18º DOMINGO DO TEMPOM COMUM – Lucas, 12 13-21
Uma das
características mais marcantes da pregação de Jesus é a lucidez com que Ele
conseguiu desmascarar o poder alienante e desumanizador que se encerra nas
riquezas.
A
visão de Jesus não é a de um moralista que se preocupa em saber como adquirimos
os nossos bens e como os utilizamos. O risco de quem vive desfrutando das suas
riquezas é esquecer a sua condição de filho de um Deus Pai e irmão de todos.
Daí
o seu grito de alerta: «Não podeis servir a Deus e ao Dinheiro». Não podemos
ser fiéis a um Deus Pai, que procura justiça, solidariedade e fraternidade para
todos, e, ao mesmo tempo, viver a serviço dos nossos bens e riquezas.
O
dinheiro pode dar poder, fama, prestígio, segurança, bem-estar, mas, na medida
em que escraviza a pessoa, fecha-a a Deus Pai, e a faz esquecer sua condição de
irmã e leva-a a quebrar a solidariedade com os outros. Deus não pode reinar na
vida de quem está dominado pelo dinheiro.
A
razão profunda disso está em que as riquezas despertam em nós o desejo
insaciável de ter sempre mais. E então cresce na pessoa a necessidade de
acumular, capitalizar e possuir sempre mais e mais. Jesus considera como uma
verdadeira loucura a vida daqueles proprietários de terras da Palestina,
obcecados em armazenar as suas colheitas em celeiros cada vez maiores. É uma
insensatez dedicar as melhores energias e esforços na aquisição e acúmulo de
riquezas.
Quando,
no final, Deus se aproxima do rico para recolher a sua vida, fica claro que
este a desperdiçou. A sua vida carece de conteúdo e de valor. «Tolo e
insensato, assim é aquele que acumula riquezas para si e não é rico diante de
Deus».
Um
dia, o pensamento cristão descobrirá com uma lucidez que hoje não temos a
profunda contradição que existe entre o espírito que anima o capitalismo e
aquele que anima o projeto de vida desejado por Jesus. Esta contradição não se
resolve nem pela profissão de fé daqueles que vivem com espírito capitalista
nem com a esmolas que possam fazer com os seus lucros.
Texto:José Antonio Pagola
Tradução de Antonio Manuel Álvarez Perez
Fonte: cebi.org.br
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