“ (... ) a figura do catequista de iniciação hoje muda muito com relação ao tipo tradicional do “catequista professor” que apenas ensina. Ele deve ser um entendido também em ritos e celebrações: deve ser um liturgo e saber usar o RICA!”
O Rito da iniciação cristã de Adultos (RICA), foi publicado em 1971, a pedido do Vaticano II. É um livro litúrgico e seu objetivo é dar orientações para restabelecer o catecumenato batismal.
A primeira edição em português pelas Paulinas, é de 1973. Em 2001 foi preparada pela CNBB, e publicada pela Paulus, uma nova edição do mesmo texto com disposição e diagramação mais lógica e clara, com o título Ritual da iniciação cristã de Adultos.
Descreve justamente os ritos do catecumenato, mas não os conteúdos catequéticos propriamente ditos. O importante é perceber como no catecumenato a formação acontece unida à prática da vida cristã (cf. Introdução 19). A formação consiste na instrução doutrinal unida intimamente com a experiência litúrgica onde o mistério de Jesus Cristo se faz mais presente.
O RICA lembra que não basta as pessoas conhecerem os dogmas e preceitos: é preciso vivenciar o mistério da salvação do qual desejam participar plenamente, o que é facilitado pela vinculação dos conteúdos com o ano litúrgico e com uma maior valorização das celebrações da palavra. Parece até que o RICA dá mais importância a tais celebrações do que aos encontros catequéticos propriamente ditos.
Conforme o n.º 106, as celebrações ajudam a assimilar os conteúdos da catequese, ensinam prazerosamente as formas e os caminhos da oração, aproximam dos símbolos, ações e tempos do mistério litúrgico e introduzem, gradativamente, no culto de toda a comunidade. Ou seja: no processo catecumenal, a catequese (entendida como o momento da instrução) está intimamente articulada com a liturgia.
Outro elemento importante no catecumenato é o “itinerário espiritual” realizado por etapas e através do acompanhamento pessoal de alguns membros da comunidade, sobretudo os “introdutores”. São estes (sobretudo os catequistas) que acompanham os catecúmenos, que dão testemunho perante a comunidade sobre o amadurecimento e crescimento do catecúmeno. Este acompanhamento deve ser feito na vida concreta das pessoas e também através dos ritos catecumenais e celebrações da palavra, pois através deles Deus age gradativamente, purificando e protegendo os catecúmenos.
Assim, os catequistas não são apenas instrutores (ministério da palavra, ensino, magistério), mas também são ministros da oração e da celebração da palavra de Deus (mais que pedagogos são mistagogos!). Portanto, a figura do catequista de iniciação hoje muda muito com relação ao tipo tradicional do “catequista professor” que apenas ensina. Ele deve ser um entendido também em ritos e celebrações: deve ser um liturgo e saber usar o RICA!
Conforme o Pe. Domingos Ormonde, especialista em catecumenato, em seu artigo “Vale a pena os catequistas conhecerem o catecumenato”, no qual também me inspirei: “encontramos no RICA quase tudo que diz respeito ao catecumenato, a saber: a teologia da iniciação cristã, o processo do catecumenato composto por diferentes tempos de informação e amadurecimento, de preferência culminando no ciclo pascal do ano; o sentido de cada tempo com seus objetivos, meios, duração, ritos e símbolos; as celebrações que marcam a passagem de um tempo para outro (chamadas “etapas”) e suas exigências; o roteiro e os conteúdos dos ritos principais; e finalmente a própria celebração unitária dos sacramentos de iniciação, preferencialmente na noite pascal” (cf. Ib., in Segunda Semana Brasileira de Catequese - Estudos da CNBB 84, Paulus 2002, pp.250-251).
As partes mais importantes do RICA são as seguintes:
- Duas introduções (“A iniciação cristã: observações preliminares gerais”, pp. 9-16; “Introdução ao rito da iniciação cristã de adultos”, pp. 17-34);
- O capítulo primeiro (“Ritos do catecumenato em torno de suas etapas”, pp. 95-104);
- O capítulo 4 (“preparação para a confirmação e a eucaristia de adultos que, batizados na infância, não receberam a devida catequese”, pp. 131-132). Há um apêndice com o “rito de admissão na plena comunhão da Igreja Católica das pessoas já batizadas validamente” (pp. 283-285);
- Por fim se deve fazer referência ao capítulo 5 com o curioso título: “Rito de iniciação de crianças em idade de catequese” (pp. 133-174).
Por ser um livro litúrgico, não encontramos no RICA as orientações detalhadas sobre os conteúdos da catequese de cada tempo do catecumenato, nem detalhes pastorais para sua implantação e implementação (para isso, cf CNBB, Com Adultos Catequese Adulta nº 106; cf também pg 8, nº 102 acima ).
Pe. Luiz Alves de Lima
BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA:
ALVES DE LIMA Luiz. Memória do catecumenato na História in CNBB, Segunda Semana Brasileira de Catequese, pp. 229-244; ID., Catequese com Adultos e Iniciação Cristão in Ibid. pp. 318-354 (com bibliografia).
LELO Antonio Francisco. A iniciação cristã: catecumenato, dinâmica sacramental e testemunho. São Paulo: Paulinas 2005, 237 pp. ID.
_______. A iniciação cristã no Brasil in Revista de Catequese 27(2004) nº 107, julho-setembro, pp. 5-18; ID.,
_______ . A aplicação do RICA no Brasil in Revista de Catequese 27(2004) nº 108, out.-dezembro, pp. 5-20.
OLIVEIRA Ralfy Mendes de. O catecumenato batismal: reflexão à luz do novo Rito da Iniciação Cristã dos Adultos in Revista de Catequese 1 (1978) no. 3, pp 29-49.
ORMONDE Domingos. Vale a pena os catequistas conhecerem o catecumenato in CNBB, Segunda Semana Brasileira de Catequese - Estudos da CNBB 84, Paulus 2002, pp.250-251.
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2 comentários:
Gostaria de fazer o curso ainda da tempo
Muito interessante esse curso, quando terá um próximo, gostaria muito de fazer.
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