SOLENIDADE DA ASCENSÃO DO SENHOR - ANO B
Senhor Jesus apareceu aos
seus discípulos durante 40 dias. O Ressuscitado já havia prevenido a comunidade
nas palavras dirigidas à Madalena sobre sua nova maneira de estar presente:
“Não me toque (Não me detenha)” (Jo 20,27). Ou seja, não é possível impedir que
o filho retorne ao Pai. Portanto, a ascensão é uma espécie de rito de passagem,
marca a transição para uma nova forma de ser presente até volte outra vez.
As
aparições do ressuscitado têm um sentido pedagógico. Os 40 dias são importante
par que os discípulos compreendam o mistério que terá sua culminância em
Pentecostes. Porém, a ressurreição não é uma retorno à vida plena. O modo de o
Senhor estar presente será agora repetido seu Espírito, seu destino. “é estar a
direita de Deus Pai” (Mc 16, 19).
Havia
certamente nos discípulos uma acomodação à presença mais visível. Talvez, por
isso, houve uma estupefação diante da ascensão, de modo que eles ficam olhando
para o céu: “Homens da Galileia, por que ficais a olhar para o céu?” (At 1,
11). O questionamento do anjos é uma chamada de atenção aos discípulos que
agora precisam ir e anunciar a Boa-Nova até os confins do mundo, não podendo
penas ficar olhando para cima.
Hoje
existem grandes desafios para o anúncio do Evangelho. A Igreja é vista como uma
sonegadora da liberdade, diante da dificuldade de responder às perguntas
surgidas a partir da mudança de costumes e do avanço da ciência. Como a
confrontação e a abertura são fardos pesados, alguns cristãos preferem ficar
olhando para o Céu, numa postura reacionária e vertical que reforça a
espera de respostas prontas, vindas de cima ou do passado. É mais fácil esperar
que Deus faça tudo e que nossa religião se resuma há algumas práticas rituais
do que dialogar com o mundo sedento da Palavra de Deus.
A
ascensão marca o tempo da Igreja e do início da missão: “Ide por todo mundo e
anunciai o Evangelho a toda criatura” (Mc 16, 15). A Igreja é, por fé, a
continuadora da presença do Senhor no mundo. Esta graça é realizada pelos Sacramentos,
pela Palavra, pelas obras. Precisamos crer que o Senhor não foi embora, mas
está aqui conosco. Ele não nos abandonou. Devemos alimentar a certeza que o
Espírito atua e deseja o Reino, portanto, não nos deixará órfãos, perdidos e
desalentados. Sua presença é garantia de que a Boa-Nova de vida e salvação
sempre será atual, independentes dos questionamentos e barreiras dos tempos.
Por isso tudo, não podemos nos dar ao luxo de ficarmos olhando para o Céu,
esperando passivamente o retorno do Senhor.
Há
por fim, um aspecto positivo do olhar para o Céu, pois o Céu também
é parte integrante de nossa vida de fé. Na verdade, temos saudade de Deus.
Desejamos a plenitude inscrita em nós. A vida não é plena aqui, mas prepara
para algo muito maior. A vida em plenitude é uma esperança, uma consciência de
que fomos chamados, como afirma São Paulo na segunda leitura, à “herança dos
santos” (Ef 1, 15). Por vezes, desejamos que essa plenitude aconteça aqui e
agora, pois a cultura pós moderna nos acostumou ao imediatismo e ao presente. É
preciso que tenhamos consciência de que a vida eterna começa aqui, mas neste
mundo não teremos a completude tão almejada. A Ascensão de Jesus é a
manifestação de nossa ida ao Céu e de nossa ressurreição. Que esta solenidade
aumente nosso desejo de eternidade.
Pe. Roberto Nentwig
Arquidiocese de Curitiba-PR
FONTE:
NENTWIG, Roberto. O Vosso Reino que também é nosso. Reflexões Homiléticas - Ano B. Curitiba; Editora Arquidiocesana, 2015. pg. 79.
NENTWIG, Roberto. O Vosso Reino que também é nosso. Reflexões Homiléticas - Ano B. Curitiba; Editora Arquidiocesana, 2015. pg. 79.
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