HOMILIA DO 4º DOMINGO
DA PÁSCOA - ANO B
O pastor é uma imagem muito forte
na Bíblia, pois ele resume tudo aquilo que um líder deve ser. Os reis, os
sacerdotes e os profetas (figuras fortes do Antigo Testamento) deveriam se
inspirar nesta figura: cuidar do seu rebanho, não deixar as ovelhas se
extraviarem, curar as feridas, proteger, dar comida, gastar a vida por elas.
Esta é a imagem do Novo Testamento que manifesta o que deve ser o líder. No
Evangelho deste domingo, temos três personagens: o bom pastor, o mercenário e
as ovelhas. Cada um de nós assume uma dessas figuras.
Um padre, um coordenador, um
catequista, um pai ou uma mãe assumem a função de pastor. Todas as lideranças
devem seguir o modelo de pastor que é o Cristo. O segredo é desejar o bem das
ovelhas, pastoreando-as: “Eu sou o bom pastor. O bom pastor da a vida por suas
ovelhas” (Jo 10,11). Santo Agostinho alerta que existem pastores que se
apascentam a si mesmos; Aquele que pastoreia precisa sair de si mesmo, sair do
egoísmo, e procurar sua alegria na felicidade da ovelha.
O mercenário não se preocupa
com as ovelhas, mas consigo mesmo. É preciso estar alerta para verificar se
estamos sendo verdadeiros pastores, ou se nos comportamos como mercenários.
Devemos cuidar para não nos apegarmos às nossas funções, impedindo que outros
tenham o seu espaço e tragam novas ideias. Por vezes, existem os que não querem
sair do comodismo e, por isso, tomam posse dos cargos, até mesmo na igreja, por
muitos e muitos anos. O mercenário é a imagem daquele que se aproveita das
circunstâncias, que usurpa de sua oposição.
O terceiro personagem desta
alegoria é a ovelha. Todos assumimos a função de ovelhas. Por isso, devemos
reconhecer quem é o nosso pastor e escutar a sua voz, deixar-se guiar. Uma
ovelha teimosa ou autossuficiente vai tomar seu próprio caminho, distanciar-se
do rebanho ou irá influenciar de modo negativo as outras ovelhas.
Jesus diz que existem
ovelhas que não são deste redil. Aqui se expressa o caráter missionário da
Igreja, convidada a ser uma Igreja
Samaritana, pois não se limita ao anúncio da Boa Nova apenas às pessoas que
participam de nossas comunidades. Toda a humanidade pode entrar no redil do
Cristo, e mesmo que não entre pelas portas tradicionais (os sacramentos e a
participação na comunidade) também poderão receber nossa dedicação. Não são
alvos da conversão proselitista, mas são caminhos para que os cristãos
testemunhem a alegria de viver a Boa-Nova do Senhor Ressuscitado.
A segunda leitura nos fala
que somos um rebanho de irmãos, filhos do mesmo Pai. Somos um rebanho que,
embora já se alegre com esta graça, peregrina até que se manifeste a grandeza
do que seremos. Então, seremos semelhantes a Ele, ou seja, ressuscitados e
portadores da vida plena. Por enquanto, caminhamos seguindo o Bom Pastor,
encontrando mercenários, decepcionando-nos com as ovelhas, reconhecendo-nos
insuficientes. Muitas vezes tentados a desistir de lutar, mas a esperança da
eternidade nos anima a edificarmos a vida no mundo, sem nos deixarmos abater,
até que vejamos o Senhor tal como Ele é (cf 1Jo 3,2).
Pe. Roberto Nentwig
Arquidiocese de
Curitiba - PR
FONTE:
NENTWIG, Roberto. O Vosso Reino que também é nosso. Reflexões Homiléticas - Ano B. Curitiba; Editora Arquidiocesana, 2015. pg. 79.
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