Celebra-se neste domingo a Solenidade da Santíssima Trindade. É uma festa
que se nos convida a celebrar e agradecer. As três leituras que se oferecem na
liturgia deste domingo ajudam a entender melhor a presença do Pai, do Filho e
do Espírito Santo. A conclusão do evangelho de Mateus define a missão dos
discípulos e discípulas como continuação da presença de Jesus no mundo.
Na narrativa do Evangelho de hoje, escutamos que “Os onze discípulos
foram para a Galileia, ao monte que Jesus lhes tinha indicado.” Eles voltam
para suas terras, para o lugar onde se encontraram com o Senhor. Nesse mesmo
espaço que conheceram ao Senhor e experimentaram sua Boa
Nova receberam também suas últimas palavras. Aos discípulos ele se faz
presente e atualiza até nossos dias a missão de Jesus.
Quando viram Jesus, ajoelharam-se diante dele. Os discípulos, ao verem
Jesus, se ajoelham, mas alguns ainda duvidavam. É significativo o realismo dos
evangelistas que sempre deixam aberta a possibilidade de não entender ou até
não aceitar o que está acontecendo.
Acabam de ver Jesus e alguns se ajoelham diante dele porque o aceitam
como o Senhor Ressuscitado. Eles o reconhecem como seu Deus, seu Mestre,
que continua acompanhando-os e permanece a seu lado. Jesus tinha dito: “Eu
não deixarei vocês órfãos, mas voltarei para vocês” (Jo 14,18). Eles acreditam
nas suas palavras e neste momento reconhecem sua presença no meio deles.
“Ainda assim, alguns duvidaram”. Neste texto do evangelista Mateus
acontece diante da mesma manifestação de Jesus aparecem diferentes atitudes dos
discípulos e discípulas.
Alguns deles o adoram e outros duvidam. Eles ainda não acreditam que a
presença de Jesus no meio deles. É possível que ele continue guiando-os como
seu Mestre e Senhor? Ao longo do Tempo Pascal, lemos diferentes manifestações
de Jesus às mulheres, aos discípulos reunidos, aos que iam pelo caminho de
Emaús, e a tantos outros/as, mas nem todos acreditam no imediato.
Podemos reconhecer, nessa pequena comunidade, a nossa comunidade e a
Igreja onde convivem luzes e sombras?
Adorar o Senhor é resposta ao dom de sua presença e do seu Amor, que nos
cativa e surpreende. Eles se ajoelham diante do Senhor! O reconhecem e
acreditam nele. Mas nem sempre é fácil colocar-se de joelhos. É reconhecer-se
menor e colocar tudo nas mãos daquele que consideramos nosso guia e mestre.
Neste dia peçamos ao Senhor que nos conceda esse presente que nos coloca
de joelhos diante dele! Que sejamos uma comunidade de discípulos e necessitados
das palavras e dos conselhos de Jesus. Uma comunidade humilde, simples, sem
aparência.
Como disse Francisco, somos parte de uma “Igreja que é uma barca
que ao longo da travessia deve enfrentar também ventos contrários e tempestades
que ameaçam afundá-la. O que a salva não são a coragem e as qualidades de seus
homens: a garantia contra o naufrágio é a fé em Cristo e em sua palavra. Esta é
a garantia: a fé em Jesus e em sua palavra”. (Disponível em: “A fé não é uma fugados problemas da vida”, Papa Francisco).
Nas palavras que Jesus nos dirige hoje está explicitado o
mandato missionário da Igreja de todos os tempos: “vão e façam discípulos em
todos os povos, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo, e
ensinando-os a observar tudo o que ordenei a vocês”.
A missão dos discípulos não é ficar olhando sua partida e simplesmente
lembrando o que foi vivido. O Espírito Santo celebrado e recebido na
semana passada é luz interior para descobrir sempre qual é o melhor caminho
para responder a esta missão. Continua sendo assim a presença contínua que
anima a Igreja desde seus inícios.
Jesus promete estar sempre com os seus: “Eis que eu estarei com
vocês todos os dias, até o fim do mundo”.
As palavras “todos os dias” nos comunicam a certeza de que, em cada
momento que vivemos, o Senhor está conosco! Peçamos ao Espírito
Santo que nos abra os olhos para reconhecer, no hoje de nossa vida, a
presença do Emanuel.
O mandato missionário de Jesus a sua Igreja nos revela o coração da
Trindade. O desejo de Deus é que a humanidade participe de sua vida de comunhão
para a qual fomos criados.
Assim, a missão da Igreja, que tem como centro o ser humano, se coloca a
serviço, especialmente daqueles que mais precisam da centralidade e da atenção:
os pobres, os marginalizados e tantas pessoas que continuam na busca de uma
terra digna para seus filhos e filhas.
Texto de Ana Maria Casarotti
(Publicado pelo Instituto Humanitas, 25/05/2018)
Fonte: https://cebi.org.br/reflexao-do-evangelho/a-festa-da-trindade/
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