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domingo, 3 de agosto de 2025

O EVANGELHO DOMINICAL NO ENCONTRO DE CATEQUESE: ANTES OU DEPOIS DO DOMINGO?

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 O EVANGELHO DO DOMINGO É USADO NO ENCONTRO DE CATEQUESE?

QUANDO? ANTES OU DEPOIS DO DOMINGO?

Andei perguntando por aí (com segundas intenções, confesso!) como — e se — é feito algum trabalho com a Liturgia Dominical ou com o Evangelho nos encontros de catequese. Aproveitei a interação nos grupos de catequistas do Facebook para levantar essa questão.

Fora o fato de que (cada vez mais!) me convenço de que alguns catequistas entram em grupos de catequese meio sem saber por quê (porque nunca respondem, comentam ou curtem o que quer que seja), descobri que esse é um assunto que não parece preocupar muita gente. Num universo considerável de, digamos, umas DUAS MIL PESSOAS, eu recebi resposta de VINTE E SEIS! Ou seja, 1%... UM POR CENTO! E a maioria delas, negativa.

E agora faço uma pergunta retórica, antes de entrar no assunto de verdade...

— Sendo assim, dá pra vocês reclamarem se só 1% das suas crianças frequentam a missa? Heim?

E antes que comecem a considerar que eu sou tão “desinteressante” quanto a missa parece ser para as crianças, vamos à nossa questão!

Primeiro: por que trabalhar a liturgia dominical nos encontros de catequese?

Por falta de assunto? Se for por isso, até que é uma ótima solução! E algumas paróquias usam mesmo o Evangelho do domingo como base para o roteiro de catequese.

Mas vamos ao “porquê dos porquês”.

Precisamos trabalhar a liturgia dominical nos encontros porque a nossa catequese PRECISA ser LITÚRGICA — ou seja, deve conduzir à liturgia e ao grande mistério da nossa fé, "contado" na Mesa da Palavra e vivido na Mesa do Pão, todos os domingos.

Segundo o DNC, a proposta ideal é de uma catequese litúrgica, que leve para os encontros a reflexão e os ensinamentos do Evangelho Dominical, prolongando-os na vida de cada um.

“A catequese como celebração da fé e a liturgia como celebração da fé são duas funções da única missão evangelizadora e pastoral da Igreja.” (DNC 120)

Vamos considerar outro ponto: se não for pelas leituras ou pela menção do Evangelho nos encontros, ele nem seria conhecido — já que a maioria das nossas crianças NÃO VAI À MISSA!

Entre as respostas negativas que recebi, muitos disseram que não trabalham o Evangelho do domingo porque já há, nos roteiros, leituras indicadas para os encontros (e tomara que isso fosse realidade em todas as paróquias!).

Ok, isso é um fato. Mas não penso que a “memória” da missa dominical vá causar algum “desarranjo” no nosso encontro. Muito pelo contrário: vai é arranjar as coisas! Porque, de um jeito ou de outro, os Evangelhos são sempre tema da nossa catequese. Às vezes só não estão na mesma ordem que o índice do nosso livrinho. Por isso a importância de adaptar os temas ao calendário litúrgico.

Antes de falar sobre o “antes ou depois”, quero lembrar um dos nossos dilemas: o que fazer para que nosso catequizando participe da missa... (e nem coloco ponto de interrogação, porque perguntar já não adianta mais).

Mas certamente a resposta não é “exigir” que vá à missa se nem sequer falamos de um dos pontos centrais dela: a Liturgia da Palavra! O fato é que nossos catequizandos não percebem ligação entre a catequese semanal e a missa dominical.

— Já não basta ir ao encontro? Pra que ir à missa? (muitos de perguntam, e não é só coisa de catequizando e pais...).

Outra coisa: nossos catequizandos da Eucaristia (e essa é a grande “massa” dos nossos catequizandos) participam da Liturgia Eucarística como ouvintes, não como participantes. Eles ainda não participam do banquete. Estão se preparando para ele. Como? Ouvindo as leituras dominicais e fazendo catequese, até que estejam prontos, preparados e eleitos.

Então, vamos achar um espacinho de tempo para lembrar da Liturgia Dominical na catequese! Sempre! E não só nas festas ou eventos especiais.

Se na missa é difícil fazer uma leitura orante, a catequese nos permite. Pelo menos aquele momento de ler novamente, com calma, refletindo.

— Ah! Não dá tempo! É muita coisa!

Numa catequese de uma hora, realmente não dá. Pense em conversar com sua coordenação sobre o tempo de duração dos encontros.

Mas e aí: falamos do Evangelho antes ou depois do domingo?

O ideal é que o encontro fale do Evangelho do domingo anterior ao encontro. Isso porque, tendo participado da celebração e ouvido as leituras e a homilia, o catequizando trará consigo reflexões, perguntas e opiniões (assim esperamos!) — riqueza para ele e para o grupo!

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Além disso (e essa nem precisava de justificativa), vale refletir: se estamos desesperados para que as crianças participem da Missa Dominical, contar antes o que vai acontecer lá pode ser um excelente motivo para elas acreditarem que não precisam ir! Afinal, já sabem o que vai ser lido e a catequista até já fez a “homilia”!

E aí viram pro canto, puxam as cobertas e dormem mais um pouquinho!

“A liturgia é lugar privilegiado de educação da fé. Por isso, a catequese deverá ajudar os fiéis a tomar consciência do sentido das celebrações litúrgicas, da Palavra de Deus nelas proclamada, dos sinais e gestos que as compõem, para que participem delas de forma consciente, ativa e frutuosa. A proclamação da Palavra na liturgia torna-se, para os fiéis, a primeira e fundamental escola da fé, pois nela Deus fala ao seu povo, que escuta e responde com cantos, orações, compromissos.” (DNC, 118)

Ora, se ela é a “primeira”, por que vamos antecipá-la na catequese? O encontro, nesse caso, serve para aprofundar essa educação.

Outra pergunta: quem é o “nosso” catequista na paróquia? (Catequista dos catequistas?)

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Pelo menos na dimensão bíblica, é o PADRE. É na reflexão e na homilia dele que a primeira catequese se faz — inclusive para o próprio catequista!

Eu uso a homilia dele para complementar a minha catequese. Não faço “homilia” antes dele. Até porque posso correr o risco de falar sem o devido preparo. Os nossos presbíteros são preparados para isso: têm conhecimento bíblico, oratória, e sua missão é conduzir o rebanho. A mim cabe, depois dele (com mais tempo e sem estar presa ao rito), rememorar a liturgia, para que ela realmente permaneça e se torne parte da vida do catequizando.

Finalizando, respondo à minha pergunta:

Sim, eu uso o Evangelho Dominical na catequese. Às vezes com mais profundidade, se estiver ligado ao tema do encontro; outras vezes de forma mais leve, apenas para recordar aquilo que ouvimos e que deve nos conduzir pela vida. Sempre depois. Porque, como os discípulos de Emaús, primeiro eu escuto, deixo arder o coração... depois ensino e faço ecoar a mensagem que aprendi.

Ângela Rocha
Catequista e Formadora – Graduada em Teologia pela PUCPR.




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