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domingo, 6 de junho de 2021

EVANGELIZAÇÃO EM TEMPOS “REMOTOS”

Imagem: Infoescola - adaptado

Vamos parar para pensar...

Evangelização por meios remotos? Catequese pode ser "online"?

Eis um assunto que tem “incomodado” aos catequistas: a evangelização por meios remotos. Várias pessoas estão me perguntando sobre "catequese online". Em princípio parece a contramão da evangelização, um anúncio sem contato, sem liturgia e sem a comunidade presente. Pelo que se percebe dos conceitos de evangelização e catequese, isso não existe. O que pode até existir, neste tempo de pandemia e isolamento social, é o contato natural, que sempre deve existir, com as famílias e catequizandos, via meios digitais, que pode até ser um "encontro", mas, jamais uma "catequese".

Catequese é vivência e convivência. Nós evangelizamos para que as pessoas façam parte da comunidade, e a catequese não é só "encontro", ela é liturgia, oração, missão, participação, etc. Ela é Iniciação à Vida Cristã. Ela precisa da Igreja, da Comunidade. Onde os fiéis se alimentam da Comunhão, tanto fraterna, quanto de alimento ao Espírito.

O que deve ser feito agora na pandemia é o “contato” com os catequizandos e com as famílias para que elas não percam o vínculo com a Igreja. E contato se faz com conversa, bate papo, momentos de oração, atividades lúdicas, filmes, leitura bíblicas, avisos sobre as transmissões da paróquia, etc.

A catequese não é “escola”, os catequistas não devem enviar atividades para serem feitas no modelo EaD. Novamente: a Igreja não é uma “escola”. Se tanto, é uma escola de fé. Catequese não se faz virtualmente. Ela é encontro pessoal. Os meios digitais são apoios à comunicação e a internet jamais é um substituto ao encontro pessoal.

A catequese é um ato de natureza eclesial, que nasce do mandado missionário do Senhor (Mt 28,19-20) e que está orientada, como seu nome indica, a fazer ressoar continuamente o anúncio de sua Páscoa no coração de cada pessoa, para que sua vida seja transformada. Uma realidade dinâmica e complexa a serviço da Palavra de Deus, a catequese acompanha, educa e forma na fé e para a fé, introduz à celebração do Mistério, ilumina e interpreta a vida e a história humanas. Integrando harmoniosamente essas características, a catequese expressa a riqueza de sua essência e oferece sua contribuição específica para a missão pastoral da Igreja. (DIRETÓRIO PARA A CATEQUESE, Nº 55, 2020).

Nesta definição, recentemente confirmada pelo novo Diretório para a Catequese (2020), observa-se a natureza “eclesial” da catequese. Portanto, ela é uma ação da Igreja, que se faz em comunidade. E não é, com certeza, uma comunidade digital.

A Arquidiocese de Curitiba, com orientação do Arcebispo, D. Antonio Peruzzo, também responsável pela Comissão Bíblica catequética da CNBB, orienta aos catequistas a não fazerem “encontros online”. E aos pais que querem catequese, para fazê-la em casa, com a orientação de um catequista, que dará "validade" aos encontros, usando-se o subsídio (manual) adotado pela arquidiocese. Os pais recebem orientação do catequista, fazem o encontro em casa e retornam as atividades para o catequista validar.  Isso porque a catequese é um ação presencial, de encontro entre as pessoas, aqui entre pais e filhos. Na arquidiocese, a catequese feita "online" não tem validade, assim que a catequese retornar, continua-se de onde parou. Claro que o arcebispo de Curitiba não pode "mandar" nas demais dioceses, mas, esta é uma sugestão muito coerente, que deve ser levada às demais lideranças das Igreja particulares.

O que o catequista precisa fazer, é manter contato com as famílias para não perder os vínculos. E, se preciso, enviar até "cartas" pelo correio, para não perdê-los. Mais do que nunca, o catequista precisa de criatividade e buscar formas de se aproximar das famílias e catequizandos.

O que os catequistas podem fazer, sempre que possível, enviar mensagens para os catequizandos e catequizandas, um cumprimento, um "alô como vai", uma dica de livro, de filme, uma poesia, uma oração, uma atividade lúdica, uma leitura bíblica, um vídeo... Usando o dom da criatividade e seus carismas, isso é perfeitamente possível.

Não faz muito sentido a catequese online, já que se estará contemplando uma das muitas dimensões da catequese, que é o conhecimento. Continuar seguindo um cronograma de temas vai distanciar mais ainda, o contato com a liturgia e a comunidade. E se o isolamento social durar? E se a vacina demorar? Vamos ter “primeira comunhão online" também? Não! O objetivo da catequese é INICIAÇÃO CRISTÃ. E a iniciação não pode ser “a distância”.

A ideia principal é o catequistas torne realmente um amigo da família, converse com os pais, partilhe a sua vida com eles e eles partilharão a deles. Reze com eles, leia o evangelho, partilhe a homilia do seu padre ou outra que quiser. E as crianças vão gostar, se for prazeroso, os pais vão gostar se responder ao que eles precisam. Mas, por ser via meios digitais, NÃO É CATEQUESE, é convivência, é partilha, é união. Catequese é mais, muito mais, e só se faz com PRESENÇA física.

Outra coisa, a maioria dos catequistas não conseguem se reunir nem com 30% dos catequizandos nas plataformas digitais. Poucos tem celular, e ainda assim com conexão limitada. Muitos usam dos pais para mandar recado. Nas comunidades mais carentes é impossível. Desta forma, eventuais encontros, estarão fazendo o que se chama "exclusão digital". As crianças que podem amam, quem não pode “chupa o dedo”?

Alguns catequistas, manifestam sua opinião, tanto concordando, quanto discordando nesta questão.

Uma colocação feita é que, normalmente, há uma aceitação tácita de que os pais não enviem as crianças à catequese, e que agora estamos pondo obstáculos à “Catequese virtual”, uma forma de “entrar” nos lares e na vida das famílias.

Lembro então que a catequese sempre será da vontade dos pais. São eles os responsáveis pela educação na fé das crianças. Nós somos uma "ferramenta" nas mãos de Deus, um meio pelo qual a Igreja faz a iniciação cristã acontecer. Não podemos obrigar os pais a levar seus filhos à Igreja. Ninguém pode ser obrigado a frequentar a catequese, é necessário anúncio/querigma, vontade de conhecer mais, de fazer o encontro pessoal com Cristo. Quantas crianças vão à catequese e depois somem e nunca mais voltam?

A internet é um "meio", um lugar onde muita gente se encontra, mas, não podemos "mudar" a Igreja para lá. Pelo menos não agora no século XXI, quem sabe no futuro (?!) Não sabemos o destino da religiosidade com o passar do tempo. Só confiamos que Deus não nos abandonará nunca.

É impossível fazer evangelização só pelo “virtual”, as pessoas precisam de contato, olhar nos olhos, sentir o amor. E essa é uma observação de uma outra catequista. De fato, a presença física é quase indispensável, mesmo sabendo que o termo “Virtual” já não se aplica mais aos contatos via internet. As pessoas são “reais” e não virtuais. São pessoas que estão separadas pelo espaço geográfico e que existem de fato por “detrás de cabos e conexões” (Expressão usada pelo padre Antonio Spadaro em sua “Ciberteologia”).

A internet é uma "ferramenta" de evangelização e de catequese permanente, mas, a Iniciação Cristã não pode ser feita por meio dela, é preciso "presença". Os meios digitais são complementos na comunicação, nos relacionamentos, não podem ser exclusivamente “os” relacionamentos.

Alguns catequistas discordam e dizem fazer catequese on-line, fazendo o encontro semanal no mesmo dia e horário da catequese de antes do isolamento social. Usando aplicativos como o Zoom ou Google Meet, afirmam que tem o contato direto, leem a bíblia, fazem dinâmica, fazem os trabalhinhos sobre o tema da semana, etc. E que este contato é com a família também.

Mas, é preciso cuidado: A catequese pode estar se transformando num "curso online” de conteúdos. Porque catequese é encontro presencial, etapa da iniciação cristã, que se faz em grupo e na comunidade. Onde ficam as outras dimensões da catequese? Principalmente a liturgia? E se nem todos participam? Como será quando voltar? Metade da turma participou, e a outra metade? Algumas crianças têm conexão online, outras não. É impossível fazer um encontro onde todos participem em igualdade de condições. Alguns contextos sociais, são diferentes, algumas famílias já estão com o conteúdo escolar por meio de aulas remotas, onde pais e filhos dividem o celular e a conexão. Não é porque uma catequista com uma turma 100% participativa que toda a catequese da paroquia com todas as turmas, vai ser! Como fica isso?

Os "encontros" online devem ser feitos sim. Mas, devem ser informais, e sem contar “tempo” (fase, período, ano, etc.) de catequese. Aqui se está cumprindo uma das tarefas/atividades da catequese. Conforme o DpC (2020), nº  79-89: Fazem parte da catequese, além do Conhecimento da fé, a iniciação litúrgica, que se faz na Igreja, é celebração do mistério, nas celebrações e ritos; também formar vida em Cristo, que se faz na convivência com o outro; vida de oração, que não é só individual, mas, em grupo; vida comunitária, testemunho, que se faz na comunidade.

Corre-se o risco, ao se passar “conteúdo” num encontro por meios digitais, em se estar dando "aula". A evangelização e a iniciação cristã precisam da comunidade como vínculo. As crianças não vão ficar sem a “Palavra de Deus” se o catequista souber conduzir os contatos com eles. Mesmo porque, catequese não é só a Palavra de Deus e Doutrinas católicas, ela é inspirada pela Palavra de Deus, que leva às demais dimensões.

O que “toca” aqui é que uma grande parte dos nossos catequistas ainda não entendeu o que é a catequese. Sim, os meios digitais são uma forma de evangelizar. Mas, fazer uma catequese mistagógica e celebrativa por meio remoto, não significa que todos os conectados estão, de fato, participando.

A afirmação de que a catequese precisa ir até eles, já que eles não podem ir à Igreja, não é uma afirmação que reflita o que é a catequese. Não é a "catequese" que precisa ir até eles, é a Igreja, por meio do catequista, que vai. Aliás, deveria ir sempre, mas, de pezinho no chão, e não de fone e microfone no ouvido. Quantos catequistas visitam as famílias dos seu catequizandos em tempos “normais”?

E feliz de quem tem uma turma inteira com conexão com a internet, com crianças que podem acessar o Zoom, Teams, Google Meet, etc. Esta não é uma realidade global dos catequistas, que dirá das crianças. Muitos dos nossos catequistas mal sabem usar o celular.

E não estamos declinando dos meios digitais, mas sim, para usá-los como complemento da realidade física. Evangelizar não é só fazer um “encontro” de catequese, tem muito de testemunho e exemplo também.

Observa-se nestes 12 meses que quem está fazendo “catequese online”, não é a regra, é exceção.

Não se pode afirmar que todos os catequizandos e todos(as) as(os) catequistas da paróquia estão tendo os mesmos resultados que vocês. E se acontecer de ficarmos sem catequese na paróquia por 2 anos? Isso vai valer como tempo de iniciação cristã? E o tempo de iluminação? O tempo da mistagogia? E os catequistas que não conseguem fazer encontros pelo Zoom, pelo Facebook, pelo Whats, pelo Teams? E como se sentem as crianças que não podem participar dos encontros "virtuais"? Existem muitas crianças que tem um só celular em casa, usados pelos irmãos, pelo pai e pela mãe, que depende de conexão paga, famílias que mal tem dinheiro para as despesas normais da casa.

Temos em Atos 2, 42, o exemplo de como viviam as primeiras comunidades cristãs: “Eles eram perseverantes no ensinamento dos apóstolos, na comunhão fraterna, na fração do pão e nas orações”. Isso porque Jesus formou os seus discípulos fazendo-os conhecer os mistérios do Reino, ensinando a rezar, propondo atividades evangélicas, iniciando-os a vida em comunhão com Ele e à missão. (DpC nº 79). E isso é um fato inquestionável e o diretório continua:

A fé exige ser conhecida, celebrada, vivida e rezada: para formar a uma vida cristã integral, a catequese persegue, portanto, as seguintes atividades: conduz á consciência da fé; inicia a celebração do mistério; forma a vida em Cristo, ensina a rezar e introduz a vida comunitária. (DpC nº 79)

Para o DNC (37): A catequese é um processo exigente, um itinerário prolongado de preparação e compreensão vital, de acolhimento dos grandes segredos da Fé (mistérios) da vida nova revelada em Cristo Jesus e celebrada na Liturgia. Além do mais, a catequese possui finalidades, características e tarefas incorporadas dentro do processo de evangelização na Igreja como forma de evangelizar o mundo atual.

O Diretório Nacional (2006, 41)de catequese traz ainda um conceito mais abrangente de catequese e a descrever como: “Educação orgânica e sistemática da fé, educa para a vida em comunidade, celebra e testemunha o compromisso com Jesus. Ela exerce (...) as tarefas de iniciação, educação e instrução. É um processo de educação gradual e progressivo, respeitando os ritmos de crescimento de cada um”.

Que bom que alguns catequistas conseguem fazer encontros online. Mas,  estão erradas(os) em considerar como "catequese". Vale sim, todo empenho para manter a união no grupo. O meio presencial é o ideal, mas, não é possível neste momento. O contato por qualquer plataforma é válido. Mas, sem fazer "encontros formais" levando os temas do itinerário para a  internet.

Tem tanta coisa para se fazer com eles pela internet, mas sempre com a preocupação de atingir a todos do grupo. Não excluir nenhuma criança por falta de “inclusão digital”. Pensemos que uma boa parte dos catequistas que nem sabem o que é o Zoom, Meet, etc. A pandemia é que trouxe estes conceitos e plataformas à vida das pessoas. É necessário trabalhar com a nossa realidade, mas, não levar a Igreja pra internet, porque ela ainda não é a realidade de todos. E se fizermos todos os encontros pela internet, não seremos Igreja, comunidade reunida do povo de Deus.

E, no meio disso tudo, pode-se perguntar: Por que então temos missas online? As missas são “online”, mas, a comunhão nunca vai ser, o encontro com a comunidade nunca vai ser, o "mistério da fé" nunca vai ser. E as missas online, são para aqueles que já estão evangelizados e já fizeram a iniciação. Nossas crianças ainda estão aprendendo o mistério litúrgico.

A Internet é uma ferramenta de evangelização, mas, jamais pode ser o local dos encontros catequéticos. Você pode se encontrar toda semana com as crianças, fazer o que quiser, mas, depois que voltar, os catequizandos precisam deste tempo "online" transformado em presencial. Porque tem o “sacramento” depois. Este não pode ser “online”!

Outro problema que podemos encontrar lá na frente, se usarmos os temas ou subsídios ou cronograma, é que eles esperam que isso vá "valer" para o tempo necessário de catequese. Então se ficarmos dois anos sem encontros presencias - e normalmente a Eucaristia se realiza com dois anos de catequese - eles receberão a Eucaristia sem nunca ter ido à Igreja? Sem nunca ter se encontrado com a comunidade?

O "conteúdo" é só uma parte da catequese. Eles podem, por exemplo, ter terminado a 1ª etapa em 2019; fazem a 2ª etapa online em 2020, aí voltam em 2021 na 3ª etapa.  É isso que estou querendo dizer com "fazer catequese", ela é mais que dar “conteúdo” pela internet.

O que precisa ser observado é que não devemos perder o contato com os catequizandos, devemos manter  as famílias informadas de tudo que acontece na paróquia. Propor atividades em família, uma leitura orante, ou uma leitura simples de um trecho da Bíblia, o Evangelho do Domingo, por exemplo. Estas são atividades normais aliás, que deveriam estar sendo feitas bem antes deste isolamento.

Como isso nunca foi feito antes, é bom cuidar para que os pais não pensem que se ficarmos três anos em isolamento, o sacramento será recebido "online" também. As atividades que porventura o catequista acha que deve fazer, faça! Mas, este tempo não pode contar como catequese presencial.

Esta é a minha preocupação, que se use a internet para "cumprir" cronograma de tempo! Quando voltarmos do isolamento social, temos que recomeçar a catequese sistemática, de conhecimento da fé, porque ela só é válida se tiver o outro lado que é a convivência e a vivência litúrgica da numa comunidade cristã.

Neste tempo de isolamento, não é para esquecer os catequizandos! Não é nada disso! Só não é para vivenciar os encontros como se estivéssemos na paróquia! Use a internet para se comunicar com elas, para rezar com elas, para ler a bíblia com elas, mas, não faça os "encontros" formais do itinerário, que deve presencial sempre.

A Igreja nos diz que a catequese e a evangelização não são a mesma coisa, não são excludentes, se complementam. E também nos diz o que, como e onde fazer. Como catequista da Igreja Católica, não vale a "minha opinião". vale o que a Igreja de Jesus Cristo deixou como catequese desde os primeiros séculos da Igreja. A comunidade evangeliza. "A catequese é um ato de natureza eclesial (da Igreja), que nasce do mandato missionário do Senhor" (DpC, 55). "Catequese, etapa privilegiada do processo de evangelização... (DpC 56).

A Iniciação cristã é feita com a Igreja e na Igreja. Lembram que ela é uma atividade eclesial. Podemos e devemos manter todo contato possível por meios digitais com os nossos catequizandos e suas famílias, mas, não fazer da catequese "aulas", conteúdos de EaD! E se quando voltarmos, tiverem que rever os conteúdos? As crianças vão fazer tudo outra vez?

Façamos coisas diferentes! Vamos atingir as pessoas de outra forma, vamos aproveitar e fazer uma catequese com a família, com os pais, façamos deles nosso alvo nesse momento. E o Evangelho do domingo é e deve ser compartilhado com as famílias, afinal, estamos praticamente sem missas. Uma excelente oportunidade para a dinamização da leitura em família. É um tempo de convivência por meios digitais, que vai fortalecer os vínculos com os catequizando e com a família.

No mais, cada um deve fazer o que acredita que deve, o que não significa que é o certo. Sempre é bom saber o que a Igreja orienta por meio dos documentos. Que, infelizmente, nem sempre é o que orientam as lideranças paroquiais. Acaba de sair há menos de ano, o DIRETÓRIO PARA A CATEQUESE, organizado pelo Pontifício Conselho para a Evangelização. O pároco já leu? Estudou? Vocês estão lendo? Conhecem o DNC, o diretório Nacional?

 

Abaixo, reproduzimos parte da discussão feita no nosso Grupo de Catequistas no Facebook, com opinião de vários catequistas a respeito:

 

Rúbia Meurer - Estou realizando a leitura e estudo do mesmo! Em nossa Paróquia estamos levando o Evangelho todo final de semana para nossas crianças e adolescentes da Catequese, através de whatsapp, cada Catequista tem seu grupo. A Catequese é Vivência, e isso estamos tentando fazer! Pedimos aos pais que nos enviem vídeos ou fotos de como está sendo essa vivência em seus lares, está saindo um trabalho muito bonito e significativo! Sabemos que não estamos atingindo 100%, porém nossa missão estamos fazendo, pois quando retornar a Catequese voltará mais fortificada!

Fatima Nunes de Lima - Algo positivo, é que os pais agora estão interagindo com os filhos nas leituras dos evangelhos dominicais e passando para nós catequistas essa experiência nova, nunca vivida por eles. As missas em minha cidade voltaram com 30 por cento da capacidade. Os pais dos catequizandos estão se inscrevendo para levarem os filhos nas missas. E vamos rezar para que possamos voltar as nossas catequeses presenciais com segurança, no momento vamos interagindo com as famílias até que tudo se resolva.

Tania Fortes - Acho que nesse período seria muito bom mais formação catequetica, pois achar que encontros de catequese pode ser on-line, é falta de informação, principalmente de alguns padres.

Andréia Da Silva Padilha - Lembrando que foi terminantemente proibido dar catequese on-line, pois isso não existe! E sim que a catequista prepare o encontro para os pais ministrarem! Ao meu ver, é um tiro no pé, pois a grande maioria dos pais não está fazendo os encontros, como foi relatado por vários catequizandos. Estão procurando a resposta no Google e mandando! Simples assim, os pais enganam as catequistas, que fingem que acreditam!
Sinto mais pelos adolescentes da V etapa, pois na maioria não tem uma boa relação com os pais, e isso é normal nessa fase! Infelizmente esse ano vai voltar o sacramento do tchau, no qual lutamos tanto para deixar de existir!

Ângela Rocha - Olha Andreia, presencial ou remoto, o sacramento da crisma ainda será do tchau, se a evangelização não for completa: anúncio/querigma, catequese e seguimento. Os pais que escolherem dar a catequese para os filhos terão que ter apoio e validação pelo catequista da catequese dada. Claro que isso pode não dar certo. A maioria dos pais foi catequizada, mas, não evangelizada. Por isso é necessário que sejam mantidos contatos pelos meios digitais, mas, sem a catequese sistemática. Algo precisa ser bem observado é que, normalmente, há uma orientação da comissão diocesana! Aqui na nossa arquidiocese, este tempo de isolamento social deve ser voltado a não perder o contato com os catequizandos, sabendo que continuaremos o itinerário de conteúdos quando voltarmos. Agora, falamos do Evangelho do domingo, brincamos, cantamos, assistimos vídeo juntos, fazemos brincadeiras (caça-palavras, jogo dos erros, gincanas bíblicas, etc.). Quem ia receber o sacramento no próximo tempo pascal (2021), sabe que agora será em 2022. Simples assim. Este tempo de contato via internet não substitui a catequese paroquial.

Tábata Pimenta - Eu tentei um "encontro" online, mas não deu certo. Então, hoje o que faço é exatamente isso, mantenho contato, e vou mostrando que sou um apoio, mando algum vídeo ou roteiro de dinâmica para os pais conduzirem com os membros da família e assim o retorno tem sido possível. Eles mandam fotos das dinâmicas, comentam os vídeos e sempre, sempre dizem que isso tem sido importante, pois sentem muita falta da igreja.

Ana Viana  - Aqui no Rio de Janeiro estamos sendo estimuladas a manter esse contato e é o que faço. Encontros de amizades sobre a semana, os estudos, a continuidade da pastoral após pandemia e uma pequena explanação de um texto bíblico. Não faço mais de 35min. Eles já estão inseridos e aparentemente querem até que eu prolongue, o que não faço. Mas, veja bem, são trinta perseverantes inscritos. Menos da metade assistem as lives. Minha realidade é que todos eles têm celular e computadores. Mas somente os que têm os pais engajados na paróquia, é que estão participando.

Ângela Rocha - Isso é a realidade de muitas e muitas turmas. 30 ou 10, importa que você mantém contato. Eles sabem que você está ali e que podem vir quando quiserem te encontrar. Isso acontece presencialmente. Por que na internet seria diferente? Os catequistas devem procurar envolver a família, trabalham o evangelho dominical, conversam com as famílias, falam da realidade que estamos vivendo, conflitos, esperanças, etc. A homilia da paróquia é transmitida pelo Youtube, o padre faz lives e tudo isso é compartilhado. Mas, isso não é "catequese". Quando acabar a pandemia, aí sim, teremos catequese novamente, com a presença das crianças e dos pais na catequese familiar que a paróquia oferece. Agora nós "convivemos" e partilhamos a razão da nossa esperança, sempre com o foco na família, não no catequizando. Ele terá a catequese sistemática (temas/conteúdos) quando voltarmos.

Letícia Aparecida Dias da Silva - Eu acredito que seja possível fazer encontro online com o catequizando. Eu fiz  seguindo as leituras do domingo, nós tínhamos um horário para isso. No encontro tinha um momento para colocar intenção, fazer oração, ler a Palavra, depois eu explicava, e terminávamos com umas quatro perguntas que eles respondiam, escrevendo no caderno ou por áudio. Foi muito bom porque não perdi o contato com a turma, todos participaram. Eu concordo fazer em encontro online para manter contato e continuar levando Jesus a estas crianças e a essas famílias. Através destes encontros, descobri que tinha criança que não tinha terço, imagem de nossa senhora. Neste meio tempo, eu providencie para eles, para nosso momento de oração. Deu para perceber que os pais precisam ser catequizados novamente. Porém para fazer sacramento, não vejo a catequese online como suficiente, creio que quando voltar deve-se fazer o ano novamente com os conteúdos programadso e a vivência da catequese que não tiveram no remoto.

Maria da Penha -  O foco da discussão é se os encontros remotos podem ser validados como se fossem presenciais.  Não é errado o contato com os catequizandos, seja diário, semanal ou o que for, desde que não se esteja fazendo "catequese", na origem do que a Igreja pede!

Suelly Borges Borges - Concordo que haja uma interação com as famílias para não se perder o contato, mas não concordo que seja feitos encontros online para aplicar o planejamento feito. Também penso que CATEQUESE é vivência, presença na comunidade e na igreja. Vejo que muitos catequistas ainda tem muito o que aprender sobre Iniciação à vida cristã.

Eliziane Pelegrini  - Tem cinco semanas que tenho feito a experiência de chamada de vídeo com algumas crianças da minha turma, com o objetivo de manter vivo os nossos laços de amizade e matar um pouco da saudade. Disse algumas crianças, pois não é uma obrigação participar. Quando pensei em fazer a chamada de vídeo, eu primeiro apresentei a proposta para os pais e perguntei o que eles achavam, e a resposta foi bem aceita por todos os pais. Deixei claro que seriam momentos de conversa e que não alteraria em nada o processo catequético. Só que a realidade é muito diferente de uma criança para outra, daí tenho que usar outros meios para fazer contato com aquelas crianças que não conseguem, ou não podem participar da chamada de vídeo. Nos momentos de oração procuro refletir o evangelho do domingo, e confesso que tem sido uma experiência muito boa.

Socorro Oliveira - Concordo plenamente, sem vivência e sem experenciar o contato com a comunidade e com os irmãos, é impossível ter evangelização. Fazer o contato para não perder o vínculo com os catequizandos e familiares, é uma necessidade até para que se sintam queridos, lembrados e ajudar no incentivo à Igreja Doméstica em oração e sintonia com a vida da comunidade.

Fatima Burak  - Socorro, a vivência do conteúdo precisa acontecer principalmente na família, na igreja doméstica. Se quando temos a catequese normal uma hora semanal de contato com a criança e talvez um contato apenas na missa, se isso não estiver acontecendo agora, esse conteúdo na família a nossa catequese é em vão. Agora é a hora do catequista participar com a família, agora é a hora da vivência da catequese

Tatiana Ferreira de Jesus  - Ótimo e concordo, uma coisa é você manter o vínculo para que eles não se percam no meio do caminho, outra coisa é você mandar conteúdo. Mesmo porque nem todos tem condições. Aqui mando algo, mas, não fico cobrando o retorno. Estamos passando por um momento tão delicado, falo por experiência em ser mãe de um coroinha. Outro dia foi mandado alguma coisa na turma dele de catequese que ele respondeu com os olhos cheio de lágrimas, que não poderia comungar mais porque estava preso dentro de casa e que esse era o “novo normal” naquele momento eu senti uma tristeza tão grande e vi que não podíamos ficar cobrando devolutiva de conteúdo, pois, se meu filho estava daquele jeito imagina as outras crianças. Essa semana enviamos um conteúdo sobre as vocações, simples e claro.

Carmen Rios Defante  - Para manter o vínculo, regando o que já foi iniciado na vida cristã dos catequizandos, sou a favor de ter encontros online para alimentar a espiritualidade, na linguagem da criança, a partir da força do Espírito Santo para com criatividade, preparar esses encontros. Sou a favor do diálogo, partilha das experiências em tempo de pandemia, sendo que é bem rico esse tempo, pois exige mais de nós viver a palavra radicalmente, uma oportunidade maior de amar aos nossos, oportunidades de esforçar para viver os sacramentos mesmo de longe. Novo modo de viver o evangelho e as criancinhas também precisam aprender isso. As crianças que não tem condução também ser incluída na criatividade de manter esse diálogo. As escolas entregam material impresso, já é uma ideia.

Aline Lorensoni - Estamos cheio de coisas novas, o novo de Deus é novo e ninguém sabe o que é, portanto, se Deus permitiu nesse tempo a comunhão espiritual, por que não permitir encontros virtuais, se hoje nos encontramos por meio de encontros virtuais, que são viáveis sim. O que está em questão é continuar ou não os ensinamentos do livro, como separar os ensinamentos do conteúdo do livro com sua própria vida. Seguir o livro é dizer: Não podemos estacionar nos ensinamentos e formação dos discípulos de Cristo. Agora sejamos obedientes ao que o Padre e a Diocese determina. Mas repito, é o novo de Deus, IDE, IDE, IDE...

Fatima Burak - Não podemos esquecer que a" iniciação cristã" acontece principalmente, com ajuda do catequista, mas, a família, Igreja doméstica, é essencial para que ela aconteça. O catequista tem apenas o encontro da semana, uma hora de contato com a criança é pouco. A não ser aqueles catequistas que realmente investem na evangelização, procurando criar mais momentos durante a semana com a criança, mas a maioria é contato semanal e no dia! Porém é sonho da igreja que a família seja participativa na construção dessa iniciação cristã. Estamos com a faca e o queijo na mão para investir agora! A catequese familiar faz que a igreja doméstica aconteça. Isso é verdadeira catequese, não somos escola com sala de aula. Não tenham medo de aproveitar a oportunidade de fazer as famílias conhecerem a catequese e o catequista, de estar mais presente, mesmo online, na vida das famílias. Através de simples conversas com as crianças, os conteúdos que são recebidos! Na catequese a criança não estuda apenas, mas ela reza o dia o dia o que aprende. Quem melhor para ajudar? A família! Essa sempre foi a proposta da catequese: que a catequese desenvolva os conteúdos como encontros não como aulas! Pela primeira vez, vejo a utopia que a Igreja e muitos que escreveram documentos da evangelização catequética, acontecer. Vejo nas paróquias onde o catequista quer, a Palavra de Deus acontecer nas casas e muitas famílias acolhendo essa catequese viva. Nunca tinha visto catequistas com tanto amor em querer levar a palavra de Deus, pois, sabem que não estão podendo fazer isso no presencial. Por isso estão procuram seus catequizandos e novas formas! Antes as coordenações de catequese só viam seus catequistas no sábado e muitos a criança não via nem na missa. Então repensarmos e aproveitemos o momento que Deus está nos dando. Não estou falando como catequista aqui, estou falando como uma mãe que está vendo a catequese na nossa Paróquia acontecer e vendo o testemunho já em relação a catequese. Aqui não está tendo catequese online (encontros), apenas contato por WhatsApp. As catequistas entram em contato com a família, prepararam os conteúdos para o mês em uma pasta com as folhas para que a família reze e converse. Pelo WhatsApp eles vão orientando os pais e os pais vão orientando as crianças. Essa semana as famílias começaram a montar altares para oração, estão enviando fotos. Nunca imaginaria os pais tão participativos perguntando! Nos sábados os freis aqui rezam o terço na igreja às 6 horas e os pais tem vindo participar para rezar por sua família e alguns trazem as crianças. Estamos vendo a catequese familiar acontecer.

Rosinéa Monteiro Do Nascimento - A catequese online, é uma realidade hoje em muitas comunidades. Infelizmente, não funcionou aqui na minha comunidade, porque nem todas as crianças possuem celular ou acesso a Internet. Mas, a proposta foi aceita por alguns pais e responsáveis. Outros foram para o interior e não puderam acompanhar. Alguns pais conseguiram acompanhar as atividades com seus filhos.

Sandra Duraes  - Com certeza catequese é convivência, mas, nos tempos em que estamos vivendo, precisamos criar vínculo e usar a criatividade para continuar a evangelizar nossas crianças. Claro que vai depender do método a ser utilizado. Se o catequista tem didática e sabe dar uma boa catequese, a catequese online é muito válida sim. Repito se o catequista tiver didática, senão tiver não adianta inventar moda. Outra coisa penso que precisamos ter mais respeito diante de cada realidade e não julgar algo que não conhece.

Ângela Rocha - é bom que cada um coloque sua posição para juntos descobrimos as verdades necessárias, o que pode ser melhor para todos e para cada comunidade. Precisamos pensar que a catequese não é só método e didática, ela vai muito além. Por isso o "online" é complicado, ele pode virar só "técnica". Vivemos num contexto muito diferente uns dos outros, e a partilha das realidades, acaba sendo um aprendizado para todos.

Roberta Monteiro - Em partes eu concordo e em partes eu discordo, as pessoas precisam mudar o conceito de que catequese é para receber um "diploma". Catequese é você conhecer seu Criador e seu Salvador, é buscar o Espirito Santo para te guiar aí sim receber realmente o sacramento. Acho que é possível evangelizar online sim, acho que até demorou para começarmos evangelizar online, vemos na internet tanto conteúdo que não agrega nada em nossa vida. Por que não começar a criar conteúdo de evangelização? Queira ou não os catequizados estão em casa assistindo o que eles gostam e o que eles têm disponível, e nós podemos começarmos a criar um conteúdo que aos poucos eles vão começar a ter interesse. Acho importante manter uma rotina com os catequizados, no dia e horário que seria o encontro presencial marcar uma reunião online, fazer uma espiritualidade, colocar um tema a ser trabalhado. Sempre trabalhar algo que tenha a ver com o dia a dia deles e também com a vivência de um Cristão. Acredito que assim, quando voltarmos, eles estarão mais preparados. Eu acredito que não importa o tempo de catequese e sim a qualidade, precisamos apresentar o amor de Deus por nós, claro que presencialmente é melhor, mas os catequizando estão super antenados na internet, nós não podemos ficar fora dela. Precisamos recuperar o cristianismo, hoje em dia temos pouquíssimos cristãos, precisamos Evangelizar como Jesus evangelizou aquela samaritana no poço, utilizando os recursos de hoje em dia.

Gorete Aquino - Pertenço à Paróquia de São Judas Tadeu em Lavras - MG. Aqui não fazemos catequese online. No começo algumas catequistas começaram a enviar material para as crianças. O Padre mandou parar porque aproximadamente 65% das famílias não possuem acesso à internet e não era justo deixá-las de fora. As catequistas tiveram a ideia de entrar em contato com as famílias dos catequizandos e incentivar as mesmas à assistirem às missas pela TV, o que fosse mais acessível, uma vez que a grande maioria não consegue acompanhar as transmissões da própria paróquia devido à ausência de sinal de internet. Num desses contatos tivemos a oportunidade de descobrir que algumas famílias passam por necessidade devido à pandemia. Com a ajuda da comunidade conseguimos arrecadar alimentos e se tiver necessidade até o padre propôs ajuda através do dízimo da catequese. Mas encontro de catequese através da internet não pode. A catequese é presencial. Fazemos que a nossa Igreja cumpra também seu papel social. Tem muitas famílias em dificuldades, sem emprego, precisando de ajuda.

Wagner Campos Galeto - Neste tempo a catequese é ter consciência social, ajudar a comunidade e o próximo, pode ter tudo, encontro online, atividade, ligação, um oi, filme, etc., mas se não tiver Caridade ( ajudar o próximo) nada adianta. A melhor catequese agora é incentivar os pais na oração em família e motivar a partilhar alimentos, roupas, remédios, com quem precisa.

 Adriana Bragion - Eu até tentei no começo dessa pandemia, mas, não deu certo. Então, conversando, estudando e analisando, cheguei a conclusão que não dá! Os catequizandos estão "cansados" e querem sim saber de Deus mas de uma forma "diferente". Com os seus pais tem dado mais certo. Tiro foto do círculo bíblico que a diocese disponibiliza com as leituras dos finais de semana e peço que rezem em casa. Também indiquei filmes.Não deixo de dar um "oi". E as vezes vou no particular para conversar um pouco e saber deles. Assim vamos sem Encontros, mas sem perder a conexão entre nós!

Valéria Freitas Lopes - Aqui comecei a fazer os nossos encontros a pouco tempo via Google Meet. Faço nossa meditação da Palavra e explico um pouco o evangelho. Rezamos o terço e assim tem sido. Nenhuma outra catequista se atreveu a fazer. Aí o Padre resolveu fazer uma reunião conosco, isso depois de cinco meses que os catequizandos estavam sem ver nossa cara, e resolve que vai ter a primeira eucaristia sem ao menos ter um encontro presencial, sem a presença dos pais e durante a semana com filmagem para os pais acompanharem de casa. Estou muito decepcionada.

Suzana Lossurdo -  Eu até tentei fazer encontros online, criei grupo, tudo lindo. Mas, virou um vucovuco! Mandavam tanta coisa no grupo, desde correntes que não podem quebrar até vídeos que não tinham nada com nada. E olha que fui bem clara sobre o conteúdo do grupo. Algumas mães pediram para não passar nada, pois sabiam que não dariam conta, pois algumas crianças não tinham celular, teria que usar o do responsável. Outras, me disseram que tinham mais filhos, pessoas de idade para cuidar, além das atividades da escola. Mas, o que mais levei em consideração sobre não fazer os encontros online, não está escrito em nenhum lugar e sim no que vivi nesses anos todos: é a companhia, a alegria, o sorriso, as brincadeiras; caras emburradas, até o desânimo deles em acordar cedo no sábado; um ensinar o outro a procurar o versículo, até briga pra saber quem vai ler. Sinto falta até de não contar com a comunidade na hora de uma confraternização pra fazer uma pipoca ou doar um bolo. Então, se não tiver tudo isso, não é encontro. O online é só isso, uma forma de não perder o contato e não deixá-los esquecer que precisamos continuar em oração.

Andrea Bastos -  Eu estou desanimada. Preparo algo bem legal e apenas um participa. Me sinto enxugando gelo. Os pais só sabem falar que as escolas já estão dando muito trabalho e a catequese fica para depois. Comecei no maior pique, mas, confesso que não me sinto confortável fazendo um encontro que seria para dez, só com três. E nem fazem as tarefas e nem dão satisfação. Muito difícil a catequese online.

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Por isso, que os contatos precisam também fugir de "encontros", da rotina. Precisam ser "diferentes", causar "vontade" de se reunir, conversar! Vale destacar aqui alguns trechos do novo DIRETÓRIO PARA A CATEQUESE, publicado em julho/2020:

213. A linguagem da catequese inevitavelmente permeia todas as dimensões da comunicação e suas ferramentas. As profundas mudanças na comunicação, evidentes no âmbito técnico, produzem mudanças no âmbito cultural. (...) No espaço virtual, que muitos consideram não menos importante que o mundo real, as pessoas obtêm notícias e informações, desenvolvem e exprimem opiniões, se envolvem em debates, dialogam e buscam respostas para suas perguntas. Não valorizar adequadamente esses fenômenos leva ao risco de se tornar insignificantes para muitas pessoas.

214. (... ) o texto escrito encontra resistência para falar com os mais jovens, acostumados a uma linguagem que consiste na convergência de palavras escritas, sons e imagens. As formas de comunicação digital, por sua vez, oferecem maiores possibilidades, pois estão abertas à interação. Portanto, além do conhecimento tecnológico, é necessário aprender modalidades de comunicação eficazes, bem como garantir uma presença na rede que testemunhe os valores evangélicos.

215. As tecnologias de informação e comunicação, as mídias sociais e os dispositivos digitais favorecem os esforços colaborativos, de trabalho em comum, de troca de experiências e conhecimento mútuo. (...)

216. Convém que as comunidades estejam comprometidas não só a enfrentar esse novo desafio cultural, mas também a corresponder às novas gerações com as ferramentas já hoje de uso comum na didática. Também é prioritário para a catequese educar ao bom uso dessas ferramentas e a uma compreensão mais profunda da cultura digital, ajudando a discernir os aspectos positivos dos ambíguos. O catequista de hoje deve estar consciente de quanto o mundo virtual pode deixar marcas profundas, especialmente nas pessoas mais jovens ou mais frágeis, e quanta influência podem ter na gestão das emoções ou no processo de construção da identidade.

217. A realidade virtual, porém, não pode substituir a realidade espiritual, sacramental e eclesial vivida no encontro direto entre as pessoas: “somos meios e o problema fundamental não é a aquisição de tecnologias sofisticadas, embora necessárias para uma presença atual e válida. Esteja sempre bem claro em nós que o Deus em quem acreditamos, um Deus apaixonado pelo homem, quer manifestar-se por meio dos nossos meios, ainda que pobres, porque é Ele que opera, é Ele que transforma, é Ele que salva a vida do homem”. (Papa Francisco) Para testemunhar o Evangelho, é necessária uma comunicação autêntica, fruto da interação real entre as pessoas.


Sugiro que seja feita uma leitura mais completa do Diretório. O Diretório ainda trata do tema “O Grupo” e o quanto é importante que o catequista saiba que “a comunidade eclesial é o principal sujeito da catequese”, portanto, é preciso constituir grupos ou comunidades pequenas de pessoas imbuídas dos mesmos propósitos. E, também na sequência, fala-se da importância do “Espaço” destinado à catequese, com seus símbolos e arquitetura. A comunicação “virtual” é necessária e quase imprescindível nestes novos tempo, mas, não pode substituir o “meio” real que, como disse o Papa Francisco, somos nós.

Ao falarmos sobre "catequese online", não podemos contemplar somente uma parte dela: “da educação orgânica e sistemática da fé”. Esquecemos que ela educa para a vida comunitária, celebra e testemunha o compromisso com Jesus por meio da Liturgia. Ela exerce, portanto, ao mesmo tempo, as tarefas de iniciação, educação e instrução. É sempre um processo gradual e progressivo, respeitando os ritmos de crescimento de cada um. Ou seja, inicia a pessoa na vida de fé, considerando todos os seus aspectos.

 

ÂNGELA ROCHA

Catequista - Formadora

 

REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

 

CNBB. Diretório Nacional de Catequese. Documento 84. Brasília: CNBB, 2006.

PONTIFÍCIO CONSELHO PARA A PROMOÇÃO DA NOVA EVANGELIZAÇÃO. Diretório para a Catequese. Documento 61. Brasília: CNBB, 2020.



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