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domingo, 17 de setembro de 2023

ROTEIRO DE ENCONTRO: A CRIAÇÃO E A CASA COMUM - CATECUMENATO DE ADULTOS

Você já leu a Laudato Si'? "Sobre o cuidado da 'casa comum'". Carta Encíclica do Papa Francisco de 24 de maio de 2015? Se não leu, leia e aproveite este roteiro de encontro!

ROTEIRO DE ENCONTRO: A CRIAÇÃO E A CASA COMUM

Para o catequista: Sugerimos aqui um encontro mais “motivacional”, estimulando a sensibilidade e o encantamento pela criação. Ele pode ser associado aos primeiros encontros, outra possibilidade é criar um momento especial de celebração no meio do processo catecumenal (catequese). Sobre o texto bíblico da Criação: É preciso superar uma concepção literal e estática da origem da Terra. Ampliar a visão cristã sobre a criação e a nossa responsabilidade para com ela. Perceber que a teologia da criação não está somente em Gn 1-2. Ela percorre toda a Bíblia, em estreita relação com a salvação.

Objetivos do encontro: Aproximar o catequizando da natureza com abertura para a admiração e o encanto, mostrando a língua da fraternidade e da beleza, conforme a Carta Encíclica Laudato si, do Papa Francisco (LS 11). Apresentar São Francisco de Assis como modelo do cuidado com a casa comum.

Ambientação: Sugerimos que o encontro seja em um parque, bosque, área de conservação, ou qualquer outro espaço onde, antes de refletir, as pessoas exercitem seus sentidos (tocar, cheirar, ver, respirar, ouvir), percebendo-se como parte do meio ambiente, da criação de Deus: flores, árvores, plantas, pássaros, água, etc. Se possível, uma imagem de São Francisco de Assis.

Material de apoio: Carta Encíclica Laudato si - Papa Francisco.

Sobre a Encíclica Laudato si

A Encíclica Laudato si foi escrita pelo Papa Francisco em maio de 2015. Ela foi escrita para “nos ajudar a reconhecer a grandeza, a urgência e a beleza do desafio que temos pela frente: cuidar da casa comum, a Terra”. (LS 15).

A Terra é para nós como a casa onde habitamos com as outras criaturas, uma irmã com que partilhamos a existência, uma boa mãe que nos acolhe nos seus braços. Ela clama contra a violência que lhe provocamos. Esquecemos de que nós mesmos somos parte da Terra. Francisco faz um grande apelo: unir toda a família humana na busca de um desenvolvimento sustentável e integral (LS 13).

O Papa Francisco usa como símbolo do amor à criação, São Francisco de Assis religioso italiano o fundador da Ordem dos Franciscanos no século XII. São Francisco era filho de um rico comerciante, mas fez votos de pobreza. Foi canonizado pelo papa Gregório IX dois anos depois de sua morte. São Francisco é exemplo do cuidado pelo que é frágil, por uma ecologia integral, vivida com alegria e autenticidade. Aquele que reconhece o planeta como um livro maravilhoso de Deus, que nos fala de sua bondade e beleza. (LS 10,11,12).

Iniciando o encontro: Agradecer a Deus pela beleza da criação:

Catequista: Louvado Seja, meu Senhor, por todas as suas criaturas.

Todos repetem: Louvado Seja, meu Senhor, por todas as suas criaturas. Amém.

Sinal da cruz: Pai, filho e Espírito Santo.

Canto: Cântico das Criaturas (São Francisco). Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=2Q35mDFHIy8

- Falar sobre as questões socioambientais que devem causar inquietação nos cristãos. “Tomar consciência, ousar transformar em sofrimento pessoal aquilo que acontece ao mundo e, assim, reconhecer a contribuição que cada um lhe pode dar”. (LS 18).

♫ Canto: Escolha um Salmo de Louvor com a criação. Sugestão: Salmo 135/136. https://liturgiadashoras.online/salmo-135136/

Ou recitar o Salmo: 148, 3-5: Louvem-no sol e lua, louvem-no todas as estrelas cintilantes. Louvem-no os mais altos céus e as águas acima do firmamento. Louvem todos eles o nome do Senhor, pois ordenou, e eles foram criados.

Leitura bíblica: Gn 1 e 2.

- Pedir a todos que façam uma leitura individual e silenciosa, buscando no local o melhor espaço para isso: banco de jardim, grama, andando...

- Em seguida reunir a todos para a partilha.

Começando a conversa (Meditação):

Como podemos participar no projeto criador e salvador de Deus?

Reflexão: As narrações da criação no livro do Genesis contêm, na sua linguagem simbólica e narrativa, ensinamentos profundos sobre a existência humana e a sua realidade histórica. Estas narrações sugerem que a existência humana se baseia sobre três relações fundamentais intimamente ligadas: as relações com Deus, com o próximo e com a terra. Segundo a Bíblia, estas três relações vitais romperam-se não só exteriormente, mas também dentro de nós. Esta ruptura é o pecado. A harmonia entre o Criador, a humanidade e toda a criação foi destruída por termos pretendido ocupar o lugar de Deus, recusando reconhecer-nos como criaturas limitadas. (LS 66).

- De dominar para cuidar (LS 67).

Não somos Deus. A terra existe antes de nós e nos foi dada. A narração do Genesis, que convida a “dominar” a terra (Gn 1, 28), favoreceria a exploração selvagem da natureza, apresentando uma imagem do ser humano como dominador e devastador. Mas esta não é uma interpretação correta da Bíblia, como a entende a Igreja. Se é verdade que nós, cristãos, algumas vezes interpretamos de forma incorreta as Escrituras, hoje devemos decididamente rejeitar que, do fato de ser criados à imagem de Deus e do mandato de dominar a terra, se deduza um domínio absoluto sobre as outras criaturas. É importante ler os textos bíblicos no seu contexto e lembrar que nos convidam a “cultivar e guardar” o jardim do mundo (Gn 2, 15). Enquanto “cultivar” quer dizer lavrar ou trabalhar um terreno, “guardar” significa proteger, cuidar, preservar, velar. Isto implica uma relação de reciprocidade responsável entre o ser humano e a natureza. Cada comunidade pode tomar da bondade da terra aquilo de que necessita para a sua sobrevivência, mas tem também o dever de a proteger e garantir a continuidade da sua fertilidade para as gerações futuras.

Mantra: Ao Senhor pertence a terra (Sl 24/23, 1), a Ele pertence a terra e tudo o que nela existe (Dt 10, 14).

- Caim e Abel: A terra clama! (LS 70a).

Na narração de Caim e Abel, vemos que a inveja levou Caim a cometer a injustiça extrema contra o seu irmão. Isto, por sua vez, provocou uma ruptura da relação entre Caim e Deus e entre Caim e a terra, da qual foi exilado. Esta passagem aparece sintetizada no dramático colóquio de Deus com Caim. Deus pergunta: “Onde está o teu irmão Abel? Caim responde que não sabe, e Deus insiste com ele: “Que fizeste? A voz do sangue do teu irmão clama da terra até Mim. De futuro, serás amaldiçoado pela terra (…). Serás vagabundo e fugitivo sobre a terra” (Gn 4, 9-12).

O descuido no compromisso de cultivar e manter um correto relacionamento com o próximo, relativamente a quem sou devedor da minha solicitude e custódia, destrói o relacionamento interior comigo mesmo, com os outros, com Deus e com a terra. Quando todas estas relações são negligenciadas, quando a justiça deixa de habitar na terra, a Bíblia diz-nos que toda a vida está em perigo.

Mantra: A voz do sangue do teu irmão clama da terra até Mim!

- Noé: tudo está interligado (LS 70b). Basta um homem bom para haver esperança (LS 71a).

Embora Deus reconhecesse que: “a maldade do homem se multiplicara sobre a terra e que toda a imaginação dos pensamentos de seu coração era só má continuamente. Então arrependeu-se o Senhor de haver feito o homem sobre a terra e pesou-lhe em seu coração”. (Gn 6, 5-6).Ele decidiu abrir um caminho de salvação através de Noé, que ainda se mantinha íntegro e justo. Assim deu à humanidade a possibilidade de um novo início.

Mantra: Basta um homem bom para haver esperança!

A tradição bíblica estabelece uma reabilitação e o respeito pelos ritmos da natureza pela mão do Criador. É a Lei do Shabbath: No sétimo dia, Deus descansou de todas as suas obras. Assim, Deus ordenou a Israel que cada sétimo dia devia ser celebrado como um dia de descanso, um Shabbath. Além disso, de sete em sete anos, instaurou-se também um ano sabático para Israel e a sua terra (Lv 25,1-6), durante o qual se dava descanso completo à terra, não se semeava e só se colhia o indispensável para sobreviver e oferecer hospitalidade. Por fim, passadas sete semanas de anos, ou seja quarenta e nove anos, celebrava-se o jubileu, um ano de perdão universal, “proclamando na vossa terra a liberdade de todos os que a habitam” (Lv 25,10).

Mantra: A dádiva da terra com os seus frutos pertence a todo o povo!

- De “natureza” para “criação”: a diferença (LS 76).

Na tradição judaico-cristã, dizer “criação” é mais do que dizer natureza, porque tem a ver com um projeto do amor de Deus, onde cada criatura tem um valor e um significado. A natureza entende-se habitualmente como um sistema que se analisa, compreende e gere, mas a criação só se pode conceber como um dom que vem das mãos abertas do Pai de todos, como uma realidade iluminada pelo amor que nos chama a uma comunhão universal.

Mantra: A criação é dom de Deus, para a comunhão universal!

- Cada ser é importante. Tudo é carícia de Deus (LS 84).

O fato de insistir na afirmação de que o ser humano é imagem de Deus não deveria fazer-nos esquecer que cada criatura tem uma função e nenhuma é supérflua. Todo o universo material é uma linguagem do amor de Deus, do seu carinho sem medida por nós. O solo, a água, as montanhas: tudo é carícia de Deus. A história da própria amizade com Deus desenrola-se sempre num espaço geográfico que se torna um sinal muito pessoal, e cada um de nós guarda na memória lugares cuja lembrança nos faz muito bem.

Mantra: Como é grande o carinho do Senhor por seus filhos!

- Uma comunhão universal: respeito sagrado, amoroso e humilde (LS 89).

As criaturas deste mundo não podem ser consideradas um bem sem dono: “Todas são tuas, ó Senhor, que amas a vida” (Sb 11, 26). Isto gera a convicção de que nós e todos os seres do universo, sendo criados pelo mesmo Pai, estamos unidos por laços invisíveis e formamos uma espécie de família universal, uma comunhão sublime que nos impele a um respeito sagrado, amoroso e humilde. Quero lembrar que “Deus uniu-nos tão estreitamente ao mundo que nos rodeia, que a desertificação do solo é como uma doença para cada um, e podemos lamentar a extinção de uma espécie como se fosse uma mutilação”.

Mantra: Somos criaturas tuas , ó Senhor, que ama a vida.

- O olhar de Jesus de Nazaré (LS 97-98).

O Senhor podia convidar os outros a estar atentos à beleza que existe no mundo, porque Ele próprio vivia em contacto permanente com a natureza e prestava-lhe uma atenção cheia de carinho e admiração. Jesus vivia em plena harmonia com a criação, com grande maravilha dos outros: “Quem é este, a quem até o vento e o mar obedecem?” (Mt 8, 27).

Quando percorria os quatro cantos da sua terra, detinha-Se a contemplar a beleza semeada por seu Pai e convidava os discípulos entenderem a mensagem divina: “O Reino dos Céus é semelhante a um grão de mostarda que um homem tomou e semeou no seu campo. É a menor de todas as sementes; mas, depois de crescer, torna-se a maior planta do horto e transforma-se numa árvore” (Mt 13, 31-32).

Mantra: “Levantai os olhos e vede os campos que estão doirados para a ceifa” (Jo 4, 35).

- Cristo glorificado e a Nova Criação (LS 100).

O Novo Testamento não nos fala só de Jesus terreno e da sua relação tão concreta e amorosa com o mundo; mostra-nos também como o ressuscitado e glorioso, presente em toda a criação com o seu domínio universal. “Foi n’Ele que aprouve a Deus fazer habitar toda a plenitude e, por Ele e para Ele, reconciliar todas as coisas (…), tanto as que estão na terra como as que estão no céu” (Cl 1, 19-20). Isto lança-nos para o fim dos tempos, quando o Filho entregar ao Pai todas as coisas a fim de que Deus seja tudo em todos. Assim, as criaturas deste mundo já não nos aparecem como uma realidade meramente natural, porque o Ressuscitado as envolve misteriosamente e guia para um destino de plenitude. As próprias flores do campo e as aves que Ele, admirado, contemplou com os seus olhos humanos, agora estão cheias da sua presença luminosa.

Mantra: Que Deus seja tudo em todos!

Aprofundando o tema:

O que está acontecendo com a nossa casa?

- Há um problema ambiental que você e sua família sentem “na pele”?

- Quais, em sua opinião, são os principais problemas ambientais da nossa comunidade, da nossa cidade? E do nosso país? Do mundo?

- O que eu posso fazer a este respeito?

As respostas têm caráter prático, concreto. Buscar na comunidade ações comunitárias e coletivas de cuidado com a casa comum, e conforme sua realidade tentar participar delas.

Oração final: 
Oração pela nossa Terra

Deus Onipotente, que estais presente em todo o universo e na mais pequenina das vossas criaturas, Vós que envolveis com a vossa ternura tudo o que existe,
derramai em nós a força do vosso amor para cuidarmos da vida e da beleza.
Inundai-nos de paz, para que vivamos como irmãos e irmãs sem prejudicar ninguém.

Ó Deus dos pobres, ajudai-nos a resgatar os abandonados e esquecidos desta terra que valem tanto aos vossos olhos.

Curai a nossa vida, para que protejamos o mundo e não o depredemos, para que semeemos beleza e não poluição nem destruição.

Tocai os corações daqueles que buscam apenas benefícios à custa dos pobres e da terra.

Ensinai-nos a descobrir o valor de cada coisa, a contemplar com encanto, a reconhecer que estamos profundamente unidos com todas as criaturas
no nosso caminho para a vossa luz infinita.

Obrigado porque estais conosco todos os dias.

Sustentai-nos, por favor, na nossa luta pela justiça, o amor e a paz.

Papa Francisco ((LS 246ª)


- Incentivar o louvor espontâneo, repetindo refrão de agradecimento.

Catequista: Louvado Seja, meu Senhor, por todas as suas criaturas.

Todos: Louvado Seja, meu Senhor, por todas as suas criaturas. Amém.

- Fechar com o Pai Nosso... Sinal da cruz: Pai, filho e Espírito Santo.


Texto para leitura:

FRANCISCO. Carta Encíclica Laudato Si - Doc.201. São Paulo: paulinas, 2015.


Adaptado de:


ESTE e outros encontros você encontra em nossa apostila:

PEDIDOS WHATS: (41) 99747-0348





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