Mais um artigo muito bom de D. Orlando Brandes - Arcebispo de Londrina Pr.
Este
é o momento favorável. Deus está no nosso agora, no nosso cotidiano, no nosso
minuto. Nossa hora é sempre “hora de Deus”. O advento de Deus acontece em
nossas circunstâncias, em nossa história, nossa existência. Senhor, em Vós
respiramos e por Vós suspiramos. Tu conheces nossos pensamentos, sentimentos e
as batidas dos nossos corações.. Todo dia é dia de Deus. Ele está em nós e no
meio de nós. Deus faz o nosso caminho.
Celebrar,
porém, o tempo do Advento é reviver a história da encarnação de Jesus,
portanto, a plenitude dos tempos. É o tempo de preparar os caminhos, tempo de
dar tempo para Deus e para os irmãos. Nestes tempos de consumismo, os esposos
não tem tempo pra si e pais não encontram tempo para seus filhos. A grande maioria
das pessoas não tem tempo para Deus. Tempo é questão de preferência. Muitos
preferem dar tempo para o shopping, para time de futebol, para a correria
estressante da vida.
O
tempo do Advento é tempo da realização das promessas de Deus sobre a vinda do
Messias. Quanto tempo Deus dedica a nós e como temos pouco tempo para as coisas
de Deus. Sofremos fadiga, esgotamento, cansaço, stress, vazio, frustração por
não respeitar o tempo do silêncio, do lazer, da oração, nem o tempo para
diálogo, a visita, a amizade.
O
Advento é tempo para a gente parar, meditar, silenciar. Assim poderemos
recuperar a saúde, a paz, a alegria, a bússola da verdade. Advento é hora de
reencontro e reencantamento. Estamos celebrando um tempo de renovação da fé: o
Ano da Fé. Do grau da fé depende o tipo
de cristianismo que vivemos. Da intensidade ou da superficialidade da fé,
depende a vivencia do tempo do Advento e do Natal. A fé é o impulso que rompe
com nossa rotina e mesmice que são entraves e amarras à dedicação do nosso tempo para a evangelização. A fé é couraça e escudo
que nos defende do mal, e nos ajuda a viver de modo adequado o tempo que nos é
dado, inclusive a não perder tempo à toa.
A
fé nos livra das preocupações que nos enganam, estressam e deprimem tomando o
maior tempo da nossa vida. A fé destrói nossos apegos que são a raiz de todo
sofrimento emocional e psíquico. A fé nos impele a sair do comodismo e da
omissão que atrofiam a missão, fracassam a Igreja e deixam espaços para os
ídolos. A fé é a vitória sobre nossa mediocridade tão nociva, porque prejudica
a credibilidade do evangelho. Não
podemos ter uma fé morna. Eis o tempo favorável do Advento que nos conduz ao
deserto para reavivarmos a força da fé. Eis o tempo para retornar ao poço, à
fonte, a exemplo da samaritana, que abandonou a vida errada e tornou-se
anunciadora da fé.
Há
um tempo para tudo (cf Ecl 3,1-8). Sim, há tempo para perder a fé e tempo para
reencontrá-la. Tempo para tudo abandonar e tempo para voltar. Tempo para a
incredulidade e tempo para a conversão. Tempo para naufragar na fé e tempo para
recuperar o tesouro perdido.
O
Advento é um tempo que nos interpela á decisão, opção, resolução para nossa
conversão. Não podemos subsistir sem a necessária conversão. Jesus veio, vem e
virá. Os que o recebem se tornam filhos de Deus. Entremos neste Advento pela
porta da fé, prossigamos no caminho de Jesus até chegarmos à porta do céu, do
fim que não terá fim, da luz sem ocaso, onde seremos coroados pelo bem que
realizamos no tempo de nossa existência. No tempo preparamos a eternidade. A
experiência nos faz perceber que tudo passa, que o crepúsculo da vida vem. “No
entardecer de nossa vida seremos julgados pelo amor” (S. João da Cruz). Sejamos
gratos ao Criador que na sua sabedoria nos chamou viver nestes tempos da
história da humanidade.
Dom Orlando Brandes
Arcebispo de Londrina
Folha de Londrina, 1º de dezembro de 2012.
Arcebispo de Londrina
Folha de Londrina, 1º de dezembro de 2012.
* Colaboração da Ir.
Zuleides Andrade, ASCJ. Curitiba – Pr.
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