha socialista".

A Campanha da Fraternidade 2025, especialmente, tem sido alvo de críticas de grupos extremistas de direita e de quem considera que a Quaresma deve ser baseada no jejum, oração e esmola. Frases como: “a CNBB quer cuidar de plantas e não de pessoas”, ressoam como a mais clássica desinformação a respeito das mudanças climáticas que assolam o nosso planeta. O arcebispo de Campo Grande (MS), dom Dimas Lara Barbosa, disse que existe um grupo que acha que a Quaresma deveria ser só aquele esquema clássico de jejum, oração e esmola.

🔹 Por que essa associação?

  • Muitas vezes, as críticas são baseadas no fato de que as ações de solidariedade e as políticas de justiça social são confundidas com ideias socialistas ou comunistas, que defendem uma redistribuição de riquezas de maneira mais ampla.
  • O conceito de ajudar os pobres e oprimidos é muitas vezes distorcido, sendo erroneamente interpretado como defesa de regimes autoritários ou anticapitalistas, o que não é o caso da Igreja, que se compromete com a dignidade humana, o respeito à liberdade e a justiça social, dentro dos valores do Evangelho.
  • A Igreja Católica, como instituição, não defende ideologias políticas, mas propõe valores cristãos que buscam solidarizar-se com os pobres e promover a igualdade de oportunidades, sem recorrer a soluções radicais como as do comunismo.

Como Combater as Fake News sobre as Ações da Igreja

🔹 Educação e Transparência:

A melhor maneira de combater essas acusações é com educação e transparência. Explicar de forma clara como funcionam os fundos de solidariedade, como são aplicados e quais os resultados práticos dessas ações ajuda a desmistificar as fake news.

🔹 Testemunhos e Resultados:

Mostrar como as ações concretas ajudam as comunidades é uma forma eficaz de combater a desinformação. Testemunhos de pessoas beneficiadas pelas campanhas podem demonstrar a importância do trabalho social da Igreja.

🔹 Apoio das Lideranças Religiosas:

Líderes religiosos, como padres e bispos, podem esclarecer a motivação cristã por trás dessas ações e destacar que elas não têm qualquer vínculo com ideologias políticas, mas sim com valores cristãos de caridade, fraternidade e justiça.

As ações da Igreja Católica, como a Campanha da Fraternidade e a Coleta de Domingo de Ramos, são voltadas para a solidariedade social e a promoção da justiça e fazem parte da doutrina social da Igreja. No entanto, em um cenário político polarizado, essas iniciativas podem ser erroneamente associadas a ideologias como o socialismo ou comunismo. É importante entender que a Igreja busca atuar na promoção da dignidade humana, cuidando dos mais pobres e necessitados, e que os recursos arrecadados são usados para ações concretas que ajudam as comunidades carentes, com transparência e respeito aos princípios cristãos.

O QUE É FEITO COM OS RECURSOS ARRECADADOS PELA CF

Há informações concretas sobre como os recursos arrecadados pela Campanha da Fraternidade são utilizados, principalmente por meio do Fundo Nacional de Solidariedade (FNS), que recebe as doações da campanha e da Coleta de Domingo de Ramos. A utilização desses fundos é voltada para ações sociais concretas, que beneficiam comunidades em situações de vulnerabilidade e promovem a justiça social. A CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) acompanha e divulga os resultados das iniciativas financiadas, promovendo transparência.

Alguns exemplos de como esses recursos são aplicados:

Projetos de Habitação e Assistência a Famílias em Situação de Rua

A Campanha da Fraternidade tem como um de seus objetivos apoiar projetos que ajudem a garantir moradia digna para famílias em situação de risco e vulnerabilidade. Em algumas regiões, os recursos foram utilizados para a construção de casas populares ou a melhoria das condições de moradia em áreas periféricas ou de favelas.

  • Exemplo: Em algumas dioceses, os recursos ajudaram a construir centros de acolhimento temporário para pessoas em situação de rua, oferecendo refúgio, alimentação, e serviços básicos, além de facilitar o processo de reintegração social.

Apoio a Comunidades Indígenas e Quilombolas

A Igreja no Brasil tem dedicado parte dos recursos da Campanha da Fraternidade para o apoio a comunidades tradicionais, como índios e quilombolas, promovendo a preservação de seus direitos e o fortalecimento das suas culturas.

  • Exemplo: Em algumas regiões da Amazônia, o FNS tem financiado projetos de educação e saúde voltados para as populações indígenas, além de apoiar iniciativas de defesa de seus territórios, que estão sob constante ameaça de desmatamento ilegal e conflitos com grandes empresas.
  • Exemplo: Também foram apoiados projetos que buscam a valorização das culturas quilombolas, com a preservação da memória e da identidade dessas comunidades, além de ações para o desenvolvimento sustentável.

Ações de Educação e Inclusão Social

Em várias partes do Brasil, os fundos da Campanha da Fraternidade são direcionados para projetos educacionais, com foco em garantir acesso à educação básica e profissionalizante, especialmente em comunidades marginalizadas e periféricas.

  • Exemplo: Em algumas cidades, os recursos foram utilizados para criar centros de educação e capacitação profissional para jovens em situação de vulnerabilidade, preparando-os para o mercado de trabalho e proporcionando uma perspectiva de futuro.
  • Exemplo: Ações de alfabetização e qualificação de adultos também foram financiadas, oferecendo novas oportunidades de inserção social.

Apoio a Pessoas com Deficiência e Ações de Inclusão

Os recursos arrecadados pela Campanha da Fraternidade também têm sido usados para promover a inclusão de pessoas com deficiência, com o objetivo de garantir acesso à educação, trabalho, e serviços de saúde adequados.

  • Exemplo: Em algumas dioceses, o FNS foi utilizado para adaptar escolas e instituições de ensino a fim de garantir que pessoas com deficiência tenham acesso às mesmas oportunidades educacionais. Também foram realizados programas de formação profissional para a inclusão no mercado de trabalho.

Assistência e Proteção a Crianças e Adolescentes em Situação de Abuso e Exploração

Outro foco importante da Campanha da Fraternidade são as ações voltadas para proteger crianças e adolescentes em situação de abuso e exploração sexual, assim como aqueles em situação de trabalho infantil.

  • Exemplo: O FNS ajudou a financiar projetos de acolhimento institucional e reintegração familiar para crianças e adolescentes em situação de abuso, com apoio psicológico e jurídico. Também foram realizados programas de sensibilização e educação nas comunidades sobre os direitos das crianças.

Apoio a Ações de Justiça Ambiental e Sustentabilidade

Em consonância com o ensinamento cristão sobre o cuidado com a Criação, parte dos recursos é direcionada a projetos de justiça ambiental, com foco na preservação dos recursos naturais e na sustentabilidade.

  • Exemplo: Na Amazônia, a Igreja tem financiado projetos que buscam proteger o meio ambiente, valorizando e capacitando as comunidades locais a se engajarem em práticas de agricultura sustentável e proteção ambiental.
  • Exemplo: A Igreja também tem apoiado iniciativas de reflorestamento e proteção de áreas de preservação, como reservas florestais e terras indígenas, buscando a recuperação de ecossistemas e o combate ao desmatamento.

Assistência e Reabilitação de Vítimas de Desastres Naturais

Em momentos de desastres naturais, como enchentes, deslizamentos de terra ou secas extremas, os recursos da Campanha da Fraternidade são utilizados para apoiar as vítimas e ajudar na reconstrução de áreas afetadas.

  • Exemplo: Após grandes enchentes em várias regiões do Brasil, o FNS foi destinado à ajuda humanitária e à reconstrução de casas e infraestruturas essenciais, como escolas e centros comunitários.

Transparência e Prestação de Contas

A CNBB e as dioceses que gerenciam os projetos beneficiados pelos recursos da Campanha da Fraternidade têm o compromisso de prestar contas publicamente sobre a utilização dos recursos. Isso garante que os fiéis e a sociedade em geral possam acompanhar como os recursos estão sendo utilizados e qual o impacto das ações financiadas.

Os recursos arrecadados pela Campanha da Fraternidade têm sido amplamente usados para promover justiça social, assistência aos mais necessitados e fortalecer as comunidades vulneráveis em diversas partes do Brasil. Os projetos financiados são bem diversificados, abrangendo áreas como habitação, saúde, educação, proteção social e justiça ambiental. A transparência e a gestão responsável dos recursos são fundamentais para garantir que as ações realmente cheguem a quem mais precisa.

Os recursos são distribuídos conforme os projetos inscritos no FNS ou FDS. Os processos de recebimento, análise, deferimento e acompanhamento de todos os projetos, são de responsabilidade do departamento Social da CNBB, conjuntamente com o Conselho Gestor do FNS-CNBB. Para envio de projetos a Instituição deve estar em conformidade com o Edital do Fundo Nacional de Solidariedade, publicado em fns.cnbb.org.br todos os anos. . Após o envio, os projetos serão analisados pelo Conselho Gestor do FNS- CNBB. A Instituição poderá acompanhar os status do trâmite do projeto no sistema.

A prestação de contas

A prestação de contas da Campanha da Fraternidade (CF), incluindo a arrecadação e distribuição dos recursos, é uma prática importante da Igreja Católica no Brasil, principalmente por meio da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), para garantir a transparência do uso das doações. Embora os detalhes exatos de cada ano possam variar, a CNBB costuma divulgar informações sobre a destinação dos recursos e relatórios anuais das arrecadações realizadas pela Campanha da Fraternidade.

Aqui estão algumas maneiras de acessar essas informações:

1. Relatórios da CNBB

A CNBB publica regularmente os relatórios de prestação de contas das campanhas realizadas, incluindo a Campanha da Fraternidade. Esses relatórios geralmente incluem dados sobre:

  • Total arrecadado durante a campanha (geralmente a partir da Coleta de Domingo de Ramos).
  • Destinação dos recursos (quais projetos e iniciativas sociais receberam financiamento, como foram distribuídos os fundos e o impacto dessas ações).

Esses relatórios podem ser encontrados no site da CNBB ou podem ser solicitados diretamente à Secretaria Geral da CNBB.

2. Site da CNBB

O site oficial da CNBB (https://www.cnbb.org.br/) é uma boa fonte para informações sobre transparência e prestação de contas. Além de relatórios anuais, o site pode ter atualizações e informações sobre os projetos financiados com as arrecadações da Campanha.

3. Documentos Diocesanos e Paroquiais

Em nível local, as dioceses e paróquias também têm a responsabilidade de prestar contas sobre o uso dos recursos arrecadados. Muitas vezes, as dioceses publicam relatórios de como os recursos da Campanha da Fraternidade foram aplicados em suas regiões, destacando projetos sociais que receberam apoio.

4. Relatórios de Projetos Financiados

Os projetos financiados pela Campanha da Fraternidade e pelo Fundo Nacional de Solidariedade (FNS) têm suas próprias prestações de contas, que geralmente são feitas pelas organizações parceiras ou pelas dioceses responsáveis. Algumas dioceses disponibilizam relatórios sobre como o dinheiro foi usado para ações sociais específicas, como:

  • Construção de casas para pessoas em situação de rua.
  • Programas de educação para jovens em risco.
  • Apoio a comunidades vulneráveis, como indígenas e quilombolas.
  • Ações de saúde e assistência social.

5. Relatórios de Transparência e Auditoria

Em alguns casos, a CNBB realiza auditorias externas ou auditorias internas para garantir que os fundos sejam usados de maneira adequada. Essas auditorias podem ser incluídas nos relatórios de prestação de contas.

Exemplo de Acesso:

  • Campanha da Fraternidade 2023: No site da CNBB, você pode encontrar informações sobre a Campanha da Fraternidade 2023, incluindo detalhes sobre a arrecadação e a destinação dos recursos, bem como o impacto das ações sociais financiadas.
  • Relatório 2022: Um exemplo de relatório da Campanha da Fraternidade 2022 está disponível no portal da CNBB, com informações sobre os valores arrecadados, os projetos financiados e os resultados alcançados.

É possível acessar as informações sobre a prestação de contas da Campanha da Fraternidade, incluindo os valores arrecadados e como os recursos foram distribuídos. As informações estão geralmente disponíveis no site da CNBB, e também nas dioceses e paróquias que acompanham os projetos financiados.

FONTES:

https://fns.cnbb.org.br/fundo/informativo/index