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terça-feira, 5 de agosto de 2025

TRAGÉDIAS MIGRATÓRIAS: O IMPACTO DE UM MUNDO EM CRISE

No último domingo tivemos notícia de mais uma tragédia migratória. Até agora, 76 migrantes morreram e dezenas são considerados desaparecidos após o naufrágio de uma embarcação que transportava principalmente migrantes etíopes na costa do Iêmen. Calcula-se que havia 157 pessoas no barco e só 32 sobreviveram.

A escolha do Iêmen como destino por migrantes africanos ilegais, especialmente da região do Chifre da África (principalmente da Etiópia e da Somália), é surpreendente, dado o contexto crítico do país. No entanto, isso se explica por uma combinação de geografia, rotas migratórias históricas e desinformação.

🛶 1. Por que migrantes africanos ilegais escolhem o Iêmen como destino?

Geografia e proximidade

  • O Iêmen está a apenas 30 km da costa de Djibuti, do outro lado do estreito de Bab al-Mandab, o que facilita travessias rápidas por barco, muitas vezes em condições precárias.
  • Essa rota é considerada mais acessível e barata do que atravessar o Saara em direção à Líbia, onde há riscos maiores de escravidão, tráfico humano e violência armada.

Rota de passagem (não destino final)

  • Para muitos, o Iêmen não é o destino final, mas sim um ponto de trânsito. O objetivo de muitos migrantes é chegar aos países do Golfo, como Arábia Saudita, Emirados Árabes e Catar, onde acreditam que terão oportunidades de emprego em construção civil ou serviços.

Falta de informação ou desinformação

  • Muitos migrantes são enganados por traficantes de pessoas, que prometem uma "vida melhor" do outro lado do mar, sem revelar o verdadeiro estado do Iêmen.
  • Há relatos de migrantes que não sabiam que o Iêmen está em guerra civil.

Custo mais baixo

  • A travessia para o Iêmen custa bem menos do que outras rotas migratórias, o que a torna "viável" mesmo para os migrantes mais pobres.

2. Como é o governo e a vida no Iêmen?

⚔️ Governo e conflito

  • O Iêmen está mergulhado em uma guerra civil desde 2015. Há dois principais lados em conflito:

-  Governo reconhecido internacionalmente, com apoio da Arábia Saudita.

-  Rebeldes houthis, apoiados pelo Irã.

  • Isso resultou em um Estado fragmentado, com governo fraco ou inexistente em muitas regiões.

Condições de vida

  • O Iêmen é considerado uma das piores crises humanitárias do mundo:

-  Fome extrema e insegurança alimentar.

-  Colapso do sistema de saúde.

-  Falta de acesso à água potável e saneamento.

  • Muitos migrantes acabam em campos de detenção, são explorados, forçados ao trabalho escravo ou mortos na travessia.

Direitos humanos e acolhimento

  • O país não tem estrutura para acolher migrantes.
  • Muitos são detidos, deportados ou abandonados à própria sorte.
  • Grupos armados e até forças de segurança abusam dos migrantes, há registros de tortura e extorsão.

Rota Migratória: Chifre da África → Iêmen → Golfo

Imagine esse trajeto:

1. Partida: Etiópia ou Somália

  • Migrantes viajam a pé ou em caminhões clandestinos até Djibuti (ou Somália, via Bossaso).
  • São explorados por traficantes de pessoas, que cobram por transporte e travessia.

2. Travessia pelo Mar Vermelho

  • De Djibuti ou Bossaso, atravessam o Estreito de Bab al-Mandab em barcos superlotados e precários.
  • Muitos morrem afogados na travessia.

3. Chegada: Sul do Iêmen (litoral de Aden, Lahij ou Shabwa)

  • Ao chegar, enfrentam forças armadas locais, milícias ou redes de tráfico.
  • São levados para campos, forçados a trabalhar, presos ou largados em áreas desertas.

4. Tentativa de entrar na Arábia Saudita

  • Se conseguem, seguem a pé até o norte do Iêmen, rumo à fronteira com a Arábia Saudita.
  • A travessia da fronteira é extremamente perigosa: muitos são baleados por guardas sauditas ou morrem no deserto.

Mapa

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Relatos reais de migrantes africanos no Iêmen

1. Morte no mar

“O barco virou no meio do caminho. Eu vi meninas se afogarem. Os contrabandistas não pararam para ajudar.” Menina etíope, 17 anos.

2. Tráfico humano e abuso

“Eles nos prenderam num galpão. Disseram que se a família não enviasse dinheiro, iriam nos torturar. Um amigo foi espancado até morrer.” Rapaz somali, 20 anos.

3. Tiro na fronteira com a Arábia Saudita

“Chegamos à fronteira e vimos corpos pelo caminho. Alguns foram baleados pelos soldados sauditas enquanto tentavam atravessar.” Testemunho à Human Rights Watch, 2023. 

Dados de organismos internacionais

  • Segundo a OIM (Organização Internacional para as Migrações), mais de 200.000 migrantes atravessaram essa rota nos últimos anos.
  • Há relatos contínuos de execuções sumárias, estupro, tortura e extorsão.
  • A Human Rights Watch documentou em 2023 o uso de fuzis automáticos e artilharia pesada contra migrantes na fronteira norte do Iêmen.

Por que as pessoas buscam saídas do Chifre da África?

As pessoas migram do Chifre da África — uma região que abrange principalmente Somália, Etiópia, Eritreia e Djibuti — por uma combinação de fatores estruturais graves, que envolvem conflitos armados, repressão política, fome, secas extremas e pobreza generalizada. Um resumo dos principais motivos:

1. Conflitos armados e perseguição política

  • Somália: sofre há décadas com a ausência de um governo central forte e o domínio de milícias extremistas como o Al-Shabaab.
  • Etiópia: enfrentou uma guerra devastadora na região de Tigre entre 2020 e 2022, com violações graves dos direitos humanos.
  • Eritreia: é governada por um regime altamente autoritário, onde o serviço militar obrigatório é por tempo indefinido e há pouca liberdade de expressão. Muitos jovens fogem para escapar disso.

2. Crises humanitárias e fome

  • A insegurança alimentar é gravíssima. A região enfrenta secas recorrentes devido às mudanças climáticas e ao fenômeno El Niño.
  • Agricultores e pastores perdem seus meios de sustento, o que leva à migração forçada em busca de alimentos e sobrevivência.
  • Segundo a ONU, milhões estão em situação de fome extrema, especialmente na Somália e Etiópia.

3. Mudanças climáticas

  • O Chifre da África é uma das regiões mais vulneráveis do mundo à crise climática.
  • As chuvas são cada vez mais imprevisíveis. Há alternância entre secas severas e inundações, o que destrói lavouras, gado e infraestrutura básica.
  • Isso causa deslocamentos internos e transfronteiriços. 

4. Pobreza extrema e falta de oportunidades

  • A maioria da população vive com menos de 2 dólares por dia.
  • O acesso a educação, saúde e emprego é extremamente limitado.
  • A juventude, especialmente, busca escapar do ciclo de miséria e vê na migração uma esperança de futuro.

5. Tráfico de pessoas e rotas migratórias já estabelecidas

  • Muitos são aliciados por traficantes de pessoas que prometem viagens fáceis para o Golfo Pérsico, Europa ou Israel, passando por Sudão, Egito ou Iêmen.
  • Essas rotas são perigosas, mas já fazem parte de uma rede migratória consolidada, o que encoraja outros a tentar.

Situação geral:

  • A região está entre as mais instáveis do planeta.
  • Milhões de refugiados vivem em campos ou como deslocados internos.
  • Apesar da ajuda humanitária internacional, a situação continua crítica e sem solução a curto prazo.
Ângela Rocha - Catequista e Formadora

FONTE: VaticanNews e outras.



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