O
catequista tem um rosto cristão, isto quer dizer, ele possui a fisionomia de
Deus. Segundo o Gênesis, fomos criados “à imagem e semelhança de Deus”
(cf. Gn 1,26s). Além de uma fisionomia humana, o catequista também possui uma
fisionomia cristã. O rosto humano do
catequista é também cristão, ou seja, ele é pessoa humana, mas também é filho
de Deus, vocacionado à felicidade, ao amor e à comunhão com toda a criação.
Este
projeto foi delineado no livro do Gênesis. Ali encontra-se o sentido da vida e
a alegria de ser filho (a) de Deus. Mas, o fato de ser cristão não significa
que tudo está pronto. Há um longo caminho a percorrer para que os cristãos
estejam prontos para a sua missão. Esta caminhada se inicia no Batismo e
continua pela vida afora. Todos foram criados à imagem de Deus para ser a sua
semelhança, mas segundo Paulo afirma: “Mas todos nós temos o rosto
descoberto, refletimos como num espelho a glória do Senhor e nos vemos
transformados nesta mesma imagem, sempre mais resplandecentes, pela ação do
Espírito do Senhor” (2 Cor 3, 18). Logo, sempre mais, é necessário
aperfeiçoar esta imagem.
Exemplos
bíblicos de vocação no Antigo Testamento:
A
bíblia também traz no antigo testamento, testemunhos de pessoas que, tocadas
pelos apelos da vida, pelos acontecimentos da história, da sua comunidade e do
seu povo responderam corajosamente ao chamado de Deus:
Abraão
(Gn 12, 1-9; 15,1-20): A
vocação de Abraão está ligada à história de cada vocação: sair de si mesmo para
construir um mundo melhor. Deus o chamou para liderar o projeto da formação do
povo de Deus.
Moisés
(Ex 3,1-12; 6,2-13):
Foi chamado para ser animador do povo. Foi chamado especificamente para ser
instrumento da libertação de Deus para o povo.
Jeremias
(Jr 1, 4-10; 15,10-21): Jeremias,
como os demais profetas são chamados para o anúncio da Palavra e para a denúncia das injustiças, dando a
própria vida.
CITAÇÕES
BIBLIOGRÁFICAS
“Ser
catequista é viver uma vocação característica dentro da Igreja. Ela é uma
realização da vocação batismal. Pelo Batismo, todo cristão é mergulhado em
Jesus Cristo, participante de sua missão profética: proclamar o Reino de Deus.
Pela Crisma, o catequista é enviado para assumir sua missão de dar testemunho
da Palavra com força e coragem”.
Doc. 59 (Estudos da CNBB, 44).
Segundo
o DNC (2006, 262-268), o ser do catequista, seu rosto humano e cristão
necessita das seguintes qualidades:
ü
Ser
uma pessoa com equilíbrio psicológico;
ü
Ter
capacidade de diálogo, criatividade e iniciativa, saber trabalhar em equipe;
ü
Ser
perseverante, pontual e responsável;
ü
Ser
participativo, engajado nas atividades da paróquia, da comunidade e ter
espírito de serviço;
ü
Ter
vida de oração, leitura e meditação diária da Palavra de Deus;
ü
Ter
espírito crítico e discernimento diante da realidade;
ü
Ser
capaz de respeitar a individualidade de cada pessoa.
Isso não significa que exista uma pessoa que tenha todas essas qualidades, mas que se deve procurar desenvolvê-las no dia-a-dia.
A Catequese é, segundo o Papa João Paulo II, a tarefa primordial da Igreja. Ele define a tarefa da catequese como a de colocar a pessoa (criança, jovem ou adulto) em comunhão com Jesus (CT 5). Nesse processo, a pessoa da/o catequista é fundamental. Portanto, merece atenção especial no sentido de uma formação que integre o ser, o saber e o saber fazer. Sua vocação será tanto mais compreendida e vivida com alegria, quanto mais o catequista fizer a experiência fraterna no grupo de catequistas e na sua comunidade.
O
catequista não age sozinho, mas em comunhão com a Igreja, com o grupo de catequistas.
O grupo de catequistas expressa o caráter comunitário da tarefa catequética. E
com o grupo que ele revê suas ações, planeja, aprofunda os conteúdos, reza e
reflete.
O
documento Catequese Renovada (CNBB, 1998), sobre a missão e formação do
catequista já lembrava:
“A tarefa da Catequese é confiada, em primeiro
lugar, a toda comunidade eclesial (…) A comunidade não dispensa a figura do
catequista; ao contrário: em função do papel da comunidade na Catequese e
também devido às transformações sociais e culturais do nosso tempo, estamos
descobrindo um novo tipo de catequista: alguém que, integrado na comunidade,
conhece bem sua história e suas aspirações e sabe animar e coordenar a
participação de todos (CR 144).
Ainda
sobre o catequista o documento completa: “o catequista é porta-voz da
experiência cristã de toda a comunidade” (CNBB, 1998, 145), portanto ele
age junto com a comunidade, sem individualismo e isolamento.
“O
fruto da evangelização e da catequese é fazer discípulos, acolher a Palavra,
aceitar Deus na própria vida, como dom da fé. O seguimento de Jesus Cristo
realiza-se na comunidade fraterna. O discipulado, como aprofundamento do
seguimento, implica renúncia a tudo o que se opõe ao projeto de Deus” (DNC 34).
"A
Catequese é um ato essencialmente eclesial. Não é uma ação particular. A Igreja
se edifica a partir da pregação do evangelho, da catequese, da liturgia, tendo
como centro a celebração da Eucaristia. A catequese é um processo formativo,
sistemático, progressivo e permanente de educação da fé. Promove a iniciação
vida comunitária, à liturgia e ao compromisso pessoal com o Evangelho. Mas
prossegue pela vida inteira, aprofundando essa opção e fazendo crescer no
conhecimento, na participação e na ação” (DNC 233).
“Conhecer
a Jesus Cristo pela fé é nossa alegria; segui-lo é uma graça, e transmitir este
tesouro aos demais é uma tarefa eu o Senhor nos confiou ao nos chamar e nos
escolher” (DAp 18).
“Aos
catequistas, delegados da Palavra e animadores de comunidades que cumprem uma
magnífica tarefa dentro da Igreja, reconhecemos e animamos a continuarem o
compromisso que adquiriram no batismo e na confirmação” (DAp 211).
“Quanto
à situação atual da catequese, é evidente que tem havido um progresso. Tem
crescido o tempo que se dedica à preparação para os sacramentos. Tem-se tomado
maior consciência de sua necessidade tanto nas famílias como entre os pastores.
Compreende-se que ela é imprescindível em toda formação cristã. Tem-se
constituído ordinariamente comissões diocesanas e paroquiais de catequese. É
admirável o grande número de pessoas que se sentem chamadas a se fazer
catequistas, com grande entrega. A elas, esta Assembléia manifesta um sincero
reconhecimento” (DAp
295).
“A Iniciação Cristã é a maneira prática de colocar alguém em contato com Jesus Cristo e iniciá-lo no discipulado” (DAp 288).
“Ou educamos na fé, colocando as pessoas realmente em contato com Jesus Cristo e convidando-as para segui-lo, ou não cumpriremos nossa missão evangelizadora” (DAp 287).
“Ser discípulo é um dom destinado a crescer. A iniciação cristã dá a possibilidade de uma aprendizagem gradual no conhecimento, no amor e no seguimento de Cristo. Dessa forma, ela forja a identidade cristã com as convicções fundamentais e acompanha a busca do sentido da vida” (DAp 291).
“Como características do discípulo, indicadas pela iniciação cristã, destacamos: que ele tenha como centro a pessoa de Jesus Cristo; que tenha espírito de oração, seja amante da Palavra, pratique a confissão frequente e participe da Eucaristia; que se insira cordialmente na comunidade eclesial e social, seja solidário no amor e fervoroso missionário” ( DAp 292).
“A
catequese não deve ser só ocasional, reduzida a momentos prévios aos
sacramentos, mas sim itinerário catequético permanente
(DAp 298); não pode se limitar a uma formação meramente doutrinal, mas de
formação integral” (DAp 299). É catequese para o seguimento de Jesus, o
discipulado.
“O
encontro com o Ressuscitado transforma o medo em coragem; a fuga em empolgação;
o retorno em nova iniciativa; o egoísmo em partilha e compromisso até a entrega
da vida” (Texto Base do Ano Catequético, n. 3).
“A
catequese, começando pela iniciação cristã e chegando a constituir-se em um
processo de formação permanente, é caminho de encontro pessoal e comunitário
com Jesus Cristo, que é capaz de mudar nossa vida, levar ao engajamento na
comunidade eclesial e ao compromisso missionário. Quem se encontra com ele,
põe-se a caminho em direção aos irmãos, à comunidade e à missão”. (Texto Base do Ano Catequético, n. 6).
REFERENCIAS:
BÍBLIA. Bíblia de Jerusalém. 4ª ed. São Paulo: Paulus, 2002.
CELAM.
Documento de Aparecida - Texto conclusivo da V Conferência geral do
episcopado Latino-americano e do Caribe. São Paulo: Paulus, 2007.
CNBB.
Diretório Nacional de catequese. Documento nº 84. Brasilia: edições
CNBB, 2006.,
CNBB. Catequese, caminho para o discipulado – Texto Base – Ano Catequético Nacional – 2008.
Brasília: CNBB, 2008.
JOÃO
PAULO II. Catechesi Tradendae – Exortação apostólica sobre a catequese
do nosso tempo. 1979. Encontrado em https://www.vatican.va/content/john-paul-ii/pt/apost_exhortations/documents/hf_jp-ii_exh_16101979_catechesi-tradendae.html Acesso em nov 2023.
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