A Tradição cristã costuma enunciar sete dons do Espírito, baseando-se no texto de Isaías 11,1-3 traduzido para o grego na versão dos LXX:
“Brotará uma vara do tronco de Jessé e um rebento germinará das suas raízes. E repousará sobre ele o espírito do Senhor: Espírito de sabedoria e entendimento, Conselho e fortaleza, Ciência e temor de Deus, Piedade…”
1. Fortaleza
Por essa virtude, Deus nos
propicia a coragem necessária para enfrentarmos as tentações, A fraqueza
diante das circunstâncias da vida e também firmeza de caráter nas
perseguições e tribulações causadas por nosso testemunho cristão. A
fidelidade à vocação cristã depara-se com obstáculos numerosos, alguns provenientes
de fora do cristão; outros, ao contrário, do seu íntimo ou das suas
paixões. Por isto diz o Senhor que “o Reino dos céus sofre violência dos
que querem entrar, e violentos se apoderam dele” (Mt 11, 12).Foi, com
muita coragem, com muito heroísmo, que os santos desprezaram as promessas,
e ameaças do mundo. Destes, muitos testemunharam a fé com o sacrifício da
própria vida. O Espírito Santo lhes imprimiu o dom da Fortaleza e só isto
explica a serenidade com que encontraram a morte!
2. Sabedoria
O sentido da
sabedoria humana reside no reconhecimento da sabedoria eterna de Deus, Criador
de todas as coisas que distribui seus dons conforme seus desígnios. Para alcançarmos
a vida eterna devemos nos aliar a uma vida santa, de perfeito acordo com os
mandamentos da lei de Deus e da Igreja.
3. Ciência
Todo o saber vem
de Deus. Se temos talentos, deles não nos devemos orgulhar, porque de Deus
é que os recebemos. Se o mundo nos admira, aplaude nossos trabalhos, a Deus é
que pertence esta glória, a Deus, que é o doador de todos os bens.Pelo dom da
ciência cristão penetra na realidade deste mundo sob a luz de Deus, vê
cada criatura como reflexo da sabedoria do Criador e como aceno ao Supremo Bem.
4. Conselho
Permite à pessoa o
reto discernimento e santas atitudes em determinadas circunstâncias. Nos ajuda
a sermos bons conselheiros, guiando o irmão pelo caminho do bem. É sob a
influência deste dom que a mãe ensina o filhinho a rezar, a praticar os primeiros
atos das virtudes cristãs, da caridade, da obediência, da penitência, do
amor ao próximo. Por este dom, o Espírito Santo, em seu divino estilo,
inspira a reta maneira de agir no momento oportuno e exatamente nos
termos devidos.
5. Entendimento ou
inteligência
A palavra
“inteligência” é, segundo alguns, derivada de intellegere = intuslegere, ler
dentro, penetrar a fundo. O dom do entendimento faz entender, penetrar, ler no
íntimo das verdades reveladas por Deus, é ter a intuição do
seu significado profundo. Pelo dom do entendimento, o cristão contempla
com mais lucidez o mistério da SS. Trindade, o amor do Redentor para com
os homens, o significado da S. Eucaristia na vida cristã.
6. Piedade
É uma graça de
Deus na alma que proporciona salutares frutos de oração e práticas de piedade
ensinadas pela Santa Igreja. Um dom do Espírito que orienta divinamente todas
as relações que temos com Deus e com o próximo, tornando-as mais profundas e
perfeitas. São Paulo implicitamente alude a este dom quando escreve: “Recebestes
o espírito de adoção filial, pelo qual bradamos: “Abá, ó Pai” (Rm 8, 15).
O Espírito Santo, mediante o dom da piedade, nos faz, como filhos
adotivos, reconhecer Deus como Pai.
7. Temor de Deus
Para entender o
significado desde dom, distingamos diversos tipos de temor: a) o temor covarde
ou da covardia; b) o temor servil ou do castigo; c) o temor filial. Este
consiste na repugnância que o cristão experimenta diante da perspectiva de poder-se
afastar de Deus; brota das próprias entranhas do amor. Não se concebe o
amor sem este tipo de temor. Teme a Deus quem procura praticar os seus
mandamentos com sinceridade de coração. Como nos diz as Escritura, devemos
buscar em primeiro lugar o reino de Deus, e o resto nos será dado por
acréscimo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário