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quarta-feira, 8 de abril de 2020

VIVENDO A SEMANA SANTA: OFÍCIO DE TREVAS


Ofício de Trevas, por mais que o nome evoque coisas obscuras, é uma das orações mais belas da Semana Santa. Em alguns lugares ele é celebrado na Segunda Feira Santa, mas o dia mais correto para esta celebração é entre a noite de Quarta-Feira até antes do amanhecer da Quinta, marcando o início do Tríduo Pascal. Ao longo dos séculos houve muitas formas musicadas, inclusive não apenas na forma gregoriana, mas também na forma de música clássica. Durante muito tempo este rito permaneceu guardado pela igreja em celebrações mais restritas, mas, atualmente vem sendo retomado em diversas paróquias e dioceses do Brasil.
O Ofício de trevas mostra, de forma bastante clara, a figura do servo Sofredor e, junto dEle, nos colocamos rezando e meditando sobre os Sofrimentos de Sua Paixão e Morte na Cruz. 

O nome da cerimônia é Ofício "de Trevas" e não "das Trevas" (matutina tenebrarum), como se pensa. É uma liturgia Cristã relacionada à Paixão de Cristo, que existe desde o século XIII, e uma das cerimônias mais místicas da Semana Santa, nas noites de quarta, quinta e sexta-feira. Consiste nos Ofícios de Matinas (nove Salmos, nove leituras) e Laudes (cinco Salmos, o Benedictus, uma antífona, Salmo 50 e uma Coleta) do Breviário.

O nome deriva-se de três situações de trevas:

1 – As trevas naturais de meia-noite ao anoitecer, ou seja, as horas destinadas à recitação do ofício, lembrando as palavras de Cristo preso nas trevas da noite: “Haec est hora vestra et potestas tenebrarum” (Esta é a vossa hora e do poder das trevas.) (Lc 22, 53).

2 – As trevas litúrgicas, quando durante as cerimônias da paixão apagam-se todas as luzes na igreja, exceto uma.

3 – As trevas simbólicas da paixão de Cristo.

Como este ofício é cantado ao cair da noite, o auxílio das luzes de velas torna-se indispensável. No coro é colocado um candelabro de quinze velas (Tenebrário). Uma delas é de cor branca e todas as outras são feitas de cera amarela e comum, como sinal de luto e pesar. No final de cada um dos Salmos que vão sendo cantados, o cerimoniário apaga uma das velas. Ao mesmo tempo, as luzes da igreja vão sendo apagadas também.


As velas que vão se apagando representam os discípulos, que pouco a pouco abandonaram Nosso Senhor Jesus Cristo durante a Paixão.

A vela branca escondida atrás do altar e, mais tarde, outra vez visível, significa Nosso Senhor que, por breve tempo, se retira do meio dos homens e baixa ao túmulo, para reaparecer, pouco depois, fulgurante de luz e de glória.

No fim, apagam-se as luzes para simbolizar o luto da Igreja e a escuridão que baixou sobre a terra quando Nosso Senhor morreu, enquanto o coro canta a antífona Christus factus est (Cristo Se fez obediente até a morte) e então o Salmo 50, o Miserere.

A razão histórica do rito de apagar pouco a pouco as velas do tenebrario provavelmente é uma lembrança. Semelhantemente se apagava uma vela depois de cada salmo, para constar quantos foram recitados. Este rito remonta, portanto, ao tempo em que ainda não havia ofícios metodicamente organizados ou quando havia, conforme a estação do ano, mudança no número de salmos. Ao término do ofício, o oficiante e os que o seguem, fecham o livro com estrépito.

Ao final do ofício, todos os fiéis batem os pés no chão ou seus livros no banco. O ruído no fim do ofício de trevas significa o terremoto e a perturbação dos inimigos e recordam a desordem que sucedeu na natureza, com a morte de Nosso Senhor. Por isso é comum que os participantes batam os pés ou nos bancos, fazendo um barulho ensurdecedor.

Se você nunca participou do Ofício de Trevas, informe-se na sua paróquia ou diocese onde a celebração acontece, e quando tiver oportunidade, vá participar e rezar, é um dos momentos mais lindos e profundos da Semana Santa.

Oficio das Trevas Catedral Frederico Westplan
Por Emílio Portugal Coutinho

 Fontes:
- Arautos do Evangelho
- Dominus Vosbicum.
- Fotos: Diocese de Frederico Westphalen) 

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