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segunda-feira, 8 de setembro de 2025

UMA CATEQUESE QUERIGMÁTICA E MISTAGÓGICA; ESTUDO


CATEQUISTAS EM FORMAÇÃO
FORMAÇÃO PARA CATEQUISTAS

Apresentamos neste artigo, texto para estudo e na sequência roteiro para encontro de formação com catequistas (+slides) 


UMA CATEQUESE QUERIGMÁTICA E MISTAGÓGICA

Ângela Rocha

“Na boca do catequista, volta a ressoar sempre o primeiro anúncio: ‘Jesus te ama, deu a sua vida para te salvar, e agora vive contigo todos os dias para te iluminar, fortalecer, libertar’.(...) Toda a formação cristã é , primariamente, o aprofundamento do querigma que se vai, cada vez mais e melhor, fazendo carne*, que nunca deixa de iluminar a tarefa catequética, e permite compreender adequadamente o sentido de qualquer tema que se desenvolve na catequese. ´E o anúncio que dá resposta ao anseio de infinito que existe em todo coração humano” (EG, nº 164-165).


Na missão de evangelizar, nós catequistas sempre nos deparamos com novos desafios. Hoje, a Igreja nos convida a olhar com mais carinho para duas grandes exigências: o querigma, que é o anúncio vivo e apaixonado de Jesus, e a mistagogia, que nos ajuda a conduzir as pessoas a mergulhar no mistério da fé. Pode parecer difícil num primeiro momento, mas é justamente nesse caminho que a nossa catequese ganha mais vida e se torna realmente transformadora.

A Evangelii Gaudium, nos números 163 a 168, apresenta um ensinamento precioso sobre a catequese, destacando sua dimensão Querigmática e Mistagógica. O Papa Francisco recorda que o coração da catequese é o querigma, ou seja, o primeiro anúncio: Jesus Cristo te ama, deu a sua vida por ti, ressuscitou e está vivo, caminhando contigo todos os dias. Esse anúncio é chamado de “primeiro” não porque fica restrito ao início da vida cristã e depois seja substituído, mas porque é o principal, o centro, aquilo que deve sempre ser repetido e aprofundado em todas as etapas do caminho de fé. É ele que dá sentido a todos os outros conteúdos da catequese e que vai, aos poucos, “fazendo-se carne” na vida do cristão, transformando atitudes, escolhas e comportamentos.

Francisco insiste que não existe nada mais sólido ou profundo que esse anúncio. Ele precisa ser comunicado de maneira que manifeste, antes de tudo, o amor de Deus, sem impor a verdade, mas convidando com liberdade e transmitindo alegria, esperança e vitalidade. Por isso, o catequista é chamado a adotar certas atitudes que tornam o anúncio mais fecundo: proximidade, abertura ao diálogo, paciência, acolhimento cordial e ausência de julgamentos.

Além disso, a catequese deve assumir uma dimensão mistagógica, isto é, um processo de iniciação progressiva, no qual toda a comunidade participa. Essa iniciação valoriza os sinais litúrgicos da vida cristã e propõe um caminho de crescimento que integra todas as dimensões da pessoa. O encontro catequético, assim, não se limita a uma explicação racional de conteúdos, mas envolve símbolos, ambientação, motivação atraente e inserção em um processo comunitário de escuta e resposta à Palavra de Deus.

Outro aspecto essencial é a atenção à via da beleza (via pulchritudinis). Seguir Cristo não é apenas uma questão de verdade e justiça, mas também de beleza, capaz de encher a vida de alegria e sentido, mesmo em meio às provações. Por isso, toda expressão de verdadeira beleza: na arte, na música, na liturgia, nas culturas; pode ser um caminho para o encontro com o Senhor. Cristo é a Beleza infinita que atrai e fascina. Cabe à catequese valorizar e incentivar o uso das artes e de novas linguagens, inclusive não convencionais, como meios eficazes para transmitir a fé de modo significativo para as pessoas de hoje.

Por fim, ao tratar da dimensão moral da catequese, o Papa destaca que a proposta não deve se reduzir a denúncias de erros ou a um tom de julgamento. Mais importante é apresentar sempre o bem desejável, o estilo de vida evangélico que leva à maturidade, à realização e à fecundidade. O catequista deve ser reconhecido como mensageiro alegre de propostas elevadas e guardião do bem e da beleza que brilham numa vida fiel ao Evangelho, e não como alguém que apenas aponta falhas ou anuncia desgraças.

Assim, a catequese, para ser fiel ao Evangelho e fecunda no mundo atual, deve ser querigmática, mistagógica, aberta à beleza e sempre positiva em sua proposta moral. Esse caminho faz da transmissão da fé uma experiência transformadora, que toca o coração, ilumina a inteligência e desperta para uma vida nova em Cristo.

📌 *Quando “faz carne”, o querigma encarna-se em nós: transforma nossa forma de amar, perdoar, servir, rezar e até de olhar para os outros. Lembra a Palavra que se encarnou: Jesus.

# Quando o Papa fala que o querigma vai “fazendo carne”, ele quer dizer que a fé não pode ficar só na cabeça ou nas palavras. É como quando você ouve algo bonito, mas aquilo começa a mudar sua vida de verdade.

# Se eu escuto que Deus me ama, isso não pode ser só informação. Precisa se tornar atitude: acreditar em mim mesmo, amar os outros, perdoar, ajudar.

É como se a fé “entrasse na pele”, virasse parte do meu jeito de viver.

Em resumo: “Fazer carne” = deixar que Jesus e o seu amor se tornem vida concreta em nós — nas escolhas, nos gestos, no coração.

 

Esse trecho (EG 163-168) é um dos mais ricos da Evangelii Gaudium sobre a Catequese.

Resumo de estudo: Catequese Querigmática e Mistagógica (EG 163-168)

🌟 1. O ponto de partida: o Querigma (EG 164-165)

  • O que é: Primeiro anúncio da fé – Jesus Cristo te ama, deu a vida por ti, ressuscitou e caminha contigo todos os dias.
  • Qualidade: É “primeiro” não porque vem antes e depois se esquece, mas porque é o mais importante e permanente.
  • Função:

-  Centro da evangelização e da catequese.

-  Aprofunda-se continuamente e “faz-se carne” na vida do cristão.

-  Dá sentido a todos os outros temas da catequese.

  • Características do anúncio:

-  Deve falar do amor de Deus antes das exigências morais.

-  Não impõe, mas convida com liberdade.

-  Deve ser alegre, vital, motivador e integral.

  • Atitudes do evangelizador: proximidade, diálogo, paciência, acolhimento cordial e não condenatório.

🌟 2. Mistagogia: iniciação progressiva na fé (EG 166)

  • Mistagogia significa:

1.   Caminho progressivo de iniciação, com toda a comunidade envolvida.

2.   Valorização dos sinais litúrgicos da iniciação cristã (Batismo, Eucaristia, Crisma).

  • Prática na catequese:

-         Palavra de Deus no centro.

-         Ambientação, símbolos, motivação atraente.

 Processo de crescimento comunitário, que integra todas as dimensões da pessoa.

🌟 3. A via da beleza (EG 167)

  • A fé é também bela: Seguir Cristo não é só verdade e justiça, mas algo que enche de esplendor e alegria.
  • Beleza como caminho de encontro com Deus:

-  Todas as expressões autênticas de beleza ajudam a abrir o coração ao Evangelho.

-  Cristo é a Beleza infinita que atrai a todos.

  • Aplicação catequética:

-  Valorizar arte, símbolos, música, expressões culturais e novas linguagens.

-  Coragem de usar sinais novos que falem ao coração das pessoas de hoje.

🌟 4. Proposta moral na catequese (EG 168)

  • Não basta denunciar o mal: é preciso apresentar sempre o bem desejável, o estilo de vida cristão.
  • O catequista deve ser:

-       Mensageiro alegre de propostas altas.

-  Guardião do bem e da beleza que brilham numa vida fiel ao Evangelho.

-  Não juiz sombrio ou profeta de desgraças, mas testemunha que inspira.

Em resumo:

  • O querigma é o coração da catequese.
  • A mistagogia ajuda a viver a fé de forma progressiva, comunitária e litúrgica.
  • A beleza é caminho de evangelização.
  • A proposta moral deve ser positiva, atraente e motivadora.

 

O trecho em estudo (EG 163-168):

Uma catequese querigmática e mistagógica

163. (...) Queria deter-me apenas nalgumas considerações que me parece oportuno evidenciar.

164. Voltamos a descobrir que também na catequese tem um papel fundamental o primeiro anúncio ou querigma, que deve ocupar o centro da atividade evangelizadora e de toda a tentativa de renovação eclesial. O querigma é trinitário. É o fogo do Espírito que se dá sob a forma de línguas e nos faz crer em Jesus Cristo, que, com a sua morte e ressurreição, nos revela e comunica a misericórdia infinita do Pai. Na boca do catequista, volta a ressoar sempre o primeiro anúncio: “Jesus Cristo ama-te, deu a sua vida para te salvar, e agora vive contigo todos os dias para te iluminar, fortalecer, libertar”. Ao designar-se como primeiro este anúncio, não significa que o mesmo se situa no início e que, em seguida, se esquece ou substitui por outros conteúdos que o superam; é o primeiro em sentido qualitativo, porque é o anúncio principal, aquele que sempre se tem de voltar a ouvir de diferentes maneiras e aquele que sempre se tem de voltar a anunciar, duma forma ou de outra, durante a catequese, em todas as suas etapas e momentos. Por isso, também “o sacerdote, como a Igreja, deve crescer na consciência da sua permanente necessidade de ser evangelizado” (João Paulo II, 1992).

165. Não se deve pensar que, na catequese, o querigma é deixado de lado em favor duma formação supostamente mais “sólida”. Nada há de mais sólido, mais profundo, mais seguro, mais consistente e mais sábio que esse anúncio. Toda a formação cristã é, primariamente, o aprofundamento do querigma que se vai, cada vez mais e melhor, fazendo carne, que nunca deixa de iluminar a tarefa catequética, e permite compreender adequadamente o sentido de qualquer tema que se desenvolve na catequese. É o anúncio que dá resposta ao anseio de infinito que existe em todo o coração humano. A centralidade do querigma requer certas características do anúncio que hoje são necessárias em toda a parte: que exprima o amor salvífico de Deus como prévio à obrigação moral e religiosa, que não imponha a verdade mas faça apelo à liberdade, que seja pautado pela alegria, o estímulo, a vitalidade e uma integralidade harmoniosa que não reduza a pregação a poucas doutrinas, por vezes mais filosóficas que evangélicas. Isto exige do evangelizador certas atitudes que ajudam a acolher melhor o anúncio: proximidade, abertura ao diálogo, paciência, acolhimento cordial que não condena.

166. Outra característica da catequese, que se desenvolveu nas últimas décadas, é a iniciação mistagógica, que significa essencialmente duas coisas: a necessária progressividade da experiência formativa na qual intervém toda a comunidade e uma renovada valorização dos sinais litúrgicos da iniciação cristã. Muitos manuais e planificações ainda não se deixaram interpelar pela necessidade duma renovação mistagógica, que poderia assumir formas muito diferentes de acordo com o discernimento de cada comunidade educativa. O encontro catequético é um anúncio da Palavra e está centrado nela, mas precisa sempre duma ambientação adequada e duma motivação atraente, do uso de símbolos eloquentes, da sua inserção num amplo processo de crescimento e da integração de todas as dimensões da pessoa num caminho comunitário de escuta e resposta.

167. É bom que toda a catequese preste uma especial atenção à “via da beleza (via pulchritudinis)”. Anunciar Cristo significa mostrar que crer n’Ele e segui-Lo não é algo apenas verdadeiro e justo, mas também belo, capaz de cumular a vida dum novo esplendor e duma alegria profunda, mesmo no meio das provações. Nesta perspectiva, todas as expressões de verdadeira beleza podem ser reconhecidas como uma senda que ajuda a encontrar-se com o Senhor Jesus. Não se trata de fomentar um relativismo estético (IM, 6), que pode obscurecer o vínculo indivisível entre verdade, bondade e beleza, mas de recuperar a estima da beleza para poder chegar ao coração do homem e fazer resplandecer nele a verdade e a bondade do Ressuscitado. Se nós, como diz Santo Agostinho, não amamos senão o que é belo, o Filho feito homem, revelação da beleza infinita, é sumamente amável e atrai-nos para Si com laços de amor. Por isso, torna-se necessário que a formação na via pulchritudinis esteja inserida na transmissão da fé. É desejável que cada Igreja particular incentive o uso das artes na sua obra evangelizadora, em continuidade com a riqueza do passado, mas também na vastidão das suas múltiplas expressões atuais, a fim de transmitir a fé numa nova “linguagem parabólica” (Bento XVI, 2012). É preciso ter a coragem de encontrar os novos sinais, os novos símbolos, uma nova carne para a transmissão da Palavra, as diversas formas de beleza que se manifestam em diferentes âmbitos culturais, incluindo aquelas modalidades não convencionais de beleza que podem ser pouco significativas para os evangelizadores, mas tornaram-se particularmente atraentes para os outros.

168. Relativamente à proposta moral da catequese, que convida a crescer na fidelidade ao estilo de vida do Evangelho, é oportuno indicar sempre o bem desejável, a proposta de vida, de maturidade, de realização, de fecundidade, sob cuja luz se pode entender a nossa denúncia dos males que a podem obscurecer. Mais do que como peritos em diagnósticos apocalípticos ou juízes sombrios que se comprazem em detectar qualquer perigo ou desvio, é bom que nos possam ver como mensageiros alegres de propostas altas, guardiões do bem e da beleza que resplandecem numa vida fiel ao Evangelho.

(Exortação apostólica Evangelii Gaudium (o anúncio do evangelho no mundo atual), 163-168. Papa Francisco, 24 de novembro de 2013).

 

OBS: O documento na íntegra encontra-se em https://www.vatican.va/content/francesco/pt/apost_exhortations/documents/papa-francesco_esortazione-ap_20131124_evangelii-gaudium.html

  

ROTEIRO DE ENCONTRO DE FORMAÇÃO PARA CATEQUISTAS

 Tema: Catequese querigmática e mistagógica (EG 163-168)

Objetivo: Ajudar os catequistas a compreenderem a centralidade do querigma, a importância da mistagogia, da via da beleza e da proposta moral positiva na catequese.

1. Ambientação

  • Colocar no centro uma Bíblia aberta e uma vela acesa.
  • Ao redor, símbolos de beleza: uma imagem de Cristo, flores, uma música suave de fundo.
  • Cartaz com a frase: “Jesus Cristo te ama, deu a vida por ti e caminha contigo todos os dias” (síntese do querigma).

 2. Acolhida

  • Recepção calorosa aos catequistas.
  • Breve dinâmica: cada participante recebe um papelzinho dobrado com a frase “Jesus te ama” e, sem abrir, troca com outra pessoa. Os dois abrem e mostram ao outro.
  • Comentário: “Jesus te ama e caminha contigo!”, esse é o anúncio central que nunca pode faltar na catequese.

 3. Leitura Bíblica (Lectio Divina)

  • Texto sugerido: Jo 1,14 – “E a Palavra se fez carne e habitou entre nós”.
  • Breve leitura orante em quatro passos:

1.   Leitura – escutar o texto.

2.   Meditação – o que significa para mim a Palavra se fazer carne?

3.   Oração – responder a Deus.

4.   Contemplação – acolher o convite de deixar a fé transformar a vida.

 4. Reflexão Formativa (conteúdo)

(Arquivo em powerpoint disponível ao final)

 Explicar em linguagem acessível os pontos principais da EG 163-168:

  • Querigma: anúncio fundamental e permanente da catequese.
  • Mistagogia: iniciação progressiva na fé, valorizando liturgia, símbolos e comunidade.
  • Via da beleza: mostrar que a fé é bela, usar arte, música, cultura e criatividade para evangelizar.
  • Proposta moral: não ser apenas denúncia, mas apresentar o bem e a vida plena no Evangelho.

 5. Atividade Prática

  • Dividir os catequistas em 4 grupos. Cada grupo recebe um tema:

1.   Querigma

2.   Mistagogia

3.   Via da beleza

4.   Proposta moral positiva

  • Tarefa: pensar em como aplicar esse aspecto num encontro de catequese com crianças/adolescentes.
  • Depois, cada grupo partilha em plenário.

 6. Compromisso

  • Cada catequista escreve no papel: Como vou tornar o querigma mais presente nos meus encontros?
  • Guardar esse compromisso no caderno ou Bíblia pessoal.

 7. Oração Final

  • Rezar juntos:

“Senhor, faz de nós catequistas querigmáticos, capazes de anunciar com alegria o Teu amor. Que nossa vida seja testemunho vivo, que nossos encontros sejam experiências mistagógicas e belas, e que nossa proposta de fé seja sempre positiva e atraente. Amém.”

  • Cantar um refrão alegre (sugestão: “Onde reina o amor, fraterno amor...” ou outro conhecido na comunidade).

👉 Esse roteiro cabe em 1h30 a 2h de encontro.

 Ângela Rocha - Catequista e Formadora


LINK PARA O ARQUIVO EM SLIDES:

https://docs.google.com/presentation/d/18O4VBg74rgFBzNtbNe17FKTSQ8kf-sx_/edit?usp=sharing&ouid=107383730316165916833&rtpof=true&sd=true

 

“Tudo o que fizerem, façam de todo o coração, como para o Senhor.”

(Cl 3,23)

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