Leitura Orante de João 20, 19-23 - Pentecostes
Celebramos nesta Leitura Orante o
dom prometido do Espírito Santo.
Vamos compreender o que a palavra diz e depois orar com a palavra ou deixar que
a palavra ore em nós. Pentecostes era uma antiga festa do judaísmo, era a festa
das colheitas e os cristãos dos primeiros tempos adotaram parte do calendário
antigo do judaísmo e inseriram nesta calendarização algumas festas como
próprias do cristianismo. O Pentecostes é uma delas. O texto é João 20, 19-23.
Pacificação interior:
Para melhor entender e absorver a
palavra como “oração” é necessário que nos pacifiquemos. Que deixemos a
distração, os devaneios, as lembranças de compromissos ou de problemas, de
atividades esquecidas que afloram ao nosso pensamento - justamente agora que
estamos orando – que fiquem lá fora. Pacificarmo-nos interiormente. Fechando os
olhos, buscando uma posição que favoreça o nosso recolhimento, vamos nos por
confortáveis, vamos nos entregar a este momento. Lentamente vamos a uma primeira
respiração, façamos o mesmo uma 2ª vez. Parece um exercício banal, ordinário,
de pouca significação, de todos os dias até. Mas, fazendo com lentidão e com concentração,
predispõe-nos à oração. Agora, tente imaginar os seus pulmões a encher-se de
ar, o sangue a circular pelas artérias, pelas veias. Tente imaginar seu cérebro
em intensas atuações de recordação, de ordens ao coração para bater, aos
pulmões para respirar, ele está sempre ativo, mas, agora estará pensando só em
Deus.
♫ Mantra: Vinde Santo Espírito, vinde Santo Espírito,
vinde Santo Espírito... (6X)
Num segundo momento peçamos ao Espírito
Santo que nos ajude a compreender as palavras que vão inspirar nossa oração:
Vinde Espírito Santo....
♫ Mantra: Vinde Santo Espírito, vinde Santo Espírito,
vinde Santo Espírito... (3X)
1º PASSO – LEITURA
Evangelho de Jesus Cristo segundo João:
“Ao anoitecer daquele dia, o primeiro da semana, estando fechadas, por
medo dos judeus,
as portas do lugar onde os discípulos se encontravam, Jesus entrou e pondo-se no meio deles, disse: 'A paz esteja convosco'. Depois destas palavras, mostrou-lhes as mãos e o lado. Então os discípulos se alegraram por verem o Senhor. Novamente, Jesus disse: 'A paz esteja convosco. Como o Pai me enviou, também eu vos envio'. E depois de ter dito isto, soprou sobre eles e disse: 'Recebei o Espírito Santo. A quem perdoardes os pecados, eles lhes serão perdoados; a quem os não perdoardes, eles lhes serão retidos'”.
as portas do lugar onde os discípulos se encontravam, Jesus entrou e pondo-se no meio deles, disse: 'A paz esteja convosco'. Depois destas palavras, mostrou-lhes as mãos e o lado. Então os discípulos se alegraram por verem o Senhor. Novamente, Jesus disse: 'A paz esteja convosco. Como o Pai me enviou, também eu vos envio'. E depois de ter dito isto, soprou sobre eles e disse: 'Recebei o Espírito Santo. A quem perdoardes os pecados, eles lhes serão perdoados; a quem os não perdoardes, eles lhes serão retidos'”.
♫ Mantra: Vinde Santo Espírito, vinde Santo Espírito,
vinde Santo Espírito...
2ª leitura: Silenciosa, cada um com a sua bíblia em mãos, leia
novamente, fixando-se nos trechos mais importantes. Saboreando as palavras... concentrando-se no significado de cada palavra,
de cada frase...
2º PASSO - MEDITANDO
Era o anoitecer do primeiro dia
da semana. De qual semana? A tarde de qual dia?
Alguns versículos antes, Maria
Madalena fora no “primeiro dia da semana”,
até o sepulcro para ungir o corpo do amigo Jesus, pois não fora possível fazer
isso na sexta, chegara o sábado e nada pode ser feito. Ela foi logo cedo no
primeiro dia da semana, a pedra fora removida. Os discípulos foram até lá e viram
que o corpo não estava lá. Qual era mesmo o dia? Era o primeiro dia da semana: Era
o dia da ressurreição!
E estavam fechados numa sala. Talvez
o cenáculo, onde estavam os discípulos, por medo dos judeus. Não é que os
judeus perseguiam e ameaçavam os cristãos. Não, não era isso. “Judeus”, no
evangelho de João, era uma menção àqueles que não quiseram crer. Então o temor
e o medo que eles tinham era de falar de Jesus, o temor de recordar as
promessas da ressurreição. Estavam atemorizados, sem forças e motivação para
testemunhar quem era Ele. E o Mestre tinha morrido, fora uma decepção e estavam
mergulhados em dúvidas e interrogativas. Era esse o medo, não eram as ameaças
vindas de fora, o medo vinha de dentro. Fecharam as portas, mas, era de dentro
deles que vinha o temor.
Pois bem, Jesus veio e pondo-se
no meio deles disse-lhes: “A paz esteja
convosco”. Jesus veio, pôs-se, disse... Três verbos: vir é uma ressonância antecipada daquilo que se espera, daquilo que
os discípulos creram desde o início, que um dia o Senhor virá, voltará. “Pôs-se em meio a eles”: porque este detalhe
espacial no meio? Porque para comunidade encontrar o ressuscitado é preciso a
vida comunitária, a partilha da fé. Só é possível reconhecê-lo e percebê-lo lá
onde a fé é partilhada e a esperança compartilhada, lá o senhor se deixa vir. E o senhor se colocou em meio deles e disse:
“A paz esteja convosco”. “Paz”
era a maneira comum, ordinária de saudar as pessoas.
Nós dizemos “bom dia”, “boa tarde”,
“boa noite”. Naquela época se dizia “Paz”,
Shalom. Precisamos mergulhar no sentido dessas saudações.
Naquela época saudar com um “bom dia”, não era uma saudação fugaz, de momento,
como se fosse uma mera cortesia. Quem dizia um bom dia, comprometia-se a fazer
bom o dia da pessoa que encontrava. O mesmo aqui com “a paz”: o Senhor vem trazer a paz e oferecer a sua vida de
ressuscitado para que eles experimentem a paz. Que não é a tranquilidade, que
não é a ausência de problemas ou divergências, não! Mas, é a segurança e a
convicção de que a vitória do senhor Deus está assegurada pela ressurreição.
Então, por mais que os discípulos se deparem com desafios de toda ordem, o
ressuscitado se faz próximo para que, com sua vitória, os discípulos
experimentem a sua alegria. De fato, eles se alegraram, ficaram cheios de
alegria por vê-lo.
“Como o Pai me enviou eu também vos envio”. Interessante este
versículo: “Como o Pai me enviou eu
também vos envio”. Não é que um
passa para o outro a missão, longe disso! Mas, se o Pai enviou seu filho Jesus para
salvar o mundo, os discípulos são enviados por Ele, pelo Salvador, para que
ofereçam a salvação que ele, Filho, assegurou a humanidade. A missão dos
discípulos se fundamenta na missão do Filho: o Pai envia e o filho leva à
salvação, é Ele, o Salvador, os discípulos têm então essa corresponsabilidade. Não são salvadores, mas levam à vida, à
humanidade, a voz do Salvador.
“E o Senhor soprou sobre eles”. Muito importante para o dia de
Pentecostes é o sopro é a vida, a experiência do homem bíblico era muito
singela: se eu não respiro, se fico sem ar eu morro. Então a vida que ele
soprou sobre eles, os discípulos, é a vida do ressuscitado.
“Mostrou-lhes as mãos e o lado”, não para mostrar feridas ou cicatrizes
da crucificação... o lado aberto pela lança do soldado, não é para mostrar
cicatrizes curadas e feridas abertas, Ele queria que os discípulos entendessem
que só é possível encontrar-se com o ressuscitado, se seguir o caminho da cruz.
Não é possível o encontro com o ressuscitado recusando o caminho e o seguimento
da cruz.
É este o sentido do que
celebramos no Pentecostes. O sopro
do Espírito sobre eles é a vida do ressuscitado que Ele comunica aos discípulos.
E este sopro faz com que os discípulos se tornem ricos e impregnados da vida do
ressuscitado. O sopro sai do mais profundo do corpo. Recorda o Antigo
Testamento, em Gênesis, que o Senhor soprou nas narinas do primeiro homem e ele
se tornou um ser vivente. Também em Ezequiel 37, num campo cheio de ossos
ressequidos, imagem de Israel que experimentara a morte, o profeta deu um sopro
- o sopro do profeta e não de Deus – e fez com que todos aqueles ossos se
tornassem vida, o povo voltou a vida. Agora, aqui, é o sopro de Jesus filho, sobre
os discípulos para que enviados, levem a vida do ressuscitado aonde forem, a
quem encontrarem. Era a promessa do Espírito Santo e onde o ele é levado, o
perdão se torna a experiência mais imediata: a quem perdoardes, haverá perdão. A quem retiverdes, ou seja, a
quem ainda não chegou a crer no Espírito e no Salvador, o perdão chegará quando
a fé for uma experiência objetiva e real.
♫ Mantra: Vinde Santo Espírito, vinde Santo Espírito,
vinde Santo Espírito...
3º PASSO - ORAÇÃO
Vamos dar outro passo: eu também
estou lá, naquela sala... Com meus medos, o mesmo medo dos discípulos de
testemunhar Jesus, não era medo dos judeus os perseguirem, não, era medo de
testemunhar Jesus que ressuscitara e agora perdoa. Estou lá com eles, eu com
meus medos. E Ele me mostra suas mãos, mostra que teve medo, sofreu, suou
sangue mas sustentou-se, está a me olhar e me mostrar as mãos, o lado... Eis
que meu Espírito lhes é dado... Posso sentir seu sopro em mim, me dizendo: vai,
leve a paz, leve o perdão...
E eu qual é a minha palavra, qual
a minha resposta?
Oremos juntos: Senhor Jesus, trouxeste-me a paz, mostraste-me suas
marcas, mas, conheces meus medos e vergonhas. Até parece que não falo de ti
para não parecer beata, carola, como se isso fosse me empobrecer. Senhor tenho
medo, sopra sobre mim teu Espírito para que eu me alegre em pronunciar o Teu
nome, em apresentar a Tua vitória e levar-te àqueles a quem eu encontrar e deixa-me
ajudar-te a perdoar pois precisam da tua paz.
♫ Mantra: Vinde Santo Espírito, vinde Santo Espírito,
vinde Santo Espírito...
4º PASSO – CONTEMPLAÇÃO
Fechando os olhos vamos imaginar
as cenas que o texto nos propõe.
Uma tarde, o sol que se põe,
alguma nuvem com o brilho dos últimos raios de sol, um céu avermelhado, os
discípulos reunidos. Estão fechados numa casa, temem, duvidam, debatem,
lamentam-se e tudo parece ter se perdido. Uma semana antes o senhor era
vitorioso, triunfal, fora recebido na casa de Lázaro, aquele que Ele fizera
sair do túmulo.... Sim, mas agora, fora o senhor ao túmulo e a sensação era de
derrota, lá estão eles a falar, gesticular, olham pela janela, irritam-se
alguns talvez.
E o senhor se faz vier. Ninguém sabe
por onde entrou, pela porta, pela janela? Estes limites o Senhor não tem mais. E
se põe no meio deles, olha, saúda.... Tente imaginar a euforia daqueles que o
veem.... É verdade ou é um sonho? Ou é a mente desvairada deles ou alucinações
febris. O senhor lhes mostra a mão, lá estão marcas dos pregos, mostra o lado, lá
está o sinal da lança, mas, está vivo e lhes fala. Tente imaginar a atenção
daqueles, os olhos arregalados.
“E a paz esteja convosco”. Ouça esta frase com eles. Tente ouvir isso... O senhor está dizendo a
você e a eles, repete a mesma frase: “A paz...”. Agora ele se aproxima de
Pedro, um sopro suave, João, outro sopro... imagine João, Tiago, André, Felipe...
eles todos. O senhor sopra sobre um por um e em cada um deles. Receba o Espírito
Santo, aquele sopro é como se o mundo fora recriado. Outrora Deus soprara em Adão e se ele se tornara um ser vivo. Agora aqueles... recebei o Espírito Santo
e a quem perdoardes, haverá perdão. Aqueles
onze, pois Judas não está lá, entreolham-se... Perdão... a quem perdoares, haverá perdão. Sim, perdão! Ainda não conseguem
crer, vivem a perplexidade. Será que é Ele? Novamente: a quem perdoardes... Eles
olham para o senhor maravilhados, por tê-lo encontrado e entreolham-se pela magnitude
da missão que lhes foi incumbida. Pelo Espírito Santo, este foi um sopro de
vida recebido do ressuscitado para levar o perdão. É o mesmo sopro que sinto em
meu rosto agora: O sopro do Espírito que me faz discípulo também.
♫ Mantra: Vinde Santo Espírito, vinde Santo Espírito,
vinde Santo Espírito...
* Inspirada na Leitura Orante
feita por D. Antônio Peruzzo, Arcebispo de Curitiba – Em 04 junho de 2017.
Este e outros roteiros, encontram-se em nossa apostila: "Roteiros de Leitura Orante para a Catequese": Discípulos de Emaus, Samaritana no poço, Atos dos Apóstolos, Jesus: caminho, verdade e vida...
CAIXA ECONÔMICA - AG. 3635
CTA POUPANÇA: 013.00000230-8
PAULO ROBERTO ROCHA - CPF 598.914.759-72
É só depositar e me avisar pelo e-mail angprr@gmail.com!
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