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domingo, 16 de maio de 2021

MINISTÉRIO DO CATEQUISTA: O QUE MUDA PARA O CATEQUISTA EM SUA MISSÃO?

Muito se tem questionado, nos diversos grupos de catequese, quais serão as mudanças na vida do catequista com a instituição do "Ministério do Catequista". Tentando responder um pouco a esta questão, já que ainda não temos os documentos das conferências episcopais a respeito, escolhi um pergunta feita em nosso grupo no Facebook:

"Tenho uma dúvida, e se possível gostaria de entender o que vai mudar para nós catequistas com a criação do ministério de catequista.??Pergunto no sentido de obrigações, e/ou responsabilidades?"

Por enquanto, o "serviço" à catequese, que cada um desempenha, não muda. Mas, a INSTITUIÇÃO do MINISTÉRIO DO CATEQUISTA - com certeza, uma grande honra e uma valorização inestimável à missão do catequista - vai mudar bastante o "SER" catequista, que não será mais encarado como um simples serviço à paróquia junto com tantos outros que se exerce. Observe-se aqui que provavelmente não haverá "acúmulo" de ministérios, pois, isso não atende ao critério de "dedicação" ou "disponibilidade" ao serviço à catequese.

Mas, é bom entender que, conforme o documento do Papa, caberá às CONFERENCIAS EPISCOPAIS, no nosso caso a CNBB, disciplinar sobre os CRITÉRIOS e estudos necessários para que o catequista receba este ministério. Ou seja, não será para para todos e nem para "qualquer um". E por "qualquer um" (sem ofensas), é aquele que não têm "formação catequética", conhecimento da Igreja e nem experiência e dedicação comprovada a este ministério.

Até agora não existia o "ministério instituído da catequese", visto que não havia um documento do Papa ou "motu próprio" a este respeito. Algumas dioceses até colocaram em suas Igreja particulares este "ministério", mas, não era INSTITUÍDO ainda pela Santa Sé. Inclusive no documento o Papa comunica que haverá: "Rito de Instituição especial que a Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos publicará em breve". Em 2006, a CNBB publicou um estudo a respeito, o de nº 95 (livro verde), a respeito do Ministério do catequista, no entanto, este ministério ainda não tinha plena aceitação da Santa Sé, apesar do assunto ter sido discutido nos vários sínodos da catequese.

Não será a Paróquia ou o pároco a conceder o ministério conforme o seu critério: "O ministério laical de catequista também tem 'um forte valor vocacional' porque 'um serviço estável prestado à Igreja local' que requer 'o devido discernimento por parte do bispo'". Seria bom que todos conhecessem as questões relativas a ministério "reconhecido", "confiado" e "instituído" e suas diferenças.

- Reconhecido: quando alguém vem atuando na catequese e, sem formalidades, este trabalho é acolhido pela comunidade e presbíteros;

- Confiado: é um passo a frente quando, depois de certa caminhada, o ministério da catequese é confiado a alguém, a concessão ainda simples, mas, mais empenhativa. Aqui é uma designação, nomeação, missão canônica com condições mais claras, deveres mais específicos, responsabilidade maior. Assim acontece com a "coordenação" do ministério.

- Instituído: aqui é quando o ministério da catequese é conferido a alguém mediante um rito litúrgico muito antigo chamado "instituição". O rito é feito numa celebração litúrgica junto à comunidade como acontece com as ordenações presbiterais e diaconais. Antes é claro, é feita uma caminhada de preparação adequada - humana, espiritual, intelectual, pastoral - que foi envolvendo a comunidade e o candidato com maior intensidade.

Segundo o Estudo 95 (2006, 70), a instituição do ministério do catequista não é um acontecimento ordinário, mas, extraordinário, especial, como são as instituições diaconais e dos ministros extraordinários da comunhão eucarística. Logo, as "mudanças" que acontecerão, são no sentido de se instituir o ministério como forma de busca uma maior responsabilidade com relação ao serviço como catequista; dedicação e tempo à catequese; formação integral e, com certeza, um exercício vocacional a esta importante missão na Igreja.

Para o catequista que deseja receber o ministério instituído - se de fato, for encarado com a seriedade que merece - eu sugiro que repense a sua diaconia (serviço à Igreja), que deve ser feita com total comprometimento e busca de formação e conhecimento.

E para finalizar, o Papa Francisco, coloca no documento tudo que é necessário para que o Catequista tenha o ministério instituído:

"Os catequistas devem ser homens e mulheres "de fé profunda e maturidade humana"; devem participar ativamente da vida da comunidade cristã; devem ser capazes de "acolhimento, generosidade e uma vida de comunhão fraterna"; devem ser formados do ponto de vista bíblico, teológico, pastoral e pedagógico; devem ter amadurecido a prévia experiência da catequese; devem colaborar fielmente com os presbíteros e diáconos e "ser animados por um verdadeiro entusiasmo apostólico".

Há, portanto, uma lista de exigências a serem cumpridas, importantes para que o ministério seja, de fato, um reconhecimento ao inestimável serviço à catequese, que muitos leigos e leigas desempenham:

- Maturidade humana (equilíbrio psicológico e estabilidade emocional);
- Participação ativa na comunidade, com disponibilidade e comprometimento (e não "de vez em quando");
- Capaz de acolhimento, generosidade e vida de comunhão fraterna (observar os sacramentos da iniciação);
- Formados do ponto de vista bíblico, teológico, pastoral e pedagógico (cursos pastorais, diocesanos e superior);
- Prévia experiência da catequese (exercício da catequese em relação ao tempo);
- Colaborar fielmente com os presbíteros e diáconos (colocar-se em sintonia com as lideranças paroquiais e colaborar em ela);
- Ser animado por um verdadeiro entusiasmo apostólico (alegria em servir).

Por esta "lista" já se pode antever que não será assim tão fácil ser um "ministro da catequese". E nem poderia ser diferente, já que esta é uma missão importante demais para a Igreja, que precisa de uma evangelização integral se quiser atingir a todos.

Ousemos "sonhar" que o ministério será acessível a todos, e que muitos o terão, pois assim teremos muitos mais evangelizados do que temos hoje e a catequese deixará se ser um simples "cursinho" para se adquirir sacramentos e se tornará um verdadeiro caminho de iniciação à vida cristã.


Ângela Rocha - Catequista e formadora

FONTES:

CNBB. Ministério do Catequista. estudos da CNBB nº 95. São Paulo: Paulus, 2006.

FRANCISCO. Antiquum ministerium - Pelo qual se institui o Ministério do Catequista. 11 de maio de 2021. Encontrado em:
https://www.vatican.va/content/francesco/pt/motu_proprio/documents/papa-francesco-motu-proprio-20210510_antiquum-ministerium.html



2 comentários:

Silvana Nascimento disse...

Muito esclarecedor o texto. obrigada pela sua partilha.

Anônimo disse...

Ok gostei muito do que ia lendo,penso que é vantagiosa a mensagem.