HOMILIA DO 21º DOMINGO DO TEMPO COMUM – ANO B
Quando Josué reuniu as tribos de Israel em Siquém e chamou os
líderes para se apresentarem diante de Deus (primeira leitura), o juiz fez um
resgate dos momentos em que Deus operou
com sua mão forte na história de seu povo.
Foi o Senhor que escolheu Abraão, acompanhou a vida dos patriarcas,
libertou o povo da escravidão, deu sua lei, levou os seus filhos para a Terra
Prometida e a deu por herança. Diante de sua história de fidelidade da parte de
Deus, Josué apela para uma escolha decisiva: “Escolhei a quem desejas servir!”
(Js 24,15).
A vida de todos nós, é uma
história humana-divina. Aos olhos da fé, cada momento de nossa existência não é
um mero acaso ou fruto apenas de escolhas humanas. À luz do mistério de Deus, a
história é permeada da providência divina; não se trata de um providencialismo,
como se Deus fizesse intervenções em tudo, guiando cada passo da história, mas
Deus age respeitando a liberdade humana e os limites deste mundo que passa.
Como Josué, também cada um de nós pode olhar para a história pessoal e perceber
os sinais de Deus, enxergando como Deus continua agindo nos laços que vão constituindo
o tecido de nossa vida.
Mas não basta perceber os
sinais de Deus e nossa história. O olhar de fé para a nossa vida é uma antessala
do cômodo principal – a nossa decisão radical pelo Senhor. Hoje, as leituras
nos colocam diante desta decisão: escolher a Deus ou voltar atrás; abraçar as
consequências do discipulado ou ficar no meio do caminho.
Jesus, no Evangelho, pediu
esta decisão aos seus interlocutores. Alguns murmuraram e consideraram duras as
palavras de Jesus. Não parecia fácil aceitar que Ele era o Pão descido do Céu,
aceitar sua Palavra, seu seguimento. O convite de Jesus é para uma mudança de
valores, mudança de posturas; convida-nos a abandonar aquilo que atrapalha,
seja no nível espiritual ou material, e segui-Lo. Também nós como o povo em
Siquém e como os ouvintes de Jesus, devemos dar uma resposta, pois não é
possível ficar em cima do muro. Seremos capazes Seremos capazes de abandonar os
ídolos e as ideias que se configuram como falsas. Seguranças?
Deus respeita nossa
liberdade. Ao perceber o abandono dos ouvintes, Jesus se dirige aos apóstolos e
lhes pergunta: “E vos quereis ir embora?” (Jo 6, 67). Pareceria mais natural
que Jesus amenizasse o discurso e pedisse para
que eles permanecessem. Mas bem diferente dos nossos esquemas, Jesus pede
uma decisão firme, não importando com a
quantidade de sus plateia.
A quem nós iremos seguir? Os
esquemas deste mundo dirigem-se para a
falsidade, para a corrupção, para a busca egoísta. Escolher a Deus significa
fazer uma decisão exigente pelo caminho da doação e da fraternidade. O Pão da Vida, oferecido por
Jesus, é mais do que um encontro intimista com Deus. Trata-se de uma acolhida
da vida como dom e, consequentemente, abraçar a doação e a partilha a si mesmo
e nos convida a comer do Pão nos quer no mesmo caminho. A vida que não se
esgota em si mesma, mas a vida como um sair de si e se realizar na abertura ao
próximo, à comunidade, à sociedade. Aqui está a proposta do Senhor: a quem
iremos servir?
Pe. Roberto Nentwig
Arquidiocese de Curitiba - PR
FONTE:
NENTWIG, Roberto. O Vosso Reino que também é nosso. Reflexões Homiléticas - Ano B. Curitiba; Editora Arquidiocesana, 2015. pg. 79.
NENTWIG, Roberto. O Vosso Reino que também é nosso. Reflexões Homiléticas - Ano B. Curitiba; Editora Arquidiocesana, 2015. pg. 79.
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