HOMILIA DO 2°
DOMINGO DA PÁSCOA
A Carta de João nos faz um
convite: crer que Jesus nasceu de Deus. A fé é um dom e também uma jornada. Ao
longo da nossa vida, esta graça será aprimorada. Muitas vezes, caímos na noite
escura da fé quando Deus parece estar longe. Mesmo vendo os sinais da vitória
do Senhor, podendo às vezes perceber apenas o sepulcro vazio como o fez Maria
Madalena ao chegar diante dos panos de linho jogados no chão. O desafio da vida
de fé é deixar-se provar, é acreditar diante da aparente derrota, é ter a coragem
de ousar crer de um modo diferente. Não que devamos abraçar novas verdades, mas
crer nas mesmas verdades com o espírito renovado e com nova visão. Nossa
relação com Deus amadurece com o passar dos nossos anos.
Tomé quis ter acesso às
provas. Não ousou acreditar sem colocar os dedos nas chagas. Hoje é tão difícil
falar das realidades que não podem ser vistas nem comprovadas pela razão
científica. Ainda hoje procuramos provas: milagres, fatos extraordinários,
declarações científicas sobre o sudário, entre outras. Nossa relação com Deus
não pode depender de nada disso. A fé um salto no escuro, é uma ousadia que nos
merecer uma bem-aventurança: “Felizes os que acreditam sem terem visto.” (Jo
20, ]29)
Tomé é o símbolo da
comunidade que não viu o Jesus histórico, nem o Cristo ressuscitado. Talvez
houvesse disputas entre aqueles que foram testemunhas da vida de Jesus e
aqueles que entraram na comunidade muito tempo depois. Por isso, há uma grande preocupação
da pregação apostólica em mostrar que o que estava sendo anunciado não era um
fato do passado, mas que o Cristo continuava vivo e realizando sinais (primeira
leitura) e que todos poderiam fazer a mesma experiência dos apóstolos. Assim,
há um significado especial na única bem-aventurança do Evangelho de João que proclama
a felicidade dos que são capazes de ver a presença do Ressuscitado na Palavra
que é proclamada, no Pão e Vinho consagrados, na comunidade reunida.
Tomé não estava com a
comunidade. Isto é significativo, pois só se pode fazer a experiência do
Ressuscitado estando na comunidade. Os Atos dos Apóstolos nos testemunha que a
comunidade cristã, pela obra do Espírito, anunciava, curava, vivia a caridade e
a partilha. A comunidade é mediadora dos sinais da ressurreição. Nela o Senhor
está presente.
O presidente da celebração
convoca: “O Senhor esteja convosco!” A comunidade responde: “Ele está no meio
de nós!” Ele realmente está em nosso meio. Cada um de nós pode fazer a experiência
do primeiro dia da Semana: receber o Espírito e o perdão dos pecados, o shalom do Cristo, pode celebrar e
alimentar a vida com os dons eucarísticos e com a Palavra.
Pe. Roberto Nentwig
Arquidiocese de
Curitiba - PR
FONTE:
NENTWIG, Roberto. O Vosso Reino que também é nosso. Reflexões Homiléticas - Ano B. Curitiba; Editora Arquidiocesana, 2015. pg. 79.
NENTWIG, Roberto. O Vosso Reino que também é nosso. Reflexões Homiléticas - Ano B. Curitiba; Editora Arquidiocesana, 2015. pg. 79.
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