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quarta-feira, 27 de novembro de 2024

A VOCAÇÃO DO CATEQUISTA: FUNDAMENTAÇÃO

 

A VOCAÇÃO DO CATEQUISTA
CITAÇÕES BIBLIOGRÁFICAS

O catequista tem um rosto cristão, isto quer dizer, ele possui a fisionomia de Deus. Segundo o Gênesis, fomos criados “à imagem e semelhança de Deus” (cf. Gn 1,26s). Além de uma fisionomia humana, o catequista também possui uma fisionomia cristã.  O rosto humano do catequista é também cristão, ou seja, ele é pessoa humana, mas também é filho de Deus, vocacionado à felicidade, ao amor e à comunhão com toda a criação.

Este projeto foi delineado no livro do Gênesis. Ali encontra-se o sentido da vida e a alegria de ser filho (a) de Deus. Mas, o fato de ser cristão não significa que tudo está pronto. Há um longo caminho a percorrer para que os cristãos estejam prontos para a sua missão. Esta caminhada se inicia no Batismo e continua pela vida afora. Todos foram criados à imagem de Deus para ser a sua semelhança, mas segundo Paulo afirma: “Mas todos nós temos o rosto descoberto, refletimos como num espelho a glória do Senhor e nos vemos transformados nesta mesma imagem, sempre mais resplandecentes, pela ação do Espírito do Senhor” (2 Cor 3, 18). Logo, sempre mais, é necessário aperfeiçoar esta imagem.

Exemplos bíblicos de vocação no Antigo Testamento:

A bíblia também traz no antigo testamento, testemunhos de pessoas que, tocadas pelos apelos da vida, pelos acontecimentos da história, da sua comunidade e do seu povo responderam corajosamente ao chamado de Deus:

Abraão (Gn 12, 1-9; 15,1-20): A vocação de Abraão está ligada à história de cada vocação: sair de si mesmo para construir um mundo melhor. Deus o chamou para liderar o projeto da formação do povo de Deus.

Moisés (Ex 3,1-12; 6,2-13): Foi chamado para ser animador do povo. Foi chamado especificamente para ser instrumento da libertação de Deus para o povo.

Jeremias (Jr 1, 4-10; 15,10-21): Jeremias, como os demais profetas são chamados para o anúncio da Palavra e  para a denúncia das injustiças, dando a própria vida.

CITAÇÕES BIBLIOGRÁFICAS

“Ser catequista é viver uma vocação característica dentro da Igreja. Ela é uma realização da vocação batismal. Pelo Batismo, todo cristão é mergulhado em Jesus Cristo, participante de sua missão profética: proclamar o Reino de Deus. Pela Crisma, o catequista é enviado para assumir sua missão de dar testemunho da Palavra com força e coragem”. Doc. 59 (Estudos da CNBB, 44).

Segundo o DNC (2006, 262-268), o ser do catequista, seu rosto humano e cristão necessita das seguintes qualidades:

 

ü  Ser uma pessoa com equilíbrio psicológico;

ü  Ter capacidade de diálogo, criatividade e iniciativa, saber trabalhar em equipe;

ü  Ser perseverante, pontual e responsável;

ü  Ser participativo, engajado nas atividades da paróquia, da comunidade e ter espírito de serviço;

ü  Ter vida de oração, leitura e meditação diária da Palavra de Deus;

ü  Ter espírito crítico e discernimento diante da realidade;

ü  Ser capaz de respeitar a individualidade de cada pessoa.

 

Isso não significa que exista uma pessoa que tenha todas essas qualidades, mas que se deve procurar desenvolvê-las no dia-a-dia. 

A Catequese é, segundo o Papa João Paulo II, a tarefa primordial da Igreja. Ele define a tarefa da catequese como a de colocar a pessoa (criança, jovem ou adulto) em comunhão com Jesus (CT 5). Nesse processo, a pessoa da/o catequista é fundamental. Portanto, merece atenção especial no sentido de uma formação que integre o ser, o saber e o saber fazer. Sua vocação será tanto mais compreendida e vivida com alegria, quanto mais o catequista fizer a experiência fraterna no grupo de catequistas e na sua comunidade. 

O catequista não age sozinho, mas em comunhão com a Igreja, com o grupo de catequistas. O grupo de catequistas expressa o caráter comunitário da tarefa catequética. E com o grupo que ele revê suas ações, planeja, aprofunda os conteúdos, reza e reflete.

O documento Catequese Renovada (CNBB, 1998), sobre a missão e formação do catequista já lembrava:

“A tarefa da Catequese é confiada, em primeiro lugar, a toda comunidade eclesial (…) A comunidade não dispensa a figura do catequista; ao contrário: em função do papel da comunidade na Catequese e também devido às transformações sociais e culturais do nosso tempo, estamos descobrindo um novo tipo de catequista: alguém que, integrado na comunidade, conhece bem sua história e suas aspirações e sabe animar e coordenar a participação de todos (CR 144).

Ainda sobre o catequista o documento completa: “o catequista é porta-voz da experiência cristã de toda a comunidade” (CNBB, 1998, 145), portanto ele age junto com a comunidade, sem individualismo e isolamento.

“O fruto da evangelização e da catequese é fazer discípulos, acolher a Palavra, aceitar Deus na própria vida, como dom da fé. O seguimento de Jesus Cristo realiza-se na comunidade fraterna. O discipulado, como aprofundamento do seguimento, implica renúncia a tudo o que se opõe ao projeto de Deus” (DNC 34).

"A Catequese é um ato essencialmente eclesial. Não é uma ação particular. A Igreja se edifica a partir da pregação do evangelho, da catequese, da liturgia, tendo como centro a celebração da Eucaristia. A catequese é um processo formativo, sistemático, progressivo e permanente de educação da fé. Promove a iniciação vida comunitária, à liturgia e ao compromisso pessoal com o Evangelho. Mas prossegue pela vida inteira, aprofundando essa opção e fazendo crescer no conhecimento, na participação e na ação” (DNC 233).

Conhecer a Jesus Cristo pela fé é nossa alegria; segui-lo é uma graça, e transmitir este tesouro aos demais é uma tarefa eu o Senhor nos confiou ao nos chamar e nos escolher” (DAp 18).

Aos catequistas, delegados da Palavra e animadores de comunidades que cumprem uma magnífica tarefa dentro da Igreja, reconhecemos e animamos a continuarem o compromisso que adquiriram no batismo e na confirmação” (DAp 211).

“Quanto à situação atual da catequese, é evidente que tem havido um progresso. Tem crescido o tempo que se dedica à preparação para os sacramentos. Tem-se tomado maior consciência de sua necessidade tanto nas famílias como entre os pastores. Compreende-se que ela é imprescindível em toda formação cristã. Tem-se constituído ordinariamente comissões diocesanas e paroquiais de catequese. É admirável o grande número de pessoas que se sentem chamadas a se fazer catequistas, com grande entrega. A elas, esta Assembléia manifesta um sincero reconhecimento” (DAp 295).

 “A Iniciação Cristã é a maneira prática de colocar alguém em contato com Jesus Cristo e iniciá-lo no discipulado” (DAp 288). 

“Ou educamos na fé, colocando as pessoas realmente em contato com Jesus Cristo e convidando-as para segui-lo, ou não cumpriremos nossa missão evangelizadora” (DAp 287). 

“Ser discípulo é um dom destinado a crescer. A iniciação cristã dá a possibilidade de uma aprendizagem gradual no conhecimento, no amor e no seguimento de Cristo. Dessa forma, ela forja a identidade cristã com as convicções fundamentais e acompanha a busca do sentido da vida” (DAp 291). 

“Como características do discípulo, indicadas pela iniciação cristã, destacamos: que ele tenha como centro a pessoa de Jesus Cristo; que tenha espírito de oração, seja amante da Palavra, pratique a confissão frequente e participe da Eucaristia; que se insira cordialmente na comunidade eclesial e social, seja solidário no amor e fervoroso missionário ( DAp 292). 

“A catequese não deve ser só ocasional, reduzida a momentos prévios aos sacramentos, mas sim itinerário catequético permanente (DAp 298); não pode se limitar a uma formação meramente doutrinal, mas de formação integral” (DAp 299). É catequese para o seguimento de Jesus, o discipulado.

“O encontro com o Ressuscitado transforma o medo em coragem; a fuga em empolgação; o retorno em nova iniciativa; o egoísmo em partilha e compromisso até a entrega da vida (Texto Base do Ano Catequético, n. 3).

“A catequese, começando pela iniciação cristã e chegando a constituir-se em um processo de formação permanente, é caminho de encontro pessoal e comunitário com Jesus Cristo, que é capaz de mudar nossa vida, levar ao engajamento na comunidade eclesial e ao compromisso missionário. Quem se encontra com ele, põe-se a caminho em direção aos irmãos, à comunidade e à missão”. (Texto Base do Ano Catequético, n. 6).

REFERENCIAS:

BÍBLIA. Bíblia de Jerusalém. 4ª ed. São Paulo: Paulus, 2002. 

CELAM. Documento de Aparecida - Texto conclusivo da V Conferência geral do episcopado Latino-americano e do Caribe. São Paulo: Paulus, 2007.

 CNBB. Catequese renovada: Orientações e conteúdo. Doc 26. São Paulo: Paulinas, 1998. 

CNBB. Diretório Nacional de catequese. Documento nº 84. Brasilia: edições CNBB, 2006.,

CNBB. Catequese, caminho para o discipulado – Texto Base – Ano Catequético Nacional – 2008. Brasília: CNBB, 2008.

JOÃO PAULO II. Catechesi Tradendae – Exortação apostólica sobre a catequese do nosso tempo. 1979. Encontrado em https://www.vatican.va/content/john-paul-ii/pt/apost_exhortations/documents/hf_jp-ii_exh_16101979_catechesi-tradendae.html  Acesso em nov 2023.




 

domingo, 14 de março de 2021

O CATEQUISTA CONSTRÓI ITINERÁRIOS DE VIDA E FÉ


Imagem: Secretariado BH

Ser catequista é uma experiência tão antiga quanto a igreja. É alguém chamado a conhecer Jesus Cristo, amá-lo e levar sua mensagem a todos por meio do testemunho de vida.

A alegria de ser catequista brota quando a pessoa se sente verdadeiramente inserida na vida da igreja, sempre em busca de conhecimento e experiências que possam contribuir para o amadurecimento da fé de todos os irmãos. O catequista desenvolve um bonito trabalho, apaixonante, mas exigente porque precisa testemunhar aquilo que fala. Na sua missão de atrair pessoas para o seguimento de Jesus e fazer experiência do amor de Deus, ele se torna uma pessoa encarregada para ser sinal-instrumento eficaz, para transmitir, com a própria vida e pela Palavra, a Boa Nova do Reino de Deus que se revelou plenamente em Jesus Cristo.

O catequista é chamado a ser testemunha do mistério

É importante observar que o Novo Testamento nos transmite mais ações de testemunho do que atividade missionária, sobretudo o Evangelho segundo São João. O testemunho consiste principalmente no anúncio querigmático, na proclamação direta e pública do desígnio de Deus de salvar tudo em Jesus. Segundo o livro dos Atos dos Apóstolos, além da pregação, há outra forma de evangelização, a saber, o testemunho de vida. Tanto a pregação quanto o anúncio são mediações para a caminhada de conversão.

Podemos experimentar essas mediações partindo dos relatos que provém da origem da prática batismal dos primeiros cristãos que procede do batismo de João. Ele proclamou e praticou um batismo em sinal de conversão, para o perdão dos pecados (Mt 1,4; Lc 3,3). Batizar-se, segundo o rito de João Batista, equivale a “ser submerso” ou morrer; o batismo ou a imersão já era usado no judaísmo como símbolo de uma mudança decisiva na vida, tanto religiosa como civil. Jesus, ao ser batizado por João, com uma particularidade: não confessou seus pecados (Mc 1,9), nem teve que converter-se (Jo 1,5), ele tomou consciência de sua missão na sociedade injusta de seu tempo e trouxe um significado novo, a saber, libertar os homens e mulheres de toda opressão.

Assim, o batismo cristão significa o compromisso de acabar com a injustiça e construir uma sociedade justa, para o que Deus concede o Espírito Santo, pois de acordo com a prática cristã mais primitiva, herdada por João Batista e reinterpretada por Jesus, o batismo é obra do Espírito de Cristo, em cujo nome é celebrado. Batizar-se significa identificar-se com a causa de Jesus, optar pelo sentido da vida dada por Cristo. Implica em compromisso de vida.

A experiência que leva ao mergulho do Mistério Jesus é o primeiro iniciador da fé e o Catequista um continuador de Jesus nesse processo. A evangelização pretende comunicar a fé aos que não possuem ou a possuem insuficientemente, isto é, os que não creem ou não creem plenamente. A fé é da ordem do transcendente, não se comunica apenas com palavras. Torna- se necessário que a vida da testemunha seja o que diz. A pessoa é cristã a partir da experiência, da expressão de sua espiritualidade, ou seja, o cristão é visto, não pelo seu discurso, mas pela vida humana que emana do seu ser de um modo peculiar, à luz e exigências do evangelho.

Ao falar em experiência, utilizamos de um bom conceito expresso por Leonaldo Boff, no seu livro “Jesus Cristo libertador”. Ele diz que a experiência é a ciência ou o conhecimento (ciência) que o ser humano adquire quando sai de si (ex) e procura compreender um objeto por todos os lados (peri). Movimento de saída de si para perceber a realidade a partir de outro ponto de vista, de vários lados, e, sobretudo, aprender com o novo que está sendo contemplado. A experiência vai além do vivenciar, pois além de viver o ato em si, a experiência indica uma reflexão no ato do viver gerando nova consciência sobre o fenômeno vivido, isto é, provoca novas compreensões, novo jeito de viver.

Nesse sentido, pode-se dizer que há experiência humana quando há relação conosco mesmos, com os outros e com o mundo, participação real do sujeito num acontecimento. A experiência humana aprofundada pode ser caminho de evangelização. Assim, falar de experiência religiosa no processo evangelizador, é uma forma de o ser humano mergulhar na infinitude transcendental. Trata-se de uma experiência do sagrado, ou seja, a percepção da presença do sagrado no universo humano. É uma experiência de medo ou de atração diante do mistério. Pode-se dizer que as pessoas, diante do medo ou diante dos momentos felizes, momentos de realizações, elas se aproximam do sagrado.

Mas, para além da experiência religiosa está a experiência do mistério transcendente (Deus). Uma bela definição dessa experiência está nas palavras do professor Henrique C. de Lima Vaz, em seus escritos de filosofia 1, que a classifica como sendo a experiência do sentido radical. Trata-se de uma experiência única, particular, e ao mesmo tempo, revigora a vida de quem a realiza. Ela possibilita que o ato do viver seja construído, permanentemente e com sentido no cotidiano do dia a dia do existir. Assim, a pessoa que consegue contemplar os acontecimentos da vida e retirar deles um sentido ao existir realiza a experiência de Deus.

Falar das formas de fazer experiências nos chama a atenção para perceber como se realiza nossas próprias experiências na caminhada com Cristo. Perceber como vai se formando a mentalidade cristã e traduzindo-a em comportamento evangélico: desprendimento de si mesmo, entrega aos outros, compromisso social, expressão das crenças profundas e na participação em certos gestos sacramentais que se relacionam com o sentido da vida. A vida cristã é impossível sem o “sair de si” de estar em comunidade. Esta tem seu fundamento na palavra de Deus, vive um processo de conversão, está encarnada na realidade do mundo, celebra a salvação de Deus, testemunha sua própria fé e se reconhece como autêntica comunhão.

Diante da missão de evangelizar, de fazer ecoar a Palavra de Deus, o Catequista é chamado para ser encantador de pessoas por Jesus, o catequista precisa ser aquela pessoa que vive, ama e reflete seu ato de viver transformando-o em experiência que dá sentido à vida; uma pessoa de maturidade humana e de equilíbrio psicológico; pessoa de espiritualidade, que deseja crescer na santidade; que alimenta sua vida na força do Espírito Santo, para transmitir a mensagem com coragem, entusiasmo e ardor a Palavra de Deus. Que toda catequista possa renovar sua vocação e permanecer fiel na transmissão da mensagem dos ensinamentos de Jesus Cristo.

Texto de Neuza Silveira de Souza- Coordenadora do secretariado
Arquidiocesano Bíblico-Catequético de Belo Horizonte.

Fonte: Secretariado Arquidiocesano Bíblico-Catequético.