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sábado, 2 de julho de 2022

REFLEXÃO DO EVANGELHO DO DOMINGO: DUAS CARACTERÍSTICAS DE JESUS

 


SOLENIDADE DE SÃO PEDRO E SÃO PAULO

Depois de vinte séculos de cristianismo é difícil ouvir as instruções de Jesus aos seus discípulos sem se envergonhar. Não se trata de vivê-las à risca, mas simplesmente de não agir contra o espírito que encerram. Só recordarei duas notas.

Jesus envia os seus discípulos pelas aldeias da Galileia como «cordeiros no meio dos lobos». Quem é que hoje acredita que esta deve ser a nossa identidade numa sociedade atravessada por todo o tipo de conflitos e confrontos? E, no entanto, não necessitamos entre nós de mais lobos, mas de mais cordeiros. Cada vez que desde a Igreja ou do seu entorno se alimenta de agressividade e ressentimento, ou se lançam insultos e ataques que tornam mais difícil o mútuo entendimento, estamos atuando contra o espírito de Jesus.

A primeira coisa que os seus discípulos devem comunicar ao entrar numa casa é: «Paz a esta casa». A paz é o primeiro sinal do reino de Deus. Se a Igreja não trouxer a paz à convivência, nós, cristãos, estamos anulando pela raiz a nossa primeira tarefa.

A outra nota é mais desconcertante: «Não useis bolsa, nem alforje, nem sandálias». Os seguidores de Jesus viverão como os “vagabundos” que encontram no seu caminho. Não levarão dinheiro nem provisões. Caminharão descalços, como tantos pobres que não têm um par de sandálias de couro. Nem sequer usarão um alforje, como faziam certos filósofos itinerantes.

Todos poderão ver isso na sua maneira de vestir e de equipar a sua paixão pelos últimos. O surpreendente é que Jesus não está pensando no que eles hão de levar consigo, mas precisamente no contrário: no que não devem levar, para que não se distanciem muito dos mais pobres.

Como se pode traduzir hoje este espírito de Jesus na sociedade do bem-estar? Não simplesmente recorrendo a uma roupa que nos identifica como membros de uma instituição religiosa ou responsáveis por uma posição na Igreja. Cada um de nós tem que rever com humildade que padrão de vida, que comportamentos, que palavra, que atitude melhor nos identifica com os últimos da nossa sociedade.

Texto: José Antonio Pagola

Tradução de Antonio Manuel Álvarez Perez

Fonte: cebi.org.br

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