A ARTE DE LIDERAR
A palavra liderar
significa, em sua raiz, “ir, viajar, guiar”. Liderança implica sempre num
movimento. Os líderes “vão primeiro”, são pioneiros. Iniciam a busca de uma
ordem. Aventuram-se em território inexplorado e nos guiam em rumo a lugares
novos e desconhecidos. O papel do líder é nos conduzir a lugares onde nunca
estivemos antes.
Ser líder não é uma
herança genética, nem determinação do destino. É algo que se pode aprender,
exercitar e aperfeiçoar pela prática. Trabalhando com valores, confiança e
desafios, é possível criar oportunidades no contexto do desempenho cotidiano e
fazer delas seu campo de treinamento. E, com a prática poder até transformar a
liderança em um novo modelo de vida, como fez Jesus.
Liderar não é uma tarefa
fácil, é algo que exige muita paciência, disciplina, humildade, respeito e
compromisso. Desta forma, pode-ser definir liderança como o processo de dirigir
e influenciar as atividades relacionadas às tarefas da equipe. Não podemos esquecer
também que o líder precisa saber gerir conflitos e direcionar as energias aos
objetivos do grupo.
No início do século quando
se pensava em liderança a primeira coisa que vinha a mente era algo do tipo “mandar”,
“exigir”, em outras palavras uma liderança autocrática. Em nossos dias,
mencionada a palavra liderança, associamos a um trabalho diferente. Alguns
teóricos sobre o estudo de liderança procuraram verificar a influência causada
por três diferentes estilos de liderança nos resultados de desempenho e no
comportamento das pessoas. Os autores abordaram três estilos básicos de
liderança: a autocrática, a liberal e a democrática.
- Liderança
autocrática: o líder centraliza
totalmente a autoridade e as decisões. Os subordinados não têm nenhuma liberdade
de escolha. O líder autocrático é dominador, emite ordens e espera obediência
cega dos subordinados. Os que se sujeitam à liderança autocrática tendem a
apresentar maior volume de trabalho produzido, mas com evidentes sinais de
tensão, frustração e agressividade. O líder é temido pelo grupo, que só
trabalha quando ele está presente. A liderança autocrática enfatiza somente o
líder. Este tipo de liderança na vida eclesial é desastrosa, porque só traz
medos e inseguranças. Para a catequese também não ajudaria por que essa liderança
não gera protagonistas.
- Liderança liberal: o líder permite total liberdade para tomada de
decisões individuais ou grupais, participando delas apenas quando solicitado
pelo grupo. O comportamento do líder é sempre “em cima do muro” e sem firmeza.
Os que se sujeitam à liderança liberal podem apresentar fortes sinais de
individualismo, divisão do grupo, competição, insatisfação, agressividade e
pouco respeito ao líder. O líder é ignorado pelo grupo. A liderança liberal
enfatiza somente o grupo. Esse tipo de liderança também só tem a prejudicar a
caminhada da comunidade. A catequese também não funcionaria desse modo.
- Liderança
democrática: o líder é extremamente
comunicativo, encoraja a participação das pessoas e se preocupa igualmente com
o trabalho e com o grupo. O líder atua como um facilitador para orientar o
grupo, ajudando na definição dos problemas e nas soluções, coordenando as
atividades e sugerindo idéias. Os que se sujeitam à liderança democrática
apresentam boa quantidade de trabalho e qualidade surpreendentemente melhor,
acompanhadas de um clima de satisfação, integração grupal, responsabilidade e
comprometimento das pessoas. Esse é o tipo de liderança que se espera florescer
no ambiente eclesial e catequético.
James C. Hunter, autor da
obra “O Monge e o Executivo” traz propostas do que é chamada de liderança servidora, que tem como
teoria: liderar significa servir. Jesus sempre exercia liderança por
meio de autoridade e não de poder, ou seja, as pessoas seguiam Jesus por livre
espontânea vontade. Quando se usa o poder você obriga as pessoas a fazerem sua
vontade, mas quando se usa a autoridade, as pessoas fazem o que quer de boa
vontade, por sua influência pessoal.
Outro princípio bíblico é aprender
a servir, que requer do líder a humildade de encarar as mesmas tarefas
feitas por seus subordinados. Na prática, ao serem incorporadas essas atitudes da
liderança servidora, como partilhar poder e valorizar o desempenho das pessoas
na equipe, leva as pessoas a ter um bom êxito em tarefas desafiantes. Isso faz
toda a diferença.
Atividade em grupo:
1. Fazer a leitura do texto: Ex 18,13-27.
2. De que trata o texto? Qual o problema a ser
solucionado?
3. Quais a atitudes de Moisés e de Jetro?
4. O que aprendemos com o texto?
Uma ajuda para o grupo:
Aqui encontramos dois
princípios fundamentais para uma liderança bem-sucedida:
a) O texto aponta para a
necessidade de uma autoridade exercida de forma participativa, com a
organização de grupos menores e com a escolha de lideranças experientes.
b) O sogro alerta Moisés
que se ele não mudar a metodologia, todo o povo vai morrer. O caminho é
descentralizar. Concentrar poder é matar-se a si mesmo e matar o povo!
c) O que este texto e
estas afirmações têm a dizer para a nossa catequese?
QUADRO COMPARATIVO
Você sabe qual a diferença básica entre um
chefe/gerente e um líder?
CHEFE / GERENTE
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LÍDER
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Existe para controlar as decisões que vêm de cima
para baixo
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Existe para articular as funções e responsabilidades
de cada um através do diálogo e da partilha.
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Os chefes são obedecidos.
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Os líderes são respeitados.
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Busca o controle.
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Busca a mudança e a inovação.
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Trabalha o presente, olhando para o passado.
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Trabalha o presente, olhando para o futuro.
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Mantém o “sistema”.
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Inova o “sistema”.
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Enxerga funções e estruturas.
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Enxerga pessoas e aptidões.
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Segue projetos e idéias estabelecidos.
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Estabelece novos projetos e idéias.
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Vê as coisas como estão funcionando.
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Busca novos caminhos para a organização.
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Faz certo as coisas – eficiente.
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Faz as coisas certas – eficaz.
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Trabalha baseando na obrigação.
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Serve baseando na motivação.
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Interessa-se pelo que as pessoas podem fazer.
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Interessa-se pelo que as pessoas são.
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Trabalha pensando na remuneração e no dinheiro.
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Trabalha voluntariamente em vista do bem comum.
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Busca a produtividade no trabalho.
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Busca a felicidade dos outros no serviço.
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Movido pelos interesses da corporação.
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Movido pela fé e por princípios de nobreza.
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Preza regras e regulamentos.
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Preza os relacionamentos inter-pessoais.
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Prima pela competição.
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Prima pela compaixão.
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Adora subserviência.
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Ele ama a humildade.
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Exalta as conquistas pessoais.
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Exalta as conquistas do grupo.
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Trabalha sozinho, tendo poder sobre os outros.
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Trabalha em equipe, em comunhão com o grupo.
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PARA DEBATER EM GRUPO:
O catequista é mais
chefe/gerente ou mais líder? Isto se verifica concretamente em nossa realidade?
Fontes de consulta:
BULLARA, Cesar Furtado de
Carvalho. A evolução do conceito de
liderança. Disponível em www.ise.org.br?informe/artigos.
Acessado em 06/02/2005.
CIAVENATO, Idalberto. Gestão de pessoas. São Paulo: Campus,
1999.
MOREIRA, Maria Elisa. Liderar não é preciso - Um guia prático
para o dia a dia dos líderes. São Paulo: Paulinas,
2 comentários:
Jetro, o sogro de Moisés, viu bem a situação e soube alertar Moisés para ter uma liderança democrática, com organização de equipes maiores e menores, e ele levando a Deus as reivindicações de todas as equipes. Assim precisamos ser também na Catequese. O lider deve ter pulso firme mas também que saiba ouvir todos, avaliar junto, em união com o Padre e com muita oração.
Quem dera todos os "chefes" fossem também líderes. Moisés prova que um grande líder não precisa ser grande em tamanho, mas, grande em sabedoria.
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