EPIFÂNIA DO SENHOR – Mateus 2, 1-12
Quando fui convidada para refletir
sobre a Epifania de Nosso Senhor Jesus Cristo, celebrada pelas igrejas que
acompanham o lecionário ecumênico, senti o desejo de pensar o que esta
celebração significa para mim, mulher preta, pobre, mãe solo, nascida no dia 06
de janeiro, em uma cidade do agreste de Pernambuco. Desejei refletir sobre os
meus sentimentos, antes mesmo de mergulhar nos textos indicados para iluminar
as celebrações do segundo domingo de janeiro.
Dei-me conta imediatamente que
“epifania” e “Nosso Senhor Jesus Cristo” são expressões que chegaram aos meus
ouvidos muito tardiamente. O que a menina de Caruaru ouvia é que ela nasceu no
dia da “Festa de Reis”, quando os magos foram levar presentes para o menino
Jesus.
Minha memória afetiva traz uma mistura
de explicações que ouvi de minhas tias e avós, juntadas às minhas experiências
pessoais. Algo mais ou menos assim: 06 de janeiro é um dia muito bonito, foi
quando os reis magos que vinham atravessando o deserto, seguindo a estrela,
procurando o rei-menino, foram até o palácio, mas o menino-Deus não estava lá.
A estrela os trouxe até um sítio e foi dentro de um curral, deitado em uma
cocheira que o Menino Jesus foi adorado pelos magos, pelo pessoal da roça e
pelos bichos.
Isso mesmo, eu nasci no dia que a gente
se lembra daquela que, para o povo da bíblia, foi a primeira vez em que as
pessoas, os bichos e toda a natureza tiveram a revelação de que o Deus do céu
está com a gente e habita a fragilidade de uma criança. Por isso tem festa,
oração, pastoril, queima da lapinha (palha que está no chão e na coberta onde
fica o presépio), tudo para celebrar a súbita percepção da Divindade que está
entre nós.
E para você, o que diz a expressão
Epifania de Nosso Senhor Jesus Cristo?
Neste segundo domingo de janeiro,
nossas igrejas irão trazer a memória de muitas comunidades da Bíblia com este
olhar da epifania, da revelação, para somar com a memória de nossas comunidades
de fé. É nesta perspectiva de Deus-conosco que vamos ler Isaías 60:1-6,
percebendo a luz, da qual fala Isaias, como esta presença agregadora do Deus
vivo, para o qual tudo converge e atinge plenitude. Com este mesmo olhar vamos
orar o Salmo 72:1-7, 10-14, sentindo a marca emblemática do Deus justo na
história do povo. Também no depoimento da Comunidade de Efésios 3:1-12 vamos
ter o testemunho de que Deus se manifestou, mostrou-se e nos deu a conhecer
seus caminhos.
A comunidade de Mateus, guardou a
memória da Epifania deste modo:
1 Jesus nasceu na cidade de Belém, na
região da Judéia, quando Herodes era rei da terra de Israel. Nesse tempo alguns
homens que estudavam as estrelas vieram do Oriente e chegaram a Jerusalém.
2 Eles perguntaram: —Onde está o menino
que nasceu para ser o rei dos judeus? Nós vimos a estrela dele no Oriente e
viemos adorá-lo.
3 Quando o rei Herodes soube disso,
ficou muito preocupado, e todo o povo de Jerusalém também ficou.
4 Então Herodes reuniu os chefes dos
sacerdotes e os mestres da Lei e perguntou onde devia nascer o Messias.
5 Eles responderam: —Na cidade de
Belém, na região da Judéia, pois o profeta escreveu o seguinte:
6 “Você, Belém, da terra de Judá, de
modo nenhum é a menor entre as principais cidades de Judá, pois de você sairá o
líder que guiará o meu povo de Israel. ”
7 Então Herodes chamou os visitantes do
Oriente para uma reunião secreta e perguntou qual o tempo exato em que a
estrela havia aparecido; e eles disseram.
8 Depois os mandou a Belém com a
seguinte ordem: —Vão e procurem informações bem certas sobre o menino. E,
quando o encontrarem, me avisem, para eu também ir adorá-lo.
9 Depois de receberem a ordem do rei,
os visitantes foram embora. No caminho viram a estrela, a mesma que tinham
visto no Oriente. Ela foi adiante deles e parou acima do lugar onde o menino
estava.
10 Quando viram a estrela, eles ficaram
muito alegres e felizes.
11 Entraram na estribaria e encontraram
o menino envolto em panos na manjedoura com Maria, a sua mãe. Então se
ajoelharam diante dele e o adoraram. Depois abriram os seus cofres e lhe
ofereceram presentes: ouro, incenso e mirra.
12 E num sonho Deus os avisou que não
voltassem para falar com Herodes. Por isso voltaram para a sua terra por outro
caminho.
Quero pensar que na memória das
comunidades bíblicas ou do povo simples do meu agreste há em comum esta
presença Divina-Humana agregadora, larga, simples, acessível. Quem sabe a
Epifania de Nosso Senhor Jesus Cristo seja mesmo a certeza de que não estamos
sozinhas, as forças encantadas da criação e da vida estão conosco e são bem
simples, cabem numa cocheira-manjedoura, dentro de um curral-estábulo, no corpo
de uma criança, no colo de uma mulher, no abraço de um pai.
Texto: Sílvia Souza
Biblista Popular
Fonte: CEBI Pernambuco – Conselho Nacional do CEBI
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