SÃO JOÃO BATISTA
E o anjo disse a Maria: “Tua
prima Isabel, apesar da idade avançada, recebeu a graça de Deus de gerar um
filho. Encontra-se no sexto mês de gestação”. E Maria, feliz, foi ajudar
sua prima.
Isabel e Zacarias, já de idade
avançada, rogavam a Deus para terem a alegria de um filho, pois um casal sem
filhos, era motivo de vergonha. Deus, em sua misericórdia ouviu o clamor desse
casal e lhes concebeu um bebê e que teria uma tarefa muito importante em sua
vida: preparar o terreno para a chegada do Messias.
Maria, por volta dos três
meses de gestação, acompanhada de José, percorreu cerca de 150 quilômetros de
Nazaré até Ain-Karin, cidade que fica a uns seis quilômetros de Jerusalém, para
encontrar sua prima.
Primeiro
contato de Jesus com João
Ao entrar na casa de Isabel e Zacarias, e durante aquele abraço em que os corações se tocam, o Espírito Santo, sempre presente na vida dessas mulheres, fez com que Isabel dissesse as seguintes palavras: “Bendita és tu entre as mulheres e bendito é fruto do teu ventre”. Que é um dos versos da oração da Ave Maria. Continua Isabel: “Donde vem esta honra de vir a mim a mãe de meu Senhor? Pois assim que a voz de tua saudação chegou aos meus ouvidos, a criança estremeceu de alegria no meio seio. Bem-aventurada és tu que creste, pois se hão de cumprir as coisas que da parte do Senhor te foram ditas! (Lucas 1, 42 -45). E assim começa a história do último profeta, João Batista.
Quem é São João Batista
Lucas, em seu Evangelho relata
que o nascimento de João foi anunciado pelo anjo Gabriel, enviado por
Deus. "Certa ocasião, Zacarias fazia o serviço religioso no
Templo". "Então apareceu um anjo do Senhor". "O anjo disse:
Não tenha medo, Deus ouviu seu pedido, e sua esposa vai ter um filho e você lhe
dará o nome de João". (Lucas 1, 8,11-13).
No oitavo dia, após Isabel dar à luz a seu filho, e como era
prática entre os judeus, João passou pela cerimônia da circuncisão.
*
A circuncisão é o ato cirúrgico de retirar o prepúcio nos homens, que é a pele
que recobre a cabeça do pênis. Embora tenha começado como um ritual em algumas
religiões, essa técnica é cada vez mais usada por motivos de higiene e pode até
ser usada para tratar problemas do pênis, como a fimose, por exemplo.
Sendo seu pai sacerdote do
templo, e sua mãe pertencente a uma sociedade chamada “Filhas de Aarão”, a
educação de João foi influenciada por essas atividades. Conforme ia crescendo,
se tornava mais forte de espírito. Tornou-se um líder muito popular, reunindo
sempre grandes quantidades de pessoas ao seu redor.
A relevância do papel de São João Batista reside no fato de ter sido o “precursor” de Cristo, a voz que clamava no deserto e anunciava a chegada do Messias, insistindo para que os judeus se preparassem, pela penitência, para essa vinda.
Já no Antigo Testamento,
encontramos passagens que se referem a João Batista. Ele é anunciado por
Malaquias e principalmente por Isaías. Os outros profetas são um prenúncio do Batista
e é com ele que a missão profética atingiu sua plenitude. Ele é considerado um
dos elos entre o Antigo e o Novo Testamento.
As pregações no deserto
Segundo Mateus, João dizia: “Converta-se,
porque o Reino do Céu está próximo”. “João foi anunciado pelo profeta
Isaías, que disse”: “Esta é a voz daquele que grita no deserto: Preparem o
caminho do Senhor, endireitem suas veredas!” João usava roupa feita de
pelos de camelo, e um cinto de couro na cintura, comia gafanhotos e mel
silvestre. Os moradores de Jerusalém, de toda a Judéia e de todos os lugares em
volta do rio Jordão, iam ao encontro de João. Confessavam os próprios pecados e
João os batizava no rio Jordão (Mateus 3, 2-6).
João anunciava que a chegada do Messias estava
próxima e pedia a adesão do povo, selando-a com o batismo. As autoridades
mandam investigar se João pretendia ser ele o Messias, mas João nega.
A vaidade, o orgulho ou até
mesmo, a soberba, jamais estiveram presentes em São João Batista e podemos
comprovar isso pelos relatos evangélicos. Por sua austeridade e fidelidade
cristã, ele é confundido com o próprio Cristo, mas imediatamente retruca: “Eu
não sou o Cristo” (Jo 3, 28) e “não sou digno de desatar a correia de
sua sandália” (Jo 1,27). Quando seus discípulos hesitavam, sem saber a quem
seguir, ele apontava em direção ao único caminho, demonstrando o rumo certo, ao
exclamar: “Eis o cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo”. (Jo
1,29).
Mais tarde, João foi preso e
degolado por Herodes Antipas, por denunciar a vida imoral do governante. Marcos
relata, em seu evangelho (6,14-29), a execução: “Salomé, filha de Herodíades,
mulher de Herodes, pediu a este, por ordem da mãe, a cabeça do profeta, que lhe
foi servida numa bandeja”. O corpo de João foi, segundo Marcos, enterrado por
seus discípulos.
Curiosidades
A celebração da natividade de
São João Batista é a única festa litúrgica que
Igreja dedica ao nascimento de um santo.
São João Batista é o único santo festejado no dia do seu nascimento!
Por ter sido purificado ainda
no ventre de sua mãe, pelas palavras da
virgem Maria, São João é venerado na Igreja Católica com uma festa
litúrgica particular a muito, muito, muito tempo. Santo Agostinho, no ano 400, já dizia que o santo era comemorado a 24
de junho na Igreja africana.
São João, além de mais alguns
santos, é tido como protetor das grávidas, pode ser pelo fato de sua mãe o ter
gestado, quando já era bem idosa.
A “Festa Junina” de São João
Na cultura popular brasileira, as festas juninas têm lugar especial, pois, além de valorizarem as tradições locais do país, também revelam muitos elementos históricos, religiosos e mitológicos curiosos, que passam despercebidos. As festas juninas seguem o calendário litúrgico da Igreja Católica, que acabou por substituir os rituais dedicados aos deuses médio-orientais, gregos, romanos e nórdicos por festas dedicadas aos santos.
A origem do dia de São JoãoHavia,
na segunda quinzena do mês de junho, quando ocorria o solstício de verão na
Europa, o culto a deuses da natureza, das plantações, colheitas etc. Estes
cultos eram associados aos ciclos naturais da vegetação, que morre no inverno e
renasce e vigora na primavera e verão. O culto a deus Adônis,
cujo dia era 24 de junho, tinha por objetivo a celebração dessa renovação, da
“boa-nova” do renascer da natureza. Essa ideia foi assimilada pelo
cristianismo, que substituiu Adônis por São João Batista.
São João Batista, na tradição
cristã, anunciou a “boa-nova” (boa notícia) da vinda do Cristo, filho de Deus,
salvador da humanidade, que “renovaria todas as coisas”. Da história de
São João, a cultura popular europeia retirou vários símbolos, que passaram a se
mesclar com os tradicionais ritos de colheita remanescentes do culto a Adônis.
Um dos símbolos mais importantes é a fogueira.
História da fogueira e Simpatias
em torno dela
A fogueira é um símbolo
tradicional do Dia de São João. A fogueira, característica das festas de São
João, tem seu fundamento na história do nascimento de João Batista. A
fogueira era um sinal de Santa Isabel, mãe de São João, para Maria, mãe de
Jesus. Abaixo segue uma sinopse da história, adaptada pela pesquisadora Lúcia
Rangel:
“Dizem
que Santa Isabel era muito amiga de Nossa Senhora e, por isso, costumavam
visitar-se. Uma tarde, Santa Isabel foi à casa de Nossa Senhora e aproveitou
para contar-lhe que dentro de algum tempo nasceria seu filho, que se chamaria
João Batista.
Nossa
Senhora então perguntou:
— Como
poderei saber do nascimento dessa criança?
— Vou
acender uma fogueira bem grande; assim você poderá vê-la de longe e saberá que
João nasceu. Mandarei também erguer um mastro com uma boneca sobre ele.
Santa
Isabel cumpriu a promessa. Certo dia Nossa Senhora viu ao longe uma fumaceira e
depois umas chamas bem vermelhas. Foi à casa de Isabel e encontrou o menino
João Batista, que mais tarde seria um dos santos mais importantes da religião
católica.”
No caso específico do Brasil, a prática do acendimento da fogueira na noite de 23 para 24 de junho foi trazida pelos jesuítas. Tal prática foi com o tempo associada a outras tradições populares, como o forrobodó africano (espécie de dança de arrasta-pé), que daria no forró nordestino, e a quadrilha caipira, que herdou elementos de bailes populares da Europa – palavras como “anarriê”, “alavantú” e “balancê”, por exemplo, são adaptações de termos de bailes populares da França.
Em torno da fogueira de São
João também se desenvolveu uma série de superstições e simpatias. Há, por
exemplo, a prática do “batismo na fogueira”, que cria laços de apadrinhamento
na ação de saltar as brasas de uma fogueira que se tenha acendido.
Há também a tradição de
inúmeras simpatias de adivinhação, principalmente aquelas relacionadas com
o casamento. Um exemplo é a simpatia de se passear descalço nas brasas da
fogueira com uma faca virgem em mãos. Depois, tal faca deve ser cravada em uma
bananeira. No dia seguinte, a pessoa deve tirar a faca da bananeira e observar
os desenhos que a nódoa do caule terá produzido. Desses desenhos aparecerão as
iniciais do nome da pessoa com quem vai se casar.
O grande folclorista
potiguar Câmara Cascudo narra, em sua Antologia do Folclore
Brasileiro, uma simpatia relacionada com a fogueira muito comum no Nordeste: “Em
noite de São João passa-se sobre a fogueira um copo contendo água, mete-se no
copo sem que atinja a água um anel de aliança preso por um fio, e fica-se a
segurar o fio; tantas são as pancadas dadas pelo anel nas paredes do copo
quantos os anos que o experimentador terá de esperar pelo casamento”. Esse
tipo de simpatia, lembra Cascudo, remete a ritos religiosos pagãos, como a
prática dos oráculos entre gregos e romanos.
Oração
de São João Batista
Colaboração: Suzana Lossurdo - Barra Bonita SP.
BIBLIOGRAFIA:
FERNANDES, Cláudio. 24 de
junho - Dia de São João; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/detalhes-festa-junina/origem-festa-sao-joao.htm
. Acesso em 22 de junho de 2021.
MIRANDA, Evaristo. Guia de Curiosidades Católicas: Causos, costumes, festanças e símbolos escondidos no seu calendário. Petrópolis: Vozes, 2007.
João Batista: pregador religioso. Encontrado em: https://www.ebiografia.com/joao_batista/ . Acesso em 21/06/2021.
A Circuncisão. Encontrado em: https://www.tuasaude.com/o-que-e-circuncisao/. Acesso em 21 de junho de 2021.
RANGEL, Lúcia H. V. A lenda do surgimento da fogueira de São João in Festas juninas, festas de São João: origens, tradições e história. São Paulo: Publishing Solutions, 2008. p. 35.
São João. Encontrado em: https://formacao.cancaonova.com/diversos/sao-joao-batista/
FONTE DAS IMAGENS:
Maria e Isabel: the-nativity-story-03-e1481658960925-1040x673-1024x663.jpg
(1024×663) (radiomaria.org.ar)
Zacarias: https://padrepauloricardo.org/episodios/a-incredulidade-de-zacarias
Pregação no deserto: https://www.bibliadeestudo.org/john-baptist.html
Festa Junina e estandarte. https://brasilescola.uol.com.br/detalhes-festa-junina/origem-festa-sao-joao.htm
3 comentários:
Muito bom!
Viva São João!!
Maravilha! Deus abençoe 🙏🏼
Parabéns Susana pelo belo e completo texto.
Obrigada pela catequese sobre São João.
Abraço Sabrina, Caxias do Sul-RS
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