Por
que a Igreja Católica não "conquista" como algumas igrejas
evangélicas?
Esta
é uma pergunta que a gente sempre se faz. Aí eu me lembrei lá das minhas velhas
"lições" de "pedagogia", que aprendi ao longo da minha vida
de catequista. No quanto precisamos IMITAR e aprender com Jesus em sua
pedagogia.
Entre
tantas outras coisas, Jesus era uma pessoa COMPROMETIDA. Partia da vida
concreta das pessoas; entrava pela porta das preocupações, sabia aquilo que
estava tocando o coração das pessoas (Lc 24,18-24). Jesus partia das
experiências, das necessidades, temores, lutas e aspirações das pessoas. Ele
falava do Reino de Deus depois de ter escutado as pessoas. Seus ensinamentos
partiam de imagens simples e populares, como a luz, o sal, o grão de mostarda,
as ovelhas, as aves e os lírios do campo. Hoje podemos dizer que estas imagens
foram substituídas por coisas como aluguel vencido, contas para pagar, luta diária
pelo emprego, etc e tal.
E,
na catequese - que é onde agimos em nome de Jesus - os anseios, as dificuldades,
as alegrias e tristezas, as angústias e esperanças, os sonhos e os fracassos
dos nossos catequizandos são pontos de partida. O catequista verdadeiro, sabe
respeitar o ritmo de cada um para chegar à fé. Não se arrisca a começar a falar
da fé antes de conhecer o que toma conta do coração deles. Conhece suas
famílias, suas vivências, suas expectativas. Não é escravo do tempo (ou da
falta dele), não se deixa guiar pelas limitações de espaço ou de organização -
ou falta dela. Vive e prega numa COMUNIDADE. E só a partir dessa
conscientização que faremos verdadeiramente nosso papel como catequistas.
O
que quero dizer com tudo isso?
Que
precisamos deixar de focar nossos esforços na simples
"sacramentalização", no ato findo de receber o sacramento. E quando e
onde, se deve, se não deve, com que roupa, com que vela. Questões tão pequenas
perto do tamanho da FÉ que temos a missão de aprofundar.
Muitos
catequistas ainda "pensam" a catequese como meio de “chegar lá” no
sacramento. Então, o objetivo da catequese deixa de ser INICIAÇÃO para ser um
simples curso de formação em doutrina.
Sim,
o sacramento é importante. E como é! É graça, é sinal sagrado da presença de
Deus em nossas vidas. Mas, quando começamos a pensar se este ou aquele
"merece" ou não, estamos indo na contramão da Iniciação cristã, dando
mais importância a um gesto que muitas vezes acontece só naquele momento,
prescindindo de uma coisa muito maior: o SEGUIMENTO a Ele. O sacramento é a
"água" que se bebe ao longo do caminho, não é o fim dele. O
sacramento é "parte" e não ponto de chegada.
Compreender
o "gesto" é muito maior do que ele simplesmente. Que o digam as
pessoas impedidas de fazê-lo (por algum impedimento da Igreja), que comungam
apenas espiritualmente e que em todas as confissões sentem o peso de seus
erros.
Não
vamos nos iludir achando que todas as crianças que recebem a comunhão conseguem
compreender o tamanho e a importância deste gesto. Muitas estão ali para
"pertencer" somente, e não à Igreja, como Corpo de Cristo e sim a uma
comunidade no sentido social. E falamos tanto na ação do Espírito Santo... Por
que então não damos mais "crédito" a Ele? Ele age, age onde as
pessoas deixam que ele o faça.
A
preocupação se o catequizando está ou não preparado para "beber a água do
caminho", começa no ato da inscrição dele na catequese, na conversa com os
pais neste momento, na visita que se faz à família; nas conversas com ele desde
o primeiro encontro, no convite sempre "novo" de se participar das
celebrações, das festas, dos encontros de pais.
O
que lembra outra característica pedagógica de Jesus: Ele era uma pessoa
ATENCIOSA e RESPEITOSA aos outros e suas carências, valorizava o melhor de cada
pessoa, em seus encontros e diálogos, mostrando-se atento a quem estava com
ele. Lembram dos discípulos de Emaús? (Lc 24,17). Jesus não intimida, faz uma
pergunta natural, familiar, coloca-se ao lado e inspira confiança. Não exerce
nenhum tipo de imposição. A pergunta de Jesus deixa os discípulos surpresos e
os motiva a falar do que estão experimentando naquele momento. E a partir dali
ele fala, fala a ponto de deixar nossos corações ardentes de vontade de ouvir e
ouvir, ouvir sempre. E quando parece que já não cabe mais em nós tanta coisa, aí
sim! Saciamos a nossa fome do pão vivo e saímos a espalhar a boa nova.
Não
será isso que está faltando em nossa catequese? Um pouco da pedagogia desse
gesto?
Especialista
em Catequética
Graduanda
em teologia
Administradora
do Catequistas em Formação
Junho de 2017.
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