Vamos parar para pensar...
Evangelização por meios remotos? Catequese pode ser "online"?
Eis um assunto que tem “incomodado” aos catequistas: a
evangelização por meios remotos. Várias pessoas estão me perguntando sobre
"catequese online". Em princípio parece a contramão da evangelização,
um anúncio sem contato, sem liturgia e sem a comunidade presente. Pelo que se
percebe dos conceitos de evangelização e catequese, isso não existe. O que pode
até existir, neste tempo de pandemia e isolamento social, é o contato natural,
que sempre deve existir, com as famílias e catequizandos, via meios digitais,
que pode até ser um "encontro", mas, jamais uma
"catequese".
Catequese é vivência e convivência. Nós evangelizamos para
que as pessoas façam parte da comunidade, e a catequese não é só
"encontro", ela é liturgia, oração, missão, participação, etc. Ela
é Iniciação à Vida Cristã. Ela precisa da Igreja, da Comunidade. Onde os
fiéis se alimentam da Comunhão, tanto fraterna, quanto de alimento ao Espírito.
O que deve ser feito agora na pandemia é o “contato” com os
catequizandos e com as famílias para que elas não percam o vínculo com a
Igreja. E contato se faz com conversa, bate papo, momentos de oração,
atividades lúdicas, filmes, leitura bíblicas, avisos sobre as transmissões da
paróquia, etc.
A catequese não é “escola”, os catequistas não devem enviar atividades
para serem feitas no modelo EaD. Novamente: a Igreja não é uma “escola”. Se
tanto, é uma escola de fé. Catequese não se faz virtualmente. Ela é encontro
pessoal. Os meios digitais são apoios à comunicação e a internet jamais é um substituto
ao encontro pessoal.
A catequese é
um ato de natureza eclesial, que nasce do mandado missionário do Senhor (Mt
28,19-20) e que está orientada, como seu nome indica, a fazer ressoar
continuamente o anúncio de sua Páscoa no coração de cada pessoa, para que sua
vida seja transformada. Uma realidade dinâmica e complexa a serviço da Palavra
de Deus, a catequese acompanha, educa e forma na fé e para a fé, introduz à
celebração do Mistério, ilumina e interpreta a vida e a história humanas.
Integrando harmoniosamente essas características, a catequese expressa a
riqueza de sua essência e oferece sua contribuição específica para a missão
pastoral da Igreja. (DIRETÓRIO PARA A CATEQUESE, Nº 55, 2020).
Nesta definição, recentemente confirmada pelo novo Diretório
para a Catequese (2020), observa-se a natureza “eclesial” da catequese.
Portanto, ela é uma ação da Igreja, que se faz em comunidade. E
não é, com certeza, uma comunidade digital.
A Arquidiocese de Curitiba, com orientação do Arcebispo, D.
Antonio Peruzzo, também responsável pela Comissão Bíblica catequética da CNBB,
orienta aos catequistas a não fazerem “encontros online”. E aos pais que querem
catequese, para fazê-la em casa, com a orientação de um catequista, que dará
"validade" aos encontros, usando-se o subsídio (manual) adotado pela
arquidiocese. Os pais recebem orientação do catequista, fazem o encontro em
casa e retornam as atividades para o catequista validar. Isso porque a catequese é um ação presencial,
de encontro entre as pessoas, aqui entre pais e filhos. Na arquidiocese, a
catequese feita "online" não tem validade, assim que a catequese
retornar, continua-se de onde parou. Claro que o arcebispo de Curitiba não pode
"mandar" nas demais dioceses, mas, esta é uma sugestão muito coerente,
que deve ser levada às demais lideranças das Igreja particulares.
O que o catequista precisa fazer, é manter contato com as
famílias para não perder os vínculos. E, se preciso, enviar até
"cartas" pelo correio, para não perdê-los. Mais do que nunca, o
catequista precisa de criatividade e buscar formas de se aproximar das famílias
e catequizandos.
O que os catequistas podem fazer, sempre que possível, enviar
mensagens para os catequizandos e catequizandas, um cumprimento, um "alô
como vai", uma dica de livro, de filme, uma poesia, uma oração, uma
atividade lúdica, uma leitura bíblica, um vídeo... Usando o dom da criatividade
e seus carismas, isso é perfeitamente possível.
Não faz muito sentido a catequese online, já que se
estará contemplando uma das muitas dimensões da catequese, que é o conhecimento.
Continuar seguindo um cronograma de temas vai distanciar mais ainda, o contato
com a liturgia e a comunidade. E se o isolamento social durar? E se a vacina
demorar? Vamos ter “primeira comunhão online" também? Não! O objetivo da
catequese é INICIAÇÃO CRISTÃ. E a iniciação não pode ser “a distância”.
A ideia principal é o catequistas
torne realmente um amigo da família, converse com os pais, partilhe a sua vida
com eles e eles partilharão a deles. Reze com eles, leia o evangelho, partilhe
a homilia do seu padre ou outra que quiser. E as crianças vão gostar, se for
prazeroso, os pais vão gostar se responder ao que eles precisam. Mas, por ser
via meios digitais, NÃO É CATEQUESE, é convivência, é partilha, é união.
Catequese é mais, muito mais, e só se faz com PRESENÇA física.
Outra coisa, a maioria dos
catequistas não conseguem se reunir nem com 30% dos catequizandos nas
plataformas digitais. Poucos tem celular, e ainda assim com conexão limitada.
Muitos usam dos pais para mandar recado. Nas comunidades mais carentes é
impossível. Desta forma, eventuais encontros, estarão fazendo o que se chama
"exclusão digital". As crianças que podem amam, quem não pode “chupa
o dedo”?
Alguns catequistas, manifestam sua opinião, tanto
concordando, quanto discordando nesta questão.
Uma colocação feita é que,
normalmente, há uma aceitação tácita de que os pais não enviem as crianças à
catequese, e que agora estamos pondo obstáculos à “Catequese virtual”, uma
forma de “entrar” nos lares e na vida das famílias.
Lembro então que a catequese
sempre será da vontade dos pais. São eles os responsáveis pela educação
na fé das crianças. Nós somos uma "ferramenta" nas mãos de Deus, um
meio pelo qual a Igreja faz a iniciação cristã acontecer. Não podemos obrigar
os pais a levar seus filhos à Igreja. Ninguém pode ser obrigado a frequentar a
catequese, é necessário anúncio/querigma, vontade de conhecer mais, de fazer o
encontro pessoal com Cristo. Quantas crianças vão à catequese e depois somem e
nunca mais voltam?
A internet é um "meio",
um lugar onde muita gente se encontra, mas, não podemos "mudar" a
Igreja para lá. Pelo menos não agora no século XXI, quem sabe no futuro (?!)
Não sabemos o destino da religiosidade com o passar do tempo. Só confiamos que
Deus não nos abandonará nunca.
É impossível fazer evangelização
só pelo “virtual”, as pessoas precisam de contato, olhar nos olhos, sentir o
amor. E essa é uma observação de uma outra catequista. De fato, a presença
física é quase indispensável, mesmo sabendo que o termo “Virtual” já não se
aplica mais aos contatos via internet. As pessoas são “reais” e não virtuais.
São pessoas que estão separadas pelo espaço geográfico e que existem de fato
por “detrás de cabos e conexões” (Expressão usada pelo padre Antonio Spadaro em
sua “Ciberteologia”).
A internet é uma
"ferramenta" de evangelização e de catequese permanente, mas, a Iniciação
Cristã não pode ser feita por meio dela, é preciso "presença".
Os meios digitais são complementos na comunicação, nos relacionamentos, não
podem ser exclusivamente “os” relacionamentos.
Alguns catequistas discordam e
dizem fazer catequese on-line, fazendo o encontro semanal no mesmo dia e
horário da catequese de antes do isolamento social. Usando aplicativos como o Zoom
ou Google Meet, afirmam que tem o contato direto, leem a bíblia, fazem
dinâmica, fazem os trabalhinhos sobre o tema da semana, etc. E que este contato
é com a família também.
Mas, é preciso cuidado: A
catequese pode estar se transformando num "curso online” de conteúdos.
Porque catequese é encontro presencial, etapa da iniciação cristã, que se faz
em grupo e na comunidade. Onde ficam as outras dimensões da catequese?
Principalmente a liturgia? E se nem todos participam? Como será quando voltar?
Metade da turma participou, e a outra metade? Algumas crianças têm conexão
online, outras não. É impossível fazer um encontro onde todos participem em
igualdade de condições. Alguns contextos sociais, são diferentes, algumas
famílias já estão com o conteúdo escolar por meio de aulas remotas, onde pais e
filhos dividem o celular e a conexão. Não é porque uma catequista com uma turma
100% participativa que toda a catequese da paroquia com todas as turmas, vai
ser! Como fica isso?
Os "encontros" online
devem ser feitos sim. Mas, devem ser informais, e sem contar “tempo”
(fase, período, ano, etc.) de catequese. Aqui se está cumprindo uma das
tarefas/atividades da catequese. Conforme o DpC (2020), nº 79-89: Fazem parte da catequese, além do Conhecimento
da fé, a iniciação litúrgica, que se faz na Igreja, é celebração do
mistério, nas celebrações e ritos; também formar vida em Cristo, que se
faz na convivência com o outro; vida de oração, que não é só individual,
mas, em grupo; vida comunitária, testemunho, que se faz na comunidade.
Corre-se o risco, ao se passar
“conteúdo” num encontro por meios digitais, em se estar dando "aula".
A evangelização e a iniciação cristã precisam da comunidade como vínculo.
As crianças não vão ficar sem a “Palavra de Deus” se o catequista souber
conduzir os contatos com eles. Mesmo porque, catequese não é só a Palavra de
Deus e Doutrinas católicas, ela é inspirada pela Palavra de Deus, que leva às
demais dimensões.
O que “toca” aqui é que uma grande
parte dos nossos catequistas ainda não entendeu o que é a catequese. Sim, os
meios digitais são uma forma de evangelizar. Mas, fazer uma catequese
mistagógica e celebrativa por meio remoto, não significa que todos os
conectados estão, de fato, participando.
A afirmação de que a catequese
precisa ir até eles, já que eles não podem ir à Igreja, não é uma afirmação que
reflita o que é a catequese. Não é a "catequese" que precisa ir até
eles, é a Igreja, por meio do catequista, que vai. Aliás, deveria ir sempre,
mas, de pezinho no chão, e não de fone e microfone no ouvido. Quantos
catequistas visitam as famílias dos seu catequizandos em tempos “normais”?
E feliz de quem tem uma turma
inteira com conexão com a internet, com crianças que podem acessar o Zoom, Teams,
Google Meet, etc. Esta não é uma realidade global dos catequistas,
que dirá das crianças. Muitos dos nossos catequistas mal sabem usar o celular.
E não estamos declinando dos meios
digitais, mas sim, para usá-los como complemento da realidade física.
Evangelizar não é só fazer um “encontro” de catequese, tem muito de testemunho
e exemplo também.
Observa-se nestes 12 meses que quem
está fazendo “catequese online”, não é a regra, é exceção.
Não se pode afirmar que todos os
catequizandos e todos(as) as(os) catequistas da paróquia estão tendo os mesmos
resultados que vocês. E se acontecer de ficarmos sem catequese na paróquia por
2 anos? Isso vai valer como tempo de iniciação cristã? E o tempo de iluminação?
O tempo da mistagogia? E os catequistas que não conseguem fazer encontros pelo Zoom,
pelo Facebook, pelo Whats, pelo Teams? E como se sentem as crianças que não
podem participar dos encontros "virtuais"? Existem muitas crianças
que tem um só celular em casa, usados pelos irmãos, pelo pai e pela mãe, que
depende de conexão paga, famílias que mal tem dinheiro para as despesas normais
da casa.
Temos em Atos 2, 42, o exemplo de
como viviam as primeiras comunidades cristãs: “Eles eram perseverantes no
ensinamento dos apóstolos, na comunhão fraterna, na fração do pão e nas
orações”. Isso porque Jesus formou os seus discípulos fazendo-os conhecer
os mistérios do Reino, ensinando a rezar, propondo atividades evangélicas,
iniciando-os a vida em comunhão com Ele e à missão. (DpC nº 79). E isso é um
fato inquestionável e o diretório continua:
A fé exige ser conhecida, celebrada, vivida
e rezada: para formar a uma vida cristã integral, a catequese persegue,
portanto, as seguintes atividades: conduz á consciência da fé; inicia a
celebração do mistério; forma a vida em Cristo, ensina a rezar e introduz a
vida comunitária. (DpC nº 79)
Para o DNC (37): A catequese é
um processo exigente, um itinerário prolongado de preparação e compreensão
vital, de acolhimento dos grandes segredos da Fé (mistérios) da vida nova
revelada em Cristo Jesus e celebrada na Liturgia. Além do mais, a catequese
possui finalidades, características e tarefas incorporadas dentro do processo
de evangelização na Igreja como forma de evangelizar o mundo atual.
O Diretório Nacional (2006, 41)de
catequese traz ainda um conceito mais abrangente de catequese e a descrever
como: “Educação orgânica e sistemática da fé, educa para a vida em
comunidade, celebra e testemunha o compromisso com Jesus. Ela exerce (...) as
tarefas de iniciação, educação e instrução. É um processo de educação gradual e
progressivo, respeitando os ritmos de crescimento de cada um”.
Que bom que alguns catequistas
conseguem fazer encontros online. Mas, estão
erradas(os) em considerar como "catequese". Vale sim, todo empenho para
manter a união no grupo. O meio presencial é o ideal, mas, não é possível neste
momento. O contato por qualquer plataforma é válido. Mas, sem fazer
"encontros formais" levando os temas do itinerário para a internet.
Tem tanta coisa para se fazer com
eles pela internet, mas sempre com a preocupação de atingir a todos do grupo.
Não excluir nenhuma criança por falta de “inclusão digital”. Pensemos que uma
boa parte dos catequistas que nem sabem o que é o Zoom, Meet, etc. A pandemia é
que trouxe estes conceitos e plataformas à vida das pessoas. É necessário
trabalhar com a nossa realidade, mas, não levar a Igreja pra internet, porque
ela ainda não é a realidade de todos. E se fizermos todos os encontros pela
internet, não seremos Igreja, comunidade reunida do povo de Deus.
E, no meio disso tudo, pode-se
perguntar: Por que então temos missas online? As missas são “online”,
mas, a comunhão nunca vai ser, o encontro com a comunidade nunca vai ser, o
"mistério da fé" nunca vai ser. E as missas online, são para aqueles
que já estão evangelizados e já fizeram a iniciação. Nossas crianças ainda
estão aprendendo o mistério litúrgico.
A Internet é uma ferramenta de
evangelização, mas, jamais pode ser o local dos encontros
catequéticos. Você pode se encontrar toda semana com as crianças, fazer o que
quiser, mas, depois que voltar, os catequizandos precisam deste tempo
"online" transformado em presencial. Porque tem o “sacramento” depois.
Este não pode ser “online”!
Outro problema que podemos
encontrar lá na frente, se usarmos os temas ou subsídios ou cronograma, é que
eles esperam que isso vá "valer" para o tempo necessário de
catequese. Então se ficarmos dois anos sem encontros presencias - e normalmente
a Eucaristia se realiza com dois anos de catequese - eles receberão a
Eucaristia sem nunca ter ido à Igreja? Sem nunca ter se encontrado com a
comunidade?
O "conteúdo" é só uma
parte da catequese. Eles podem, por exemplo, ter terminado a 1ª etapa em 2019;
fazem a 2ª etapa online em 2020, aí voltam em 2021 na 3ª etapa. É isso que estou querendo dizer com
"fazer catequese", ela é mais que dar “conteúdo” pela internet.
O que precisa ser observado é que não
devemos perder o contato com os catequizandos, devemos manter as famílias informadas de tudo que acontece na
paróquia. Propor atividades em família, uma leitura orante, ou uma leitura
simples de um trecho da Bíblia, o Evangelho do Domingo, por exemplo. Estas são
atividades normais aliás, que deveriam estar sendo feitas bem antes deste
isolamento.
Como isso nunca foi feito antes, é
bom cuidar para que os pais não pensem que se ficarmos três anos em isolamento,
o sacramento será recebido "online" também. As atividades que porventura
o catequista acha que deve fazer, faça! Mas, este tempo não pode contar como
catequese presencial.
Esta é a minha preocupação, que se
use a internet para "cumprir" cronograma de tempo! Quando voltarmos
do isolamento social, temos que recomeçar a catequese sistemática, de
conhecimento da fé, porque ela só é válida se tiver o outro lado que é a convivência
e a vivência litúrgica da numa comunidade cristã.
Neste tempo de isolamento, não é
para esquecer os catequizandos! Não é nada disso! Só não é para vivenciar os
encontros como se estivéssemos na paróquia! Use a internet para se comunicar
com elas, para rezar com elas, para ler a bíblia com elas, mas, não faça os
"encontros" formais do itinerário, que deve presencial sempre.
A Igreja nos diz que a catequese e
a evangelização não são a mesma coisa, não são excludentes, se complementam. E
também nos diz o que, como e onde fazer. Como catequista da Igreja
Católica, não vale a "minha opinião". vale o que a Igreja de Jesus
Cristo deixou como catequese desde os primeiros séculos da Igreja. A comunidade
evangeliza. "A catequese é um ato de natureza eclesial (da Igreja), que
nasce do mandato missionário do Senhor" (DpC, 55). "Catequese,
etapa privilegiada do processo de evangelização... (DpC 56).
A Iniciação cristã é feita com a
Igreja e na Igreja. Lembram que ela é uma atividade eclesial. Podemos e devemos
manter todo contato possível por meios digitais com os nossos catequizandos e suas
famílias, mas, não fazer da catequese "aulas", conteúdos de EaD! E se
quando voltarmos, tiverem que rever os conteúdos? As crianças vão fazer tudo
outra vez?
Façamos coisas diferentes! Vamos
atingir as pessoas de outra forma, vamos aproveitar e fazer uma catequese com a
família, com os pais, façamos deles nosso alvo nesse momento. E o
Evangelho do domingo é e deve ser compartilhado com as famílias, afinal,
estamos praticamente sem missas. Uma excelente oportunidade para a dinamização
da leitura em família. É um tempo de convivência por meios digitais, que vai
fortalecer os vínculos com os catequizando e com a família.
No mais, cada um deve fazer o que
acredita que deve, o que não significa que é o certo. Sempre é bom saber
o que a Igreja orienta por meio dos documentos. Que, infelizmente, nem sempre é
o que orientam as lideranças paroquiais. Acaba de sair há menos de ano, o
DIRETÓRIO PARA A CATEQUESE, organizado pelo Pontifício Conselho para a
Evangelização. O pároco já leu? Estudou? Vocês estão lendo? Conhecem o DNC,
o diretório Nacional?
Abaixo, reproduzimos parte da
discussão feita no nosso Grupo de Catequistas no Facebook, com opinião de
vários catequistas a respeito:
Rúbia Meurer -
Estou realizando a leitura e estudo do mesmo! Em nossa Paróquia estamos levando
o Evangelho todo final de semana para nossas crianças e adolescentes da
Catequese, através de whatsapp, cada Catequista tem seu grupo. A Catequese é
Vivência, e isso estamos tentando fazer! Pedimos aos pais que nos enviem vídeos
ou fotos de como está sendo essa vivência em seus lares, está saindo um
trabalho muito bonito e significativo! Sabemos que não estamos atingindo 100%,
porém nossa missão estamos fazendo, pois quando retornar a Catequese voltará
mais fortificada!
Fatima Nunes de Lima - Algo
positivo, é que os pais agora estão interagindo com os filhos nas leituras dos
evangelhos dominicais e passando para nós catequistas essa experiência nova,
nunca vivida por eles. As missas em minha cidade voltaram com 30 por cento da
capacidade. Os pais dos catequizandos estão se inscrevendo para levarem os
filhos nas missas. E vamos rezar para que possamos voltar as nossas catequeses
presenciais com segurança, no momento vamos interagindo com as famílias até que
tudo se resolva.
Tania Fortes - Acho
que nesse período seria muito bom mais formação catequetica, pois achar que
encontros de catequese pode ser on-line, é falta de informação, principalmente
de alguns padres.
Andréia Da Silva Padilha - Lembrando
que foi terminantemente proibido dar catequese on-line, pois isso não existe! E
sim que a catequista prepare o encontro para os pais ministrarem! Ao meu ver, é
um tiro no pé, pois a grande maioria dos pais não está fazendo os encontros,
como foi relatado por vários catequizandos. Estão procurando a resposta no
Google e mandando! Simples assim, os pais enganam as catequistas, que fingem
que acreditam!
Sinto mais pelos adolescentes da V etapa, pois na maioria não tem uma boa
relação com os pais, e isso é normal nessa fase! Infelizmente esse ano vai
voltar o sacramento do tchau, no qual lutamos tanto para deixar de existir!
Ângela Rocha - Olha
Andreia, presencial ou remoto, o sacramento da crisma ainda será do tchau, se a
evangelização não for completa: anúncio/querigma, catequese e seguimento. Os
pais que escolherem dar a catequese para os filhos terão que ter apoio e
validação pelo catequista da catequese dada. Claro que isso pode não dar certo.
A maioria dos pais foi catequizada, mas, não evangelizada. Por isso é
necessário que sejam mantidos contatos pelos meios digitais, mas, sem a
catequese sistemática. Algo precisa ser bem observado é que, normalmente, há uma orientação da
comissão diocesana! Aqui na nossa arquidiocese, este tempo de isolamento social
deve ser voltado a não perder o contato com os catequizandos, sabendo que
continuaremos o itinerário de conteúdos quando voltarmos. Agora, falamos do Evangelho
do domingo, brincamos, cantamos, assistimos vídeo juntos, fazemos brincadeiras
(caça-palavras, jogo dos erros, gincanas bíblicas, etc.). Quem ia receber o
sacramento no próximo tempo pascal (2021), sabe que agora será em 2022. Simples
assim. Este tempo de contato via internet não substitui a catequese paroquial.
Tábata Pimenta - Eu
tentei um "encontro" online, mas não deu certo. Então, hoje o que
faço é exatamente isso, mantenho contato, e vou mostrando que sou um apoio,
mando algum vídeo ou roteiro de dinâmica para os pais conduzirem com os membros
da família e assim o retorno tem sido possível. Eles mandam fotos das
dinâmicas, comentam os vídeos e sempre, sempre dizem que isso tem sido
importante, pois sentem muita falta da igreja.
Ana Viana - Aqui
no Rio de Janeiro estamos sendo estimuladas a manter esse contato e é o que
faço. Encontros de amizades sobre a semana, os estudos, a continuidade da
pastoral após pandemia e uma pequena explanação de um texto bíblico. Não faço
mais de 35min. Eles já estão inseridos e aparentemente querem até que eu
prolongue, o que não faço. Mas, veja bem, são trinta perseverantes inscritos. Menos
da metade assistem as lives. Minha realidade é que todos eles têm celular e
computadores. Mas somente os que têm os pais engajados na paróquia, é que estão
participando.
Ângela Rocha - Isso
é a realidade de muitas e muitas turmas. 30 ou 10, importa que você mantém
contato. Eles sabem que você está ali e que podem vir quando quiserem te
encontrar. Isso acontece presencialmente. Por que na internet seria diferente?
Os catequistas devem procurar envolver a família, trabalham o evangelho
dominical, conversam com as famílias, falam da realidade que estamos vivendo,
conflitos, esperanças, etc. A homilia da paróquia é transmitida pelo Youtube, o
padre faz lives e tudo isso é compartilhado. Mas, isso não é
"catequese". Quando acabar a pandemia, aí sim, teremos catequese
novamente, com a presença das crianças e dos pais na catequese familiar que a
paróquia oferece. Agora nós "convivemos" e partilhamos a razão da
nossa esperança, sempre com o foco na família, não no catequizando. Ele terá a
catequese sistemática (temas/conteúdos) quando voltarmos.
Letícia Aparecida Dias da
Silva - Eu acredito que seja possível fazer encontro
online com o catequizando. Eu fiz seguindo
as leituras do domingo, nós tínhamos um horário para isso. No encontro tinha um
momento para colocar intenção, fazer oração, ler a Palavra, depois eu explicava,
e terminávamos com umas quatro perguntas que eles respondiam, escrevendo
no caderno ou por áudio. Foi muito bom porque não perdi o contato com a turma,
todos participaram. Eu concordo fazer em encontro online para manter contato e
continuar levando Jesus a estas crianças e a essas famílias. Através destes
encontros, descobri que tinha criança que não tinha terço, imagem de nossa
senhora. Neste meio tempo, eu providencie para eles, para nosso momento de
oração. Deu para perceber que os pais precisam ser catequizados novamente. Porém
para fazer sacramento, não vejo a catequese online como suficiente, creio que
quando voltar deve-se fazer o ano novamente com os conteúdos programadso e a
vivência da catequese que não tiveram no remoto.
Maria da Penha -
O foco da discussão é se os encontros remotos podem ser validados como
se fossem presenciais. Não é errado o
contato com os catequizandos, seja diário, semanal ou o que for, desde que não
se esteja fazendo "catequese", na origem do que a Igreja pede!
Suelly Borges Borges - Concordo
que haja uma interação com as famílias para não se perder o contato, mas não
concordo que seja feitos encontros online para aplicar o planejamento feito.
Também penso que CATEQUESE é vivência, presença na comunidade e na igreja. Vejo
que muitos catequistas ainda tem muito o que aprender sobre Iniciação à vida
cristã.
Eliziane Pelegrini - Tem
cinco semanas que tenho feito a experiência de chamada de vídeo com algumas
crianças da minha turma, com o objetivo de manter vivo os nossos laços de
amizade e matar um pouco da saudade. Disse algumas crianças, pois não é uma
obrigação participar. Quando pensei em fazer a chamada de vídeo, eu primeiro
apresentei a proposta para os pais e perguntei o que eles achavam, e a resposta
foi bem aceita por todos os pais. Deixei claro que seriam momentos de conversa
e que não alteraria em nada o processo catequético. Só que a realidade é muito
diferente de uma criança para outra, daí tenho que usar outros meios para fazer
contato com aquelas crianças que não conseguem, ou não podem participar da
chamada de vídeo. Nos momentos de oração procuro refletir o evangelho do
domingo, e confesso que tem sido uma experiência muito boa.
Socorro Oliveira - Concordo
plenamente, sem vivência e sem experenciar o contato com a comunidade e com os
irmãos, é impossível ter evangelização. Fazer o contato para não perder o
vínculo com os catequizandos e familiares, é uma necessidade até para que se sintam
queridos, lembrados e ajudar no incentivo à Igreja Doméstica em oração e
sintonia com a vida da comunidade.
Fatima Burak - Socorro,
a vivência do conteúdo precisa acontecer principalmente na família, na igreja
doméstica. Se quando temos a catequese normal uma hora semanal de contato com a
criança e talvez um contato apenas na missa, se isso não estiver acontecendo
agora, esse conteúdo na família a nossa catequese é em vão. Agora é a hora do
catequista participar com a família, agora é a hora da vivência da catequese
Tatiana Ferreira de Jesus - Ótimo
e concordo, uma coisa é você manter o vínculo para que eles não se percam no
meio do caminho, outra coisa é você mandar conteúdo. Mesmo porque nem todos tem
condições. Aqui mando algo, mas, não fico cobrando o retorno. Estamos passando
por um momento tão delicado, falo por experiência em ser mãe de um coroinha.
Outro dia foi mandado alguma coisa na turma dele de catequese que ele respondeu
com os olhos cheio de lágrimas, que não poderia comungar mais porque estava
preso dentro de casa e que esse era o “novo normal” naquele momento eu senti
uma tristeza tão grande e vi que não podíamos ficar cobrando devolutiva de
conteúdo, pois, se meu filho estava daquele jeito imagina as outras crianças.
Essa semana enviamos um conteúdo sobre as vocações, simples e claro.
Carmen Rios Defante - Para
manter o vínculo, regando o que já foi iniciado na vida cristã dos
catequizandos, sou a favor de ter encontros online para alimentar a
espiritualidade, na linguagem da criança, a partir da força do Espírito Santo
para com criatividade, preparar esses encontros. Sou a favor do diálogo,
partilha das experiências em tempo de pandemia, sendo que é bem rico esse
tempo, pois exige mais de nós viver a palavra radicalmente, uma oportunidade
maior de amar aos nossos, oportunidades de esforçar para viver os sacramentos
mesmo de longe. Novo modo de viver o evangelho e as criancinhas também precisam
aprender isso. As crianças que não tem condução também ser incluída na
criatividade de manter esse diálogo. As escolas entregam material impresso, já
é uma ideia.
Aline Lorensoni - Estamos
cheio de coisas novas, o novo de Deus é novo e ninguém sabe o que é, portanto,
se Deus permitiu nesse tempo a comunhão espiritual, por que não permitir
encontros virtuais, se hoje nos encontramos por meio de encontros virtuais, que
são viáveis sim. O que está em questão é continuar ou não os ensinamentos do
livro, como separar os ensinamentos do conteúdo do livro com sua própria vida. Seguir
o livro é dizer: Não podemos estacionar nos ensinamentos e formação dos
discípulos de Cristo. Agora sejamos obedientes ao que o Padre e a Diocese
determina. Mas repito, é o novo de Deus, IDE, IDE, IDE...
Fatima Burak - Não
podemos esquecer que a" iniciação cristã" acontece principalmente,
com ajuda do catequista, mas, a família, Igreja doméstica, é essencial para que
ela aconteça. O catequista tem apenas o encontro da semana, uma hora de contato
com a criança é pouco. A não ser aqueles catequistas que realmente investem na
evangelização, procurando criar mais momentos durante a semana com a criança, mas
a maioria é contato semanal e no dia! Porém é sonho da igreja que a família
seja participativa na construção dessa iniciação cristã. Estamos com a faca e o
queijo na mão para investir agora! A catequese familiar faz que a igreja
doméstica aconteça. Isso é verdadeira catequese, não somos escola com sala de
aula. Não tenham medo de aproveitar a oportunidade de fazer as famílias
conhecerem a catequese e o catequista, de estar mais presente, mesmo online, na
vida das famílias. Através de simples conversas com as crianças, os conteúdos
que são recebidos! Na catequese a criança não estuda apenas, mas ela reza o dia
o dia o que aprende. Quem melhor para ajudar? A família! Essa sempre foi a
proposta da catequese: que a catequese desenvolva os conteúdos como encontros
não como aulas! Pela primeira vez, vejo a utopia que a Igreja e muitos que
escreveram documentos da evangelização catequética, acontecer. Vejo nas
paróquias onde o catequista quer, a Palavra de Deus acontecer nas casas e
muitas famílias acolhendo essa catequese viva. Nunca tinha visto catequistas
com tanto amor em querer levar a palavra de Deus, pois, sabem que não estão
podendo fazer isso no presencial. Por isso estão procuram seus catequizandos e
novas formas! Antes as coordenações de catequese só viam seus catequistas no
sábado e muitos a criança não via nem na missa. Então repensarmos e aproveitemos
o momento que Deus está nos dando. Não estou falando como catequista aqui,
estou falando como uma mãe que está vendo a catequese na nossa Paróquia
acontecer e vendo o testemunho já em relação a catequese. Aqui não está tendo
catequese online (encontros), apenas contato por WhatsApp. As catequistas
entram em contato com a família, prepararam os conteúdos para o mês em uma
pasta com as folhas para que a família reze e converse. Pelo WhatsApp eles vão
orientando os pais e os pais vão orientando as crianças. Essa semana as famílias
começaram a montar altares para oração, estão enviando fotos. Nunca imaginaria
os pais tão participativos perguntando! Nos sábados os freis aqui rezam o terço
na igreja às 6 horas e os pais tem vindo participar para rezar por sua família
e alguns trazem as crianças. Estamos vendo a catequese familiar acontecer.
Rosinéa Monteiro Do
Nascimento - A catequese online, é uma realidade hoje em
muitas comunidades. Infelizmente, não funcionou aqui na minha comunidade, porque
nem todas as crianças possuem celular ou acesso a Internet. Mas, a proposta foi
aceita por alguns pais e responsáveis. Outros foram para o interior e não
puderam acompanhar. Alguns pais conseguiram acompanhar as atividades com seus
filhos.
Sandra Duraes - Com
certeza catequese é convivência, mas, nos tempos em que estamos vivendo,
precisamos criar vínculo e usar a criatividade para continuar a evangelizar
nossas crianças. Claro que vai depender do método a ser utilizado. Se o
catequista tem didática e sabe dar uma boa catequese, a catequese online é
muito válida sim. Repito se o catequista tiver didática, senão tiver não
adianta inventar moda. Outra coisa penso que precisamos ter mais respeito
diante de cada realidade e não julgar algo que não conhece.
Ângela Rocha - é bom que cada um coloque sua posição para juntos
descobrimos as verdades necessárias, o que pode ser melhor para todos e para
cada comunidade. Precisamos pensar que a catequese não é só método e didática,
ela vai muito além. Por isso o "online" é complicado, ele pode virar
só "técnica". Vivemos num contexto muito diferente uns dos outros, e
a partilha das realidades, acaba sendo um aprendizado para todos.
Roberta Monteiro - Em
partes eu concordo e em partes eu discordo, as pessoas precisam mudar o conceito
de que catequese é para receber um "diploma". Catequese é você
conhecer seu Criador e seu Salvador, é buscar o Espirito Santo para te guiar aí
sim receber realmente o sacramento. Acho que é possível evangelizar online sim,
acho que até demorou para começarmos evangelizar online, vemos na internet
tanto conteúdo que não agrega nada em nossa vida. Por que não começar a criar
conteúdo de evangelização? Queira ou não os catequizados estão em casa
assistindo o que eles gostam e o que eles têm disponível, e nós podemos começarmos
a criar um conteúdo que aos poucos eles vão começar a ter interesse. Acho
importante manter uma rotina com os catequizados, no dia e horário que seria o
encontro presencial marcar uma reunião online, fazer uma espiritualidade,
colocar um tema a ser trabalhado. Sempre trabalhar algo que tenha a ver com o
dia a dia deles e também com a vivência de um Cristão. Acredito que assim,
quando voltarmos, eles estarão mais preparados. Eu acredito que não importa o
tempo de catequese e sim a qualidade, precisamos apresentar o amor de Deus por
nós, claro que presencialmente é melhor, mas os catequizando estão super
antenados na internet, nós não podemos ficar fora dela. Precisamos recuperar o
cristianismo, hoje em dia temos pouquíssimos cristãos, precisamos Evangelizar
como Jesus evangelizou aquela samaritana no poço, utilizando os recursos de
hoje em dia.
Gorete Aquino - Pertenço
à Paróquia de São Judas Tadeu em Lavras - MG. Aqui não fazemos catequese
online. No começo algumas catequistas começaram a enviar material para as
crianças. O Padre mandou parar porque aproximadamente 65% das famílias não
possuem acesso à internet e não era justo deixá-las de fora. As catequistas
tiveram a ideia de entrar em contato com as famílias dos catequizandos e
incentivar as mesmas à assistirem às missas pela TV, o que fosse mais acessível,
uma vez que a grande maioria não consegue acompanhar as transmissões da própria
paróquia devido à ausência de sinal de internet. Num desses contatos tivemos a
oportunidade de descobrir que algumas famílias passam por necessidade devido à
pandemia. Com a ajuda da comunidade conseguimos arrecadar alimentos e se tiver
necessidade até o padre propôs ajuda através do dízimo da catequese. Mas
encontro de catequese através da internet não pode. A catequese é presencial.
Fazemos que a nossa
Igreja cumpra também seu papel social. Tem muitas famílias em dificuldades, sem
emprego, precisando de ajuda.
Wagner Campos Galeto - Neste tempo a catequese é ter
consciência social, ajudar a comunidade e o próximo, pode ter tudo, encontro
online, atividade, ligação, um oi, filme, etc., mas se não tiver Caridade (
ajudar o próximo) nada adianta. A melhor catequese agora é incentivar os pais
na oração em família e motivar a partilhar alimentos, roupas, remédios, com
quem precisa.
Adriana Bragion - Eu até tentei no começo dessa
pandemia, mas, não deu certo. Então, conversando, estudando e analisando,
cheguei a conclusão que não dá! Os catequizandos estão "cansados" e
querem sim saber de Deus mas de uma forma "diferente". Com os seus
pais tem dado mais certo. Tiro foto do círculo bíblico que a diocese
disponibiliza com as leituras dos finais de semana e peço que rezem em casa.
Também indiquei filmes.Não deixo de dar um "oi". E as vezes vou no
particular para conversar um pouco e saber deles. Assim vamos sem Encontros,
mas sem perder a conexão entre nós!
Valéria Freitas Lopes - Aqui
comecei a fazer os nossos encontros a pouco tempo via Google Meet. Faço nossa
meditação da Palavra e explico um pouco o evangelho. Rezamos o terço e assim
tem sido. Nenhuma outra catequista se atreveu a fazer. Aí o Padre resolveu
fazer uma reunião conosco, isso depois de cinco meses que os catequizandos
estavam sem ver nossa cara, e resolve que vai ter a primeira eucaristia sem ao
menos ter um encontro presencial, sem a presença dos pais e durante a semana
com filmagem para os pais acompanharem de casa. Estou muito decepcionada.
Suzana Lossurdo - Eu até tentei fazer
encontros online, criei grupo, tudo lindo. Mas, virou um vucovuco! Mandavam
tanta coisa no grupo, desde correntes que não podem quebrar até vídeos que não
tinham nada com nada. E olha que fui bem clara sobre o conteúdo do
grupo. Algumas mães pediram para não passar nada, pois sabiam que não
dariam conta, pois algumas crianças não tinham celular, teria que usar o do
responsável. Outras, me disseram que tinham mais filhos, pessoas de idade para
cuidar, além das atividades da escola. Mas, o que mais levei em consideração
sobre não fazer os encontros online, não está escrito em nenhum lugar e sim no
que vivi nesses anos todos: é a companhia, a alegria, o sorriso, as
brincadeiras; caras emburradas, até o desânimo deles em acordar cedo no sábado;
um ensinar o outro a procurar o versículo, até briga pra saber quem vai ler. Sinto
falta até de não contar com a comunidade na hora de uma confraternização pra
fazer uma pipoca ou doar um bolo. Então, se não tiver tudo isso, não é encontro.
O online é só isso, uma forma de não perder o contato e não deixá-los esquecer
que precisamos continuar em oração.
Andrea Bastos - Eu
estou desanimada. Preparo algo bem legal e apenas um participa. Me sinto
enxugando gelo. Os pais só sabem falar que as escolas já estão dando muito
trabalho e a catequese fica para depois. Comecei no maior pique, mas, confesso
que não me sinto confortável fazendo um encontro que seria para dez, só com três.
E nem fazem as tarefas e nem dão satisfação. Muito difícil a catequese online.
*******
Por isso, que os contatos precisam
também fugir de "encontros", da rotina. Precisam ser
"diferentes", causar "vontade" de se reunir, conversar! Vale destacar aqui alguns trechos do
novo DIRETÓRIO PARA A CATEQUESE, publicado em julho/2020:
213. A
linguagem da catequese inevitavelmente permeia todas as dimensões da
comunicação e suas ferramentas. As profundas mudanças na comunicação, evidentes
no âmbito técnico, produzem mudanças no âmbito cultural. (...) No espaço
virtual, que muitos consideram não menos importante que o mundo real, as
pessoas obtêm notícias e informações, desenvolvem e exprimem opiniões, se
envolvem em debates, dialogam e buscam respostas para suas perguntas. Não
valorizar adequadamente esses fenômenos leva ao risco de se tornar
insignificantes para muitas pessoas.
214. (... ) o
texto escrito encontra resistência para falar com os mais jovens, acostumados a
uma linguagem que consiste na convergência de palavras escritas, sons e
imagens. As formas de comunicação digital, por sua vez, oferecem maiores
possibilidades, pois estão abertas à interação. Portanto, além do conhecimento
tecnológico, é necessário aprender modalidades de comunicação eficazes, bem
como garantir uma presença na rede que testemunhe os valores evangélicos.
215. As
tecnologias de informação e comunicação, as mídias sociais e os dispositivos
digitais favorecem os esforços colaborativos, de trabalho em comum, de troca de
experiências e conhecimento mútuo. (...)
216. Convém que
as comunidades estejam comprometidas não só a enfrentar esse novo desafio
cultural, mas também a corresponder às novas gerações com as ferramentas já
hoje de uso comum na didática. Também é prioritário para a catequese educar
ao bom uso dessas ferramentas e a uma compreensão mais profunda da cultura
digital, ajudando a discernir os aspectos positivos dos ambíguos. O catequista
de hoje deve estar consciente de quanto o mundo virtual pode deixar marcas
profundas, especialmente nas pessoas mais jovens ou mais frágeis, e quanta
influência podem ter na gestão das emoções ou no processo de construção da
identidade.
217. A
realidade virtual, porém, não pode substituir a realidade espiritual,
sacramental e eclesial vivida no encontro direto entre as pessoas: “somos meios
e o problema fundamental não é a aquisição de tecnologias sofisticadas, embora
necessárias para uma presença atual e válida. Esteja sempre bem claro em nós
que o Deus em quem acreditamos, um Deus apaixonado pelo homem, quer
manifestar-se por meio dos nossos meios, ainda que pobres, porque é Ele que
opera, é Ele que transforma, é Ele que salva a vida do homem”. (Papa Francisco)
Para testemunhar o Evangelho, é necessária uma comunicação autêntica, fruto da
interação real entre as pessoas.
Sugiro que seja feita uma leitura mais completa do Diretório. O Diretório ainda
trata do tema “O Grupo” e o quanto é importante que o catequista saiba
que “a comunidade eclesial é o principal sujeito da catequese”,
portanto, é preciso constituir grupos ou comunidades pequenas de pessoas
imbuídas dos mesmos propósitos. E, também na sequência, fala-se da importância
do “Espaço” destinado à catequese, com seus símbolos e arquitetura. A
comunicação “virtual” é necessária e quase imprescindível nestes novos tempo,
mas, não pode substituir o “meio” real que, como disse o Papa Francisco, somos
nós.
Ao falarmos sobre "catequese online", não podemos
contemplar somente uma parte dela: “da educação orgânica e sistemática da fé”.
Esquecemos que ela educa para a vida comunitária, celebra e testemunha o
compromisso com Jesus por meio da Liturgia. Ela exerce, portanto, ao mesmo
tempo, as tarefas de iniciação, educação e instrução. É sempre um processo
gradual e progressivo, respeitando os ritmos de crescimento de cada um. Ou
seja, inicia a pessoa na vida de fé, considerando todos os
seus aspectos.
ÂNGELA ROCHA
Catequista - Formadora
REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
CNBB. Diretório Nacional de Catequese. Documento 84.
Brasília: CNBB, 2006.
PONTIFÍCIO CONSELHO PARA A PROMOÇÃO DA NOVA EVANGELIZAÇÃO. Diretório
para a Catequese. Documento 61. Brasília: CNBB, 2020.
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