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32º DOMINGO DO TEMPO COMUM: Mateus 5,1-12
Olhar a prática da nossa comunidade
O evangelho deste domingo nos convida a meditar sobre o começo do
“Sermão da Montanha”. Certa vez, vendo aquela multidão imensa de gente que o
seguia, Jesus subiu um pequeno morro para que todos pudessem vê-lo e ouvi-lo.
Sentado lá no alto e olhando o povo, ele disse: “Felizes os pobres de
espírito”. Estas palavras de Jesus fazem a gente pensar e se perguntar: “O que
é mesmo a felicidade? Quem é realmente feliz?”.
Situando
Aqui no capítulo 5, Jesus aparece como o novo legislador. Sendo Filho,
ele conhece o Pai e o objetivo que ele tinha em mente quando, séculos atrás, deu
a Lei ao povo pela mão de Moisés. Por isso, Jesus pode nos oferecer uma nova
versão da lei de Deus. O solene anúncio da Nova Lei começa aqui no Sermão da
Montanha.
No Antigo Testamento, a Lei de Moisés é apresentada em cinco livros:
Gênesis, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio. Imitando o modelo antigo,
Mateus apresenta a Nova Lei que revela o sentido desta Lei, dividindo o
evangelho em cinco livrinhos. As partes narrativas dos cinco livrinhos,
intercaladas com cinco Sermões, descrevem a prática de Jesus e têm como
objetivo mostrar como Jesus observava a Lei e a encarnava em sua vida.
Comentando
Mateus 5,1: O solene anúncio da Nova Lei
Havia apenas quatro discípulos com Jesus. Pouca gente. Mas uma multidão
imensa estava à sua procura. No AT, Moisés subiu o Monte Sinai para receber a
Lei de Deus. Como Moisés, Jesus sobe a Montanha e, olhando o povo, proclama a
Nova Lei.
Mateus 5,3-10: As oito portas de entrada
do Reino
São oito categorias de pessoas, oito portas de entrada para o Reino,
para a Comunidade que é chamada a viver as relações do Reino. Não há outras
entradas! Quem quiser entrar terá que identificar-se com uma dessas oito
categorias
1. os pobres de
espírito 1. deles é o Reino dos Céus
2. os mansos 2.
herdarão a terra (bens)
3. os aflitos
3. serão consolados (bens)
4. os com fome e sede
de justiça 4. serão saciados (pessoas)
5. os misericordiosos
5. obterão misericórdia (pessoas)
6. os de coração limpo
6. verão a Deus (Deus)
7. os promotores da
paz 7. serão filhos de Deus (Deus)
8. os perseguidos por
causa da justiça 8. deles é o Reino dos Céus
A primeira e a última categoria recebem a mesma promessa: o Reino dos
Céus. E a recebem desde agora, pois Jesus diz “deles é o Reino dos Céus”.
Como mostra o esquema acima, entre estas duas categorias, há três duplas
às quais é feita uma promessa no futuro:
·
2 e 3: mansos e aflitos: dizem respeito ao relacionamento com os bens
materiais, terra e consolo;
·
4 e 5: Fome e sede de justiça e misericordiosos: dizem respeito ao
relacionamento com as pessoas na comunidade: justiça e solidariedade;
·
6 e 7: Coração limpo e promotores da paz: dizem respeito ao
relacionamento com Deus: ver a Deus e ser chamado filho de Deus.
Em outras palavras, o Projeto do Reino, apresentado por Jesus nas
bem-aventuranças, quer reconstruir a vida na sua totalidade: no seu
relacionamento com os bens materiais, com as pessoas entre si e com Deus. No
tempo de Mateus, este projeto estava sendo assumido pelos pobres e, por causa
disso, estavam sendo perseguidos.
Alargando
A comunidade que recebe as
bem-aventuranças
Mateus tem oito bem-aventuranças. Lucas tem quatro bem-aventuranças e
quatro maldições (Lucas 6,20-26). As quatro da Lucas são: “vocês pobres, vocês
que passam fome, vocês que choram, vocês que são odiados e perseguidos” (Lucas
6,20-23). Lucas escreve para comunidades de pagãos convertidos. Elas vivem no
contexto social hostil do Império Romano. Mateus escreve para as comunidades de
judeus convertidos, que vivem num contexto de ruptura com a sinagoga. Antes da
ruptura, elas tinham certa condição e aceitação social. Mas, depois da ruptura,
essas comunidades entraram em crise. Nelas, aparecem grupos de várias
tendências brigando entre si. Alguns da linha farisaica querem manter rigor na
observância da Lei a que estavam acostumados desde antes da conversão a Jesus.
Mas fazendo assim, excluem os pequenos, as pessoas pobres.
A nova lei trazida por Jesus pede que todos possam ser acolhidos na
comunidade como irmãos e irmãs. Por isso, o solene início da Nova Lei traz oito
bem-aventuranças que definem as categorias de pessoas que devem ser acolhidos
na comunidade: os pobres em espírito, os mansos, os aflitos, os que têm fome e
sede de justiça, os misericordiosos, os de coração limpo, os que promovem a paz
e os que são perseguidos.
O que é ser pobre em espírito?
Jesus reconhecia a riqueza e o valor dos pobres. Definiu a sua missão
como envio do Espírito do Senhor para “anunciar a Boa Nova aos pobres” (cf.
Lucas 4,18-19). Ele mesmo vivia como pobre. Não possuía nada para si, nem mesmo
uma pedra para reclinar a cabeça. E, a quem queria segui-lo, ele mandava
escolher: ou Deus ou o dinheiro. Então, o Pobre em Espírito quem é? É o pobre
que tem este mesmo Espírito de Jesus. Não é o rico. Nem é o pobre com cabeça de
rico. Mas é o pobre que diz: “Eu acredito que o mundo será melhor quando o
menor que padece acreditar no menor!”
Texto de Mesters, Lopes e Orofino
Fonte: cebi.org.br
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