26º DOMINGO DO TEMPO COMUM: Marcos 9,38-48,
A cena é
surpreendente. Os discípulos se aproximaram de Jesus com um problema. Neste
caso, o porta-voz do grupo não é Pedro, mas João, uns dos irmãos que andavam
buscando os primeiros lugares no grupo. Agora o grupo de discípulos procura ter
exclusividade de Jesus, buscam seu monopólio. Pretender ter exclusividade de
sua ação libertadora.
Eles
estão preocupados. Um exorcista que não faz parte do grupo está expulsando
demônios em nome de Jesus. Os discípulos não gostam de que as pessoas fiquem
curadas e que possam iniciar uma vida mais digna. Eles pensam somente no
prestígio de seu próprio grupo. Por isso tentaram cortar pela raiz sua atuação.
Este é o único motivo: “ele não nos segue”.
Os
discípulos pensam que, para atuar em nome de Jesus e com sua força curativa, é
preciso ser membro de seu grupo. Pensam que ninguém pode invocar a Jesus e
trabalhar por um mundo mais humano sem fazer parte da Igreja. É realmente
assim? Que pensa Jesus a respeito?
Suas
primeiras palavras são claras: “não lhes proíbam”. O nome de Jesus e a sua
força humanizadora são mais importantes do que o pequeno grupo de seus
discípulos. É bom que a salvação que traz Jesus se estenda além da Igreja
estabelecida e ajude as pessoas a viver de forma mais humana. Ninguém deve
vê-la como uma competência desleal.
Jesus
quebra toda tentativa sectária de seus seguidores. Ele não formou seu grupo
para controlar sua salvação messiânica. Ele não é um rabino de uma escola
fechada, mas um profeta de uma salvação aberta a todos e todas. Sua Igreja deve
colocar seu nome onde ele é invocado para fazer o bem.
Ele não
quer que entre seus seguidores se fale dos que são nossos e dos que não os são,
os “de dentro e os de fora”. Quer dizer, ele não quer que se fale entre os que
podem e os que não podem atuar em seu nome. Sua maneira de ver as coisas é
diferente: “quem não esta contra nós está a nosso favor”.
Em nossa
sociedade há muitos homens e mulheres que trabalham por um mundo mais justo e
humano sem fazer parte da Igreja. Alguns nem são crentes em Deus, mas estão
abrindo caminhos ao reino de Deus e à sua justiça. Estes são nossos. Devemos
ficar alegres em vez de olhar para eles com ressentimento. Devemos apoiá-los em
lugar de desqualificá-los.
É um erro viver na Igreja vendo hostilidade
e maldade por todos os lados, acreditando ingenuamente que somente nós somos
portadores do Espírito de Jesus. Ele não nos aprovaria. Antes, convidar-nos-ia
para colaborar com alegria com todos aqueles que vivem de maneira evangélica e
que se preocupam dos mais pobres e necessitados.
Texto do José Pagola
fonte: cebi.org.br
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