Hoje
foi mais uma quarta-feira especial na minha vida. Dia de catequese...
Acordei
hoje já com a expectativa de ir encontrar os meus catequizandos. Parecia
criança que sabia que ia ganhar doce. Planejei e refiz o encontro várias vezes.
Pensei em cada detalhe e em cada coisinha que eu ia fazer. Olhei a lista, li e
reli os nomes. Hum... Apenas sete, pensei. Que diferença do ano passado: eram
trinta e cinco! E lá fui eu, com meu Kit Catequista, com meia hora de
antecedência. Naquela sala pequena só com uma mesa e poucas carteiras surradas,
que em nada parece um lugar de encontro, eu revivi a magia de “ser catequista”.
Nosso
encontro já começou lá fora no pátio, com as crianças perguntando para a
coordenadora quem seria a catequista deles. “É a Ângela, olha ela aqui! ”. E brinquei com eles: “Sou tudo isso aqui! ”. E apertei
solenemente a mão do Rodrigo, que já tem treze anos e merece respeito. E dei as
boas-vindas aos mais quietinhos, sem esquecer nenhum. Já na sala fui tirando
das minhas sacolas o meu “Kit”. Sim, eu tenho um “Kit Catequista” que sempre
carrego comigo: Uma toalha branca, uma vela num castiçal, uma cruz de mesa em madeira,
um vasinho de flores, minha Bíblia.
Quando
pus a toalha de renda branca na mesa eles já foram perguntando: Que é isso, Catequista? Eu querendo
brincar falei:
- Hoje trouxe a toalha do
piquenique, no próximo encontro, trago a comida. Aí perguntei para eles porque a gente
coloca uma toalha sobre a mesa.
-
Pra comer! Responderam.
-
Sim, vamos comer, essa é a nossa mesa do
banquete e aqui está o nosso alimento: a Bíblia!
E
assim já comecei um assunto que nem era aquilo que eu ia falar. O bonito nas
crianças é isso: Elas suscitam ideias na gente que nem em sonhos teríamos por
conta própria! Excelente oportunidade para falar da mesa do pão e da mesa da
palavra.
Num
pequeno círculo fomos nos ajeitando e chegou a última criança. Veio acompanhada
da mãe, que já se prontificou a ajudar no que fosse preciso. Maravilha! Já
conheci uma mãe.
E
lá fomos nós nos apresentar.
-
Sou Ângela, sou catequista e quero que me
chamem de Ângela ou Tia, ou Tia Ângela... Nunca professora, “Prof” ou
Catequista.
Ali
parecia, mas não era escola e, se me chamam de catequista simplesmente, como é
que eu saberia que sou eu que sou chamada, se ali tem mais de quinze
catequistas! Trato feito e uns dez “Professora!”
depois... Combinamos então o que eu queria que não tivesse na nossa catequese:
chiclete na boca, celular ligado, “soneca”, todo mundo falando ao mesmo tempo,
gente falando junto comigo... Queria respeito pelo outro, incluindo aí a vez de
falar.
E
eles? O que queriam que tivesse e não tivesse na catequese? As respostas foram
mais ou menos essas: tem que ter brincadeira, comida; não pode ter dever de
casa e eu não posso ser “brava”. Ah, e
também não pode ter “catequese” porque é muito chato. Ha ha ha... nem
pensar!
Então
fizemos um trato: brincadeira vai ter sempre, no momento certo; comida pode ter
de vez em quando, desde que não seja sempre eu que traga; dever de casa nunca,
afinal não estamos na escola; e, só serei brava quando todo mundo estiver
falando ao mesmo tempo, não estiver me escutando ou dormindo. E catequese
também tem que ter, senão o “chefão” me demite!
E eles me prometeram não ter chiclete, nem celular, pedir licença para
falar, fazer bastante pergunta e me contar quando eu for chata.
-
Mas a gente pode falar, Prof? Digo, Tia?
- Claro! Senão como vou
saber que estou sendo chata!
E
prometemos também sempre falar a verdade. E queria que eles me dissessem, de
verdade, se estavam ali porque queriam ou porque eram obrigados. Cinco estavam
ali porque queriam. Dois porque eram obrigados. A esses dois eu prometi que, se
até o final do ano, eles ainda não gostassem da catequese, eu me “demitiria”.
Mas que eles precisavam estar ali sempre para eu poder fazê-los mudar de ideia.
Não vir ao encontro, simplesmente não valia.
E
então, assinamos nosso “contrato” chupando balas.
Minha
filha Maria Paula, é minha catequizanda esse ano. Na volta para casa ela me
disse: “Nossa, Mãe, que catequista legal
você é! ” E ela já teve duas antes de mim... rsrsrsr. Meu Deus, eu mereço
tanto? Isso não é muito melhor que ganhar um doce?
Ângela
Rocha
Catequista
* Sou catequista, ou melhor, comecei a me envolver com a Catequese na Igreja há cerca de 10 anos. Nos primeiros tempos eu apenas acompanhava a Coordenadora da Catequese, Irmã Francisca, carinhosamente chamada de Ir.Chica, ajudando-a com a organização da catequese, dos encontros, eventos. E ali comecei a aprender... Depois me inseri diretamente "na lida", com uma turminha de 1ª Etapa, em 2006. Ao longo do tempo, fui descrevendo meu encontros de catequese numa espécie de "diário de bordo" e publicando em meu blog. São quase 10 anos de "aventuras" e desafios, alguns até alguém já pode ter lido em "algum lugar", mas vou republicar aqui aos poucos. Espero que gostem!
Ângela Rocha
angprr@gmail.com
Nenhum comentário:
Postar um comentário