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quinta-feira, 19 de setembro de 2024

A DIVISÃO DA CATEQUESE POR ETAPAS

 


DIVISÃO DA CATEQUESE POR ETAPAS

A divisão da catequese em etapas sacramentais — Primeira Eucaristia e Crisma — é uma estrutura comum na Igreja Católica que surgiu ao longo dos séculos, à medida que a Igreja foi organizando os sacramentos de iniciação cristã de maneira pedagógica e pastoral. Essa divisão reflete a preocupação da Igreja em preparar os fiéis, em diferentes momentos da vida, para a plena inserção na comunidade de fé e para a vivência dos sacramentos de maneira consciente e comprometida.

Contexto Histórico

Os sacramentos da Iniciação Cristã — Batismo, Eucaristia e Crisma — originalmente eram celebrados juntos, especialmente nos primeiros séculos do cristianismo. Nas comunidades cristãs primitivas, a iniciação era vista como um processo unitário, culminando na recepção dos três sacramentos em uma única celebração, normalmente na Vigília Pascal, tanto para adultos quanto para crianças. Famílias inteiras recebiam os sacramentos de iniciação.

Com o tempo, especialmente a partir da Idade Média, a celebração desses sacramentos foi sendo separada e passou a acontecer em momentos diferentes da vida. Algumas razões para essa divisão incluem: mudanças na prática do Batismo infantil, a dificuldade de tempo dos bispos para administrar a Crisma e a preocupação da Igreja em garantir que os fiéis estivessem devidamente preparados para receber cada sacramento de forma mais consciente e madura.

Divisão por Etapas: Eucaristia e Crisma

1. Primeira Eucaristia

A Primeira Eucaristia, também conhecida como Primeira Comunhão, marca o momento em que a criança, (a partir dos 7 anos), recebe pela primeira vez o Sacramento da Eucaristia, ou seja, participa plenamente da Santa Missa, recebendo o Corpo e o Sangue de Cristo. A idade de 7 anos é comumente referida como a "idade da razão", quando a criança já tem capacidade de entender minimamente o mistério eucarístico e de participar de forma ativa na celebração.

A organização da catequese com foco na Primeira Eucaristia começou a ser consolidada no início do século XX, principalmente com o Papa Pio X, que incentivou a prática da comunhão frequente e determinou, em 1910, na encíclica "Quam Singulari", que as crianças pudessem receber a Eucaristia a partir dos sete anos. Antes disso, era comum que as pessoas recebessem a Eucaristia somente após a crisma ou na adolescência.

2. Crisma (ou Confirmação)

O sacramento da Crisma, também chamado de Confirmação, normalmente é administrado na adolescência ou início da juventude, em torno dos 14 a 16 anos. Esse sacramento é visto como o momento em que o jovem confirma, de forma pessoal e consciente, os compromissos assumidos por seus padrinhos no batismo, recebendo o Espírito Santo de maneira plena para ser fortalecido na fé e testemunhar o Evangelho.

A separação da Crisma e da Eucaristia também se consolidou ao longo da Idade Média. O fato de a Crisma ser um sacramento ministrado pelo bispo na maioria das tradições católicas (pelo menos no rito latino) contribuiu para que ela fosse separada do batismo e da Eucaristia, pois o bispo nem sempre podia estar presente em todas as paróquias. A preparação catequética para a Crisma foi se desenvolvendo ao longo do tempo como uma maneira de garantir que o jovem estivesse devidamente preparado para o compromisso de ser um cristão maduro.

A Divisão Catequética por Etapas

Com o passar dos séculos, especialmente após o Concílio de Trento (1545-1563), que reafirmou a importância dos sacramentos e da catequese, a Igreja foi estruturando a formação cristã de forma mais organizada e sistemática. Contudo, foi somente no século XX que essa organização ganhou a forma que conhecemos hoje, com a catequese dividida em etapas ligadas a cada um dos sacramentos da iniciação cristã:

1. Catequese de Primeira Eucaristia: Normalmente realizada durante a infância, dos 7 aos 12 anos, essa etapa visa introduzir a criança nos fundamentos da fé cristã e prepará-la para a participação consciente e reverente na Missa.

 2. Catequese de Crisma: Realizada na adolescência, entre os 13 e 16 anos, foca no aprofundamento da fé, na doutrina da Igreja e no compromisso pessoal de viver como cristão. Há uma ênfase na vida em comunidade e no testemunho cristão no mundo.

Catecismo da Igreja Católica e a Catequese Moderna

Após o Concílio Vaticano II (1962-1965), houve uma renovação profunda na catequese. O Diretório Catequético Geral de 1971 e o Catecismo da Igreja Católica de 1992 trouxeram diretrizes atualizadas para a catequese, reforçando a importância de uma formação contínua, que não se limita apenas aos sacramentos, mas abrange toda a vida cristã.

A divisão por etapas é uma forma prática de ajudar os fiéis, especialmente crianças e adolescentes, a vivenciarem sua fé de forma progressiva e adequada às diferentes fases de suas vidas. No entanto, essa estrutura está sempre aberta a adaptações, dependendo das realidades culturais e pastorais de cada lugar.

Conclusão

A divisão da catequese em etapas sacramentais (Primeira Eucaristia e Crisma) é uma prática que surgiu de forma gradual, como resposta às necessidades pastorais e litúrgicas da Igreja. Essa divisão, que se consolidou a partir do século XX, reflete o desejo da Igreja de preparar os fiéis de forma adequada e progressiva para a plena participação na vida sacramental e comunitária da Igreja.

 

FONTES:

As informações sobre a divisão da catequese por etapas (Primeira Eucaristia e Crisma) são baseadas em diversas fontes históricas e doutrinárias da Igreja Católica, além de documentos oficiais eclesiásticos. Algumas das principais fontes são:

Documentos Papais: "Quam Singulari" (1910), do Papa Pio X: Este documento tratou da Primeira Eucaristia e estabeleceu a idade da razão (por volta dos 7 anos) para a recepção do sacramento.

Concílios:

§  Concílio Vaticano II (1962-1965): O Concílio trouxe profundas reformas na catequese e nas práticas sacramentais, o que levou à revisão da catequese como processo contínuo de formação cristã. Documentos como Lumen Gentium e Sacrosanctum Concilium abordam a importância dos sacramentos e da catequese.

§  Concílio de Trento (1545-1563): Embora focado em responder à Reforma Protestante, o Concílio reforçou a importância dos sacramentos e da formação catequética, o que mais tarde influenciou a separação dos sacramentos de iniciação.

Catecismo da Igreja Católica (1992): Este documento é uma das principais referências atuais para entender a teologia sacramental, a catequese e as práticas relacionadas aos sacramentos da Eucaristia e da Crisma. Ele detalha os fundamentos teológicos e as práticas pastorais que embasam essas celebrações.

Diretório Catequético Geral (1971) e Diretório Geral para a Catequese (1997): Esses documentos oferecem orientações práticas e teológicas sobre como organizar a catequese, incluindo as diferentes etapas ligadas aos sacramentos da iniciação cristã.

LIMA, Luiz Alves de. História da catequese no Brasil in Teologia Latino-americana – Enciclopédia digital. UNISAL – Centro Universitário Salesiano de São Paulo. Texto original português. Enviado em 20/02/2023; aprovado em 20/10/2023; postado 31/12/2023. Disponível em https://teologicalatinoamericana.com/?p=2712 . Acesso 19/09/2024.

Historiografia eclesial: Diversos estudos e textos de historiadores e teólogos da Igreja abordam a evolução da catequese e das práticas sacramentais ao longo dos séculos, incluindo a Idade Média, o surgimento da Ação Católica e o impacto das reformas pastorais do século XX.

A evolução da catequese é um tema amplo, que abrange tanto o desenvolvimento histórico da educação religiosa cristã quanto as mudanças nas metodologias e abordagens catequéticas ao longo do tempo. Aqui estão alguns livros recomendados que tratam desse tema:

1. “Catequese Católica no Brasil: para uma História da Evangelização” – Oscar F. Lustosa – Ed. Paulinas (1992) -   Este livro explora o desenvolvimento da catequese no Brasil, desde o período colonial até os dias atuais, abordando como a catequese evoluiu em diferentes contextos históricos e culturais.

2. “Catequese e Doutrina: História e Evolução" – José Manuel Alves – Ed. Vozes (2007) - Um estudo sobre a evolução histórica da catequese, abordando o contexto europeu e as mudanças que ocorreram no ensino da doutrina cristã, com foco nos Concílios da Igreja e suas influências.

3. "Catequese Renovada: Orientações e Conteúdo"– CNBB (1983) - (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) -   Um documento essencial para entender a renovação da catequese no Brasil, principalmente após o Concílio Vaticano II. Aborda a renovação dos métodos catequéticos e sua aplicação prática.

4. "Diretório Nacional de Catequese: Subsídios para Estudo"– CNBB (2006)  -    Este livro oferece uma análise profunda das diretrizes catequéticas no Brasil e as mudanças ocorridas em função dos documentos da Igreja, oferecendo um olhar contemporâneo sobre a catequese.

5. "Educação e Catequese" – Maria Clara Bingemer -  Ed. Vozes (2005).  O livro analisa as intersecções entre educação formal e catequese, propondo reflexões sobre como a catequese pode dialogar com a educação e a cultura contemporânea.

6. "Catequese e Iniciação à Vida Cristã" – Pe. Antônio Francisco Lelo -  Ed. Paulinas (2008).  Focado na iniciação cristã, o livro apresenta reflexões e propostas para uma catequese mais integrada à vida da comunidade, baseando-se em documentos recentes da Igreja Católica.

Esses livros oferecem uma ampla visão sobre o tema, desde o aspecto histórico até as metodologias mais recentes, ajudando a compreender como a catequese tem evoluído ao longo dos séculos.

(Essas fontes, em conjunto, ajudam a explicar a evolução da catequese e da estrutura sacramental na Igreja Católica).

 

Adaptado por Ângela Rocha – Catequistas em Formação.


Em tempo: Não podemos nos esquecer que a Igreja hoje, prima pela catequese de inspiração catecumenal, onde as "etapas" não tem nada a ver com o que estamos acostumados... Onde tudo acontece deste jeito:


IVC PELO PROCESSO CATECUMENAL








 

 

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