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segunda-feira, 22 de junho de 2020

QUAL É O "JEITO" DE SE FAZER CATEQUESE?



Os métodos na catequese

“Não se trata tanto de um método (Interação fé e vida), quanto de um princípio metodológico, que perpassa todo conteúdo da catequese.”

Por que precisamos deste ou daquele método na catequese? Encontramos esta resposta no item 152 do DNC, onde a catequese é descrita como um processo educativo e faz-se referência aos métodos a serem seguidos.

Um bom Itinerário sempre indica os métodos a seguir. O itinerário catequético é o “mapa do caminho”, e este deve conter as instruções da caminhada, a direção a seguir e o como caminhar. Logo, é necessária uma metodologia, mostrar um “jeito” de fazer e de abordar conteúdos e ensinamentos.

O método da catequese é fundamentalmente o caminho do seguimento* de Jesus. A Catequese Renovada coloca como base e referência para a pedagogia da fé o princípio metodológico da Interação Fé e Vida.

* Citações dos Evangelhos:

“Se alguém me quer seguir, renuncie-se a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me”. (Mc 8, 34).

“Se alguém quiser vir comigo, renuncie-se a si mesmo, tome sua cruz e siga-me.” (Mt 16,24).

Se alguém quer vir após mim, renegue-se a si mesmo, tome cada dia a sua cruz e siga-me. (Lc 9,23).

“Eu sou o caminho, a verdade e a vida; ninguém vem ao Pai senão por mim.” (Jo 14,6).

O princípio metodológico da Interação Fé e Vida, assim é descrito:

“Na catequese realiza-se uma interação (= um relacionamento mútuo e eficaz) entre a experiência de vida e a formulação da fé; entre a vivência atual e o dado da Tradição. De um lado, a experiência da vida levanta perguntas; de outro, a formulação da fé é busca e explicitação das respostas a essas perguntas. De um lado, a fé propõe a mensagem de Deus e convida a uma comunhão com Ele; de outro, a experiência humana é questionada e estimulada a abrir-se para esse horizonte mais amplo. Essa confrontação entre a formulação da fé e as experiências de vida possibilita uma formação cristã mais consciente, coerente e generosa. Não se trata tanto de um método, quanto de um princípio metodológico, que perpassa todo conteúdo da catequese. O uso de um bom método garante a fidelidade ao conteúdo. (DNC 152)

Assim, já não se faz mais catequese como se fazia antes, com planos de “aula” bem traçados ao método escolar. Agora é preciso “transformar” e de maneira “evangélica” as atividades catequéticas. A vida e a experiência do catequizando, a sua intimidade com Deus, acrescenta-se ao seu aprendizado das Sagradas Escrituras, a sua vivência litúrgica e orante.

O método ver- iluminar-agir-celebrar-rever  (DNC 115 a 162)

O método “ver, Julgar, Agir”, por experiência e tradição pastoral latino americana, tem trazido segurança e eficácia na educação da fé, respondendo às necessidades e aos desafios vividos pelo nosso povo.

O método foi criado pelo cardeal Joseph Cardijn, fundador do movimento da Juventude Operária Cristã. O Papa João XXII reconheceu formalmente o método ver-julgar-agir em sua encíclica Mater et Magistra publicada no dia 15 de maio de 1961. Mas, aqui no Brasil e na América latina ele ganhou corpo depois da Conferência de Medellin em 1968.

Entre nós o termo “julgar” está sendo substituído por ILUMINAR. Nesse processo do ver-iluminar-agir, acrescentaram-se o CELEBRAR e o REVER. Não são passos estanques nem sequência de operações, mas, trata-se de um processo dinâmico na educação da fé.

VER (158) - É um olhar crítico e concreto a partir da realidade da pessoa, dos acontecimentos e dos fatos da Vida. A catequese motiva os catequizandos a conhecer e analisar criticamente a realidade social em que vivem, com seus condicionamentos econômicos, sócio-culturais, políticos e religiosos...

É necessário que o próprio catequista tenha formação contínua, para que se habitue a fazer análise de conjuntura e sensibilizar-se com seus problemas de realidade, descobrindo os sinais dos tempos. O ver cristão já traz em si a iluminação da fé.

ILUMINAR (julgar) (159) - É o momento de escutar a Palavra de Deus. Implica a reflexão e o estudo que iluminam a realidade, questionando-a pessoal e comunitariamente. Para acolher a realidade, como cristãos, é necessária a conversão contínua na busca da vontade do Pai. Com cobertura à presença do Espírito Santo, na escuta orante da Palavra de Deus, com atitude contemplativa e fidelidade á mesma Palavra, à Tradição e ao magistério, o catequista cresce na capacidade de questionar a realidade.

AGIR (160) - É o momento de tomar decisões, orientando vida na direção das exigências do Projeto de Deus. É o tempo de vivenciar e assumir conscientemente o compromisso e dar as necessárias respostas para a renovação da Igreja e a transformação da realidade. Isto exige de catequistas e catequizandos confiança em Deus, coerência entre a Fé e vida e a fortaleza para acolher as mudanças que são necessárias na caminhada da sociedade e na sua vida pessoal, com suas profundas exigências éticas e morais.
O agir é compromisso de viver como irmãos, promover integralmente as pessoas e as comunidades, servir aos mais necessitados, lutar por justiça e paz, denunciar profeticamente e transformar evangelicamente as estruturas e as situações desumanas, buscando o bem comum.
O compromisso do agir aparece hoje muito enriquecido com os princípios e critérios expostos no COMPÊNDIO DA DOUTRINA SOCIAL DA IGREJA (2005) que fundamenta e aplica nas realidades sociais uma ética e moral cristã.

CELEBRAR (161) - É momento privilegiado para a experiência da graça divina. É o feliz encontro com Deus na oração e no louvor, que anima e impulsiona o processo catequético. Supera a oração puramente rotineira. Esta dimensão orante e celebrativa deve caracterizar a catequese, para que ela não caia na tentação de ser feita de encontros só de estudo e compreensão intelectual da mensagem evangélica. A celebração também educa a pessoa o grupo para a oração e contemplação, para o dialogo filial e amoroso, pessoal e comunitário com o Pai. A dimensão catecumenal da Catequese tem aqui sua maior expressão.

REVER (162) - É o momento para sintetizar a caminhada catequética, valorizar os catequistas e os catequizandos, aprofundar as etapas do planejamento proposto, revendo os conteúdos e os compromissos assumidos.

O rever é o ver de novo a caminhada da Catequese; é tomar consciência, hoje, de como agimos ontem para melhor agir amanhã. Faz surgir novos questionamentos para ajudar a tomar as decisões e determinar o grau de eficácia e de eficiência, favorecendo uma contínua realimentação.

O rever é uma construção do Reino. Para rever com eficiência a sua ação, os catequistas devem ter um conhecimento básico dos princípios de planejamento participativo e a atitude firme de levar em conta as avaliações feitas, mudando o que deve ser mudado, libertando-se de rotinas paralisantes, confirmando a caminhada feita sob o impulso do Espírito Santo.

Além desses métodos, a catequese conta ainda com a contribuição de ciências em sua prática: pedagogia, filosofia, psicologia, ciências sociais, comunicação, etc.

FONTE:

CNBB. Diretório Nacional de Catequese – DNC, DOCUMENTO 84. Itens 152 a 162. Brasília: Edições CNBB, 2006.

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