Os métodos na catequese
“Não se trata tanto de um método
(Interação fé e vida), quanto de um princípio metodológico, que perpassa todo
conteúdo da catequese.”
Por que precisamos deste ou daquele método na
catequese? Encontramos esta resposta no item 152 do DNC, onde a catequese é descrita como um processo educativo
e faz-se referência aos métodos a serem seguidos.
Um bom Itinerário sempre indica os métodos a
seguir. O itinerário catequético é o “mapa do caminho”, e este deve conter as
instruções da caminhada, a direção a seguir e o como caminhar. Logo, é
necessária uma metodologia, mostrar um “jeito” de fazer e de abordar conteúdos
e ensinamentos.
O método da catequese é fundamentalmente o
caminho do seguimento* de Jesus. A Catequese Renovada coloca como base e
referência para a pedagogia da fé o princípio metodológico da Interação Fé e Vida.
* Citações dos Evangelhos:
“Se
alguém me quer seguir, renuncie-se a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me”. (Mc
8, 34).
“Se
alguém quiser vir comigo, renuncie-se a si mesmo, tome sua cruz e siga-me.” (Mt
16,24).
Se alguém
quer vir após mim, renegue-se a si mesmo, tome cada dia a sua cruz e siga-me.
(Lc 9,23).
“Eu sou o
caminho, a verdade e a vida; ninguém vem ao Pai senão por mim.” (Jo 14,6).
O princípio metodológico da Interação Fé e Vida, assim é descrito:
“Na catequese realiza-se uma interação (= um
relacionamento mútuo e eficaz) entre a experiência de vida e a formulação da
fé; entre a vivência atual e o dado da Tradição. De um lado, a experiência da
vida levanta perguntas; de outro, a formulação da fé é busca e explicitação das
respostas a essas perguntas. De um lado, a fé propõe a mensagem de Deus e
convida a uma comunhão com Ele; de outro, a experiência humana é questionada e
estimulada a abrir-se para esse horizonte mais amplo. Essa confrontação entre a
formulação da fé e as experiências de vida possibilita uma formação cristã mais
consciente, coerente e generosa. Não se trata tanto de um método, quanto de um
princípio metodológico, que perpassa todo conteúdo da catequese. O uso de um
bom método garante a fidelidade ao conteúdo. (DNC 152)
Assim, já não se faz mais catequese como se
fazia antes, com planos de “aula” bem traçados ao método escolar. Agora é
preciso “transformar” e de maneira “evangélica” as atividades catequéticas. A
vida e a experiência do catequizando, a sua intimidade com Deus, acrescenta-se
ao seu aprendizado das Sagradas Escrituras, a sua vivência litúrgica e orante.
O método ver- iluminar-agir-celebrar-rever
(DNC 115 a 162)
O método “ver, Julgar, Agir”, por
experiência e tradição pastoral latino americana, tem trazido segurança e
eficácia na educação da fé, respondendo às necessidades e aos desafios vividos
pelo nosso povo.
O método foi criado pelo cardeal Joseph
Cardijn, fundador do movimento da Juventude Operária Cristã. O Papa João XXII
reconheceu formalmente o método ver-julgar-agir em sua encíclica Mater et
Magistra publicada no dia 15 de maio de 1961. Mas, aqui no Brasil e na
América latina ele ganhou corpo depois da Conferência de Medellin em 1968.
Entre nós o termo “julgar” está sendo
substituído por ILUMINAR. Nesse
processo do ver-iluminar-agir, acrescentaram-se o CELEBRAR
e o REVER. Não são passos estanques
nem sequência de operações, mas, trata-se de um processo dinâmico na educação
da fé.
VER (158) - É um olhar crítico e concreto a partir da realidade da
pessoa, dos acontecimentos e dos fatos da Vida. A catequese motiva os
catequizandos a conhecer e analisar criticamente a realidade social em que
vivem, com seus condicionamentos econômicos, sócio-culturais, políticos e
religiosos...
É necessário que o próprio catequista tenha
formação contínua, para que se habitue a fazer análise de conjuntura e sensibilizar-se
com seus problemas de realidade, descobrindo os sinais dos tempos. O ver
cristão já traz em si a iluminação da fé.
ILUMINAR (julgar) (159) - É o momento de escutar a Palavra de Deus.
Implica a reflexão e o estudo que iluminam a realidade, questionando-a pessoal
e comunitariamente. Para acolher a realidade, como cristãos, é necessária a
conversão contínua na busca da vontade do Pai. Com cobertura à presença do
Espírito Santo, na escuta orante da Palavra de Deus, com atitude contemplativa
e fidelidade á mesma Palavra, à Tradição e ao magistério, o catequista cresce
na capacidade de questionar a realidade.
AGIR (160) - É o momento de tomar decisões, orientando vida na
direção das exigências do Projeto de Deus. É o tempo de vivenciar e assumir conscientemente
o compromisso e dar as necessárias respostas para a renovação da Igreja e a
transformação da realidade. Isto exige de catequistas e catequizandos confiança
em Deus, coerência entre a Fé e vida e a fortaleza para acolher as mudanças que
são necessárias na caminhada da sociedade e na sua vida pessoal, com suas
profundas exigências éticas e morais.
O agir é compromisso de viver como irmãos,
promover integralmente as pessoas e as comunidades, servir aos mais
necessitados, lutar por justiça e paz, denunciar profeticamente e transformar
evangelicamente as estruturas e as situações desumanas, buscando o bem comum.
O compromisso do agir aparece hoje muito
enriquecido com os princípios e critérios expostos no COMPÊNDIO DA
DOUTRINA SOCIAL DA IGREJA (2005) que fundamenta e aplica nas realidades sociais
uma ética e moral cristã.
CELEBRAR (161) - É momento privilegiado para a experiência da
graça divina. É o feliz encontro com Deus na oração e no louvor, que anima e
impulsiona o processo catequético. Supera a oração puramente rotineira. Esta
dimensão orante e celebrativa deve caracterizar a catequese, para que ela não
caia na tentação de ser feita de encontros só de estudo e compreensão intelectual
da mensagem evangélica. A celebração também educa a pessoa o grupo para a oração
e contemplação, para o dialogo filial e amoroso, pessoal e comunitário
com o Pai. A dimensão catecumenal da Catequese tem aqui sua maior expressão.
REVER (162) - É o momento para
sintetizar a caminhada catequética, valorizar os catequistas e os
catequizandos, aprofundar as etapas do planejamento proposto, revendo os
conteúdos e os compromissos assumidos.
O rever é o ver de novo a caminhada da
Catequese; é tomar consciência, hoje, de como agimos ontem para melhor agir
amanhã. Faz surgir novos questionamentos para ajudar a tomar as decisões e
determinar o grau de eficácia e de eficiência, favorecendo uma contínua
realimentação.
O rever é uma construção do Reino. Para rever
com eficiência a sua ação, os catequistas devem ter um conhecimento básico dos
princípios de planejamento participativo e a atitude firme de levar em conta as
avaliações feitas, mudando o que deve ser mudado, libertando-se de rotinas
paralisantes, confirmando a caminhada feita sob o impulso do Espírito Santo.
Além desses métodos, a catequese conta ainda
com a contribuição de ciências em sua prática: pedagogia, filosofia,
psicologia, ciências sociais, comunicação, etc.
FONTE:
CNBB. Diretório Nacional de Catequese – DNC,
DOCUMENTO 84. Itens 152 a 162. Brasília: Edições CNBB, 2006.
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