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sexta-feira, 11 de maio de 2018

HOMILIA DO DOMINGO


                    SOLENIDADE DA ASCENSÃO DO SENHOR - ANO B

Senhor Jesus apareceu aos seus discípulos durante 40 dias. O Ressuscitado já havia prevenido a comunidade nas palavras dirigidas à Madalena sobre sua nova maneira de estar presente: “Não me toque (Não me detenha)” (Jo 20,27). Ou seja, não é possível impedir que o filho retorne ao Pai. Portanto, a ascensão é uma espécie de rito de passagem, marca a transição para uma nova forma de ser presente até volte outra vez. 

As aparições do ressuscitado têm um sentido pedagógico. Os 40 dias são importante par que os discípulos compreendam o mistério que terá sua culminância em Pentecostes. Porém, a ressurreição não é uma retorno à vida plena. O modo de o Senhor estar presente será agora repetido seu Espírito, seu destino. “é estar a direita de Deus Pai” (Mc 16, 19).

Havia certamente nos discípulos uma acomodação à presença mais visível. Talvez, por isso, houve uma estupefação diante da ascensão, de modo que eles ficam olhando para o céu: “Homens da Galileia, por que ficais a olhar para o céu?” (At 1, 11). O questionamento do anjos é uma chamada de atenção aos discípulos que agora precisam ir e anunciar a Boa-Nova até os confins do mundo, não podendo penas ficar olhando para cima.


Hoje existem grandes desafios para o anúncio do Evangelho. A Igreja é vista como uma sonegadora da liberdade, diante da dificuldade de responder às perguntas surgidas a partir da mudança de costumes e do avanço da ciência. Como a confrontação e a abertura são fardos pesados, alguns cristãos preferem ficar olhando para o Céu, numa postura reacionária e vertical que reforça a espera de respostas prontas, vindas de cima ou do passado. É mais fácil esperar que Deus faça tudo e que nossa religião se resuma há algumas práticas rituais do que dialogar com o mundo sedento da Palavra de Deus.

A ascensão marca o tempo da Igreja e do início da missão: “Ide por todo mundo e anunciai o Evangelho a toda criatura” (Mc 16, 15). A Igreja é, por fé, a continuadora da presença do Senhor no mundo. Esta graça é realizada pelos Sacramentos, pela Palavra, pelas obras. Precisamos crer que o Senhor não foi embora, mas está aqui conosco. Ele não nos abandonou. Devemos alimentar a certeza que o Espírito atua e deseja o Reino, portanto, não nos deixará órfãos, perdidos e desalentados. Sua presença é garantia de que a Boa-Nova de vida e salvação sempre será atual, independentes dos questionamentos e barreiras dos tempos. Por isso tudo, não podemos nos dar ao luxo de ficarmos olhando para o Céu, esperando passivamente o retorno do Senhor.

Há por fim, um aspecto positivo do olhar para o Céu, pois o Céu também é parte integrante de nossa vida de fé. Na verdade, temos saudade de Deus. Desejamos a plenitude inscrita em nós. A vida não é plena aqui, mas prepara para algo muito maior. A vida em plenitude é uma esperança, uma consciência de que fomos chamados, como afirma São Paulo na segunda leitura, à “herança dos santos” (Ef 1, 15). Por vezes, desejamos que essa plenitude aconteça aqui e agora, pois a cultura pós moderna nos acostumou ao imediatismo e ao presente. É preciso que tenhamos consciência de que a vida eterna começa aqui, mas neste mundo não teremos a completude tão almejada. A Ascensão de Jesus é a manifestação de nossa ida ao Céu e de nossa ressurreição. Que esta solenidade aumente nosso desejo de eternidade.

Pe. Roberto Nentwig
Arquidiocese de Curitiba-PR

FONTE: 
NENTWIG, Roberto. O Vosso Reino que também é nosso. Reflexões Homiléticas - Ano B. Curitiba; Editora Arquidiocesana, 2015. pg. 79.




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