A FORÇA DO CRISTÃO É O EVANGELHO
O Papa Francisco na Praça de São Pedro para a
Audiência Geral com cerca de 20 mil pessoas se encontravam ali para ouvir as
suas palavras nesta última audiência geral antes da pausa de verão – as
audiências serão retomadas no próximo mês de agosto.
Na sua catequese, Francisco falou da esperança
cristã como força dos mártires. Partiu do Evangelho de São Mateus em que Jesus
dá a entender aos doze apóstolos que os mandava como ovelhas para o meio dos
lobos. Recomendou-lhes que fossem prudentes como as serpentes e simples como as
pombas. Sereis odiados por causa de mim – disse-lhes - mas quem tiver
perseverado até ao fim será salvo.
Os cristãos amam, mas nem sempre são amados. A
profissão da fé acontece, em grau maior ou menor - num clima de hostilidade. E
Jesus leva os seus discípulos desde o início a ter isto presente – disse o
Papa, que adiantou:
“Os cristãos são, portanto, homens e mulheres
“contracorrente”. E isto, a seu ver, é normal, pois que o mundo está marcado
pelo pecado que se manifesta em várias formas de egoísmos e injustiças. Quem
segue Cristo caminha em direção contrária, fiel à lógica do Reino de Deus que é
a lógica da esperança e se traduz no estilo de vida baseado nas indicações de
Jesus”.
E a primeira indicação é a pobreza, a humildade, o
desapego das riquezas e do poder, mas sobretudo desapego de si próprio. “O
cristão caminha pelas vias deste mundo com o essencial para a caminhada, mas
com o coração repleto de amor. Sem foices, sem grilhões, sem armas: “como
cordeiros no meio de lobos”. “
“Nunca
fazer uso da violência. Para derrotar o mal, não se pode adoptar os
métodos do mal. A única força do cristão é o Evangelho. Em tempos de
dificuldades, é preciso acreditar que Jesus está perante nós, e não cessa de
acompanhar os seus discípulos”
O Papa continuou dizendo que a perseguição não está
em contradição com o Evangelho, pois que se perseguiram Jesus, como podemos esperar
que não o façam também conosco. Mas – recomendou - nunca desesperar, porque
Deus vê e, seguramente protege e resgata.
Os cristãos devem, por isso, estar sempre do lado
oposto de quem pratica injustiças, oprime os outros, age de forma mafiosa, tece
tramas obscuras, faz lucro na pele dos desesperados… Os cristãos não podem ser
“perseguidores, mas perseguidos, não arrogantes, mas simples, não vendedores de
fumo, mas submetidos à verdade, não impostores, mas honestos. “
“Esta fidelidade ao estilo de Jesus” –
que é um estilo de esperança – continuou Francisco - foi designado pelos
primeiros cristãos com o belo nome de “martírio” que significa “testemunho”,
um nome que perfuma de discipulado. Com efeito, os mártires não vivem, nem
aceitam os sofrimentos em nome próprio, mas por fidelidade ao Evangelho.
Mas o martírio – advertiu o Papa – não é o ideal
supremo da vida cristã, pois acima dele está a caridade, como aliás recorda São
Paulo no hino à caridade:
“Mesmo que eu desse em pasto todos os meus bens e
entregasse o meu corpo para me vangloriar, mas não praticasse a caridade, de
não serviria.”
“Repugna
aos cristãos a ideia de que aqueles que provocam atendados suicidas possam ser
chamados “mártires”: não há nada nos seus objetivos que possa ser comparado com
as atitudes dos filhos de Deus.”
O Papa disse ainda que lendo as histórias de tantos
mártires de ontem e de hoje – que são mais numerosos do que os mártires dos
primeiros tempos – ficamos admirados perante a força com que enfrentaram as
provações.
“Esta
força é sinal da grande esperança que os animava: a esperança certa de que nada
e ninguém os podia separar do amor de Deus que nos foi dada em Jesus Cristo.”
E Francisco concluiu pedindo a Deus para nos dar
sempre a força de sermos seus testemunhos e nos permita viver na esperança
cristã, sobretudo no martírio escondido de fazer bem e com amor os nossos
deveres de cada dia.
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